***
Estava sentada como de costume de todas as segundas-feiras chatas na sua cafeteria predileta, ou a única que era mais próxima de sua casa, mas não menos aconchegante. Piper tinha em suas mãos um jornal igual a maioria das pessoas que ali estavam. O sol ainda se escondia e ela agradecera por poder sentar do lado de fora da cafeteria, por hora. Levantou a mão para que fosse solicitada a presença do rapaz prestativo, que logo a atendeu.
- Posso ajudar?
- Sim, por favor, pode me trazer a conta? – pediu gentilmente
- Só um instante. – caminhou até o caixa e assim o fez.
A loira de olhos intensamente azuis terminara seu ritual das segundas feiras e agora dirigia-se para o seu trabalho. Piper era uma empresária , possuía uma loja de flores, pode-se dizer que a mais bela de toda Manhattan, as flores eram a sua paixão e ela era a paixão das flores.
**
Olhou as nuvens insistentes lá fora. Tragou para sí mais uma vez a fumaça de seu cigarro entre os dedos, jogou-o quase completo pela janela depois de o apagar. Estava nervosa. Kubra enviara uma mensagem para a mesma e ele não parecia feliz. Ela sabia que ele não estava feliz. Seus pés mexiam descontroladamente e ela dava leves batidas na borda da janela. ‘O carro chegou’ Avistou pela janela um carro de cor preta que parecia ser o carro do seu chefe traficante obviamente embora ele nunca tivesse um carro fixo. ‘Merda’
Batidas foram ouvidas insistentes na porta e ela logo adiantou-se. Abriu as três fechaduras e os quatro cadeados o mais rápido que pôde. Afastou-se para que ele, seus dois capangas e uma mulher alta de cabelos negros com tatuagem exposta pudessem entrar. Não os olhou nos olhos. Por hora.
- Marine, Marine ... – Falou pausadamente - Por onde eu começo? No que a vagabunda estava pensando? – Ele a olhava enfurecido e ela por sua vez manteve-se de cabeça baixa. - Olha pra mim quando eu falar com você, vadia. – Levantou o olhar obedecendo agora a ordem.
- Kubra, eu... – A voz de Marine saiu trêmula.
- Comprar uma passagem pra outra cidade sem me consultar? Estava fugindo de mim? – Riu em tom de puro deboche enquanto os olhos da mesma já se encontravam marejados. Ela sabia que ele havia descoberto sua tentativa de fuga e se arrependeu profundamente por ter sido menos cuidadosa e ter deixado que ele descobrisse. Tarde demais.
- Eu estava indo visitar uma tia e ... – Sua mentira fora interrompida.
- Eu já disse, você sabe como as coisas funcionam, não me faça de idiota, vagabunda filha da puta. – Segurou-lhe forte pelo braço para que a mesma o olhasse nos olhos já que não o conseguia. -Quer saber? Você me fez perder minha manhã vindo aqui, você acha que eu não tenho coisas a fazer? – Adiantou-se segurando forte os cabelos loiros para que a mesma o olhasse novamente.
- Você não é dono de mim! – Gritou e se arrependeu segundos depois quando foi atingida por uma joelhada no estômago vinda do mesmo.
- Vadia. Vou dar-lhe uma colher de chá, sabe por que? Você não me conhece, ainda não me conhece, e como hoje estou de bom humor, vou fazer isso por você. Se isso se repetir, você não terá olhos para chorar novamente. Diga que não irá se repetir. – Apertou suas bochechas com a mão livre. – Marine por sua vez, hesitou. – Outro chute lhe atingiu o abdômen dado agora por um de seus capangas.
- Não vai se repetir, Kubra, não vai se repetir, eu juro. – soltou-a com um sorriso aceso nos lábios
- Eu estou sempre com você, Marine. Não esqueça.
Antes de sair do apartamento robusto no bairro do Queens, Kubra aproximou-se da loira e beijou-lhe o rosto como Judas fez a Jesus. -Não se esqueça. – bateu a porta com se fosse parti-la ao meio.
**
Adentrou sua loja de nome Flowers of Garden, estar ali todos os dias era prazeroso para Piper, ela tinha duas funcionárias das quais era muito amiga; e confiava bastante, mas ela queria estar ali. O negócio de flores da loira de bochechas avermelhadas era puro amor, Piper era formada em enfermagem emergencial mas ela queria estar ali. Era uma paixão adquirida com seu pai. Lembra-se dessa paixão desde muito pequena quando plantou seu primeiro pé de rosas e lembra-se de quando ele brotou. A felicidade no rostinho da garota de 5 anos era indescritível.
- Senhora Chapman! Bom dia. – A funcionária contratada a pouco menos de dois meses mantinha a formalidade.
- Rose, Bom dia. A Nicky já passou por aqui hoje? Eu me atrasei um pouco e sei como ela é pontual. – sorriu
- Procurando por mim, Senhorita? – A pouco ruiva de sorriso torto aparecera atrás de Piper que agora a olhava.
- Você ainda vai morrer por fumar às 7:00 horas da manhã. – Os olhos azuis agora cumprimentavam a amiga que logo completou
- Para de frescura, eu vou morrer de qualquer jeito, você também, sabia? Mesmo cheirando flores todos os dias. – As duas riram, inclusive Rose.
- A propósito, Bom dia... – fez uma pausa visto que esquecera o nome da nova funcionária.
- Rose. – Piper completou
- Sim, eu sabia o nome dela. – riram novamente
- Ok, As flores do meu chef, estão prontas? O cara é um saco, você sabe.
- Oh sim, claro. – Rose adiantou-se para uma parte interna da loja e buscou por tulipas brancas tão perfeitas que pareciam de mentira, o cheiro delas passeava por ali juntamente com outras. - Aqui estão. – entregou as flores nas mãos de Nicky que as recebeu logo depois de limpar a mão na calça e jogar o resto do seu cigarro fora.
- Tome cuidado com elas, Nicky distração! – Piper alfinetara a amiga.
- Agora você ofendeu. – fez cara de ofendida e empinou o nariz rindo logo em seguida - A Nicky distração aqui já vai embora. Até mais Chap! – fez careta e logo se foi.
**
- Por favor, estou indo embora, preciso da conta do meu quarto, 303. – A morena de presença e malas prontas agora solicitara sua saída. Alex estava satisfeita com seu trabalho, uma traficante internacional de drogas, o que para ela, é claro, era lícito. " É a única coisa que eu sei fazer" Era a sua frase predileta no meio a roda de amigos. Seu trabalho rendia frutos, fácil e rápido, e isso não importava se fosse arriscado ou se isso pudesse destruir de vez a sua vida. Alex era do tipo que adorava o perigo. Ela sorria para o perigo. E que sorriso!
Segundos depois caminhara para o seu próximo hotel. Alex alternava entre todos os tipos de hotéis. Não se lembrava de ter uma casa fixa desde os seus 16 anos. Aquilo fazia parte da sua vida e ela já estava acostumada. Por fim, chegou ao Place Manhattan, decidiu que queria e precisava de uma banheira de água quente. Assim o fez.
Já passara das 17:34 quando decidiu dar uma caminhada pelo centro próximo onde estava. Fez seu trajeto normalmente como de costume, Alex adorava se exercitar, embora não tivesse tempo com gostaria, resultado disso era o seu corpo que despertava atenção a qualquer um que a olhasse.
- Por favor, vocês tem água aqui? – parou num quiosque e solicitou
- Claro. – entregou-a o desejado, ia seguir quando esbarrou em alguém
- Porra, eu não acredito nessa merda. – Alex tinha terra molhada por toda sua roupa e sapatos, seu rosto fora a unica parte limpa que agora sobrara. - Você não me viu? Enfureceu-se.
- Me desculpe. – Rose tentava com um pano limpar o estrago que fizera, mas era tarde. - Eu sinto muito. – A garota baixa e inexperiente insistia.
- Sente muito? Que merda.
- Ei, o que está acontecendo aqui? – Piper correra ao ouvir o tom da voz de alguém em frente a sua loja se alterar cada vez mais.
- Você não está vendo? Puta que pariu.
- Tenho certeza que ela não fez de propósito. Mas peço-lhe desculpas. – Pedira desculpas, mas por dentro começara a se irritar. " Quem essa mulher arrogante pensa que é? "
- Ok, deixa pra lá. – respirou fundo tentando ignorar o fato de que estava ensopada de lama e saiu dali
* *
- Tudo bem, Rose? – Piper perguntara
- Sim, eu não fiz de propósito, eu juro.
- É claro que não fez. Não se preocupe com esse tipo de gente. Essa deve ser uma dessas mulheres que se acha dona do mundo. Relaxa.
**
Tomou novamente outro banho, mas dessa vez preferiu o chuveiro para que lavasse também os cabelos. Lembrou-se do recente acontecido e fatos de quando era mais jovem vieram a sua cabeça. Sentiu por isso. "Merda"
Caminhou até a varanda e encontrou-se com Kubra e outro de seus conhecidos. Recebeu um cigarro do mesmo antes de sentar-se. Alex olhou a grande cidade de Manhattan. "Aqui é tão lindo!"
As luzes já estavam acesas, a cidade se iluminava e os carros dançavam depressa no chão.
**
- Hey, P! – Piper já estava fechando sua loja quando Nicky a encontrou.
- Oi, chegou bem na hora. Estou uma pilha, que bom que o dia passou rápido. – bufou
- Não sei disso não, trabalhei feito uma vadia hoje. – Piper não resistiu ao comentário da amiga.
- Onde você está indo agora? – perguntou.
- Estamos indo ao Musics Bar, isso inclui você. Fecha logo isso aí.
- Ei! Mais respeito com isso aqui. E não sei se quero sair hoje, preciso descansar.
- Não perguntei se queria ir, caso não tenha percebido. Você vai. – Puxou-a pelo braço após ter fechado o ambiente.
- Puta merda, ok, eu vou. Mas não vou demorar. – completou
***
Terminou de aprontar-se para uma volta na cidade. Queria vasculhar tudo por ali. Sua calça de couro reluzia em consequência da luz do quarto, sua jaqueta de couro marrom imitava. As botas eram o seu estilo em pessoa e os cabelos caiam sobre seus ombros. Ajeitou o óculos mais conhecido como não vejo nada sem você e seguiu. Kubra e os outros já estavam no local de música alta. Alex procurou o estacionamento e logo descera da moto.
- Puta merda, P! Hoje é o meu dia. Olha aquilo ali. – Nicky apontara para a morena desconhecida com estilo badgirl.
- Você é uma idiota.Uma lésbica idiota. – As duas riram e encaminharam-se até a fila.
Ao entrar depararam-se com um local íntimo e acolhedor, as luzes passeavam pelo chão e pelos corpos dos que ali estavam. Piper decidiu que buscaria uma bebida no balcão enquanto Nicky falava com uma conhecida que acabaria em sua cama no final da noite.
- Olá, por favor. Uma cerveja. – Falaram ao mesmo tempo. Olharam-se. " Ah não"
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.