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História Áries - Único


Escrita por: Chimmyn

Notas do Autor


Eeeeeeh, segundo tema sendo postado já (tbm to surpresa por ter escrito ele tão rapido quando já tô atolada em fic no meu perfil original ;-;)
Mas enfim, não se deixem enganar por alguns dos gêneros que adicionei porque acreditem, eu não romantizei nada e nem apoio esses bagulhos que escrevo. Pessoas de cabeça oca, não repitam nada disso em casa uahsauhsausauhsushaushua E se algum ariano ler isso, pf nao me odeiam ou julguem mal :v Só abusei do fato dos dois serem do msm signo, pois adoro esses lances astrológicos :3

Ps.: Capitulo não revisado, pois assim que acabei já decidi postar :v

De qualquer forma, deixando essas coisas de lado, espero que gostem mais desse tema asgysagsyasgy Em breve, se tudo der certo, mais um gênero saí quentinho do forno

Capítulo 1 - Único


     Sempre considerei que nosso problema de compatibilidade se devia aos nossos signos — mesmo que no começo não tivesse dado importância para isso. Na verdade nossos ascendentes eram compatíveis, então preferi pensar que isso seria a favor do nosso relacionamento inocente, puro… — Era a primeira vez que largava de lado minhas crenças astrológicas por alguém e por seu amor juntamente. Não esperava que isso fosse valorizado de alguma maneira, afinal você sempre foi o irreligioso, que não acreditava em misticismos e nossas conversas custavam a seguir o mesmo rumo.

     Mas ainda é fresca a memória de quando nossos assuntos se cruzaram naquela praça, onde eu passava a noite em meu próprio mundinho. Você vestia um sobretudo escuro de algodão e coturnos da mesma cor, suas calças tinham rasgos nos joelhos e na época seu cabelo era tão escuro quanto suas íris ônix. Eu o definiria como perfeição e o arrepio foi evidente quando nossos olhos se cruzaram.

     Um cigarro pendia da sua mão direita e a outra permanecia no bolso quando foi até uma das árvores e ali se encostou, olhando o céu pouco nublado e tragando aos poucos daquele pedaço de câncer.

     Foi uma forma peculiar de nos conhecermos — você perguntando porque as pessoas se sentiam tão importantes comparada a imensidão do universo. — Acredito que sua expressão de desagrado a minha resposta se deu porque usei astrologia como justificativa. As pessoas eram movidas segundo o que seus cosmos definiam.

     Você riu.

     “Cosmos, é?” Suas palavras carregavam sarcasmo, mas não o suficiente para me abalar. “Que bobagem…”

     “Se a resposta não lhe agrada, não devia falar com estranhos” Respondi seco, me levantando de onde estava para ir embora.

     ”Ninguém anda me ouvindo” Falou quando passei ao seu lado, me fazendo parar por um momento. “Eles repugnam pessoas como eu...”

     “Pessoas como você…?” Indaguei ainda sem lhe encarar, mas sim focado nos mosaicos do chão.

    “Até um desconhecido se nega a falar comigo” Respirou fundo desacreditado. “Mas de qualquer forma não é como se fôssemos nos dar bem. Cosmos, que besteira…”

     “Aposto que seu conhecimento sobre isso é bem irrelevante” Não que eu gostasse de gerar brigas, mas você pedia por aquilo.

     “Totalmente nulo” Soltou a fumaça de seus pulmões. “São tolos aqueles que acreditam veemente em misticismo. Estrelas não são capazes de influenciar nossas vidas, signos são apenas uma invenção e não há salvação para a alma humana, simples”.

     “Sua opinião me faz tanta diferença quanto as cinzas de um cigarro” Declarei enfim antes de sair. Entendia porque você afastava pessoas.

     Você era tão egocêntrico, cabeça dura e relaxado, que com o tempo eu percebi que não nos daríamos bem. Áries com ascendente em Gêmeos, isso era péssimo — não desvalorizando tais signos, mas sim a união deles em uma pessoa desequilibrada que você era. — Eu mesmo era de Áries e por isso as farpas trocadas logo de cara. Era como se dois raios caíssem no mesmo lugar: Personalidades fortes se batiam em busca de liderança.

     Na noite seguinte, estando no meu mesmo lugar de sempre, você reapareceu, mas daquela vez se sentando ao meu lado. O atrito entre nossos joelhos não pareceu lhe incomodar, então também não dei importância. Não iria lhe afastar de mim, talvez você apenas precisasse de atenção.

     “Por que contemplar bolas de fogo que estão há anos luz de nós?” Suas palavras me tiraram o foco do livro.

     “Gostaria que eu falasse em ordem cronológica ou alfabética?” Continuei fingindo que o livro era mais interessante que sua colônia almiscarada.

     “Ah, no fim você é como todos eles” Puxou um cigarro e o acendeu. “Talvez sua religião também não tenha lhe ensinado a ser gentil para com o próximo”.

     “O que sabe de religião?” Resmunguei, virando a página sem perder meu foco.

     “Absolutamente nada. Sempre fugia no horário dessa aula quando estudava em um internato” Sorriu como uma memória nostálgica.

      “Qual seu problema em aceitar as opiniões dos outros e ter uma repulsa tão grande com tudo?” Fechei o livro, finalmente o encarando.

     “Quer mesmo saber?” Fez longas tragadas antes de prosseguir. “Isso é algo que apenas pessoas que arriscam entrar na minha vida, tem direito de saber. Acho que você nunca vai saber…”

     Você era uma pessoa rodeada de mistérios e coisas para serem desvendadas. Era como uma estrela para ser descoberta, mas que entrava em ebulição antes de que pudesse ser registrada.

     Anos depois você relatou seus motivos para tal preconceito com o fanatismo e simbologias — só que isso não ocorreu antes do nosso primeiro beijo debaixo da chuva que se acometeu naquela praça, não antes da nossa primeira noite juntos que fora passada em claro, não antes de nossos diálogos finalmente terem algum nexo. — Mas quando proferiu aquelas palavras tão pesadas, não parecia carregar algum sentimento negativo ou positivo, apenas estava sendo a pessoa impassível de sempre. E na falta de suas lágrimas, eu chorei por você. Naquele dia não fui eu a te consolar, mas sim você a afagar meus cabelos e dizer que já tinha superado tudo.

     Abuso por parte de seu padrasto. Com oito anos você vivenciou coisas ocultas aos olhos de sua mãe — ela uma religiosa de carteirinha, daquelas que não faltava um dia aos cultos. Ele uma pessoa de máscaras. — A igreja dizia que todos seriam salvos e a ideia de que pessoas como seu pai poderiam estar entre elas, lhe assustava. Seu ódio era um mecanismo de auto-defesa irredutível.

     Eu não podia entender como era ser molestado por um próprio ente, sem a capacidade de falar para mãe, com medo do que aconteceria com ela, mas tive empatia por você e compreendi em retrospecto cada um dos seus atos.

     Anos depois você se moldou de maneira que eu não fui capaz de compreender. Os atos de seu padrasto se tornaram um reflexo em você quando me desferiu o primeiro tapa em uma discussão — ainda me lembro como olhava para sua mão vermelha e juro que tive um vislumbre de sorriso em seus lábios, assim como um brilho de prazer nos olhos, daqueles que você apenas tinha quando transávamos. — Então você saíra de casa de madrugada, me deixando sozinho com os sentimentos a mil.

 

     Arianos tendem a agir por impulso e sempre estarem em constantes mudanças.

 

     Era uma terça-feira quando acabei discutindo com você outra vez, mas na ocasião por ter voltado bêbado para casa e com perfumes que não lhe pertenciam. Eu poderia chorar como uma pessoa traída ou apelar para o seu sentimental, mas me senti muito irado para qualquer coisa que não envolvesse gritos.

     Cometi um ledo engano ao me colocar a sua frente naquela noite e só percebi isso quando me vi prensado contra uma parede e com golpes consecutivos me atingindo até que eu visse estrelas e fios de sangue na sua mão. Por outro lado você não parecia afetado por aquilo e a única coisa que fez quando deixou meu corpo ir para o chão, foi encarar sua própria mão. Aquele brilho novamente em seus olhos me assustava.

     Você se tornou um sádico desprezível com o tempo — parecia que seu prazer estava em ver meus cortes e roxos. Era repugnante e houveram noites em que chorei com medo de como seria quando você voltasse do trabalho. — Havia me tornado dependente de ponteiros e a cada segundo que passava, uma fisgada diferente vinha as partes de meu corpo que estavam debilitadas. Meu sangue já fervia com a aproximação do horário e começava a pensar sozinho qual seria sua punição da vez.

     Quem sabe me cortasse outra vez com cacos de vidro de alguma garrafa de vodka, ou arranhasse minha tez até os vergões marcarem minha tez clara, senão usaria suas próprias mãos para me dar mais marcas ou quem sabe seria ainda mais agressivo quando me forçasse ir para cama consigo. Aquilo era tão nojento que quase colocava tudo para fora sempre que olhava minhas cicatrizes sanadas dando espaços para novas.

     Até poderia pensar em fugir, ir embora simplesmente, mas o que seria de minha vida com um ensino médio incompleto e com marcas que assustavam até a mim mesmo? A vida não era tão fácil quanto os livros mostravam ser e o medo de denunciá-lo era maior que a coragem de fazê-lo.

     E pela milionésima vez naquele ano senti um frio percorrer minhas costas quando suas mãos gélidas tocaram meu ombro. Você havia chegado e estava pronto para se divertir as minhas custas.

 

     Arianos não gostam de de esperar. Os arianos não suportam fracassar ou equivocar-se, e não aceitam os conselhos dos demais.

 

     Apenas quando fui parar em um hospital é que eu parei para pensar na reviravolta que minha vida sofreu. Relatei meus inúmeros ferimentos como desastres domésticos — claro que os médicos me pressionaram para falar algo mais, mas eu não abri minha boca para falar um A relacionado ao Oh. — Então eles se contentaram com o fato de eu ser muito desastrado.

     Por outro lado, minhas noites naquele lugar não foram tão calmas quanto imaginei. Pensava 24h por dia em motivos que podiam ter levado o outro a virar aquela pessoa tão monstruosa que se tornou. Ele nunca parecera influenciado de algum modo sobre os atos de seu padrasto, mas agora eu me indagava se aquela sua falta de expressão quando assumiu sobre seu passado tinha algo haver com seu eu atual.

     Olhava para meus braços cheio de curativos e sentia minha cabeça doer no simples ato que era abrir os olhos. Talvez me jogar da escada tenha sido o cúmulo que ele podia chegar — ainda me surpreendo com sua compaixão por ter ligado para o resgate antes de sumir no meio da noite. — Agora cá estava eu em uma maca hospitalar enquanto olhava para aquele teto perturbadoramente branco.

     Havia algo que pudesse ser feito para que eu não sentisse mais medo de pisar naquilo que chama de casa? Algo que mudasse o rumo das coisas?

    Deveria existir algo… E eu iria descobrir o que era.

 

    Arianos tendem a ser vingativos.

 

     Quando enfim recebi alta do hospital ao que passei três dias de repouso, eu já tinha ideia de que precisaria fazer algo para parar com aquele seu ciclo se violência. Era necessário bem pouco e minhas soluções poderiam ser compradas em uma esquina — pode soar estranho, mas eu havia entrado em um caminho que não tinha volta. Você me instruíra a ele até aquele momento, agora eu só precisava seguir com meus próprios pés.

     E nessa noite, enquanto aguardava sua chegada como nunca antes — dessa vez olhando os ponteiros com ansiedade, — eu concluí que aquela seria a única opção. — Bastava três passos simples: Primeiro a morfina, então a força bruta e voialà, você estava entregue — sua falta de sanidade devido a bebida colaborou para que caísse desacordado.

    Talvez eu deva ter esquecido de dizer que algumas vezes os cosmos conspiram contra certas pessoas — sorri.

     E nessa mesma madrugada seus olhos se abriram e foi palpável seu choque ao se ver envolto por amarras. Eu mesmo teria ficado desesperado na sua posição e até teria chorado de medo, mas não liguei para seus pedidos de perdão, assim como você nunca ligara para os meus pedidos de piedade.

     É doentio, eu sei, mas considere isso como um sistema de defesa que me vi obrigado a ativar. Se nossa relação seria baseada na agressão, considerei que fosse minha hora de retribuir a sua manifestação de amor.

     Encerrei mais aquela garrafa de wiskey, que iniciei na espera que recuperasse a consciência, e não poupei tempo em quebrá-la na cômoda mais próxima, sorrindo com o susto que tomou — você também sorria quando via pavor em mim...

     Talvez não tivesse como lhe trazer de volta, mas eu podia tirar esse demônio de você e acomodá-lo em mim. Quem sabe assim você voltasse a ser um pouco mais humano…

     —Sehunnie, pare de chorar — deslizei levemente aquele pedaço de vidro pela sua bochecha, vendo sua pele se arrepiar. — Nós nem começamos a brincar...


Notas Finais


Violência Doméstica sendo riscada agora do caderninho dos 30 temas...


Agora só falta 28 kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk ~chorando


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