Sasuke pousou a taça de vinho sobre a mesinha de centro, ele apaga todas as velas, que iluminavam a sala, deixando-nos em um completo breu.
A minha respiração torna-se descompassada, meus olhos se arregalam -eles tentam se acostumar com a repentina escuridão-.
-Sasuke? Eu chamo pelo senhor jabuticabas, mas ele não responde.
Escuto um estalo seguido de uma luz -Sasuke acendeu as luzes do cômodo- agora é a claridade que incomoda os meus olhos, eu os semicerro.
Sasuke se aproxima e se joga na poltrona, ele aponta para o sofá e eu ocupo um lugar do móvel indicado.
O senhor jabuticabas está sério de uma forma que eu nunca antes havia visto -sua testa franzida, seus olhos enevoados e sua boca cerrada- nós estamos sobre uma linha tênue, qualquer passo errado -por menor que seja- e nós dois caímos em um abismo, de onde jamais conseguiremos escapar.
Tento formular uma frase para quebrar o silêncio, mas um bolor se formou em minha garganta e criou moradia.
Agora mais lúcida, eu me arrependo de ter me precipitado e ter dito aquela maldita frase “Eu me lembro da gente.” Onde eu estava com a cabeça? A resposta veio como um raio -clareando a minha mente- Na imagem em que a Sakura, o Sasuke, o lee e eu estamos dentro do velho gol do pai da Sakura. Eu preciso saber o que essa imagem significa, onde ela se encaixa.
-Quando você se lembrou Ino? Sasuke pergunta áspero, reparo que a voz do Sasuke não mais está embargada, embolada. Ok de repente ele encontra-se sóbrio?
Pigarreio alto para limpar a garganta, os meus dedos da mão esquerda tamborilam freneticamente sobre o braço do sofá -estou muito nervosa, cair no abismo não é uma opção-
-Sasuke você não está bêbado? Fujo descaradamente da pergunta dele, impaciente Sasuke revirou os olhos.
-Não, era um truque para te levar pra cama… Constrangida eu cruzo os braços rentes aos meus seios -Pare de enrolar Ino e responda a minha pergunta.
Droga todos sabemos que eu sou péssima em mudar de assunto, a sutileza passou longe, nem sei porque ainda tento.
-Eu comecei a me lembrar há algumas semanas. Se é que seja possível a expressão do senhor jabuticabas torna-se ainda mais rabugenta - Eu não disse nada, porque primeiro pensei que estivesse ficando louca, depois o médico me aconselhou a não tocar no assunto e eu também achei esse conselho conveniente, confortável, se as pessoas não sabem que eu estou me lembrando do que aconteceu há 6 anos, elas não me pressionam, não me cobram respostas, explicações que por enquanto eu não sou capaz de dar.
-E você se lembra de tudo? Sasuke perguntou impassível e isso é no mínimo decepcionante -eu esperava mais, bem mais da parte dele- eu maneio a cabeça.
-Não, mas eu me lembro de que fomos namorados… Sasuke por que há 8 meses, quando nos vimos pela primeira vez na facul, você não me contou nada? Não camuflo a amargura na minha voz.
-Éramos? Sasuke solta um risinho desonesto, o meu estômago embrulha e um gosto ácido instala-se em minha boca -Você não se lembrava de mim Coala… Os meus sem graça olhos azuis se enchem de água quando eu o escuto pronunciar o meu apelido -Se há 8 meses eu dissesse que há 6 anos nós nos conhecemos e namoramos, você acreditaria em mim? Sasuke também não camufla o seu rancor.
-Não. Eu não acreditaria no senhor jabuticabas, eu olharia para ele e riria, pediria para que ele provasse que o que ele disse era verdade -porque é assim que eu sou, uma grande babaca-
-Pois é, não adiantaria de nada eu dizer. O rancor do Sasuke cede espaço para uma tristeza que me corrói.
-Me desculpe Sasuke? Sussurro
-Pelo o que? Ele me olha confuso
-Por ter me esquecido de você, de nós e de tudo o que vivemos.
A boca do senhor jabuticabas se transforma em um “o” maiúsculo, paralisado ele me olha diretamente nos olhos -eu gostaria muito de saber o que se passa em sua cabeça neste momento-
-Eu… Sasuke inicia, mas desiste e muda de assunto e cá entre nós ele é melhor do que eu nisso -Ino sabia que nós nunca terminamos o nosso namoro?
O que? Em um salto eu estou de pé, olho para o topo da cabeça do senhor jabuticabas -pela largura dela acredito que não há espaço para os chifres-
-Você está me zoando né? Isso é inacreditável! Em um piscar de olhos Sasuke está em pé -parado bem na minha frente-
-Não, não é zoeira. Ele diz sisudo.
-Ok… solto um risinho sem humor -Você tem ciência de que é corno? Eu às vezes não sei o que se passa na minha cabeça, quem é que diz algo assim? Porém é a mais pura verdade, se ainda somos namorados Sasuke é corno e não é pouco, ele é muito corno. O senhor jabuticabas anui.
-Desculpe dizer isso, mas você também é, eu pensei que nunca mais fossemos nos ver. Ele se justifica e a minha tentativa de descontração vai pelos ares -eu não sei vocês, mas eu não gostei nenhum pouco de ouvir que tenho gaias, eu já sabia e não precisava de uma confirmação-
Eu fecho o semblante e enfim vou direto ao ponto.
-Sasuke porque eu me esqueci de você e de tudo o que aconteceu em um período de seis meses, eu sofri um acidente de carro? Acho que dei o bote muito cedo e acabei assustando a presa.
-Ino eu infelizmente não tenho todas as suas respostas. Sasuke diz seco -A única coisa que eu sei é que você foi levada ao hospital porque bateu com a cabeça ao escorregar no banho e quando acordou não se lembrava de nad…
Eu não permito com que ele continue, a angústia, o desespero me domina.
-Não… eu não perdi as minhas lembranças por causa de um tombo estúpido… Eu me afasto do Sasuke e passei a andar de um lado para o outro pela sala -Tem de ter algo mais… Levo as mãos aos meus cabelos e puxo de leve -A porcaria de um tombo não pode ser a resposta definitiva! Sasuke se aproxima, segura um dos meus braços, me puxa e me abraça apertado, protetoramente.
Envolvo ele pela cintura com os meus braços, eu aconchego a minha cabeça em seu peitoral másculo e um choro copioso umedece a minha face.
Sasuke encosta os lábios no topo da minha cabeça e ficamos assim até que o meu choro sôfrego se transforma em lágrimas silenciosas.
-Por que você me abandonou Sasuke? Sussurro entre as lágrimas, Sasuke aumenta o aperto dos seus braços em volta do meu corpo magro -Por que você não ficou ao meu lado e me ajudou a lembrar? Eu desencostei a minha cabeça do seu peitoral e obriguei ele a afastar os lábios dos meus cabelos, ergo a minha cabeça, eu fito as suas jabuticabas -elas me parecem perdidas, desesperadas -Por quê? Eu torno a questioná-lo.
-Eu era muito novo Ino, os seus pais me proibiram de me aproximar e como você não se lembrava de mim as coisas ficaram ainda mais complicadas.
Eu me desfaço abruptamente do seu aperto e me afastei alguns passos.
-Isso é tudo o que você tem para me dizer? Eu perguntei bufando de raiva, depois de tanto tempo essa é a desculpa que ele arrumou para ter me deixado sozinha? “Eu era muito novo” Vai se fuder, eu mereço muito mais do que isso.
-Me diz do que você se lembra Ino? Sasuke me perguntou sem se alterar, eu coloco a minha língua para fora e assopro -emitindo o típico som de peido- Esse cara está me zoando, eu não sou obrigada a ficar aqui e ouvir esses tipos de perguntas que não me levarão a lugar algum.
-Eu quero ir embora Sasuke, a carona ainda está de pé? Eu pergunto e ele assente em resposta.
…
Eu peço ao Sasuke para me deixar na casa do Deidei -hoje eu não tenho condições de conversar com a Karui -
Sasuke para o celta 2010 em frente a casa da senhora Tsunade, eu o agradeço pela carona e salto do carro antes que ele fale algo.
Antes que eu passe pelo pequeno portão da casa do Deidei, Sasuke me chama, giro nos calcanhares e com um aperto no coração o vejo se aproximar.
-Eu não quero terminar o dia assim, com você com raiva de mim. Ele me diz, a tristeza em sua voz faz com que eu perca as minhas forças e eu aceito conversar com ele.
…
Estamos sentados sobre o capô do carro dele, minha cabeça inclinada para cima, eu observo o céu estrelado e a lua -hoje ela está particularmente bonita, cheia e reluzente-
-Ino me desculpe por não ter todas as respostas para as suas perguntas… Sasuke inicia hesitante -porém se você quiser me perguntar algo, eu acredito que de cinco eu consiga responder duas. Ele solta um risinho nervoso.
Suspiro brevemente, eu tenho sim muitas perguntas, o problema é que nem sei por onde começar. Deixa eu tentar.
-Quanto tempo durou o nosso namoro, sabe comigo estando ciente de que estávamos namorando? Ao abrir a minha boca essa foi a primeira pergunta que fugiu por ela.
-Quase 4 meses. Sasuke respondeu firme.
Eu o olhei surpresa. Apenas 4 meses? Engraçado que nas minhas poucas lembranças o nosso namoro parecia que durou uma eternidade
-4 meses intensos. Sasuke concluiu, ele deve ter notado a surpresa no meu olhar.
-E quanto a você e a Sakura, rolou algo entre vocês? O senhor jabuticabas ergue uma de suas sobrancelhas e eu contenho a vontade de me estapear. Ino sua idiota, você só sabe que a Sakura gosta dele porque estava escrito no diário amigo - Eu vi que vocês são amigos no face, então pensei que igual nos filmes, depois que eu me esqueci do que aconteceu vocês dois se aproximaram e você sabe. Deixo o restante da frase no ar -se o Sasuke caiu nessa justificativa bosta eu não sei, mas ele pelo menos se deu ao trabalho de fingir-
-Não eu não sei, porque a Sakura e eu somos apenas amigos. Aham tá bom e o beijo que você deu nela?
-Ok. Ergo minhas mãos rapidamente em sinal de rendição e torno a pousá-las sobre o capô -Sasuke há alguns dias você pediu a Sakura para me perguntar se eu havia me lembrado do que aconteceu há 6 anos? Sasuke bufa.
-Sim, depois que encontrei o desenho debaixo do meu caderno, eu fiquei muito intrigado e pedi para ela te perguntar. Um dos mistérios resolvidos, agora eu tenho certeza de que a Sakura é a amiguinha com nome de flor que a Kumiko detesta.
Para não ofender a Sakura, judas, eu mudo de assunto -melhor, eu mudo de garota-
-E quanto a Mari? Recentemente eu me lembrei dela, que ela te ameaçou e por isso você não me beijava de língua e que… Eu gaguejo -para me vingar dela eu… Por quê eu estou com vergonha? -Eu e você… a gente transou. Eu quase atropelei as palavras.
-A Mari é uma desequilibrada, até onde eu sei ela continua internada em um hospital psiquiátrico… De repente Sasuke franziu o cenho. -Que legal saber que a sua motivação naquela noite foi a vingança! Ele diz rude.
-Não foi isso o que eu quis dizer, o desejo de vingança realmente existiu, mas não era só isso, havia também… Eu travo, não sei se o que eu estava prestes a dizer é o certo.
-Havia também? Sasuke me incentiva a continuar.
-Amor. Eu digo firme -o engraçado é que depois que a palavra saiu a incerteza também desapareceu- sim havia amor -a minha primeira vez pode não ter sido a primeira vez dos meus sonhos- mas havia amor.
O senhor jabuticabas não diz nada, ele me encara com aquele brilho indecifrável no olhar.
-O que foi o gato comeu a sua língua? Eu pergunto e sorrio traquina.
-Na verdade foi a gata… ele responde brincalhão -Não é nada Ino, eu apenas estou feliz, muito feliz.
Uma euforia toma conta de todo o meu corpo, sinto uma quentura confortante no meu interior, igual ao Sasuke eu estou feliz -pode não ser na mesma proporção- mas eu também estou feliz -é bom saber que ele não me odeia-
-Já que estamos nesse clima, existe algo que eu quero muito saber e eu acho que você possa me responder… Sasuke abandona a expressão de bobo apaixonado e me fita compenetrado -Quando foi que eu comecei a gostar de você?
-Essa é um pouco difícil… Sasuke estala a língua - Eu tenho quase certeza que foi assim que você descobriu que eu era o Sharingan666, você se lembra disso né, que eu e você nos conhecemos em uma sala de bate papo? Confirmo, eu não me lembro exatamente, eu apenas sei disso porque li no diário dele, mas isso é algo que o senhor jabuticabas não precisa saber -Você não admitia porque achava que gostava do metido a pop star. Não evito o sorriso sem humor. Kiba, sempre ele. -Enquanto eu sempre soube quando comecei a amar você, foi quanto eu te vi pela primeira vez, no seu aniversário de 14 anos. A felicidade se esvai aos poucos do meu ser.
Oh Sasuke não faça isso, não diga essas fofuras para alguém que não sabe ser fofa.
-E por falar nisso, que loucura eu nunca imaginei que um dia fosse conhecer você pessoalmente, digo o Sharingan666. Eu realmente não sei ser fofa. Sasuke apenas sorri de boca fechada -Nós já tivemos essa conversa antes né? Invento uma outra justificativa para a repentina broxada dele, Sasuke anui. Que droga, cara isso é frustrante, é como se existissem duas Inos na mesma dimensão, vivendo paralelamente. -E como foi, foi legal?
-Sim, primeiro nós nos olhamos feito bobos, sem acreditar no que estava acontecendo, depois você brigou comigo por eu ter desaparecido… Típico, sempre eu. -Conversamos sobre tudo e nada, igual fazíamos no MSN e nos beijamos. Mentira, eu li o seu diário Sasukinho e sei que rolou apenas um abraço, no máximo dois.
Antes que eu processasse o que estava acontecendo, Sasuke aproximou a face da minha e me beijou.
Enquanto os nossos lábios se tocam e nossas línguas dançam, eu só consigo pensar no quanto isso é errado. O Gaara e ele são amigos, eu não posso fazer isso!
Eu deixo de retribuir o beijo e encerro aquela ação totalmente errada, afastando a minha face da dele.
-Sasuke eu não posso… Eu estava prestes a dizer que estou interessada no amigo dele, porém o senhor jabuticabas leva a mão ao meu queixo, o impulsiona para cima e me obriga encará-lo.
-Eu não quero apressar as coisas Ino, eu sei que muito tempo passou e que as coisas mudaram, mas algo que não mudou é o que eu sinto por você, eu quero continuar a ser o seu namorado, mas se você não quiser mais ser a minha Coala, não demore muito para me avisar.
Ele espera que eu o responda, entretanto eu não consigo transformar em palavras tudo o que estou sentindo, por isso eu apenas o abraço -a mais certa ação da noite- eu espero que com este abraço -que o senhor jabuticabas retribui automaticamente- ele entenda tudo o que eu não disse.
Obrigada Sasuke, obrigada por simplesmente ser você, por existir na minha vida e obrigada por me amar!
…
Ontem eu estava muito cansada e o Deidei também, então deixamos para colocar a conversa em dia hoje de manhã -aproveitando que não fui a facul- enquanto arrumamos a cozinha eu o deixo a par do que aconteceu ontem.
-Menina eu não acredito! Por pouco o Deidei deixa o copo de vidro escapar da suas mãos -Você é uma gata comprometida?
-Sim. Eu respondo e me esforço para ignorar o incômodo na barriga.
-Parece que o jogo virou não é mesmo? Os olhinhos de águia do Deidei brilham excitados. -Mal vejo a hora de informar a Karui sobre a novidade, ela estava tão certa de que ganharia a aposta.
-Deidei, por favor, seja empático comigo. Eu ralho com ele.
-Foi mal. Deidei desliga a torneira da pia da cozinha, seca as mãos no avental e as coloca sobre os meus ombros -uma clara demonstração de solidariedade -Como você está se sentindo Ino?
-Frustrada, ter contado para o Sasuke que eu me lembro dele, foi uma grande perca de tempo, não recebi nenhuma resposta satisfatória, que me fizesse dizer nossa então foi por isso ou nossa fodeu… Eu solto uma baforada de ar pela boca -E ao mesmo tempo eu estou feliz, era um estorvo ter de mentir e atuar o tempo inteiro, afinal ele é meu amigo.
-Namorado. O Deidei me corrigi e eu lhe faço uma careta.
-Tcs… bem Deidei a gente se vê, porque se eu não sair agora eu chegarei atrasada na floricultura.
-Espera, antes que eu me esqueça, se você for mesmo sair do AP da Karui, saiba que as portas da minha casa estão abertas.
-Obrigada Deidei. Agradeço e saio da cozinha.
…
Eu aproveito que a senhora Mito saiu para almoçar e checo o meu whats.
Ino você está bem por que não veio a facul hoje? Leio a mensagem que o senhor jabuticabas me enviou às 7 horas.
Estou sim, é que eu perdi a hora. Minto.
Sasuke demora para me responder, então eu entro nos grupos, passo todas as mensagens rapidinho -sem prestar atenção em nenhuma- até que eu entro na minha conversa com o Shika.
Porquinha você terminou a planta do Sai? Porque ele volta por esses dias.
Ah droga com tantas coisas acontecendo eu me esqueci do desenho.
Ainda não, mas obrigada por me avisar. Eu o respondo
De nada. Assim que eu acabo de ler a mensagem do Shika o Sasuke me envia uma nova mensagem
Ino eu estava pensando, ontem na facul você me disse que teria de encontrar um novo lugar para morar, porque você não mora comigo? O Sasuke enlouqueceu, é a única explicação.
Hello, você disse que me daria espaço e eu não sei você, mas eu não estou preparada para morar com o meu namorado kkk.
O senhor jabuticabas me responde com inúmeros k, ele deve estar tendo um infarto -pra mim três k já é o suficiente para indicar que foi engraçado-
Sasuke eu queria te pedir um favor, não conte nada a Sakura, sobre eu estar me lembrando daqueles seis meses, eu ainda não conversei com a minha família e não queria que a notícia chegasse até eles a partir de terceiros, ok?
-Tudo bem Coala.
Nós nos despedimos e eu volto a trabalhar -olhar tediosamente para as flores-
…
Chego ao Ap e encontro a Karui assistindo ao noticiário -o tal do maníaco fez outra vítima, uma universitária loura de olhos azuis-
-Esse maníaco realmente existe, eu pensei que vocês estivessem tentando me assustar? Digo
-Uhum. Karui resmunga friamente em resposta.
-Eu vou tomar um banho e volto para conversarmos.
-Ok. A Karui monossilábica é um c*
…
Eu me sento sobre a mesinha de centro -ficando de frente para a Karui- que sentada no sofá evita me olhar nos olhos.
-Você está bem?
-Sim e você? O tom de desinteresse da Karui é mais irritante que as suas respostas monossilábicas.
-Indo. eu a respondo -sinto os meus lábios secos, eu passo a língua neles para umedecê-los. -Karui eu acho que concordamos que não dá mais para dividirmos o apartamento? Karui anui -eu por um momento pensei que ela não concordaria- mas quem quero enganar? eu estraguei essa amizade há anos. -Eu só peço para que você espere um pouquinho, até que eu consiga juntar uma graninha, pode ser?
-Ino eu espero que você me entenda, eu não posso conviver com uma pessoa que mentiu pra mim durante anos, você têm dois meses para arrumar um lugar. Karui se levanta do sofá e me deixa sozinha na sala.
Então tá né, eu meio que já me acostumei com as coisas sempre dando errado pra mim.
…
As coisas correram normalmente na facul, eu não prestei atenção nas aulas -daqui a dois meses serei uma desabrigada- o Sasuke me tratou normal -deu em cima de mim, mas não tentou me beijar- e pra variar Naruto e eu fomos expulsos da biblioteca -desta vez o culpado foi ele-
Na hora do intervalo Naruto e eu nos enfiamos na biblioteca, eu convidei a Hinata para se sentar com a gente, Naruto odiou a idéia -ele não gosta dela- segundo o Naruto a Hinata sempre o encara como se ele fosse a última bolacha do pacote, a última garrafa d’água no deserto- E eu pensando que ela gostasse do Sasuke.
Enquanto estávamos na biblioteca o Naruto me bombardeou com mensagens no whatsApp -todas reclamações por eu ter convidado a Hinata para se sentar com a gente- a bibliotecária acabou descobrindo que estávamos mexendo no cel e nos expulsou, a coitada da Hinata pagou o preço e também foi expulsa.
…
Na floricultura a senhora Mito mais uma vez saiu no meio do expediente para namorar com o senhor Hashirama e me sobrecarregou. Na boa eu vou pedir um aumento.
...
Depois de um banho revigorante eu me arrumo para uma das poucas coisas boas que aconteceu comigo recentemente.
Eu opto por um macacão curto na cor azul e nos pés sapatos de salto, fechados, na cor preta, os meus cabelos eu deixo soltos, faço alguns cachinhos nas pontas com a prancha -mesmo sabendo que logo eles irão desmanchar eu os acho lindos-
O interfone do Ap toca e minutos depois a karui me grita.
-Ino é pra você.
-Por favor avise que eu já estou descendo. Eu grito de volta.
…
Gaara escolheu um restaurante italiano, estamos sentados em uma das mesas do meio, de entrada nós pedimos apenas vinho.
Os olhos dele não me abandona nem por um instante, Gaara está claramente tentando me seduzir- se ele soubesse que não requer tanto esforço, apenas o seu sorriso já me derrete- Céus eu me apaixonei e nem notei.
Eu também o instigo com o olhar -eu quero, ele quer e eu sei que vocês também querem que essa noite termine em sexo-
Porém ao abrir a boca, o senhor hipnotizante olhos verdes, coloca fim no clima de sedução -foda pós jantar-
-Ino eu vi que nós temos o Sasuke como amigo em comum no face, onde vocês se conheceram?
Ah em uma sala de bate papo, nós éramos amigos virtuais.
-Na faculdade, estamos no mesmo curso e somos da mesma sala. Forço um sorriso.
Se o Gaara perguntar sobre mim para o Sasuke e juntar todas as peças -o que eu contei para ele e o que provavelmente o Sasuke já contou- ele descobrirá toda a verdade e será o fim de Gaaino, eu tô ligada que é assim que vocês chamam a gente.
-E você onde o conheceu? Mudo o foco da conversa para a relação do senhor hipnotizante olhos verdes com o senhor jabuticabas.
-Nós somos amigos de infância. Eu sorvo um pouco do vinho -eu amo essa bebida, mas dessa vez ela desceu amarga pela minha garganta-.
-Nossa de infância? Dou uma engasgada - Então vocês são muito amigos?
-Sim, somos. Não me diga? Gaara beberica o seu vinho.
-E vocês conversam muito? O senhor hipnotizante olhos verdes me olha confuso e eu me apresso em concluir a frase, em uma tentativa de parecer menos team Sasuke -É porque na facul ele é muito taciturno e… Gaara me corta.
-Ah porquinha não me diga que você faz parte do fã clube daquele Uchiha? Gaara está irritado. O senhor jabuticabas tem um fã clube?
-Não, claro que não. Abano as mãos nervosamente em frente ao corpo -em sinal de negação -É só que o Sasuke é muito reservado, então eu queria saber como ele é com os amigos. Pela expressão azeda do senhor hipnotizante olhos verdes, o que eu disse foi uma grande merda.
-Ele costuma ser legal… Gaara adota uma expressão de indiferença -Há algo mais que você queira saber sobre o Sasuke? Ele perguntou enciumado.
-Gaara você não precisa ficar com ciúmes do Sasuke. Eu digo sisuda -É apenas curiosidade da minha parte.
-Eu não estou com… Gaara maneia a cabeça, ele apanha o cardápio de sobre a mesa -Deixa pra lá… Abre o cardápio em frente o rosto, escondendo de mim a sua expressão enciumada. -Que tal pedirmos?
-Melhor. Eu respondo feliz, pois Gaara pode negar o quanto quiser, mas eu sei que ele está com ciúmes.
...
Durante o jantar nós retomamos o clima inicial -sedução- e depois passamos para o estágio de pessoas que pensam em algo á mais do que apenas sexo -comentamos sobre peripécias que cometemos quando crianças-
Tudo estaria uma maravilha, se o desejo de contar ao Gaara que eu sou uma jovem comprometida com o amigo dele, não surgisse a cada minuto de displicência.
…
Enquanto percorremos o trajeto do restaurante ao Ap, eu me contive para não sugerir sexo no carro, em um beco qualquer. Sasuke é o meu namorado e eu não bebi vinho o suficiente para cometer as minhas loucuras.
¹
Eu me despeço do Gaara com um selinho casto e desço do carro, corro em direção a entrada do prédio, uma garoa cai sobre mim -molhando a minha roupa e desfazendo os meus cachinhos sobreviventes-
No entanto antes que eu entre no prédio, Gaara me puxa pelo braço e me faz girar nos calcanhares e encará-lo.
-Faça o favor de se despedir direito. Ele ralha e me beija com voracidade.
Eu retribuo o beijo na mesma intensidade, com a mesma vontade. Eu ansiava tanto por esse contato.
Eu não entendo, se o Gaara e eu juntos é algo errado, por que caralhos me parece tão certo?
-Vamos subir e tirar essas roupas molhadas? Sugiro entre os beijos. É parece que sim, eu bebi uma quantidade suficiente de vinho para cometer as minhas loucuras.
-Você não existe porquinha! Separamos os nossos lábios e sorrimos um para o outro.
-Ei Gaara agora você entende o porque do meu apelido de infância ser porquinha?
-Sim, é porque o seu nome Ino Yamanaka, significa Javali das montanhas e é justamente por isso que eu escolhi porquinha como seu codinome. Como é que é? Eu o olho abóbada. -O que foi Ino perdeu a língua?
-É o gato a comeu. Respondo no automático, eu ainda estou tentando digerir a nova informação.
Não seja mais uma droga de um fantasma senhor hipnotizante olhos verdes.
-Obrigado pelo elogio. Ele sorriu maroto
-Não me venha com esse papinho, quer dizer que durante todo esse tempo você sabia o meu nome? Eu retiro os meus braços do seu pescoço e espalmo de leve as minhas mãos em seu peitoral.
-Não o tempo todo, somente quando você me contou. Hã?
-E quando foi que eu te contei? Sinto um frio percorrendo a minha espinha -não sei se causado pelos pingos de chuva ou se por medo da resposta que eu estou prestes a receber-
-Você ainda não sacou porquinha? Gaara pisca um dos seus olhos verdes -Decepcionante. Ele maneou a cabeça.
…
-Karui está em casa? Assim que adentramos o apartamento eu pergunto em voz alta e quando não obtenho resposta eu me viro e fito o senhor hipnotizante olhos verdes. -O que eu ainda não saquei Gaara?
Ele entorta um pouco a cabeça para o lado esquerdo e sorri de boca fechada -seus cabelos úmidos, pregados em sua testa, quase alcançam seus olhos, no momento nublados, eu conheço esse olhar, Gaara está excitado e extremamente sexy- esse sorrisinho é irritantemente debochado.
-Que droga cara me responda logo. Gaara se aproxima três passos.
-É muito lenta. Ele comenta debochado, se aproxima dois passos, eu retiro as minhas sandálias e seguro uma delas -estou pronta para arremessá-la nesse ruivo gostoso-
-Nem mais um passo Gaara, eu tenho um salto em mãos e sei como usá-lo! O ameaço.
-Para Ino, todos sabemos que daqui a pouco estaremos transando loucamente no seu quarto. Engulo em seco, eu não nego a afirmação dele e me odeio por isso. Gaara dá o último passo e me alcança.
-Stop baby e me responda o que eu ainda não saquei. Faço uma última tentativa.
-Deixa disso. Gaara me puxa pela cintura e me beija, eu solto a sandália e com meus braços eu envolvo o ruivo pelo pescoço.
¹
Gaara leva as mãos ao meu traseiro e o aperta com vontade, eu separo os nossos lábios e retiro os meus braços do seu pescoço, jogo os meus cabelos de lado.
-Me ajude com isso? Eu me viro de costas e sem se fazer de rogado Gaara abre o zíper do meu macacão.
Eu saio de dentro da peça de roupa, Gaara me agarra pela barriga - a parte posterior do meu corpo se choca contra a sua roupa molhada me causando um arrepio gostoso-
-Você fica linda de vermelho. Ele sussurra em meu ouvido -eu estou usando uma lingerie toda vermelha e rendada- Gaara passa a distribuir selinhos em meu pescoço.
Grudados nós caminhamos -entre risos, mãos bobas e beijinhos carinhosos- até o meu quarto.
O Sasuke e ele são amigos. Penso assim que o Gaara me coloca sentada na cama. Mas isso é tão certo.
Mordo o meu lábio inferior ao vê-lo tirar a camisa, o seu abdome definido causa um efeito no pequeno pedaço de carne entre as minhas coxas -que bate palminhas ansiosas- Desajeitado Gaara retira os sapatos e quase caí no processo -eu rio disso- ele se aproxima, curva o corpo e me beija na boca.
A intenção dele é fazer com que eu me deite de costas na cama e depois se posicionar sobre mim.
Não dessa vez. Eu seguro firme na madeira do móvel e me recuso a encostar as costas no colchão, Gaara encerra o beijo e me olha confuso.
-Minha casa, minhas regras. Eu sussurro e mordo de leve o seu lábio inferior.
Sorrindo o Gaara se afasta eu me levanto da cama e troco as posições, agora é ele quem está a minha mercê -sentado a beira da cama Gaara observa atentamente cada mínimo movimento meu- Com a sua ajuda eu retiro o seu jeans e a cueca box, expondo assim o seu membro já ereto.
Eu afasto minimamente as pernas dele uma da outra e com os joelhos fincados no piso do quarto, eu me encaixo no vão entre elas.
Eu levo a minha mão direita ao membro do Gaara e olhando-o diretamente nos olhos eu começo a masturba-lo.
No primeiro momento o senhor hipnotizante olhos verdes se surpreende, mas minutos depois, gemidos roucos escapam por sua boca, invadem os meus ouvidos e alimentam a minha libido, hoje eu quero enlouquecê-lo.
Com a mão esquerda eu acariciei -levemente, com carinho- os seus testículos. Deixo de masturbalo e seguro com firmeza o seu membro bem abaixo da sua cabecinha e aproximo a minha boca, eu lambo toda a extensão do seu membro -da base ao topo, enquanto gemo, para mostrar o prazer que estou sentindo em dar-lhe prazer- repito esse movimento por mais duas vezes e na terceira ao alcançar a sua glande eu faço movimentos circulares - com a minha língua- nela.
Extasiado Gaara apoia os cotovelos no colchão e joga a sua cabeça um pouquinho para trás, eu envolvo a sua glande com a boca e a chupo -uma, duas, três vezes- até que percebi que o ruivo já está completamente enlouquecido.
Eu me afasto um pouco, retiro as minhas mãos da sua genitália e Gaara me olha perplexo.
Eu mordo o meu lábio inferior e sensualmente retiro o meu sutiã, volto a me aproximar, eu agarro com firmeza o pênis do senhor hipnotizante olhos verdes e o deslizo nos biquinhos entumecidos dos meus seios.
-Você quer ser chupado bem gostosinho Gaara? Pergunto manhosamente.
-Claro. Ele respondeu animado.
-Então me diz o que é que eu ainda não saquei? Eu transformo os meus lábios em um biquinho bastante sugestivo.
-Você é muito suja Ino. Gaara diz irritado.
-Você não está em uma posição muito favorável para me dizer coisas assim. Dou um selinho em sua glande. -Vamos me conte. Volto a masturba-lo, Ele grunhi excitado.
-Na primeira vez que você telefonou para a casa do Sai, foi eu quem atendi o telefone… Gaara cede, eu aumento o ritmo da minha mão direita e com a esquerda eu seguro a base do pênis -Na segunda vez também, eu achei que você fosse uma peguete do Shikamaru, pensei que ele estivesse traindo a minha irmã, por isso fingi ser ele… Com a minha boca eu envolvo sua glande completamente exposta e início os movimentos de subida e descida, ora retirando-a inteira da boca, ora subindo e descendo sem parar.
-Antes que me pergunte… você também já conversou com o Shikamaru… mas na maior parte das vezes era comigo que você falava ao telefone… Eu sabia que não estava ficando louca, eu sabia que o Shika era o Gaara, bem pelo menos o meu Shika. -Por isso que de repente criamos uma intimidade diferente, não foi exatamente do nada como você estava pensando… me desculpe se não contei de imediato… mas não vou mentir… eu estava adorando ver você tentar… encaixar o quebra cabeça.
Eu paro imediatamente de chupá-lo e afasto a minha face do seu membro.
-Por que parou eu contei a verdade? Gaara parece uma criancinha birrenta que implora para a mãe comprar um sorvete.
Levo as mãos aos seios, eu aperto as laterais, juntando-os.
-Espanhola? Eu sugiro e um sorriso sapeca brinca em meus lábios, abobado o Gaara abre a boca e nada diz. -O que foi Gaara perdeu a língua? Eu o provoco.
-A gata a comeu. Rimos gostosamente.
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