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História Arma final de Atena - I Promise


Escrita por: Klemz

Notas do Autor


Aqui está o capítulo 16, dessa vez sem demorar muito haha. Não sei que dia vou postar novamente, me desculpem por isso. Espero que gostem.

Capítulo 16 - I Promise


A viagem dos semideuses no mar, após o encontro de Percy com a deusa Afrodite, seguiu de maneira tranquila. Enquanto esperavam que seu transporte chegasse até Roma, o garoto aproveitava para tentar se aproximar ainda mais das meninas que, nesse momento, já detinha um carinho especial mesmo que por muitos momentos não recebesse o mesmo da mais velha.

Desde que Phoebe e Zoe viram a diferença nos olhos do menor, fruto da bênção da Deusa do Amor, elas passaram a ter um sentimento diferente ao se deparar com ele. Esse fato ocorre por conta de um dos poderes de Afrodite, em que o usuário um centro de emoções positivas para as pessoas ao seu redor.

— Maldita Deusa do Amor… tenho certeza de que ela pretende atingir a caçada de algum modo dando essa bênção para o Percy — Pensou Zoe.

Porém, o garoto nem ao menos imaginava o que estava ocorrendo, pois ainda não entendia ao certo como as bênçãos funcionavam. Enquanto relaxava, viu que Phoebe estava com dificuldades em trocar as bandagens que estavam em seu braço, para cobrir os ferimentos do combate contra os ciclopes.

— Phoebe… deixa que eu te ajudo — Se ofereceu, enquanto se aproximava lentamente com as mãos esticadas.

— Ah… obrigado Percy… meu braço está um pouco melhor, mas ainda é difícil de articular tão bem — Disse ela enquanto deixava que o companheiro tomasse conta da situação. — Graças aos deuses não apareceu nenhum outro monstro… seria difícil ajudar nesse estado —

— Não precisa se preocupar Pho… se aparecer mais algum eu vou te proteger até que possa lutar novamente — Disse com um pequeno sorriso.

— Que bom que apareceu você para ser o saco de pancada de monstro no meu lugar Percy — Disse rindo, arrancando uma careta do menor.

Aquela risada. Fazia tanto tempo que ela não lembrava a sensação. Não era como se ela não se divertisse com a caçada, mas aquela risada era diferente, era guardada para alguém especial, mas que já não estava mais no mundo dos vivos.

Esse fato acabou por trazer um sorriso inconsciente no rosto do menor.

— Obrigado por me proteger Percy, mas também não sou uma donzela indefesa… quando meu braço voltar a funcionar eu que irei protegê-lo — Disse Phoebe, com a voz convicta.

— É muito bom ouvir isso… por que dependendo da batalha eu realmente vou precisar da sua cobertura —

— O que quer dizer com isso? — Disse confusa, afinal até aquele momento, ele havia se demonstrado um guerreiro habilidoso, mesmo que inexperiente.

— Não tenho certeza se Ártemis disse a vocês como foi que sobrevivi quando fugi do acampamento, sabe, no dia do ataque — Perguntou hesitante, afinal, com a morte da caçadora, o ataque dos monstros ficou marcado negativamente nas meninas.

— Ela disse que encontrou você na floresta lutando com uma horda de monstros e disse algo relacionado a olhos super humanos… Lady Ártemis não explicou com detalhes —

Percy não pôde deixar de reparar que a Deusa não havia contado para as meninas sobre o ter salvado, quando ele estava entregue.

— Entendo… bom é relacionado com esses olhos… eu consigo uma noção espacial sobre humana por um curto período, mas fico muito debilitado depois —

— E a ajuda que você citou seria após usá-los — Ela entendeu onde o garoto queria chegar e, com um leve aceno, Percy confirmou sua teoria.

— Exato… então quando chegar em uma situação extrema e eu usá-los… espero que você esteja do meu lado para me ajudar — Terminou com um sorriso no rosto, enquanto a menina somente se limitou a afagar os cabelos do menor, enquanto sussurrava.

— Eu não vou deixar nada acontecer com você… com nenhum de vocês —

Enquanto Phoebe dizia essas palavras, o garoto não conseguia sentir elas sendo em totalidade para ele, quase como se elas fossem também direcionadas para outra pessoa.

— Sua irmã falhou com você Heitor… por causa do meu amor cego por Tales você foi morto… não pude protegê-lo… é por isso que não vou deixar que aconteça o mesmo novamente — Pensou olhando para o pequeno garoto, com uma pequena visão de seu irmão sorrindo. — São tão parecidos… talvez sejam as parcas me dando uma chance de consertar meu erro —

O sorriso nostálgico da menina, enquanto encarava o menor, fez com que ele a olhasse confuso e, ao perceber esse fato, Phoebe tratou de mudar o foco da conversa.

O restante da viagem seguiu com tranquilidade, tendo o pequeno conversando principalmente com a caçadora mais nova porém, em algumas ocasiões, até mesmo Zoe participou da conversa juntos dos dois, adicionando algumas provocações para Percy que devolvia na mesma altura, arrancando risadas de Phoebe.

O navio os deixou no porto da comuna italiana Civitavecchia, onde poderiam ir de trem para a cidade de Roma. Logo que desceram, identificaram a diferença no ambiente em relação ao anterior, nos Estados Unidos, principalmente na maneira como as pessoas lidavam com a presença deles. Por conta da obsessão de Atena em que seu campeão fosse perfeito, ele foi obrigado a estudar as línguas mais importantes de forma que não tivesse problemas em missões em outros países fato esse que, nesse momento, se provou útil.

— Com licença senhora… eu gostaria de pegar o trem para Roma… onde ficaria? — Perguntou para uma mulher idosa que passava em seu lado.

— Ah estou indo para a estação ferroviária nesse momento… se quiser posso mostrá-los o caminho — Disse com um sorriso gentil no rosto, que logo foi correspondido pelos demais.

    Andaram cerca de vinte minutos, com a velha senhora conversando abertamente com o grupo, enquanto seguiam em direção ao local para pegar o trem. A travessia, no entanto, começou a incomodar Zoe, quando notou que estavam em direção a um beco escuro e, depois do primeiro ataque, ela não estava muito inclinada a entrar novamente em um local como aquele.

— Senhora… tem certeza de que devemos passar por aqui? Deve haver outro caminho para seguirmos — Disse preocupada, com a voz levemente enrolada pela falta do domínio da língua local.

— Não há outro caminho para onde vocês devem ir, criança — Disse com um sorriso diferente do que estava dando até o momento, segundo depois de entrarem no beco. — Afinal aqui é o fim da linha para vocês —

Assim que ela disse essas palavras, o sangue dos semideuses gelou. Entrando em posição de combate, eles se viram cercados por adolescentes, entre quinze a dezoito anos. Como se para confirmar as preocupações de Zoe, o grupo estava novamente cercado e, dessa vez, certamente seu trabalho em equipe seria requerido ao máximo, afinal, não estavam lidando com monstros.

Mas com guerreiros romanos.

— Gregos ousando invadir nosso território… que blasfêmia — Disse um dos garotos, com um sotaque bastante forte.

— Já não bastava terem raptado nosso pretor… agora estão querendo nos atacar as escondidas — Outro, ao seu lado, concordou com seu companheiro.

Os adolescentes não eram somente um grupo de valentões, como Zoe havia inicialmente pensado, eles eram semideuses romanos e não estavam contentes de terem gregos em seu domínio.

Nem um pouco felizes.

— Não estamos invadindo vocês… estamos aqui a mando dos deuses para encontrar o pretor desaparecido e devolvê-lo para Roma — Zoe afirmou, tentando sair daquela situação de maneira pacífica.

— Mentirosa… por qual razão os deuses mandariam gregos para retomar o que eles próprios nos roubaram? — A conhecida rivalidade entre os gregos e romanos, mesmo após tanto tempo, ainda criava uma falta de confiança enorme dentre os grupos.

Percy já havia entendido a situação, pois havia passado por uma parecida nos últimos dias. Não havia absolutamente nada que dissessem que pudesse livrá-los do ódio que os romanos pareciam ansiosos em despejar neles, afinal, eles possuíam convicção de que seu líder havia sido sequestrado por seus maiores inimigos.

Eles só podiam suportar quietos.

— Zoe… independente do que dissermos… eles não vão acreditar na gente — Ele afirmou calmo, trazendo a atenção dos romanos para si.

— Parece que há alguém minimamente sensato no grupo… qual seu nome garoto? — Perguntou uma garota, de cabelos pretos que, de todos os semideuses romanos, parecia possuir a hierarquia mais alta visto que, mesmo sem pretender, ela se destacava dos demais.

Para Percy, estava claro que aquela garota em sua frente possuía extrema relevância para os romanos, ao receber um silêncio absoluto de seus companheiros enquanto ela fazia sua pergunta e, por conta de seu treinamento com Atena, o garoto percebeu o olhar afiado dela em sua direção, demonstrando que ela entendia que ele não era um criança qualquer.

— Sua percepção é realmente muito boa — Pensou ele, lembrando das várias vezes onde foi menosprezado por sua idade. — Meu nome é Percy Jackson… fomos mandados pela deusa Ártemis para achar o pretor de Roma —

— Muito bem Percy Jackson… sou junto com Jason Grace a pretora de Roma… Reyna — Se apresentou, confirmando os pensamentos do garoto. — E sabe… não há razões para eu deixá-los prosseguir em nosso território ou permitir que voltem para casa… a partir do momento em que invadiram nossa casa, vocês serão mortos pela nossa espada —

Suas palavras imponentes ecoaram pelo beco, destruindo qualquer tipo de diplomacia que o grupo grego parecia querer e, com o veredito de sua líder, os demais semideuses desembainharam suas armas se preparando para o combate iminente. A proporção não estava a favor do grupo de Percy, tendo aproximadamente dois combatentes para cada um deles sem contar a pretora além de que, naquele momento, Phoebe não possuía as melhores condições para combate.

— Não demorou muito para nossa promessa ser testada, Pho — Pensou, enquanto retirava sua arma.

Sabendo de sua larga vantagem, os romanos gritavam zombarias para seu adversário que, na concepção de Percy, os gregos lutariam utilizando uma formação com as duas garotas dando suporte para ele, que agiria como linha de frente.

A sua ideia em servir como isca, ficou clara para as duas companheiras e, olhando de relance para sua amiga de longa data, Phoebe percebeu a feição preocupada de Zoe e, sorrindo levemente, entendeu a mudança que o pequeno já havia provocado nela.

Empunhando seu arco mágico, a caçadora mais nova se colocou a poucos passos de seu companheiro que, analisando a disposição do inimigo, percebeu que a Pretora realmente era um adversário totalmente diferente daqueles ao qual ele já havia enfrentado anteriormente.

Mesmo com todo o barulho proporcionado pelos guerreiros romanos, o Campeão de Atena focou seu olhar em Reyna que, com seus olhos totalmente negros, sustentava uma feição séria e determinada.

— Ela sabe da vantagem que tem mas, mesmo assim, não se deixa relaxar? — Refletiu o semideus e ao ver o sorriso calmo dela, como se entendesse o que se passava em sua mente, Percy somente crispou os lábios.

— Isso vai ser realmente difícil — Sua mente gritava mas, assim como havia acontecido na floresta, quanto mais o garoto entregava sua racionalidade exclusivamente para o combate, mais sua percepção do campo de batalha parecia se ampliar.

Com um leve suspiro por parte de Reyna, as duas caçadoras puderam observar de relance os olhos cinzentos do companheiro que, nesse momento, brilhavam em força máxima.

— Eu sabia que não podia menosprezá-lo, Percy Jackson — A Pretora aumentou seu sorriso, diante do desafio à sua frente. — Chris e Jorge, se mantenham comigo... precisamos nos prevenir dos golpes a distância das Caçadoras de Ártemis — Sua ordem chamou a atenção das duas garotas que, surpresas, não esperam que sua inimiga pudesse conhecê-las.

— Mas como? — Se perguntou Zoe.

— Mesmo entre os semideuses gregos, não é comum que nos reconheçam, à primeira vista — Refletiu Phoebe, atônita.

 A Pretora, no entanto, somente riu baixinho ao entender os pensamentos das duas porém, antes que pudesse explicar como as conhecia, ela foi interrompida por Percy.

— Você é realmente interessante, Reyna — Seu sussurro devolveu a atenção da garota para si que, ao ver o sorriso do semideus, pareceu se animar ainda mais. — Pelo pouco que observei de sua maneira de portar, percebi que você não é o tipo de pessoa que age sem informação, não é mesmo? — Sua pergunta fez ela levantar as mãos em rendição por um instante, junto com um lampejo de divertimento em seu rosto.

Com a resposta, os três gregos entenderam que a Pretora se mantinha muito bem informada acerca dos seus rivais porém, para aquele confronto em específico, não era possível que ela tivesse maiores detalhes dos três, afinal, ambas as Caçadoras somente se mantinham com Ártemis e, até aquele momento, Percy somente havia vivido com Atena.

— Mesmo que eu não os conheça perfeitamente, ainda sim nós temos a vantagem numérica necessária para superar qualquer imprevisto — Pensou ela, enquanto ordenava o ataque de seus guerreiros. — A vitória será nossa... Gregos —

— Eu me pergunto se algum dia eu vou ter permissão de lutar sem estar em uma desvantagem absurda — Pensou Percy, suspirando. — Pelo menos temos a vantagem de estarmos com armas de maior alcance, visto que nenhum deles utiliza arco —

O garoto, ao ver os quatro semideuses seguindo em sua direção em passos largos, entendeu que deveria servir de distração tempo o suficiente para que as meninas pudessem atingir os seus adversários mesmo que, com quatro combatentes, ele não tivesse a menor ideia de como faria para segurá-los sozinho.

No entanto, um leve toque em seu ombro demonstrou a presença da bela caçadora que, com um pequeno sorriso, se colocou em seu lado.

— Não vou deixar que se arrisque sozinho, Percy — Os olhos do garoto arregalaram com a sentença da mais velha pois, pela primeira vez, ela o tratou como um igual. — Mas não entenda errado... só não faz meu estilo ficar me escondendo atrás de uma criança... isso fere até o meu orgulho — Ela completou, levemente envergonhada ao perceber o significado de sua frase inicial.

A resposta, no entanto, veio como um sorriso verdadeiro do garoto.

— Conto com você, parceira —

Para Percy, mesmo com as experiências que ele teve lutando em parceria com as duas meninas anteriormente, esta foi a primeira vez que o garoto sentiu a importância de ter uma companheira ao seu lado visto que, nas outras duas lutas, elas se mantiveram no suporte dele e, agora, Zoe se posicionava ao seu lado, elevando significativamente sua confiança em enfrentar os romanos a sua frente.

— Mesmo que tente esconder até de si mesma... você já se afeiçoou a ele, Zoe — Pensou Phoebe, entendendo que a amiga havia modificado sua forma de pensar, mesmo que pouco.

O problema, no entanto, continuava o mesmo. Três semideuses, tendo Phoebe com sérios problemas para lutar, contra os quatro romanos e, em caso de vitória, ainda teriam que enfrentar os dois guarda costas da Pretora, juntamente de Reyna.

O Campeão de Atena, no entanto, agora se sentia confiante o suficiente para superar aquela barreira junto de suas parceiras e, mesmo com o cansaço das viagens e da luta contra os dois ciclopes, os gregos mantinham sua determinação em completar a missão que lhes foi dada.

— Percy, vou seguir seus movimentos... pode ir com tudo — Sussurrou Zoe que, por ter mais experiência, sabia que o garoto teria problemas para acompanhar seus movimentos e, portanto, ela que deveria se adequar aos dele.

O garoto somente acenou em resposta e, da mesma forma que fez contra a horda de monstros, o semideus começou a análise da formação adotada pelos quatro semideuses que, aos poucos, se distanciavam formando duas duplas, compostas por um escudeiro e um lanceiro.

— Eles querem me separar da Zoe — Logo que entendeu as intenções dos romanos, Percy se viu em uma situação complicada.

Eles não podiam se separar para enfrentar os romanos, porque Phoebe ficaria exposta ao ter somente a cobertura de Zoe, que é especializada no uso das adagas. Por outro lado, caso os gregos se mantivessem unidos, poderiam ser alvo fácil para os flancos e, com isso, Phoebe só poderia dar suporte para um dos dois aliados, que teriam que enfrentar dois inimigos ao mesmo tempo.

De um jeito ou de outro, eles seriam encurralados e, com toda certeza, teriam de se render.

— A tática é realmente o ponto forte dos romanos — Refletiu Percy, sabendo que aquela era uma situação bastante desfavorável.

A mente de Percy procurava por uma solução concreta, nos poucos segundos que detinha até o primeiro encontro entre as espadas. De seu lado, ele possuía duas caçadoras espetaculares embora uma estivesse debilitada, enquanto o inimigo possuía seis guerreiros que, em um campo aberto, possuíam uma clara vantagem em cima delas.

Estava difícil achar uma resposta para aquele problema.

— Pense, Perseu... sempre há uma solução, mesmo que pareça impossível... eu só preciso achar qual é — Sua mente gritava, processando seus pensamentos em uma velocidade totalmente fora do comum.

Ao analisar o comportamento dos romanos, bem como o pensamento extremamente rígido e cauteloso de Reyna, o garoto sentiu uma ideia insana passar por sua cabeça.

Desde o começo, diferentemente dos gregos, o seu inimigo seguia um protocolo linear.

Não havia ataque, sem que a Pretora ordenasse. Não havia agressão, até que ambas as duplas estivessem no local definido em sua estratégia. Não havia nem mesmo uma respiração fora do ritmo dos demais.

Para bem ou para mal, os romanos eram tão rígidos em sua forma de agir, que acabavam sendo previsíveis.

— Esse é o detalhe que eu estava deixando escapar — Sorriu Percy, entendendo a mente de seu adversário para que, assim pudesse pensar no plano definitivo para enfrentá-lo. — Zoe... parece loucura, mas sinto que sei como lidar com essa formação deles —

Explicando rapidamente seu plano para ambas, o Campeão de Atena somente teve tempo para ver um arregalar de olhos da mais velha que, com uma confirmação sonora de Phoebe aceitando o plano, se colocou em posição para seguir a insanidade do Campeão de Atena.

Vendo a comoção grega pelo plano, Reyna sentiu que aquele pequeno garoto estava colocando seu plano em jogo e, gritando incentivos para seus guerreiros, os romanos aceleraram seus passos em direção aos três gregos que, para a surpresa da Pretora, presenciaram tanto Percy quanto Zoe correndo em direção ao grupo na extrema esquerda do beco, deixando Phoebe totalmente isolada ao centro.

A estratégia da Romana, em sua concepção, se baseava em acuar o adversário por meio da pressão de seu ponto fraco que, com uma rápida análise, Reyna entendeu ser a caçadora mais nova, por conta de seus machucados. A surpresa da líder romana, no entanto, se deu ao ver que seu inimigo simplesmente abandonou aquela que deveria ser a linha mais recuada de sua formação, a deixando totalmente exposta.

Quase como se chamasse o adversário para atacá-la.

— O que está acontecendo aqui? — Sua mente tentava entender aquele plano louco provindo do menor. — Eles estão entregando a vida de sua companheira, em prol de salvar os outros dois? —

Em situações como aquela, onde um grupo é colocado contra a parede devido a um combate desnivelado, era senso comum pensar em rendição ou em fuga, no entanto, Reyna nunca havia presenciado um grupo que “entregasse” seu companheiro, de forma a poder atacar.

E, essa forma de pensar, embaralhou todos os sentidos da romana.

Estava claro que, se lançando em uma estratégia suicida, Percy conseguiu confundir a mente sistemática de Reyna que, ao tentar prever o movimento de seu inimigo, acabou por não ser rápida o suficiente a ponto de desvendar suas intenções a tempo de mover suas peças pelo campo de batalha.

Os romanos, treinados para se moverem única e exclusivamente a mando de sua líder, se tornaram confusos sobre como lidar com aquela ameaça direta e a dupla na extrema direita, em um ato irracional, avançou contra Phoebe na tentativa de minar as forças de seu inimigo.

Tudo se sucedeu em frações de segundos.

Calculando o tempo que os inimigos precisariam para chegar próximo de Phoebe, o Campeão de Atena entendeu que tinha que atacar a dupla romana e voltar para defender a garota em menos de três segundos e, por conta disso, Percy se lançou em um ataque unilateral em direção ao espadachim que, com um movimento ágil do escudeiro, teve sua defesa assegurada, no entanto, aquele escudo acabava por retirar boa parte de seu campo de visão e Zoe, entendendo as intenções de seu companheiro, deslizou na diagonal direita do escudo, aparecendo de forma rápida o suficiente para não deixar com que o espadachim pudesse ter tempo de reação para se esquivar do golpe que ela lhe desferiu, arrancando a arma de sua mão e, com um forte soco na lateral de seu rosto, nocauteou o romano.

— VAI, PERCY — Gritou Zoe, fazendo-o entender que deveria voltar para defender Phoebe que, com suas flechas, conseguiu retardar por um segundo a mais, os seus atacantes.

Tempo o suficiente para que Percy pudesse se posicionar de forma protetora, em sua frente.

— Malditos — Sibilou o romano, entendendo que a brecha havia sido fechada, antes mesmo que ele pudesse punir os gregos.

Com um grito masculino de agonia, Percy entendeu que Zoe havia derrotado o escudeiro e, olhando de relance em sua direção, percebeu que em seus pés havia os corpos da primeira dupla romana.

A primeira vitória havia sido conquistada.

No olhar de Reyna, brilhava um sentimento perigoso, ao perceber dois de seus semideuses caindo perante os seus olhos e, por sua própria natureza, a Pretora se sentiu extremamente culpada por não ter conseguido reagir a tempo de encontrar uma contra medida para a estratégia de seu adversário.

— Gregos malditos — Sua mente rugia, enquanto olhava fixamente para o garoto de oito anos, com fúria em seu olhar.

O Campeão de Atena percebeu de relance o olhar que recebia da romana e, naquele momento, percebeu que havia mexido com alguém perigoso.

— Podem ir, vocês dois — Sussurrou ela, chamando a atenção de todos no campo de batalha, ao liberar os seus dois guarda costas. — Eles não são semideuses quaisquer... vamos acabar com eles agora —

Sabendo que sua estratégia não funcionaria novamente, Percy tentava bolar em sua cabeça uma nova maneira de surpreender a líder inimiga mas, ao fixar seus olhos no dela, percebeu que ela não erraria novamente.

— Foi uma boa estratégia, Percy — Sussurrou Zoe, enquanto se colocava ao lado do companheiro. — Você tem mais algo guardado, Campeão de Atena? — Completou num tom amigável, demonstrando sua confiança no garoto que, com surpresa por esse fato, somente sorriu pequeno.

— É difícil dizer... Reyna parece diferente do começo do confronto — Devolveu baixinho, vendo a caçadora assentir.

— É realmente complicado de prever o que ela vai fazer agora — Concordou Zoe que, olhando para trás, recebeu uma expressão calma de Phoebe. — Você consegue continuar? —

Aquele tom calmo da caçadora, que sempre tentava dirigir para suas companheiras mais novas, atingiu fortemente o coração da amiga, que confirmou com um sorriso.

— Vocês são realmente fortes — Pensou Percy, notando que mesmo com as dores, elas se mantinham com uma expressão determinada.

Os pensamentos do garoto ficaram ainda mais rápidos, ao perceber seus reais sentimentos pelas duas meninas. Seu peito gritava que queria protegê-las afinal, além de Atena e Annabeth, as duas foram as que se permitiram se aproximar do garoto, fato esse que deixou Percy extremamente feliz.

— Agora... como vamos fazer para vencê-los? — Se perguntou, tentando achar mais uma resposta milagrosa que pudesse tirá-los daquela situação desesperadora.

Na teoria, eles haviam voltado para a estaca zero, afinal, havia duas duplas para que enfrentassem ao mesmo porém, dessa vez, Percy possuía uma estratégia a menos que pudesse utilizar contra os romanos.

— Embora, agora, tenhamos Reyna no campo de visão de Phoebe — Refletiu ele, sabendo que um golpe certeiro na líder dos romanos encerraria o confronto. — Mas como posso fazer para que a Pretora se exponha? —

Com o excesso de pensamentos para criar a estratégia, Percy sentiu o desconforto conhecido por si, crescendo em sua cabeça. A benção começava a cobrar seu preço e, com isso, um sentimento de pressa se apossou do Campeão de Atena, nublando seus pensamentos.

Zoe, percebendo as expressões de seu parceiro mudar repentinamente, se lembrou das palavras de Ártemis, quando ela havia lhe contado acerca do uso da benção de Atena, pelo garoto.

— Está acabando o seu tempo, Percy — Se perguntou, ficando preocupada com o estado do garoto.

Já estava bastante difícil de lidar com a situação, mesmo sem o problemas dos “olhos” do semideus e, para a surpresa dos dois, escutaram movimentos de Phoebe em sua direção.

—  O que está fazendo, Phoebe? — Perguntou Zoe, confusa, enquanto tentava levar a menina para longe novamente.

A menina somente balançou a cabeça, demonstrando que estava convicta em seu desejo de participar ativamente do combate e, percebendo a rápida troca de olhares das duas companheiras, Percy somente suspirou.

— Ela está determinada, Zoe — Sussurrou o garoto, vendo a expressão de Phoebe se abrir para ele. — Você acha que consegue lutar? — Perguntou temeroso, recebendo um olhar de descrença de Zoe.

— Percy... ela pode...  — O olhar sério do Campeão de Atena a interrompeu e, suspirando contrariada, a Tenente da Caçada sabia que não havia o que ser dito.

— Para ser sincero, eu também gostaria que ela não lutasse na linha de frente, no entanto, eu sinto que vamos precisar nos separar em duas lutas — Sussurrou o garoto, vendo as duas acenarem positivamente. — Eu vou enfrentar uma das duplas e vocês vão contra a outra, tudo bem? —

Embora soubessem que essa era a combinação ideal, as duas meninas se preocuparam pelo estado dos “olhos” de Percy e, sabendo da dificuldade em lutar contra uma das formações romanas, Phoebe sentiu uma aflição incomum subir em seu peito, quase como se não devesse deixar o garoto lutar sozinho.

Se era uma premonição, ou só o seu instinto protetor em relação ao garoto que lembrava seu irmão mais novo, ela não sabia dizer.

— Não perca, Percy — Pediu ela, demonstrando sua preocupação em seus olhos para o menor, que sorriu de volta.

— Pode deixar — Respondeu ele, já se distanciando levemente em direção a uma das duplas. — Cuide dela, Zoe — Pediu, vendo-a acenar com a mesma expressão que havia lhe dado, no dia em que conversaram sobre a emboscada que sofreram dos ciclopes.

 — Digo o mesmo, Percy —

Sentindo seu corpo pesar e sua mente lhe confundir, o Campeão de Atena seguiu até a frente dos dois guerreiros que, nesse momento, já haviam entendido que não podiam menosprezar o pequeno.

Se colocando em posição de combate em frente da dupla, Percy se lembrou de como o escudeiro inimigo havia se posicionado em relação ao espadachim, na luta contra a primeira dupla romana. Era claro para o garoto, de que eles possuíam uma confiança criada por meio de várias batalhas em conjunto e que, em um momento de dificuldades, aquela ligação seria algo que poderia fazê-los mais fortes, se tornando inimigos extremamente complicados.

— Que os deuses me protejam — Com uma leve lembrança das três deusas que ele interagiu em sua vida, o garoto se preparou para mais um confronto desigual que teria de superar.

    Nas batalhas anteriores, Percy enfrentou adversários fortes, porém lentos. Nesse combate, o espadachim era tão ágil quanto o garoto, enquanto o escudeiro era preciso em não deixar os ataques entrarem em seu companheiro. A mente do semideus pensava em possíveis ataques e combos que sua mãe havia lhe treinado, porém como em nenhum momento ele conseguia sair da defensiva, ele não conseguia colocar em prática suas habilidades.

Era evidente para o garoto que o peso das sucessivas batalhas estava cobrando seu preço.

A batalha seguia de maneira equilibrada, porém com uma visível tendência para a dupla romana porém, com um gemido alto de dor por parte de Zoe, o garoto se distraiu abrindo uma brecha para o espadachim atingi-lo no braço direito, derrubando sua espada no chão.

Seu braço parecia queimar com o corte profundo e, de forma a não ser decapitado, o menino se obrigou a rolar rapidamente, enquanto pegava novamente sua espada porém, somente com o peso da arma em suas mãos, Percy acabou ranger os dentes com a dor presente em seu braço, enquanto sentia ela novamente cair no solo.

Os dois romanos, a poucos passos de distância, sentiram a vitória chegando.

— Parece que chegou seu limite, pequeno monstro — O espadachim cuspiu, demonstrando seu desprezo e ódio pelo inimigo, enquanto se aproximava dele na intenção de finalizar com sua vida.

Levantando sua espada, o romano cometeu seu maior erro pois, ao esperar o seu inimigo derrotado, a arrogância do semideus se fez presente e, a abertura que Percy tanto esperava apareceu.

Com um rápido movimento com sua mão esquerda, o Campeão de Atena decepou a mão direita de seu adversário que, com um grito de surpresa, se viu sem sua arma e, em sua frente, o inimigo que deveria estar derrotado, em pé e com a espada apontada para o seu peito.

— Mas como? — Sussurrou o romano, em agonia pela dor.

A resposta, no entanto, veio com movimentos tranquilos e precisos de Percy com sua mão esquerda, demonstrando que ele havia dominado as técnicas com ambas as mãos e, por isso, não havia sido derrotado ao ter uma delas gravemente feridas.

Com um golpe seco no peito do romano, o Campeão de Atena ceifou sua primeira vida e, sabendo que o tempo estava contra eles, logo tratou de partir para cima do escudeiro que, por ser totalmente defensivo, somente conseguiu criar certa resistência, antes de também ser derrotado e mandado ao mundo dos mortos.

Sentindo seu ar ser totalmente arrancado do peito, Percy caiu de joelhos e apoiado em sua espada, antes de olhar de relance para o posicionamento de Reyna, além do combate das meninas que, mesmo com extrema dificuldade por conta dos ferimentos gravíssimos que ambas detinham, conseguiram vencer os seus dois combatentes.

O estado físico das duas, no entanto, demonstravam ser tão ruim quanto o do Campeão de Atena, se mantendo em pé somente por conta da última adversária em sua frente, mesmo que este esforço praticamente esgotasse os três gregos.

— Os seis... mortos — Sussurrou Reyna, atônita.

Ficou claro no olhar da Pretora, de que ela gostaria de ter participado do combate, no intuito de ajudar seus companheiros, no entanto, Roma já estava sem seu pretor Jason e, além de Reyna, somente havia um outro semideus que pudesse gerenciar todo o acampamento.

Theo, filho de Netuno.

A Pretora, no entanto, sabia que ele não tinha o menor interesse nesse cargo e, mesmo que em extrema urgência, dificilmente ele aceitaria se tornar o novo Pretor e, com isso, provavelmente o posto seria dado a Octavian, um Legado cujo maior objetivo é se tornar o Pretor.

Fato esse que não agradava nenhum pouco Reyna.

— Eu vou matá-los com toda certeza — Sussurrou em sua mente, demonstrando um olhar totalmente negro para Percy, que sentiu um arrepio subir em sua coluna.

Com grande esforço, o semideus se juntou com as duas meninas e, se possível, a condição de Phoebe estava ainda pior do que antes, tendo seu rosto totalmente vermelho, como se até mesmo respirar estivesse sendo difícil, além de um visível hematoma em sua perna direita, o que possivelmente não a deixaria andar por alguns dias.

— Descanse agora, Phoebe... nós dois vamos cuidar da Pretora, está bem? — Sussurrou Zoe, com lágrimas nos olhos pelo estado da amiga que, fixando seu olhar em Percy, esperava uma resposta dele.

— É o melhor, Pho... senão você vai ter problemas permanentes depois — Destacou ele, fazendo-a suspirar ao entender que estavam certos.

— Está bem... mas não percam... vocês me prometem? — Pediu ela, com dificuldades.

Percy e Zoe trocaram um sorriso com o pedido fofo da menina, antes de confirmar.

— Nós vamos vencer, Pho... eu prometo — Com sua afirmação, a menina pareceu se sentir mais confortável para se distanciar do confronto.

Mesmo que pouco, por conta dos ferimentos que não a deixavam andar com tranquilidade.

— Agora é só nós dois, Zoe — Sorriu Percy.

A garota, no entanto, não conseguiu devolver o sorriso para seu companheiro, ao perceber o tamanho da dor que ele escondia naquele gesto. Além do cansaço extremo por todas as lutas, os ferimentos, ainda havia a dor por conta do uso excessivo da benção de Atena que, nesse momento, devia estar destruindo pouco a pouco a mente de Percy.

— Mesmo assim, ele está sorrindo... você é forte, Percy — Pensou ela sem saber que, ao mesmo tempo, o garoto pensava o mesmo dela. — Vamos acabar com isso e ir descansar em algum lugar —

Os dois, lado a lado, encaravam a Pretora e, em suas mentes, estavam destacados os ferimentos e esforços um do outro e, com isso, ambos só queriam dar seu máximo para que a situação não ficasse ainda pior para o outro.

A dificuldade absurda desse confronto, criou um vínculo entre os dois que, mesmo Zoe querendo esconder, havia se tornado extremamente visível para alguém que olhasse de fora, como Phoebe.

— Agora não há mais o que ser dito, Zoe... ele já passou pelas suas barreiras — Pensou ela, enquanto olhava para o pequeno garoto que, em pouco tempo, conseguiu mudar conceitos que as duas mantinham a séculos.

Por conta do machucado em sua mão esquerda, Zoe somente empunhava a adaga na mão contrária, o que acabava por limitar sua velocidade de ataque. Percy, entendendo que a forma de lutar seria a mesma que utilizaram contra a primeira dupla de romanos, se colocou levemente a frente da menina, antes de acelerar em direção a Pretora, que os esperava.

Por um lado, o combate tinha vantagem numérica para os gregos mas, por outro, os machucados excessivos acabavam por limitar os dois combatentes, fazendo com que o confronto ficasse equilibrado, ou até mesmo com vantagem para a romana.

Com o primeiro choque de espadas entre Reyna e Percy, a garota percebeu que seu adversário estava fragilizado, no entanto, que ela não deveria menosprezá-lo, como seu espadachim o havia feito.

Seria um erro fatal.

A Tenente, de forma sábia, se mantinha nas sombras de seu companheiro, forçando com que a Pretora se mantivesse com a atenção redobrada para seus ataques que, por muitas vezes, não vinham. Era quase como se Zoe estivesse esperando pacientemente pela abertura certa, de forma a desferir o golpe fatal em sua adversária e, assim, determinar a vitória de seu grupo.

— Por mais que estejamos a pressionando... ela se mantém firme e calma — Percebeu Zoe, sentindo a urgência do tempo a pressionando cada vez mais. — Eu preciso terminar isso logo... Percy não vai aguentar mais tempo —

A cada choque entre as armas gregas e romanas, Percy sentia suas forças se esgotando cada vez mais. Sua espada parecia pesar o dobro, seus reflexos pareciam ser mais lentos e, sua adversária, mais rápida, forte e inteligente.

O Campeão de Atena percebia que Zoe procurava por aberturas mas, naquele momento, ele já não conseguia cria-las para sua companheira, prejudicando a Tenente. Ao dirigir novamente a espada em direção a Reyna e sentir o contra golpe, a mente de Percy nublou completamente, antes de uma forte dor de cabeça o atingir, tirando totalmente seu senso de direção e, até mesmo lembrar onde estava, se torno uma tarefa impossível.

Sua mente colapsou.

Com um forte golpe em seu rosto, Percy caiu no chão desorientado, somente conseguindo enxergar um borrão em sua frente. Zoe, percebendo a derrota de seu companheiro, se colocou na linha de frente, tentando ganhar tempo para que ele pudesse se recompor mas, em seu subconsciente, a Tenente sabia que o garoto havia chegado em seu limite e que, em poucos segundos, ela também chegaria.

O fim dos gregos, por mais heroico que tivesse sido, havia chegado.

Com uma sucessão troca de golpes entre Zoe e Reyna, a romana levou vantagem e, embora de raspão por conta da agilidade da caçadora, acertou três golpes em sequência na barriga, fazendo com que a Tenente arfasse pela dor excessiva.

Ficando de joelhos ao lado de Percy, a caçadora aceitou sua derrota para um inimigo que, mesmo a encontrando fragilizada, demonstrou uma habilidade no combate impressionante.

— Vocês tiraram seis vidas romanas — Sussurrou Reyna, com a voz alterada por conta do ódio. — Podem ter certeza de que, além de vocês três, eu vou cobrar muito mais quando essa guerra começar —

Com o fim de seu discurso, ambos Percy e Zoe viram a arma seguir em sua direção mas, para sua surpresa, o golpe nunca os atingiu. Mesmo com seus olhos destruídos temporariamente, o Campeão de Atena pôde presenciar em câmera lenta o corpo de Phoebe caindo ao seu lado, antes de ouvir o grito de Zoe.

A caçadora, com a pouco energia restante, se jogou na frente do golpe de Reyna.

— Não é possível — Sussurrou Percy, encostando levemente no braço de Phoebe, que já não detinha força alguma para devolver o toque.

O baque da menina no chão, fez com que Percy acordasse. Com os olhos arregalados, ele olhou para onde ela estava depositada sem acreditar no que estava acontecendo. Ele conseguia enxergar um risco vermelho que começava a pouco antes do pescoço e ia até seu umbigo.

Percy nunca foi o tipo de criança que gritava ou esperneava, mas nada podia conter o grito que ele soltou quando partiu para cima da Pretora com intenção assassina. Na mente do Campeão de Atena nada mais importava, ele só queria matar aquela que havia retirado a vida da menina que, em sua mente, havia se tornado sua irmã mais velha.

Sua vista, ainda parcialmente cega, não parecia mais incomodar o garoto que, tendo uma aura gritantemente vermelha, se lançava de forma suicida em direção de Reyna que, mais uma vez, não entendi a personalidade totalmente diferenciada que aquele garoto a sua frente lhe mostrava.

Anteriormente, a Pretora havia visto um guerreiro com métodos totalmente insanos, embora racionais e meticulosamente pensados, mas agora ela somente conseguia enxergar um demônio que necessitava a todo custo lhe arrancar a vida, sem ao menos se importar com qualquer outra coisa.

Seus golpes não eram mais tão precisos quanto havia demonstrado anteriormente, mas agora possuíam uma força absurdamente mais forte do que aquela que ele havia lhe demonstrado em sua luta, minutos atrás. Arregalando os olhos, Reyna percebeu que, pouco a pouco, ela estava sendo encurralada pelo garoto e, com um golpe em seu estômago, seu ar foi retirado a força de seu pulmão.

— O que é esse garoto? — Ela se perguntava e, pela primeira vez em toda sua vida, a filha de Belona sentiu medo.

O garoto, caminhando com uma expressão demoníaca, era aterrorizante.

Durante toda a sua vida, Reyna teve que superar todas as dificuldades que lhe foram impostas, com uma expressão calma e fria. O Senado, por motivos políticos, por muitas vezes tentou derrubar a Pretora mas ela se manteve forte e, em todas as tentativas, se sagrou vencedora.

A Pretora, mesmo em situações onde todos fugiriam e chorariam por ajuda, se manteve inabalável mas, diante da presença do garoto de oito anos, ela sentiu pela primeira vez suas pernas lhe traírem. Era claro para ela que aquele semideus grego não era comum e que, com toda certeza, havia deuses conspirando sobre sua vida e, ao olhar para os olhos de Percy, Reyna entendeu qual era o Deus que estava lhe dando forças naquele instante.

— Aquele vermelho sangue juntamente com um ódio incontrolável... eu já senti isso antes — Constatou ela, sentindo um arrepio em sua coluna. — Marte o está ajudando nesse momento... eu ter acertado sua amiga fez com que todo seu amor pela garota, se tornasse em uma raiva imparável? —

Reyna queria vingar seus guerreiros caídos em combate para os dois semideuses mas, naquele instante, ela entendeu que não teria chances. Com o medo estampado em seu rosto, a orgulhosa e imponente Pretora de Roma correu como nunca o havia feito, deixando para trás os corpos daqueles semideuses que haviam lhe seguido até o último segundo de sua vida.

E ela não conseguia não se odiar por isso.

Percy, com extrema fúria, gritou para que ela voltasse e o enfrentasse mas, por conta de seus machucados, ele sentiu toda a sua força se extinguindo, ao ouvir a voz fraca de Phoebe, o chamando.

— Percy — Sussurrou Phoebe, trêmula, fazendo-o chegar em seu lado, com lágrimas nos olhos.

— Desculpe Phoebe… eu jurei… eu jurei que ia te proteger — Disse Percy, sentindo a culpa perfurar seu peito, enquanto as lágrimas escorriam livres pelo seu rosto. — Me perdoe… por favor —

— Não há nada que eu deva te desculpar Percy… eu sabia o que ia acontecer quando me joguei na frente daquela espada — Disse rouca, sorrindo ao perceber que seus dois companheiros haviam segurado suas mãos.

— Por quê? Por que fez isso? — Disse com a cabeça baixa, sentindo a mão dela se tornar cada vez mais gelada.

— Sabe… eu já vi muita coisa horrível do mundo para uma vida… além da caçada só havia uma coisa que eu amei… meu irmão mais novo — Ela começou e Percy arregalou os olhos, pois tudo o que ele queria era que ela contasse sobre sua vida, mas não numa situação como aquela. — Mas ele foi morto por um homem… por eu ter amado Tales e ele ter me traído meu irmãozinho foi morto — Disse chorando.

O coração de Percy pareceu se apertar, ao ver o rosto todo machucado de Phoebe se contorcer por conta do choro e, mesmo Zoe, não conseguia observar aquela cena com os olhos frios.

Era forte demais de se presenciar.

— Mas sabe Percy… desde que eu te vi naquele primeiro dia na floresta… o seu sorriso gentil quando me salvou… você é igualzinho meu irmão — Disse com um sorriso passando a mão no rosto do garoto. — Eu não pude salvar o meu irmão mais novo… por isso prometi a mim mesma e para você… que te protegeria… não cometeria o mesmo erro novamente — A garota tossiu.

— Eu acredito fielmente Percy… que você é diferente dos outros homens… então é por isso que confio a você o meu sorriso… aquele que você tanto queria — Ela olhou para ele com um sorriso aberto, o mesmo que dava para as irmãs da caçada.

— Mesmo sentindo tanta dor… ela ainda é capaz de dar um sorriso desses — Pensou Percy, já incapaz de diferenciar a dor física que vinha sentido, da emocional que as palavras de Phoebe vinham lhe causando.

— Pho… eu te prometo… eu vou ser o melhor homem que eu puder ser… eu vou ser diferente daqueles que fizeram mal para vocês e lhe dar orgulho de lembrar seu irmão mais novo… eu prometo — Disse beijando a testa da garota, que sorriu com o ato.

— Zoe… desculpe por te deixar irmã, mas parece que a minha hora chegou… cuide bem de todas da caçada e do Percy… me prometa —

— Eu prometo irmã… vou cuidar daqueles que você ama — Disse Zoe com os olhos inchados pelo choro excessivo.

    Com a última promessa feita entre o grupo, Phoebe se permitiu partir. Fechando os olhos, ela deixou o mundo dos vivos, para seguir em direção aos Elíseos, com a paz no coração por ter finalmente conseguido concluir sua promessa.

— Me espere Heitor… sua irmã está indo te ver —


Notas Finais


Sério eu arrepiei inteiro escrevendo esse capítulo então espero de coração que tenha sido impactante pra vocês também. Se puderem comentar o que acharam, mesmo sendo me xingando, eu vou ler e responder, ok?

Abraços e até o próximo


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