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História Argo: O tornado Austero. - Herold


Escrita por: JonquilTrovador

Capítulo 2 - Herold


Fanfic / Fanfiction Argo: O tornado Austero. - Herold

A neve caía sutil e frágil frente aos olhos azuis da pequenina criatura ensanguentada, seus irmãos todos gorados jaziam imóveis e já sem vida na genitália da mãe morta a flechadas. Era uma criatura vulnerável e da mesma forma frágil, como a nave que caia o que não negava a tempestade da noite anterior. Enquanto via a luz, quando vinha ao mundo, flechas serrilhadas atravessaram a pele da matriarca em meio à nevasca que cobriu todo o mundo novamente. Desolado, sozinho e com fome a única coisa que podia fazer seria miar e tentar miar o mais alto possível até que outros ouvissem seu clamor... Na meia noite o mundo era turgido, mas na manhã ele era relampejante...                                                                                                         
–Não irás sobreviver até o ocaso e melhor que passem-lhes o cutelo- Disse o caravaneiro da companhia, um homem de que aparentava ter quarenta ou cinquenta anos de idade, sua expressão era severa e seus cabelos negros eram lisos e cortados curtos o que deixavam aparecer o olhar esverdeado de sua pupila.                                                                                                                     
Herold não havia prestado atenção no que decorria, na verdade estava mais distante desse mundo do que uma vez esteve nele. Ele fitava a floresta de pinheiros marciais e imaginava o que existia além dos bosques. Seu olhar era congelado e não havia força exceto ele que poderia interromper o mirar em seus sonhos. Quantos mundos maravilhosos existiam além da sua realidade, seres dos quais mostravam-se exterior ao pensar e ao ser do homem, tais pensamentos não poderiam ser ditos somente podiam ser... Sussurrados... Um sussurro que de tão frágil perdeu-se no vento antes que os nomes dos heróis perdessem-se no mundo. Lá estava à floresta cerrada, a floresta que representava o primeiro dia do resto de sua vida que no intervalo do viver e do morrer era somente mais um sussurro que iria se perder na neve e na desolação. Via então o vão além desta e as montanhas depois desta, além dali seria como uma criança em meio aos homens, uma criança que diria que enquanto todos esqueceram-se de andar ele por sua vez veio passear nestas terras como vivida arte, transitando em meio aos sonhos que nas janelas da alma que eram os olhos eram então a própria alma e o desejo de muitos... De súbito logo a força maior o trouxe de volta a terra, um relampejar cintilante do sol por trás das dunas de neve e do ar frívolo que cortava assobiando enquanto carregava os flocos de neve pelo tempo. Voltar à realidade foi como cair e se chocar com as geleiras que circundavam sua vila, nada era tão desconhecido e ao mesmo tempo comum como aqueles eternos casebres de madeira estérea e as pessoas olhando entrecortadas por ele ser; o filho da desonra. Com o assobiar do caravaneiro, Herold percebeu que já era hora de ir e nada mais o deixava extraordinariamente ansioso, tinha sonhado com aquilo por toda sua vida desde que teve vontades para desejar algo, desde que se lembrava do querer e do almejar e então aquele sentir finalmente se consumou sendo exatamente como imaginava. Chegaram em meio a uma nevasca, o tipo de tempestade que pessoas do sul ou qualquer lugar que não fosse ali estavam habituadas a enfrentar. A estrada de difícil visibilidade logo tornou-se uma ceifadora ceifando as vidas dos menos preparados e transformando o deserto de neve em seu tumulo, depois veio o questionamento “Se irmos não saberemos como voltar, se ficarmos não saberemos para onde ir” e depois da duvida vinha a fome e a sede pelos dias a vagar pela neve sem a nada comer, sem uma floresta a caçar e sem ninguém que conhece-se as terras para mostra-lhes como cruzar os desertos gelados de Vaegirs ou como sobreviver ao difícil deserto gelado de Vaegirs. Mas por sorte ou por benção da deusa lá estavam eles, após avistar um bosque pelo qual podiam caçar se aventuraram na floresta cerrada e por dias sem sucesso com os animais rasteiros se puseram a comer a mercadoria. A boa comida dos manjares dos desertos mulçumanos atraiu uma tigresa matriarca vaegir e no sentido de ser a caça ou o caçador mataram o animal quando esta estava prenha, o fim do encalço a besta os trouxeram a bazeck uma vila insignificante em um lugar insignificante no meio da neve. Diziam que o caravaneiro a quem chamavam de Draft era experiente em cruzar as terras de Calradia, seus serviços como guarda de caravana se tornavam exigidos quando ao invés de passar pelas estradas reais ou rotas de viajantes ele tomava caminhos por entre as florestas e desertos assim bandoleiros e saqueadores estavam a passar longe esperando os infortunados em estradas oficiais. A tática mostrava-se simples de se falar e difícil de se executar, mesmo as florestas escondiam seus perigos, talvez perigos maiores do que os bandidos nas estradas, somente um bom caravaneiro para tomar soluções como esta; tais soluções exigiam certo preparo no que se diz respeito as montarias, em sua maioria os animais de carga eram musculosos garranos nascidos para terrenos acidentados e resistentes a fome, sede e climas. Os outros guardas da caravana montavam corcéis de caça que possuíam quartela peluda e eram de um negro pelo e uma crista ainda mais negra. Herold já sentia-se mais a vontade somente por observar isso, juntou moedas até os dezesseis anos para comprar um corcel filhote que havia chegado a vila por envio do nobre senhor, hoje o animal já adulto e forte possuía um pelo tão negro e uma crista tão escura que Herold o batizou de “Noite” como sua vida que sempre era cerceada por escuridão. “Noite” deu um pequeno passo quando Herold afivelou a cela nele, ali havia cozido uma bainha de couro pelo qual embainhou a espada longa de aço nobre. Ao embainhar a espada as duas ultimas coisas que precisava fazer antes de partir vieram a tona, aquela espada ostentava muito mais do que aço e cabo e sim a síntese de toda uma historia, uma terrível historia, seu pomo era de aço médio entalhado na forma de um transeunte com anelos dentados de um fino ouro que possuía uma pepita de âmbar branca no botão; O cabo médio-longo era feito de pinheiro marcial castanho revestido por uma tintura negro-fumo que possuía um anel de prata no meio e outro aureolo de prata como base da guarda mão. A guarda mão era forjada de ferro auto que emanava uma cor cintilante prata e possuía terminações diferenciadas nas extremidades, seu formato era triangular do final do cabo as pontas (igualmente aos modelos escoceses) com três argolas que se assemelhavam a um lótus e possuía o símbolo da amaterasu; o chape era ligado ao guarda mão feito do mesmo material e isso dava sustento para lamina; constituída de um raríssimo aço batizado como aço nobre, este que proporcionava leveza, resistência e corte superior a qualquer aço existente ou conhecido. A lâmina como tal possuía dois gumes e dessa forma era marcada por ser uma Claymore emitindo um brilho maior por ser mais espelhada do que as demais embora ainda fosse escura o suficiente. A bainha feita por Herold para guardar a espada longa era cozida de couro taurino e sua cor era amarronzada sustentada a tiracolo com um encaixe felpudo.  Ao embainhar a espada longa na bainha do para-lama da cela do “Noite” Herold tomou os freios de seu corcel e o amarrou no estabulo da saída da vila, ele caminhou com os pés enterrando-se e desenterrando-se na neve emitindo singelos “flocs” quando pressionava por sob o solo enevoado. Seu caminhar findou-se na ferraria onde iria resolver a primeira das duas coisas que necessitava fazer.

Bazeck era cinza e o clima frio fazia nascer pessoas igualmente frias. Um curto estrado de taboa de pinheiro passava por sobre um rio congelado que dava para vila construída na encosta de um morro, havia três grandes casebres senhoriais erguidos em cada ponta da aldeia, um era os estábulos do senhor da vila feitos para criar os corcéis do senhor nobre mandante daquele lugar, o outro casebre senhorial era a escola onde os professores lecionavam os filhos do senhor da vila e os seus parentes. Por fim ao norte do vilarejo estava firme a casa senhorial pelo qual Herold havia sido criado como servo até os doze anos de idade. As moradas dos camponeses eram residências simples erguidas de madeira de pinheiro marcial e taboas de salgueiro molhadas, suas calhas eram de barro fervido. Ao leste na vila estava à ferraria onde a forja ainda ardia pelo trabalho da noite anterior, mas não arderia por jamais depois deste dia. Herold adentrou pela simplória porta de vime do pouso atrás da loja de ferreiro, não havia ali mais que uma sala de estar o que também era uma cozinha e dois quartos, um deles dedicado a Herold, o outro quarto era onde pousava Mestre Agnessa um homem cinzento de oitenta e cinco anos de idade em que mesmo quando Herold era um pupilo ele já era idoso, então não sabias se devia se voltar ao Mestre como pai ou avô e mesmo assim não fazia diferença somente era difícil saber que um dia ele já não estaria mais ali...                                                                                                                                                   
 –Fujas daqui enquanto tu podes Herold- Disse Mestre Agnessa quando ainda tinha lucidez- Tu és Herold, não disseste que és o filho da desonra, mas muito além disso... Serdes homem, serdes algo, serdes você- Sua voz como que em um devaneio era pesada e arrastada, o mestre disse-lhe os últimos conselhos antes de vegetar até definhar a caminho da morte, mas ainda sim estava ali- Em meu secreto baú... Um segredo para vós... Guardado para o meu filho... Meu filho que morrera antes de vir a nascer e carregou sua mãe com ele... Guardado para ti... Meu custoso protegido.                                 
Após aquelas palavras a mão ressecada nos ossos de mestre Agnessa voltou-se para a chave pendurada no pescoço, e ali ele se foi, dentro do baú Herold encontrou uma rocha de um reluzente minério sabia então que era o aço nobre. Na noite anterior passou todas as horas afogando as lagrimas no calor da forja e no entalhe da arma a nascer com a luz do dia. Usou uma velha receita de espada longa com dois gumes para faze-lo e adotou todo diagrama escocês. Somente depois descansou com a quente lamina recém forjada em seu peito durante as horas a sonhar.

O mestre já não podia ouvir... Seu pobre estado reduzido ao seu quarto de camponês fazia empestear a casa com o cheiro da doença e das necessidades cuidadas de vez em vez por uma criada enviada pelo senhor da vila para tornar sua situação mais limpa, de resto já não mais recebia a sopa de legumes e o vinho fervido para supri-lo, de mesma forma era como dizer que fora deixado ali para se infeccionar até a morte e deixar esse mundo como uma poeira de ossos.                                                                                        
–Deixe-nos- Falou Herold para a criada que estava a trocar os lençóis da maca. A mulher saiu sem nenhuma constatação de volta para a vila- Como pude ser tão descuidado- Mesmo já tendo chorado o que deveria pela morte de seu amigo, Herold ainda derramava lagrimas sobre seu rosto ao passar as mãos sobre a calvasse acinzentada de Agnessa- Tudo que sou devo a ti, tudo que sei devo a ti, e tudo que serei devo a ti... E mesmo agora de tudo que fez por mim nada mais pude dar-te senão condolências sobre o estado do qual te encontra ante a mim- Uma das lagrimas aterrissou sobre a face do mestre vegetativo- Ingrato o ser que sou e moribundo o ser que és. Deveria ser eu o morto nessa maca e não a ti meu bom senhor- Repousou a face sobre o tórax ossudo do mestre- O que farei agora? Para onde irei eu?- Desabando a chorar ele prosseguiu fungando- Sempre falamos de conhecer o mundo juntos... Você me disse uma vez- Fitou o rosto do homem cinzento enquanto vislumbrava- Iriamos atravessar as dunas geladas do país e chegar até as estepes onde provaríamos da estranha culinária daquele lugar- Ele sorriu- Depois iriamos até os desertos escaldantes conhecer os mulçumanos e seu deus Alá e até mesmo no ocidente onde conheceríamos a Jesus Cristo e os fidalgos que em nome dele conquistavam as terras- Ele chorou- Mas agora... Jamais farei isso junto a ti- Beijou-o na testa, para nunca mais velo novamente- Farei isso sozinho... Meu bom Senhor...                                      
–Com uma espada em mãos um homem podes conquistar o mundo- Era o que o mestre dizia sempre, antes mesmo de forjar qualquer arma.                                                  
Estou de espada na mão... E conquistarei o mundo...”   Tais lembranças tornavam-se vividas a medida que caminhava pelo pouso que cresceu e aprendeu. Foi como coadjuvante do filho mais velho do Senhor da vila que Herold aprendeu um pouco de como lutar e usar uma arma, mas foi com mestre Agnessa que ele aprendera todo o resto. Ele desejou ficar ali para enterra-lo e fazer seu funeral, mas como tal seu proposito era fugir e não enterraria mestre Agnessa, mas todo o passado e toda aquela vila no meio da neve.

Após sair do quarto de doente do Mestre Agnessa, Herold foi até o seu quarto para se preparar para viajem. Despiu-se e nu em pele foi até a dependência intima do pouso, lá fez as necessidades naturais na latrina e após isso cuidou da higiene pessoal fazendo da tesoura e da navalha os aparadores findando por discorrer uma pomada nas regiões cultivadas a fim de evitar o comicho; para limpar-se dos feitos transcorreu folhas de palmeira no traseiro e uma escova nos cabelos pessoais aparados. Seguiu para uma banheira posta na dependência intima, encheu-a com agua quente e banhou-se com muito esmero para tirar até mesmo as impurezas dentro de si e mesmo aquelas dos quais as lagrimas de tristeza deixaram manchadas. À medida que esfregava as sujeiras para então externa-las via através das ondas da agua e da revolta em torno de si um tornado de esperanças para além do que o véu permitia-se ver, via mestre Agnessa surgir com seus valorosos conselhos e em uma grande lição para vida, fechando-se em sombras tristes...                
Lavou então os cabelos com um creme de gelo comum da região e após extraviar toda caspa e fuligem perfumou a guedelha com sabão e fragrâncias de rosa azul. Também ajeitou a barba lavando-a e penteando-a. Herold possuía longos cabelos negros meios ondulados e meio lisos que se estendiam até um pouco abaixo dos ombros, sua barba era de expressão media e acompanhava o seu rosto austero, seus olhos eram castanhos claros remontando a sua pele branca e gélida e havia adquirido um corpo de homem com os anos a transportar pesadas espadas até a bigorna. Seguiu-se depois destes termos até a vestimenta; Cobriu as partes intimas com um tecido de algodão limpo e trabalhado, vestiu calções de lã e uma perneira de lã de couro falso para viajante alocando por cima grevas de madeira leve trabalhada e uma calça de caçador feita de couro cozido. Por cima vestiu um blusão de algodão reforçado azul e uma cota de couro acolchoado. Terminou por botar luvas de couro verde durável. Penteou o longo cabelo e prendeu um monte de mechas com um elástico de tiras feito um coque, afagou a barba e dando um ultimo relance fitou o pouso para então jamais voltar a estar ali. Quando saiu para vila com o sol cinzento relampejando por sua face deu de cara com Fedyenka Sulfeth o filho do senhor da vila e o menino com o qual foi conduzido a ser coadjuvante nos treinos de espada.                          
–Tu me deixaras neste lugar sozinho?- Disse Fedyenka com um ar irônico, ele trajava um gibão de tecido alto na cor verde e calções colorados combinando com as botas de tecido leviano, usava também um colar encrostado de rubis, âmbar e granadas bem como lentes escuras nos olhos. Seus cabelos eram dourados e longos, permeados por tranças- Isso é cruel.                               
–Não é tão cruel quanto aguentar teu pai- os dois puseram-se a rir tristemente.                                                                                  
Eles pararam os sorrisos melancólicos e então Fedyenka continuou.                                         
–Lamento pelo Mestre Agnessa, também tinha muito apreço por aquele homem, ele forjou minha primeira espada e me entregou com sinceridade a sua simpatia indispensável.                                                                                                      
–Ele me acolheu quando teu pai me deserdou da casa senhorial aos treze anos, Me ensinou a ser ferreiro e ganhar a vida... Mostrou-me como ser alguém.                                                                                                                                                               
 –É- lamentou Fedyenka- Meu pai nunca fora o melhor dos homens, também tinha motivos para não ser. Antes de ser um senhor de vila vassalo de um cavaleiro da corte era um mercenário líder de bando, vendeu sua espada a Vaegirs por um feudo e acabou por presidir essa vila no meio do nada.                                                                                                                                             
–Eu sei- Apaziguou Herold- Não o culpo por nada que veio contra mim e acima de tudo agradeço sua amizade.                                                                                       
–Não seja dramático- Fedyenka e Herold se abraçaram como irmãos, um aperto forte e de triste despedida- Não vai se envolver com os judeus.                                      
Riram novamente se desabraçando ao mesmo que os olhos de Fedyenka lacrimejavam, não havia nada em bazeck nada! Nem mesmo amigos e o único amigo em toda vida agora partiria para sabe-se lá quantas luas.                                           
–Não irei usar aquelas toucas esquisitas- Concordou Herold.                                           
Uma pausa se formou enquanto os dois fitavam as dunas geladas que ao se alongarem cresciam como montanhas, mas por fim na quebra da pausa Fedyenka disse-lhe.                                                                                                    
–Então Irás até lá?                                                                                                                                   
-Irei, está e a segunda coisa que certamente teria de fazer antes de ir... Já me despedi como podia de mestre Agnessa, agora o invejo pelo que encontrará no paraíso.                                                                                                               
Os dois amigos caminharam pela depressão de neve, atravessaram pelos casebres e pousos dos camponeses semelhantes a eles. Após subir novamente pelo estrado ao longo da beira do rio congelado chegaram então no cemitério da região. Lápides distantes com simplórios Lotus Amaterasu sobre as suas covas erguiam-se singelamente, sem esnobar ou inferiorizar algo ou alguém. Herold caminhou até uma lapide sobre uma colina, a cova era solitária e um circulo de pedras estava em volta da terra onde se encontrava o corpo enterrado. Uma azul flor de lótus estava pregada sobre o tabelião acima do local. Fedyenka ficava um pouco mais atrás fitando o horizonte.                                                                                                                          
–Ela era a mais linda de todas as mulheres nesse mundo- Lamentou Herold- Uma beleza que transcendia a estética, jamais haverá o coração mais puro...                                                                                                                                                                   
–Ela era- Concordou Fedyenka.                                                                                                     
–Seus cabelos eram castanhos como a manhã dos bosques, sua pele era branca como a neve e os seus olhos... há Seus olhos...  
Herold dizia, a mulher de nome Glafira era uma jovem filha de agricultor que em muitas ocasiões era dita como gentil e maravilhosa. Pelo valor que Herold tinha, Glafira se apaixonou pelo rapaz e ele da mesma forma a ela, ambos viveram um sonho de amor até que as trevas a arrastaram para morte.                                                                                                                                 
–Não foi certo a brutalidade que a acometeu, implorei naquele dia ao meu pai que caça-se os estupradores, mas ele não assentiu, pois dizia que a vila era mais importante.                                                                                           
–Não haveria como encontra-los- Afirmou Herold- Eram seres de escuridão, somente demônios cometeriam tal ato, eles sumiram na neve e com isso arrastaram a dignidade dela.                                                                                                          
Herold todas as manhãs depois disso quando regressava dos bosques após cortar a lenha trazia consigo um lótus e pregava no tabelião de sua amada, disse que faria isso para sempre e mentiu.                                                                              
–Sabe qual a pior coisa disso tudo- Falou chorando e clamando enquanto colocava a ultima lótus no tabelião- É que eu não estava lá- clamou- não estava lá quando eles saquearam a aldeia e mataram a muitos, estava cortando lenha no maldito bosque.                                    
–Você não poderia ter feito nada para impedir, não se culpe- Cortou com tristeza Fedyenka.                                                                            
–Ela me ensinou a ler e a estudar, aprendi toda poesia e filosofia, aprendi o amor que jamais me deram- Lamentou- Quando ela precisou de mim fui egoísta e somente a suguei como uma esponja- Herold pregou o lótus no tabelião- Ela está no paraíso, ela é a própria Amaterasu- Poetizou.                                    
–Ela sabia ler, e gostava disso- Observou Fedyenka- Até mesmo para um esforçado camponês isso era muito, visto que não fosse por aquele fatídico dia iria leva-la comigo para corte do czar- Fedyenka se aproximou mais acima na colina- Iria fazer dela uma dama da corte e vocês poderiam ter uma vida mais digna.                                                                                                               
–Não existe dignidade em mim- Disse Herold com rancor- Não iria conseguir dar a ela o que realmente estava à altura de seu esplendor, não a honra no filho da desonra.                                                                                                         
Após a triste homenagem Herold e Fedyenka foram até os estábulos na saída da cidade, “Noite” aguardava Herold assim como a caravana na alameda do estrado sob o rio congelado. Herold descarrilou o freio do corcel e a um leve andar se dirigiu até o comboio da caravana de viajantes. Lá ele observou um dos guardas da caravana erguer o cutelo para dar cabo de um tigre invernal filhote, algo o fez parar o ato.                                                              
–Hei- Gritou para o guarda- o que fará como ele?                                                               
-Não és claro? Vou dar fim a sua vida antes que amargue no gelo, por piedade.                                                                                           
–não e necessário mata-lo- Protestou Herold.                                                  
–Não irá sobreviver até a noite meu amigo- Falou Fedyenka- E um animal fraco e sem mãe.                                                                        
–Então- Herold pensou no que estava a fazer, de algum mundo o estranho desejo de salvar o animal tornou-se veemente em si- De ele á mim, vou cria-lo eu mesmo.                                                                                                           
–Já cuidou de um tigre antes Herold- Perguntou Fedyenka- Não sabes como fazer.                                                                                          
–Eu já criei um gato, suponho que seja da mesma maneira.                                                               
–Se dizes- Falou o guarda da caravana escondendo o cutelo enquanto passava o filhote de tigre vaegir para suas mãos.                                                
–Quero só ver como vai cuidar dele quando ficar enorme, essas bestas crescem rápido.                                                                                            
–Eu me viro.                                                                                                                                
Herold se dirigiu para mais adiante no estrado, Fedyenka então questionou:                              
–Para onde vai?- Perguntou Fedyenka a Herold.                                                               
–Mudar o destino de minha vida, vou para o único lugar que possa ter oportunidades para alguém como eu.                                                   
–Jerusalém?- Brincou.                                                                                                                                  
–Não busco santidade- devolveu de bom animo Herold- Irei para Praven.                        
–O que pretende achar na capital Swadiana?                                                                           
-Não sei- Herold carregou a mochila de suprimentos até o garrano de carga da caravana, lá ele a amarrou- Se irei achar algo, primeiro tenho de chegar até lá.                                                                                                                                  
–Podia ficar por mais um mês, irei completar trinta anos e serei mandado para Reyvadin para a corte do czar Yaroglek, seriamos escudeiros e em pouco tempo armado cavaleiros.                                                                                      
Herold fitou o horizonte gélido para encontrar a melhor forma de rebater aquilo, somente um louco para recusar a proposta de caminhar a se tornar um cavaleiro da corte, mas ele não era louco e sim desonrado.                                              
–A pouco falei que meu destino não era Jerusalém por não buscar redenção cristã. A minha redenção e encontrar meu próprio caminho.                                                            
–Entendo- Falou Fedyenka cabisbaixo- Não iriamos nos dar bem com cristãos ou judeus imagina os dois no mesmo lugar.                            
–Sem falar dos islamitas- Brincou Herold.                                                                                       
Herold afivelou a bainha a tiracolo nas costas, fez pressão no cabo da espada longa de aço nobre para verificar, seguiu por tomar a espora do corcel e montar sobre ele a lento trote até a fileira do caravaneiro. O filhote de tigre estava a miar em uma bolsa que de ultima hora Herold improvisou para carrega-lo.                                                                                                      
–Adeus meu amigo- Disse Herold esporeando o cavalo a acompanhar a fileira.                                                                                                                     
Quando estava próxima a saída da aldeia Fedyenka terminou por dizer:                      
-Encontraremos nos mais uma vez meu amigo, neste dia cavalgaremos lado a lado- Disse fortuitamente.                                                                                                               
–Iremos!- Confirmou Herold com uma saudação Amaterasu.                                             
A vila Bazeck, o amigo Fedyenka, o mestre Agnessa e as memorias de Glafira ficavam para trás a sumir no meio da neve. Neste momento após tomar um gole d´agua direto do cantil Herold lembrou-se de um poema que leu para sua amada Glafira e nele refletiu para os passos do futuro.                             
Quem disse que no amago da solidão é somente depressão; Tristeza é o saber de que se vive na ilusão imersa em mórbida canção, porque lutar contra si mesmo se somente meu medo são os jogos do destino e no futuro para além do infinito e depois.... e depois...”

 



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