História Armadilhas do Amor - Saudade

Ajudo a minha mãe a colocar as malas dentro do Ap – um total de três bagagens – A nossa movimentação faz com que Aika e Karui abandonem as suas bolhas e notem o que acontece ao redor.

As duas levantam-se. Karui conhece a minha mãe apenas por fotos, então provavelmente ela não á reconheceu e deve estar se perguntando, quem é essa mulher?

- Mãe essa é Karui, a moça com quem eu divido o apartamento. – Elas se cumprimentam com um apertar de mãos.

- Vó o que está fazendo aqui? – Aika faz a pergunta, que se não fosse à surpresa, eu faria.

- Ora, vim matar a saudade da minha neta querida – Mamãe a envolve em seus braços, apertando-a carinhosamente – E do meu bebê! – Ela me dirige um olhar terno.

Karui leva mão à boca, abafando o riso.

- Não ouse! – Eu a ameaço, Karui continua a abafar o riso debochado. – Mãe sério! O que a senhora veio fazer aqui? – Mamãe se desgruda da Aika e caminha na minha direção.

- Eu já disse querida, vim matar a saudade, estou ficando constrangida, parece até que vocês não estão felizes em me ver! – A minha mãe diz triste.

- Não é isso, claro que não... – Aika e eu dizemos em uníssono – É que a senhora nos pegou de surpresa – Concluo.

A minha mãe sorri e também me abraça carinhosamente.

- Quantos dias a senhora pretende ficar? – Pergunto após desfazermos o abraço.

- Ainda não sei ao certo, espero que não seja um problema! – Ela olha diretamente para a Karui, que desconcertada começa a rir sem motivo aparente.

- Claro que não, a senhora pode ficar o tempo que quiser – Karui diz.

- Ah obrigada, que mocinha gentil! – A minha mãe também abraça a Karui.

As outras duas parecem envolvidas com o ar maternal, protetor que a mulher de quem eu herdei os olhos azuis, exala, mas eu não me deixo enganar, há algo errado, a minha mãe jamais deixaria o meu pai sozinho em uma data comemorativa ao menos que seja um caso de vida ou morte. O que você realmente veio fazer aqui Hana Yamanaka?

...

Não chego a estrear a cama nova que comprei e pagarei em suadas prestações. Esbanjando educação, eu que sou uma excelente anfitriã, cedi a cama nova e estou dormindo no sofá, tudo para que a minha mãe tenha uma ótima estadia.

...

Novamente a Karui saiu bem cedo, é o que ela vem fazendo durante toda essa semana, procurando um emprego. Aika outra vez se apossou do note dela e eu estou aqui, esparramada em um dos sofás, usando o celular para stalkear o face do meu namorado.

Sakura o marcou em uma recente publicação, algo do tipo... Porque as melhores pessoas moram longe? E os comentários? Cara os comentários são algo do tipo... 

Não esquenta Saky, um dia nós vamos nos ver e tomar muitas brejas!!! Leio o comentário do senhor jabuticabas, no qual a Sakura reagiu com amei.

Com certeza Sasu estou com muita saudade! Sakura o respondeu.

Há mais comentários, que seguem a mesma linha dos de cima. Eu estou morta de ciúmes, poxa o último comentário do Sasuke foi há 5 minutos e esse puto até agora não se deu ao trabalho de me desejar ao menos um bom dia.

O último comentário é da Kumiko, o emoji vomitando que ela postou, me arranca um sorriso, que logo desaparece quando a Kumiko me marca na publicação da Sakura.

Olha Ino Yamanaka o botãozinho querendo florescer!

E agora o que vou responder?

Antes que eu digite algo, Taichi também resolveu aparecer e comenta.

Deu ruim Sasuke kkkk.

Rio horrores do comentário do Taichi, tanto que a Aika sentada no tapete, me olha assustada.

Sem outra opção, mesmo enciumada, eu também entro na zoeira.

Não se preocupe Kumiko Uchiha eu arranco esse botão antes que ele sequer pense em florescer kkkk

Sasuke reage ao meu comentário com amei, Kumiko reage com gratidão, Taichi e Sakura reagem com haha.

Relaxa porquinha é só amizade!!! Sakura comenta isso e acrescenta um emoji que ri sem graça, vocês sabem qual é, aquele que tem uma gota na cabeça.

Sei Judas! Reajo ao seu comentário com gratidão – porque gosto de ver as florezinhas subindo – no entanto a minha vontade é de reagir com grr.

...

A minha mãe fez a comida preferida da Aika – lasanha – e de sobremesa o meu doce preferido – pudim – entretanto nós duas continuamos com caras de bunda.

- Por que as carinhas tristes? Aika? – Primeiro a mamãe questiona a neta. Aika bufa frustrada.

- Eu conheci um cara legal, mas ainda não contei que estou grávida, quando souber ele com certeza me abandonará, igual ao pai do bebê! – Aika comenta, triste.

- E quem é esse rapaz? Onde o conheceu?

- É o Konohamaru mãe, o sobrinho do tio Asuma. – Respondo impaciente, mal vejo a hora desse blábláblá chegar ao fim e eu finalmente conseguir comer o pudim.

- Oh sim o Konohamaru é um ótimo rapaz, se ele gostar de você, não irá abandoná-la. – Aika se anima um pouco. – E quanto a você Ino, por que a cara de c*? – Encolho os ombros.

- Ela foi chutada pelo namorado gato! – Aika diz, divertida? Por que a minha bad a diverte?

- Eu não fui chutada, cuida da sua vida fedelha! – Eu ralho, Aika me mostra a língua.

- Oh céus eu não acredito que vocês estão deprimidas por causa de homem! Escutem bem, as mulheres Yamanakas nunca ficam deprimidas por causa de cuecas, eles é que ficam deprimidos por nossa causa. Depois do almoço iremos ao shopping fazer algumas comprinhas e fazer um corte nesse cabelo Ino, que que é isso? Você está parecendo aquelas carolas com o cabelo todo reto, deixando o seu rosto fino ainda mais fino, também estou te achando muito magrinha, têm se alimentado direito bebê?

- Sim mãe, a Karui é uma ótima cozinheira – Respondo, constrangida.

- Não parece, provavelmente você deve estar com saudades da comidinha da mamãe não é? – Para não render eu faço que sim com a cabeça e ignoro, completamente, o sorriso debochado da Aika.

...

Aika para em frente à vitrine de uma das lojas, ela está babando em um vestido branco, que possui muito pouco pano, para o tanto que custa.

- Eu preciso entrar nessa loja, eu preciso desse vestido! – Ela diz.

Mamãe lhe entrega um de seus cartões, reviro os meus olhos, indignada. Essa mimada não merece presentes.

- Use-o com responsabilidade querida, se estourar o meu limite, a fatura irá direto para as mãos dos seus pais! – A minha mãe diz sisuda.

Apesar de ver a minha sobrinha anuir, eu tenho certeza que o aviso entrou em um ouvido e saiu pelo outro.

- É vê se não gasta tudo comprando mais daqueles sutiãs, que você chama de cropped! – Aika me olha com raiva, se a minha mãe não tivesse intervindo, nós iríamos iniciar outra briguinha.

- Nem pensem em brigar em público, Ino, por favor, comporte-se como a adulta responsável, que eu sei que você se tornou! Quem te iludiu mãe? – E quanto a você Aika é melhor dobrar a língua e se comportar ou eu pego o cartão de volta!

A minha sobrinha imediatamente entra na loja, desaparecendo das nossas vistas.

- E agora o que faremos? – Pergunto apressadamente, não estou a fim de ficar ouvindo broncas. Como resposta a minha mãe olha, fixamente, os meus longos e dourados cabelos estilo Rapunzel. – Ah não mãe, eu ainda preciso me acostumar com a ideia, que tal nos sentarmos na praça de alimentação, tomarmos  Milk Shakes e colocarmos o assunto em dia? – Aos risos, ela concorda.

...

Agora que estamos a sós, face a face, eu me sinto a vontade para confrontá-la.

- Sem enrolação mãe, o que a senhora realmente veio fazer aqui? Aconteceu algo com o papai ou com o Boris? – A minha velha solta uma baforada de ar pela boca.

- Não, os dois estão bem – Ela retira o celular da bolsa. – Eu sei que você não é lerda querida, apenas finge para sobreviver – Não sei se fico lisonjeada ou ofendida, enfim em silêncio espero que mamãe continue – Então não adianta eu ficar inventando desculpinhas, porque você não irá acreditar, sendo assim  o motivo da minha visita é essa foto. – Mamãe me entrega o celular.

A foto em questão, é a selfie que a Aika tirou no Natal, na casa do Kakashi, onde estamos ela, o Sasuke e eu.

- Quem é esse rapaz Ino? – Engulo em seco.

- Esse é o Sasuke Uchiha, o meu namorado ou costumava ser, agora eu não sei mais, já que ele me pediu um tempo. – Digo, tristemente.

- E como vocês se conheceram? – Ela pergunta cuidadosa. Tamborilo os dedos da mão esquerda, sobre a superfície da mesa do estabelecimento.

- Há 6 anos, em uma sala de bate-papo. – A minha mãe pisca rapidamente, isso sempre acontece quando ela está nervosa. – Mãe a senhora está bem?

- Você... se lembra? – Ela gagueja. Confirmo. – Como isso é possível? Os médicos nos disseram que quando as suas memórias retornassem, você... você não ficaria muito bem – Sinto um nó no estômago – Mas como pode? Você não me parece mal, estás bem mesmo filha? – Eu poderia deixar com que mamãe me contasse tudo o que aconteceu há 6 anos, mas agora eu entendo que ter paciência é algo crucial, se o meu cérebro bloqueou essas lembranças é porque eu não saberei lidar com elas e talvez lá no fundo eu nunca quisesse, verdadeiramente, que elas voltassem.

- Sim, estou – Minto para não preocupá-la. Eu não estou  bem, mas também não é como se eu estivesse mal, é mais meio a meio. – O que acontece é que eu ainda não me lembro de tudo. – Ela solta um ah de compreensão.

Conto a ela sobre o que eu me lembro. O seu cenho franze, quando digo que me lembro de que fui sequestrada.

- Não se preocupe mãe, eu não irei perguntar quem me sequestrou, nem nada do tipo, eu sei que a senhora não pode me contar – Tento tranquilizá-la.

- É para o seu próprio bem Ino, mas você não precisa mais se preocupar com aquele verme, ele nunca mais chegará perto de você!  - O ódio transborda dos olhos azuis da minha mãe. Bem agora eu sei que o meu sequestrador é um homem, Sasori? Esse é o único nome que me vem à mente.

- Ele morreu? – Não me contenho e acabo perguntando – Mamãe nada responde, ela está nitidamente desconfortável, eu bufo frustrada e mudo de assunto – O neurologista me encaminhou para um psicoterapeuta, a senhora sabe que eu odeio ter de fazer isso, mas por enquanto eu não conseguirei bancar as consultas sozinhas, será que a senhora e o papai poderiam me ajudar com isso? – Como eu estou me odiando por pedir essa ajuda, saí de casa para ser independente, porém, não vejo outra opção.

- Claro que sim filha, não há problema algum! – Ela diz, gentil. Mamãe sabe o quanto está sendo difícil pra mim pedir esse favor. – Mas querida se me permite palpitar, eu acho que por enquanto é melhor você e a Aika voltarem comigo para a Capital!

Por um momento eu cogito em concordar com a minha mãe, afinal não há muito o que me prenda aqui, na cidade da Folha. Entretanto ao menor vacilo o rosto do Deidei surge, embaralhando o meu julgamento. Logo eu também penso no Sasuke, na faculdade, no Naruto e também na Hinata e no nosso trato, na Karui, no Darui e na nossa parceria, na floricultura, na senhora Mito e no senhor Hashirama e infelizmente também me lembro dele, do babaca do Gaara e no quanto posso inferniza-lo, por ter me testado.

- Mãe essa é uma proposta tentadora, mas eu não posso voltar, eu construí uma vida aqui e eu gosto muito dela! – Uma lágrima escapa de um dos seus olhos azuis.

- Quando foi que o meu bebê cresceu? – Ela comenta, orgulhosa. Aff!

- Mãe! – Reclamo com ela, que apenas ri.

...

Por mais que todos digam que mal dá para notar que eu cortei os cabelos, eu sei que é mentira, só estão dizendo isso, para que eu não dê um chilique.

Porra o meu cabelo estava na cintura e agora ele se encontra no meio das costas. Ok ele está mais volumoso? Sim, ele está mais volumoso. O repicado me deixou ainda mais irresistível? Sim, deixou. Porém, isso não muda o fato de que ele está consideravelmente menor.

 Enquanto o Ramon – cabeleireiro do Shopping – cortava as minhas madeixas, eu só fazia chorar. Sei que a piriguete da Aika me filmou, ela planeja usar o vídeo, para me ameaçar em brigas futuras, no entanto, eu fui bem clara, se eu ver esse vídeo em alguma rede social, o Konohamaru magicamente saberá que ela está esperando um bebê.

O que? Não me julguem queridos leitores, é só ela ficar na dela, que eu fico na minha!

...

Demoro a me arrumar, propositalmente. Saio do quarto após ouvir a porta da frente do Ap ser batida com força. Iremos passar a virada do ano na casa do Deidei.

Como punição o Deidei deve voltar para me buscar, depois das zero horas.

Eu deixo a TV ligada, apenas para passar a sensação de que há mais alguém no Ap, porém, os meus olhos estão fixos na tela do meu celular. Enquanto eu leio repetidamente o print que tirei do diário do Sasuke, eu fico atenta a novas mensagens. Não acredito que o senhor jabuticabas não me desejará um feliz ano novo?!

- A garota que eu gosto

Diário amigo a garota que eu gosto é irritante, se enerva fácil, ama gatos e sua cor preferida é verde, a garota que eu gosto ama filmes de romance e filmes de comédia, mas ela também assiste filmes de terror, só para parecer corajosa, mesmo que no fundo ela esteja morta de medo, a garota que eu gosto ama tatuagens e na escola ela é boa em exatas, à garota que eu gosto ama dançar e cantar no karaokê, a garota que eu gosto ama está na moda e ser o centro das atenções, a garota que eu gosto ama o tempo nublado e o frio, a garota que eu gosto ama a família e os amigos, porém a garota que eu gosto não gosta de mim, ela é apaixonada pelo Kiba Inuzuka o garoto metido a pop star! – Mais uma vez na noite eu leio o trecho do diário do senhor jabuticabas e me sinto péssima.

Recebo um novo whats, o meu coração dá um salto, esperançoso. Entretanto, broxando-me completamente, a mensagem é do Deidei.

Estou chegando, desce pra portaria!

Ok. – Eu o respondo.

Desligo a TV e me levanto do sofá, quando estou a poucos passos da saída do Ap, ouço batidas na porta. Poxa o Deidei chegou rápido. Penso, no entanto ao abrir a porta eu não me deparo com a criatura loira, mas sim com uma criatura que faz o meu coração acelerar.

- O seu porteiro me deixou subir. – Sasuke diz, envergonhado.

Eu nada respondo, um sorriso bobo brinca em meus lábios, por mais que eu tente, não consigo controlar a minha expressão feliz ou o meu corpo que se joga no dele.

- Que saudade! – Digo, manhosamente.

- Eu também estava com saudade! Sasuke me envolve com seus braços e me abraça protetoramente.

Depois do abraço vem o beijo e Jesus como eu estava necessitada desses lábios.

- Muita saudade! – Sussurro. Sasuke ri e gruda ainda mais o seu corpo no meu. – Estou tão feliz de você estar aqui.

- Que bom, porque eu não queria estar em nenhum outro lugar! – Sasuke solta essa frase, ridiculamente clichê, mas que nunca perde o encanto.

...

Sasuke me convida para passar a virada de ano na casa do Kankuro, eu agradeço o convite, mas digo que irei à casa do Deidei.

Chegamos a entrada do prédio ao mesmo tempo em que o Deidei estaciona o carro, atrás de um dos caronas da Kumiko e por falar nela, Kumiko está sobre o passeio, com as costas encostada em seu carona, na companhia do senhor hipnotizante olhos verdes.

Eu me odeio por sentir as pernas bambas ao notar o olhar do ruivo sobre mim. Ele é um filho da mãe! Testou-me! Tento me convencer de que o Gaara não merece o acelerar do meu coração e o meu bambear de pernas.

- Feliz ano novo! – Abraço a Kumiko.

- Obrigada Ino, feliz ano novo pra você também! – Ela diz e retribui o meu abraço.

Gaara não está me olhando, a minha vontade é de ignorá-lo, mas não posso fazer isso, ninguém, exceto nós dois, sabe da nossa briga.

- Feliz ano novo Gaara! – Estendo uma de minhas mãos.

- Pra você também. – Gaara diz, seco e entrelaça as nossas mãos.

Logo eu desfaço o aperto de mãos, não gosto do que sinto ao ter a sua pele na minha, eu me recordo de coisas indecentes, nada apropriadas para uma mulher comprometida.

O Deidei buzina, retirando a bitch do controle.

- Vamos logo Ino! – Ele grita do carro.

- O que houve com ele, está com raiva de um de nós? – Sasuke pergunta, intrigado.

- Não é só que...

- Ele não quer me ver! – A Kumiko me interrompe.

- Ele está confuso. – Defendo o meu amigo.

- Ele não é o único! – Kumiko diz, ácida.

...

- Que papelão em senhor Deidara! – Dentro do carro ele e eu observamos a Kumiko dar partida no carona. – A Kumiko está muito triste com tudo isso. – Puxo a orelha do meu amigo.

- Eu também estou Ino! – O Deidei diz, cabisbaixo.

Enquanto eu vejo o carro vermelho distanciar-se, eu percebo que também estou triste. Pelo visto 2017 será o ano dos corações partidos! Penso, infeliz.

- Deidei quando eu ficar solteira de novo, porque é isso o que vai acontecer quando o Sasuke souber que o Gaara e eu transamos, por favor nunca mais deixe com que eu me apaixone, eu só quero voltar a ser a bitch da história! – Imploro.

Deidei força um sorrisinho e diz.

- Dessa vez nós dois seremos as bitches da história. – Retribuo o seu sorriso.