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História Armadilhas do Amor - Aqui comigo


Escrita por: NessaFN

Notas do Autor


Oii amores, capítulo novo, boa leitura.

Capítulo 29 - Aqui comigo


Fanfic / Fanfiction Armadilhas do Amor - Aqui comigo

Igual a uma boba apaixonada eu fico olhando para a tela do meu cel, espero ansiosa receber a notificação de que o Gaara aceitou a minha solicitação de amizade. Ele acabou de ir embora, deve entrar no face apenas quando estiver em casa! A vaquinha lembra desse pequeno detalhe.

-Eu acho que ganhei a aposta. Karui comenta animada, o Deidei, o Darui e ela fizeram uma aposta -eles apostaram a minha vida amorosa- Darui apostou que eu me envolveria com o Sai, o Deidei “jogou os dados” a favor do Sasuke e a Karui acredita que o senhor hipnotizante olhos verdes é quem têm mais chances de vencer essa.

-Que grande merda Ino! Deidei diz alterado, Karui gargalha e eu deixo de fitar a tela do meu cel, cravo os meus olhos na face alva do Deidei -ele já está com uma aparência bem melhor, livre das escoriações- mas sua expressão facial está longe de ser aprazível.

Se  ele fosse um cão, espuma sairia da sua boca junto de um rosnado furioso.

Abro minha boca para dizer-lhe que não precisa se desesperar -ainda- pois quem está totalmente perdido é o Darui -o Sai e eu com certeza não vamos nos envolver, nem para uma rapidinha-.

No entanto Deidei é mais rápido e  não permite com que eu fale -Você é muito insensível Ino, eu estou me esforçando para cumprir o combinado com o médico, estou tentando te distrair, te ajudar a pensar em outras coisas que não suas lembranças perdidas, mas você na primeira oportunidade joga para o ar todo o meu esforço!

Eu deixo o meu celular sobre a mesinha de centro e ergo as mãos acima da cabeça em sinal de rendição.

-Eu sinceramente não sei mais o que vocês querem de mim, todos pedem para que eu tenha paciência, pedem para que eu me preocupe apenas com o meu presente, pois o meu passado voltará apenas com o tempo e na boa Deidei eu estou tentando fazer isso, eu não consigo enxergar nada melhor no meu presente que não seja aquele ruivo, que ainda não me aceitou no face, droga! Grito a plenos pulmões e segundos depois quando eu me dou conta do que disse, me sinto estranha, com medo, medo de realmente estar gostando do Gaara. Isso é impossível, eu gosto do Kiba!

Eu devo estar confusa, igual quando eu pensei estar apaixonada pelo Sai.

-Caramba eu realmente venci a aposta! A comemoração da Karui me despertou dos meus devaneios. De tudo o que falamos Karui se prendeu somente a esse detalhe? Ainda bem.

-Ino isso é ótimo, mas não é o ponto, o ponto é que foi a tatuagem do Gaara que desencadeou o retorno das suas lembranças, então como os médicos te aconselharam, é melhor você ir com calma,  talvez seja coincidência o Gaara e o Sasuke serem amigos, mas talvez não…

Corto o Deidei, porque o Gaara não pode fazer parte do meu passado, eu não aceito isso -O lance da Tattoo não têm nada a ver com o Gaara, é que quando mais nova o Sasuke me mostrou ela e eu quis fazê-la, por isso ela é que desencadeou o retorno das minha lembranças e eu acho sim que o fato do Gaara e do Sasuke serem amigos seja uma infeliz coincidência. Eu não preciso de mais fantasmas.

-Ok Ino, eu lavo as minhas mãos. Deidei ergue as mãos acima da cabeça, se rendendo.

Eu apanho o meu cel, desejo uma boa noite e passo por eles, entretanto quando eu estou a um passo de alcançar a segurança do corredor, Karui me chama, eu giro nos calcanhares e o  vinco que se forma entre as sobrancelhas dela, indica que algo não está legal.

-Gata, você, ruivo gostoso, a tatuagem dele, que você quis fazer, Deidei com medo, Sasuke, médicos, presente, passado, lembranças, paciência, hã? Karui diz um monte de palavras chaves -Faça o favor de me explicar o que foi essa discussão.

Engulo em seco, as minhas mãos suavam frias, no calor do momento Deidei e eu nos esquecemos completamente que a Karui estava ali, ouvindo tudo o que dizíamos.

Nervosa eu olho para o Deidei, ele assentiu me encorajando, eu peço para a Karui se sentar e me sento ao lado dela.

Começo contando o básico,  que há 6 anos eu me esqueci do que fiz em um período de 6 meses e que por causa disso eu entrei em depressão. Karui nada diz, ela continua me encarando com um vinco no meio da testa.

Agradeço a ela por ter me ajudado nesse período tão difícil da minha vida, mas Karui ainda não suavizou a expressão. Eu Chego a parte em que ouvi os meus pais mencionarem um acidente de carro e enfim a Karui descobre porque eu desisti do nosso plano de morar na cidade da Chuva, depois que nos formássemos no ensino médio.

Eu solto um breve suspiro e narro o meu encontro com o Gaara, o sonho estranho que eu tive no nosso segundo encontro, o dia posterior àquele, o desmaio, o corredor -estreito e mal iluminado- o meu aniversário de 14 anos, de novo o sonho que se passa nos fundos do sítio da vovó e do dia em que burlei aula para ir a um estúdio de tatuagens.

Karui só demonstra alguma expressão -espantada ela abre a boca- quando eu conto o que ocorreu na consulta com o Tobirama sedução.

O perfeito “o” em que a boca da Karui se transformou, vai aumentando à medida que eu prossigo, ela solta um “Ai meu Deus” quando eu digo que diferente do que eu pensava, eu não perdi a minha virgindade com o Kiba e sim com o Sasuke.

Termino a narrativa com a recente descoberta -Gaara e Sasuke se conhecem.

Alguns minutos passam, eu tamborilo os meus dedos da mão esquerda em uma das minhas coxas, esses minutos de puro silêncio são agoniantes.

-Karui feche a boca porque mosquitos não possuem freios. Deidei diz, ele está claramente tentando dissipar o clima denso.

Com os olhos eu acompanho a Karui levantar do sofá e a andar de um lado para o outro pela sala do AP.

-Karui? Deidei à chama, mas Karui não lhe dá ouvidos.

Eu me levanto do sofá, caminho até a Karui, paro na sua frente e levo as minhas mãos aos seus ombros, eu os aperto levemente e Karui faz uma careta.

-Por favor Karui, diga algo eu não aguento mais esse silêncio. Eu praticamente suplico.

Karui se solta bruscamente do meu aperto e me lança um olhar gélido, um olhar de repulsa, diante aquele olhar eu me sinto como um frágil inseto que em instantes  ganhará uma chinelada.

-Ino quando é que você pretendia me contar tudo isso? Karui abre os braços, para ilustrar a dimensão do assunto.

Nunca. A resposta chega aos meus lábios, mas eu a obrigo retroceder, eu não posso ser sincera com a Karui, seria cruel demais, de uma forma que eu não quero, e não posso ser, não com a minha Karui.

Karui solta um risinho de escárnio. -A resposta é nunca, você nunca me contaria, não é Ino? Parece até que Karui leu meus pensamentos.

-Claro que não, um dia eu contaria, eu apenas não estava encontrando tempo… Mordo o meu lábio inferior e interrompo a resposta. Droga, que merda, o termo certo era momento e não tempo!

-Tempo? Impaciente Karui não espera com que eu concerte a frase. -Ah, por favor, Ino nós moramos juntas, no mesmo apartamento, não me venha com essa de que não tivemos tempo para conversar, pois essa é uma mentira deslavada! Olho para os meus próprios pés, não há o que dizer, exceto.

-Me desculpe. Sussurro

-Espere Karui, você precisa dar um desconto, as coisas aconteceram tão rápido, que a gatinha não soube… Deidei inicia a minha defesa, mas Karui o corta.

-Não venha com essa Deidara, ela encontrou tempo para desabafar com você, porém nem cogitou me entregar uma pista do que estava acontecendo.

Essa frase atingiu em cheio a minha face, é como se a Karui tivesse me desferido um soco.

-Eu notei que vocês dois estavam cheios de segredinhos, mas nunca imaginei que fosse algo dessa gravidade! Eu permaneço em silêncio, o Deidei tenta dizer algo, entretanto Karui mais uma vez não permite e continua a expor sua indignação -Não me entenda mal, eu não estou colocando a culpa em você Deidara, é só que… Karui engasga, eu ergo o olhar e vejo que seus olhos âmbar estão marejados e é somente neste momento que eu percebo que também estou beirando as lágrimas. -Eu pensei que a Ino e eu fossemos amigas.

Essa frase doeu de uma forma semelhante- embora em menor proporção- a dor que senti quando recebi a notícia de que a minha avó Miko havia falecido. Sinto como se algo estivesse se rompendo e o pior é que eu sei exatamente o que é, é o meu laço com a Karui, neste momento a nossa amizade está indo pelos ares e não há nada que eu possa fazer, até porque a culpa é toda minha.

-Nós som… Tento concertar o erro com palavras vazias, mas Karui está irredutível e me interrompe.

-E eu me preocupando com a possibilidade de estragar a nossa amizade. Engulo o choro, se eu chorar as coisas se tornaram mais humilhantes. -Como eu poderia estragar algo que nunca existiu? Pois está mais que claro que você não dá a mínima para a nossa relação. Karui maneia a cabeça freneticamente. -Como eu sou idiota! Ela grita.

-Karui do que é que você está falando? Eu pergunto confusa, Karui para de balançar a cabeça de um lado para o outro -em negação- e crava os seus olhos âmbar em mim.

-Ino eu estou afim do Sai! Ela diz usando um tom de voz alto e rude. O que? Minha boca abre automaticamente.

-Gente vamos diminuir o tom de voz, já está tarde, daqui a pouco os vizinhos vão bater na porta e reclamar. Deidei tenta apaziguar os ânimos.

Acordo cedo e não encontro a Karui, acho que ela não dormiu no AP. Melhor assim.

Eu sento no sofá e solto um riso sem humor. A vida é tão sádica, tão absurdamente sádica e para os que riem de tudo, ela é extremamente cômica.

Quando Karui me disse que suas colegas de trabalho estavam interessadas no mesmo cara, ela mentiu, não eram suas colegas de trabalho e sim nós duas -eu não estou interessada no Sai, não mais, mas ok-.

O que acontece é que certo dia eu usei o celular da Karui, eu telefonei para a casa do Sai, o telefone residencial do pudim Jr. possui bina e pensando que aquele número fosse meu o Sai o salvou e no dia em que ele sentiu necessidade ou vontade de conversar comigo ele me chamou no whats,  porém o número pertence a Karui, por isso quem o respondeu foi ela e pelo o que eu entendi desde esse dia os dois vêm mantendo contato.

Karui se apaixonou pelo pudim Jr. e não me contou de imediato, porque temia estragar a nossa amizade, já que eu um dia demonstrei interesse no Sai.

Eu desconfiava que Karui estivesse me escondendo alguma coisa, mas nunca imaginei que fosse algo do tipo, embora eu acredite que ontem ela é quem se surpreendeu mais.

O que é tragicamente engraçado é que durante todo esse tempo Karui temeu estragar a nossa amizade, mas quem acabou fazendo isso foi eu. Como sempre eu é que sou a responsável por estragar tudo!

São 12 horas e Karui ainda não apareceu, ela deve estar na casa do Deidei ou na do Darui, eu quero ligar para um deles e perguntar,  entretanto me falta coragem, eu não tenho ideia de como as coisas ficarão, estou pensando em pedir ao Deidei para passar uns dias em sua casa, só que não posso fazer isso porque logo a minha sobrinha chegará, o certo seria eu ligar para a Samui e dizer que a Aika terá de esperar um pouquinho mais para poder vir, no entanto eu também não posso fazer isso. Droga, droga, droga, mil vezes droga, porque eu sou assim toda errada?

Eu não tenho condições de alugar um apartamento sozinha, porque para facilitar a minha vida eu teria de escolher um que fosse próximo a universidade e a floricultura, porém os apartamentos nessa região são absurdamente caros. Oh vida!

Na esperança de tentar me distrair eu entro no face, decepcionada eu vejo que o Gaara ainda não me aceitou. O que esse cara está fazendo que ainda não entrou no face?

Enquanto olho minha página inicial descubro que o Kiba e a Shizune neste exato momento estão no aeroporto da Folha, com destino a capital -Kiba acabou de postar uma foto dos dois com a seguinte legenda “daqui a pouco voando pra casa”- Me sinto estranha em saber que em poucas horas ele estará ainda mais longe.

Sakura também postou uma nova foto -ela está em um pub, cercada por uma galera, todos os integrantes da foto parecem ser universitários- como essa vaca ficou bonita!

Entro no perfil da Sakura, talvez as publicações dela me distraiam, ledo engano, não encontrei nada que me interessasse, então clico em amigos, quem sabe a testuda igual ao senhor jabuticabas me reserve uma surpresa. Apenas espero que dessa vez seja algo agradável.

Sakura e eu temos 64 amigos em comum, todos eles moram na capital, exceto um, Sasuke Uchiha, não, vocês não leram errado, a Sakura e o Sasuke são amigos no face.

Embora eu saiba que um dia, no passado, os dois foram amigos ou sei lá mais o que, eu não pensei que eles continuassem a manter contato.

–É o nome de uma flor. Kumiko disse, eu não me dou ao trabalho de stalkear o perfil do Sasuke para ver se tem alguma Margarida ou Rose em sua lista de amigos, porque algo me diz que ela estava se referindo a Sakura.

De repente o apartamento tornou-se enclausurador, preciso sair daqui, preciso de ar puro para refrescar as minhas ideias e me acalmar.

Eu calço um tênis, ato os meus cabelos em um firme e alto rabo de cavalo, guardo as chaves e o celular nos bolsos do meu short e saio do AP.

...

Por ser domingo o parque está cheio, eu caminho pelas trilhas e quando me canso, eu  compro um cachorro quente e me sento no banco próximo ao lago. Alguns pombos se aproximam e eu os alimento com migalhas do meu pão.

Enquanto caminho a esmo, eu observo as pessoas, elas parecem felizes, leves, em harmonia com o ambiente e eu sinto inveja disso, eu também queria estar feliz, leve e em harmonia com o ambiente.

Um rosto dentre todos aqueles rostos desconhecidos chama a minha atenção, ele me é familiar, a pessoa em questão também me viu, por isso eu não posso girar nos calcanhares e me afastar na surdina.

Eu me aproximo e me sento ao seu lado na grama úmida e fofa, essa é a primeira vez que eu a vejo de cabelos presos, o coque no topo da sua cabeça deixa seus olhos exóticos em evidência, chamativos.

-Oi. Eu cumprimento a mina com quem eu esbarrei duas vezes no corredor da facul.

-Oi. A garota retribuiu timidamente.

-Fotografando? Pergunto ao reparar na pequena câmera em suas mãos.

-Uhum. Ela confirma e o papo se encerra aqui, bem era o que eu pensava, mas a garota com um sorriso gentil me estende uma de suas mãos. -Prazer eu sou Hinata Hyuuga.

Eu também estendo a minha mão e damos um breve aperto de mãos -Prazer eu sou a Ino Yamanaka.

-Milagre nós duas não termos nos encontrado através de um esbarrão. Hinata diz divertida e eu rio junto com ela.

-Verdade e por falar nisso me desculpe por ter sido rude com você noutro dia. Eu peço envergonhada.

-Não tem problema Ino, eu entendi que você não estava em um dia bom.

-É eu realmente não estava, mas isto não justifica, a culpa não era sua e eu não deveria ter te tratado daquela forma!

-Está tudo bem Ino. O bom humor dessa garota está começando a me irritar, eu mudo de assunto para evitar uma discussão.

-Então o que você está fotografando? A face pálida da Hinata se ilumina e entusiasmada ela me pergunta se tenho irmãos, eu digo que tenho uma irmã mais velha e Hinata me diz que ela tem uma irmã mais nova.

-O nosso pai é um homem muito severo, ele não queria deixar que eu morasse longe de casa, minha mãe teve de intervir… A família da Hinata mora em uma cidade do interior -E por ele ser assim minha mãe e irmã não conhecem nada que não seja a cidade em que nascemos, então sempre quando passeio eu fotografo qualquer coisa, mesmo uma simples borboleta e envio para elas.

Hinata parou no meio da trilha e fotografou a mamãe pata e os três patinhos que bamboleia atrás dela.

Hinata também fotografou -com o consentimento deles- um casal de idosos que sentados no banco do parque, alimentam os pombos.

Depois eu pedi para um rapaz- muito bonito- nos fotografar, fizemos caretas, sorrimos, fingimos não ver a câmera e passamos os nossos números para ele. Quer dizer, eu passei os nossos números. Eu praticamente obriguei a Hinata a também passar o número dela. 

Esse foi um momento estranho, a garota ficou muito nervosa perto do desconhecido, por um momento eu temi que ela desmaiasse.

Enfim... O dia na companhia da Hinata foi bastante agradável.

A Karui ainda não chegou ao AP, preocupada eu telefono para o Deidei e ele me diz que ela está na casa do Darui e que passará a noite por lá. Definitivamente as coisas nunca mais serão as mesmas entre a gatinha e eu.

Entro no face o senhor hipnotizante olhos verdes enfim me aceitou no facebook. Stalkeio o seu perfil e não encontro nada de comprometedor, como amigo em comum nós temos apenas o Shika e o Sasukinho, Gaara tem apenas três fotos, mas por ser muito bonito, as três tem muitas curtidas e comentários femininos.

Eu recebo uma nova mensagem, é do Gaara, ansiosa eu a leio.

Oii porquinha, você tem planos para essa quarta feira? Por um momento eu pensei que ele fosse me encher por causa do meu nome, mas acho que ele não sabe o significado.

Não. Eu o respondo

O que acha de sairmos para jantar? Gaara não demora nem 2 minutos para me responder.

O Sasuke e ele são amigos. Esse fato me impediu de respondê-lo imediatamente.

Seria ótimo. Resolvo dar de ombros, na melhor das hipóteses Gaara não sabe nada sobre o Sasuke e eu, além do mais Sasuke e eu somos apenas amigos, namoramos na adolescência e, e nada disso vai colar, mas eu não quero mais adiar, ou é pra ser ou não é pra ser.

Passo no seu apartamento às 21 horas. Leio a mensagem dele.

Ok. Envio junto do emoticon que manda beijinho.

Estou com muita preguiça, entretanto não posso burlar aula, o fim de ano está próximo, repetir na facul não é uma opção.

-Preciso me preocupar? Sasuke pergunta me olhando de cima abaixo, digamos que hoje eu não estou vestida para matar -a blusa xadrez, branco com preto, fica larguinha em meu corpo, a calça de moletom cinza torna-se bastante casual quando eu a coloco para dentro das minhas botas ugg e para completar  o modelito, hoje não quero fazer nada, eu atei os meus cabelos ainda úmidos em um coque frouxo e não passei maquiagem em minha face.

Em resposta eu maneio a cabeça, o cumprimento e ocupo o meu lugar, atrás da sua carteira.

Diferente do que pensei Sasuke não me perguntou porque eu fui embora repentinamente da festa do seu primo e eu também não fiz questão de me explicar.

Quando o assunto é estar apaixonado por duas pessoas ao mesmo tempo, existe muita divergência, algumas pessoas consideram que isso seja bastante possível, mesmo comum, partindo do ponto que independente da relação você não ama as pessoas pelos mesmos motivos, um pai ou uma mãe não ama os filhos da mesma forma, isso não quer dizer que exista um mais ai,  e você também não ama um amigo pelos mesmos motivos que você ama o outro. Entretanto também existem pessoas que não acreditam nisso, uns dizem que se você acha que ama duas pessoas ao mesmo tempo, significa que você não ama nenhuma das duas, pois no amor não existe espaço para dúvidas, outro argumento muito utilizado é o que afirma que quem diz estar apaixonado por duas pessoas ao mesmo tempo, está dando uma desculpa para a sem vergonhice.

Durante muito tempo eu fazia parte do segundo grupo de pessoas, eu não acreditava ser possível gostar de mais de uma pessoa ao mesmo tempo, porém eu não posso ser  hipócrita comigo mesma, eu não posso virar as costas para o que estou sentindo.

“Quando se trata de amor, tudo é possível” - inclusive amar mais de uma pessoa ao mesmo tempo- Leio em voz baixa um trecho do que está escrito na página da web.

“-Se isso acontecer com você, não se martirize, não se ache a pior pessoa do mundo, nem tente descobrir quem você ama mais, isso sim é impossível. Você precisa descobrir o que te faz amar cada uma dessas pessoas, e pesar o que é mais importante pra você, se continuar na dúvida, deixe o tempo cuidar disso. O amor faz o tempo passar, mas o tempo também faz passar o amor-” Leio mais um trecho.

O que me faz gostar deles? Eu gosto do Gaara porque com ele eu posso ser eu mesma, a Ino que eu batalhei tanto para me transformar, entre erros e acertos, apenas eu.

Quanto ao Sasuke, eu gosto de estar perto dele, porque ele é a minha única chance de lembrar do que aconteceu há 6 anos, ele é um bom amigo, perto dele eu me sinto bem. É como se não faltasse mais nenhuma peça no meu quebra cabeça.

Sinto uma respiração em minha nuca, que faz com que todo o meu corpo retese.

-Eu sabia que você era promíscua Ino, mas isto já é demais! Naruto sussurra em meu ouvido, me viro e com uma expressão de poucos amigos o fito.

-O que você está fazendo aqui? Perguntei rude

-Ah, nada demais… Naruto sorri sacana -Eu estava voltando pra sala, mas ao te ver aqui parada próxima ao bebedouro, entretida com o celular, eu resolvi te encher. Ele leva as mãos a nuca e sorri desleixado. -Não se preocupe Ino, o seu segredo amoroso está seguro comigo. Naruto olha sugestivo para o celular nas minhas mãos, lhe faço uma careta. -Embora se eu fosse você, eu não demoraria muito para escolher um dos dois, pois o tempo passa e você pode acabar ficando sem os dois.

-Isso já aconteceu com você, se apaixonou por duas pessoas ao mesmo tempo, não soube quem escolher e acabou sozinho? Naruto disse aquilo com tanta propriedade que eu fiz a pergunta antes mesmo de formulá-la.

-Não, eu li essa frase em algum lugar e achei que cabia compartilhá-la. Naruto diz despreocupadamente.

Eu coloco a minha língua para fora, assopro, emitindo o típico som de peido, giro nos calcanhares e rumo em direção a sala de aula. Garoto chato.

A senhora Mito passou o dia inteiro na companhia do senhor Hashirama, por isso eu tive que me virar sozinha na floricultura, estou começando a me arrepender de tê-lo incentivado a investir na minha chefa.

As 19:30 eu fecho a  floricultura, eu chamo um uber e ao invés de ir para o Ap, eu vou para o boliche do shopping.

Uma vez por mês a minha turma da facul se reúne para uma confraternizaçãozinha.

Nesses últimos meses eu raramente tenho aparecido, no entanto hoje graças a minha situação com a Karui, eu prefiro evitar o apartamento o quanto for possível.

O pessoal se surpreende quando eu apareço na confraternização e eu me sinto deslocada, nenhum dos dois-Naruto e Sasuke- com quem eu realmente converso estão ali. Eu tendo me socializar com o pessoal e por poucos minutos eu consigo, porém eu não demoro a perceber que não quero fazer isso, eu não quero conversar com eles, a minha turma é legal, mas eu não estou no clima . Cara como eu sou chata!

Cadê você no boliche????? Envio essa mensagem para o Sasuke.

Hoje eu não vou, estou morgado. Leio a resposta dele.

Te odeio. Eu digito e antes de enviar acrescento três emoticons raivosos.

Vem pra cá a gente pode assistir um filme. Sasuke me convida. Ele e o Gaara são amigos.

Indo. Eu não sei onde estou com a cabeça ou aonde quero chegar, mesmo assim eu me despeço do pessoal e aceito o convite do senhor jabuticabas.

...

Eu não sei ao certo quais são as intenções do Sasuke para essa noite e espero que não seja o que eu estou pensando. No entanto é quase impossível não pensar em uma noite romântica -sexo- quando se tropeça no sofá porque a sala está iluminada por velas.

Sasuke colocou uma música lenta, a melodia é suave e a letra é um pouco triste.

 

“*

Sinto um cheiro delicioso vindo da cozinha, ele interage diretamente com o meu estômago, que por pouco não ronca e me faz passar vergonha.

-Que cheiro bom Sasuke! Deixo minha bolsa sobre o sofá e sigo o senhor jabuticabas.

-Pensei em jantarmos antes de assistirmos ao filme, o que acha de experimentar a minha especialidade, macarrão? Tropeço em uma cadeira porque a cozinha também está iluminada por velas.

-Ótima ideia. Eu me sento à mesa e Sasuke retira uma travessa cheia de macarrão do forno.

-Vinho? Ele pergunta depois de colocar a travessa no meio da mesa.

-Uhum. Eu assinto e ele encheu duas taças, me entregou uma e eu sorvi um pouco do liquido -Nossa muito bom esse vinho! A bebida desce geladinha pela minha garganta.

-Foi o Gaara, um amigo quem me presenteou com ele. Eu engasgo ao ouvir Gaara. Então eles realmente são amigos?

Sasuke em nenhum momento exagerou, o macarrão estava divino, coisa dos Deuses, eu repeti três vezes e ele cinco.

Estamos sentados lado a lado sobre o tapete da sala, iluminados pelas velas, ouvindo a mesma canção -lenta com uma melodia suave-.

*

 

A música já até me parece familiar e é na quarta taça de vinho que eu me dou conta de que eu realmente já a ouvi antes.

No meu primeiro dia na facul da Folha, eu passei o intervalo na companhia do Sasuke, eu me sentei ao seu lado e ele me ofereceu um dos fones, ele estava ouvindo essa música, Sasuke me disse que aquela era uma das suas músicas preferidas -o seu top 3-. E quando eu perguntei o motivo, Sasuke curto e grosso respondeu que eu deveria conquistar o direito de saber o porque.

-Hei Sasuke? Eu o chamo, o senhor jabuticabas vira a cabeça em minha direção, seus olhos estão minúsculos -semicerrados- acho que ele abusou do vinho. -Acredito que depois de tantos meses eu conquistei o direito de saber o porquê de você gostar tanto dessa música que está tocando? Digo meio insegura.

Sasuke sorri, um sorriso extremamente sedutor -Vamos fazer um trato- Sua voz embolada chega aos meus ouvidos e me enche de ansiedade - Eu te conto o porque e você me conta quem desenhou aquele kanji que eu encontrei debaixo do meu caderno.

O trato é muito tentador, mordo o meu lábio inferior, sinto dificuldade em me decidir.

-Pare de morder os lábios Ino, não sabes a força que estou fazendo para manter minhas mãos afastadas de ti! Imediatamente eu retiro os dentes do meu lábio inferior, Sasuke gargalha e eu respiro fundo.

-Foi eu quem fez o desenho Sasuke. Dou um sorrisinho de lado.

-Ok… Sasuke leva a taça a boca e bebe um gole do vinho -Essa música é especial para mim porque todas as vezes que eu a escuto, eu me lembro de uma garota.

-E? Pergunto indignada.

-E é só isso. Ele me respondeu despreocupado e pousou a taça sobre a mesinha de centro.

-Não aceito essa resposta vaga, eu mereço mais do que isso! Ralho com o senhor jabuticabas.

Sasuke faz uma careta, porém concorda comigo e acrescenta. -Eu a conheci na adolescência, nós vivemos bons momentos, mas infelizmente esses bons momentos foram esquecidos por ela e quando eu ouço essa música, eu penso que seria capaz de fazer qualquer coisa para que essa garota se recordasse desses bons momentos e me enxergasse. Sasuke me olha intensamente, eu me sinto nua sob suas jabuticabas analisadoras, elas procuram por uma Ino que há muito deixou de existir. Ah Sasuke, porque você faz isso comigo, porque você insiste em fazer com que eu me sinta mal, por algo que eu nem sei ao certo o que é?

-Eu… te desejo boa sorte. Tento sorrir, mas infelizmente não consigo, estou nervosa com toda essa situação.

-Obrigado. Sasuke agradece muxoxo.

Eu encontro dificuldades para me levantar, minhas pernas bambas quase não suportam o meu peso.

-É melhor eu ir embora Sasuke, já está ficando tarde, muito obrigada pelo jantar, tudo estava delicioso, o macarrão, o vinho e a companhia. Forço um sorriso e tenho certeza que é o sorrisinho macaco feliz.

O senhor jabuticabas também se levanta. -Eu te deixo em casa. ele diz.

-Você não tem carro. Eu o lembro desse pequeno detalhe.

-Tenho sim, não é bonito e não é caro como os da Kumiko, mas ainda sim é um carro e o melhor está funcionando. Sasuke retrucou. Desde quando ele tem carro? A impressão que fica é que eu não sei nada sobre esse cara.

-Você bebeu, não está em condições de dirigir. Será que você não percebe que eu quero fugir?

-Não se preocupe, eu sou um expert das pistas, nós não vamos sofrer um acidente, palavra de escoteiro! Eu teria rido muito, se a palavra acidente não tivesse causado um efeito em mim.

Imediatamente eu me lembro dos meus pais conversando sobre um acidente de carro, sinto uma fincada na cabeça e sem ser convidada uma imagem a visita.

Na imagem o Sasuke, a Sakura, o Lee e eu -todos com 14 anos- estamos dentro do velho gol do pai da Sakura. Eu não consigo ver tudo com nitidez pois a imagem está meio desfocada, mas nós parecemos estar apavorados.

-E aí vamos? Sasuke perguntou me despertando para a realidade.

A imagem de nós quatro dentro do carro vai desaparecendo e o desespero me domina. Não suma, volte aqui, o que quatro adolescentes faziam dentro de um carro?

Pergunte ao Sasuke. A Teresa me aconselha e desesperada eu me agarro ao meu último fio de esperança.

-Sasuke eu me lembro. Finalmente eu conto a verdade para o senhor jabuticabas.

-O que? Ele pergunta abobado, o vinho o deixou meio lento.

-Eu me lembro de você… Sasuke apanha a sua taça sobre a mesinha de centro e sorve de uma única vez todo o vinho que restava nela. -Eu me lembro da gente. Concluo.

 


Notas Finais


*The Killers - Here With Me
O titulo do capitulo é a tradução do titulo dessa música Here with me, Aqui comigo, porque? Porque eu não consegui pensar em nada melhor, sou uma negação pra isso.
Esse capítulo demorou porque o meu irmão conseguiu colocar um vírus chinês no meu pc e como foi complicado tirar essa coisa, ainda nem consegui tirar tudo, só formatando.
Enfim... a pagina que a "Ino estava lendo" é essa aqui http://lounge.obviousmag.org/alma_biblioteca/2015/03/afinal-e-possivel-amar-mais-de-uma-pessoa-ao-mesmo-tempo.html kkk, pra quem quiser dar uma olhada na matéria.
Acho que é só gente, sem previsão para o próximo, mas ainda sai nesse ano.
Espero que tenham gostado beijinhos, até :*


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