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História Artemis Quest - Atacadas


Escrita por: L_Rhiannon

Capítulo 1 - Atacadas


Fanfic / Fanfiction Artemis Quest - Atacadas

*Camila POV*

Acordei mais cedo que o usual naquela manhã. Era o primeiro dia de aula na escola nova e não queria me atrasar. Queria fazer tudo certo dessa vez, iria me dedicar e fazer o meu máximo para não causar mais problemas, estava cansada de ser expulsa por acidentes que não conseguia sequer entender, quanto mais explicar. O problema era: como evitar algo que não era minha culpa?

Suspirei.

Talvez um dia descobrisse afinal.

Não bastava ser disléxica e ter TDAH, eu também tinha que atrair confusão como se fosse um imã. Não aguentava mais. Dessa vez seria diferente.

Após tomar banho, vesti uma saia azul e uma blusa branca de mangas compridas. Coloquei um lacinho no topo da minha cabeça. Observei meu reflexo no espelho, estava apresentável. Provavelmente me vestiria como uma mendiga nos dias seguintes, afinal era a escola, mas a primeira impressão é a que conta.

Minha mãe, Sinu, estava preparando panquecas na cozinha. Parecia ter adivinhado que eu sairia antes do horário normal. Ela me conhecia como ninguém.

- Bom dia mama. Sofi já acordou? - Perguntei. Queria dar um abraço na minha pequena antes de ir. Depois da minha mãe ser abandonada pelo covarde do meu pai, ela conheceu Alejandro e juntos tiveram Sofia. Eu amo essa criança mais que tudo na minha vida. Queria que Alejandro fosse meu pai biológico, mas não importava, o considerava meu pai de todo jeito. Ele entrou na minha vida cuidando de mim e de minha mãe quando mais precisávamos, eu o amaria para sempre.

- Bom dia meu amor! Não acho que vá acordar tão cedo. Ela ficou até tarde assistindo desenhos animados com o pai e suas aulas só começam próxima semana. Está com fome? - Disse, colocando logo três panquecas no prato.

Assenti e fui logo devorando tudo. Estava faminta como sempre.

Olhei satisfeita para o prato, não havia deixado uma migalha sequer. Ótimo. Subi para escovar os dentes e logo retornei para me despedir da minha mãe, beijando sua bochecha e dando-lhe um abraço apertado. Então finalmente peguei a bolsa, saí e iniciei minha caminhada.

A escola nova ficava a alguns quarteirões da minha casa, então não havia necessidade de pegar ônibus. Era boa a sensação de caminhar ali. Miami era uma cidade agradável, cheia de ruas arborizadas em meio à edifícios imponentes. Um misto perfeito de modernidade e natureza.

Assim que cheguei fui procurar minha sala até que... me perdi. Avistei duas loiras vindo até mim. Uma alta e a outra baixinha. A diferença de altura entre as duas era quase cômica, me lembrava aquele desenho dos anos 90 "O Pinky e o Cérebro". Mas eu apostava que se fosse eu ao lado da maior, seria a mesma situação, afinal sempre fui pequena.

- Oi! Você é nova aqui? Nunca te vi antes. Meu nome é Ally. - Disse a menor, me lançando um sorriso gentil. Ela parecia ser daquelas pessoas que faz trabalho comunitário todo final de semana. Tão doce e fofa. Quis ser amiga dela no mesmo instante.

- Oi.. sou nova sim, meu nome é Camila.

- Bom, eu sou Dinah Jane, obrigada por perguntar. Seja bem vinda ao inferno. - A mais alta recebeu um olhar de reprovação da baixinha pela escolha de palavras. - Então, o que fez para vir parar aqui? Só os problemáticos vêm pra cá. Você nem tem cara de ser uma the mônia. - Mais olhares.

- Dinah! Não é bem assim. Eu não fiz nada, só me expulsaram porque estava com você. A culpa foi toda sua. - A baixinha parecia inconformada com os modos da outra.

- Eu huh.. foi um acidente. Na verdade, vários acidentes. Mas prefiro não falar sobre isso, estou aqui para recomeçar. Não vou mais causar problemas.

- Até parece! - Dinah desatou a rir. - Me deixa ver esse seu horário.. hum, estamos na mesma sala. Vem com a gente.

Eu estava atordoada com a disparidade entre as duas. Elas eram completamente diferentes, pareciam o oposto uma da outra. Conversamos o intervalo inteiro enquanto eu comia minha banana. Logo me afeiçoei às duas, eram boas pessoas.

(...)

Três meses depois eu já estava acostumada com as provocações da Jane, a gentileza da Ally e elas com as minhas piadas sem graça. A segunda até fingia rir delas enquanto a outra se limitava a revirar os olhos e me xingar.

Fizemos amizade com um garoto muito legal. Tinha um ótimo senso de humor, mesmo sendo manco e sempre usava um gorro na cabeça, parecia esconder algo - calvície, aposto - e possuía uma barbicha rala. Seu nome era Grover. Foi estranho o modo como aconteceu, senti que ele tinha interesse em se aproximar de nós desde o início, não sei bem o porquê. Éramos as excluídas da classe.

Estava tudo indo bem, até a professora de pré-álgebra, sra. Dodds reclamar da nossa conversa durante a aula e pedir para ficarmos na sala depois do sinal. Fiquei chateada. A sala inteira estava conversando e só nós ficaríamos. Aquela professora tinha algo contra a gente. Sempre nos pedia para resolver os exercícios no quadro e vivia brigando mesmo quando não fazíamos nada. E eu podia jurar que ela nos perseguia e encarava nos corredores.

O sinal do intervalo tocou, me tirando dos meus pensamentos. Quando ficamos a sós com a professora, Dinah se levantou e foi até ela, na porta.

- Então, vai fazer o que para nos castigar? Mandar mais dever de casa? Porque você não pode nos prender nessa sala, a Mila não sobreviveria ficar sem comer no intervalo. Essa menina precisa comer a cada 5 minutos.

- A única que vai comer aqui sou eu! - Rosnou a sra. Dodds.

Não acreditei no que aconteceu em seguida. O corpo da professora se esticou, ficando maior. Em suas mãos surgiram garras enormes. Seus olhos brilhavam num vermelho doentio. Em suas costas surgiram asas de morcego gigantes. Fiquei apavorada.

O monstro jogou Dinah do outro lado da sala, fazendo-a esbarrar em várias carteiras. E então olhou diretamente para Ally que estava... REZANDO?! A criatura investiu e saltei por cima da minha amiga, fazendo-a rolar comigo em direção à segurança.

- Livrai-me desse mal Senhor! - Sua voz estava trêmula, não pude acreditar que ela preferia estar de joelhos rezando do que em pé correndo daquela.. coisa.

- Ally! Você precisa sair correndo daqui! Eu vou tentar ajudar a Jane. - Falei, empurrando-a para a porta. A garota demorou alguns instantes para me obedecer. - Chame alguém para nos ajudar!

A sr. Dodds se jogou na direção da porta para impedir minha amiga de sair, investi com tudo em seu tronco, derrubando-a. Corri até a Dinah que parecia estar desacordada. O monstro se levantou e joguei uma cadeira na sua cara. Ela sibilou, pude ver em seus olhos o quanto estava furiosa.

Eu não podia deixar que ela se aproximasse da maior. Juntei toda a coragem que não sabia que possuía e avancei com uma mesa, quebrando a madeira em sua cabeça. Péssima ideia, agora meu corpo estava a apenas alguns centímetros dela. Senti suas garras rasgarem minha pele quando me golpeou na barriga. Caí justamente contra a parede.

Não sabia mais o que fazer, estava encurralada e sangrando. Foi quando ouvi aquele som, uma melodia suave e harmoniosa. De repente a sala foi invadida por esquilos que pularam na professora, atacando-a. Na porta vi Grover tocando uma flauta com Ally ao seu lado. Aquela criatura horrenda saiu voando por eles, desesperada para se livrar dos pequenos roedores.

Só então notei que meu amigo tinha chifres na cabeça e patas de bode no lugar dos pés. Não tive muito tempo para entender o que se passava. Ele me ajudou a ficar de pé. Dinah já havia acordado e estava se levantando com a ajuda de Ally.

- Precisamos tirar vocês daqui. Vamos para a casa da Mila que é mais perto, tenho que falar com a tia Sinu. - Ninguém contestou o menino bode e fomos o mais rápido que pudemos.

Ao chegar em casa, me colocaram em minha cama e minha mãe começou a tratar dos meus ferimentos.

- Dona Sinu, ela foi atacada por uma Fúria, está na hora de levá-la ao acampamento. Ela não está mais segura aqui. Long Island vai ser o melhor lugar para mantê-la - Grover não estava fazendo sentido algum. Se bem que nada daquele dia havia sido normal.

- Eu sei, deveria ter feito isso antes, é minha culpa ela estar ferida assim! - Minha mãe balbuciava aos soluços. Vê-la chorar assim doía mais que meu torso ferido.

- Lá vamos poder cuidar melhor dela. Aqui estamos muito limitados.

- Então eu levo vocês. - Minha mama soava firme. Estava decidida a fazer de tudo para que eu ficasse bem.

- Ally, Dinah, vocês vão junto. Passem em casa, falem com seus pais e arrumem a bolsa. Me encontrem aqui em uma hora.

- O que eu devo dizer à minha mãe? Que fui atacada por um morcego gigante e que agora preciso ir para um acampamento super longe daqui? Você tem noção de que são 22 horas de carro? - Dinah parecia atordoada com tudo o que havia acontecido.

- Exatamente. Ela vai entender. Confiem em mim e vão. Quanto mais rápido sairmos, mais chances a Mila tem de viver. - Fui perdendo a consciência aos poucos. Provavelmente meu corpo estava dando falta de todo o sangue que perdeu.

E então tudo ficou escuro.



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