Estavam todos reunidos na sala e cozinha do apartamento de Chanyeol e Baek, alguns com cervejas em mãos, outros apenas observando o movimento, e Minseok reclamava constantemente de fome, mesmo que Yixing estivesse contando detalhe por detalhe o que tinha acontecido entre ele e Junmyeon alguns dias atrás.
— Como é que é? — Kyungsoo alterou-se de repente, assim que o Zhang chegou ao fim da história.
— Como assim preso? — Zitao perguntou, ainda perdido em alguns detalhes da conversa, parecendo procurar as respostas para seu questionamento na cabeleira castanha de Yifan, que estava sentado no chão, entre as pernas do outro chinês.
— Foi exatamente isso que ele me disse, sem tirar nem por — Yixing respondeu, se afundando mais no sofá do canto.
Na cabeça do chinês, tudo aquilo era totalmente exagerado, era realmente necessário abrir mão do dia de folga e distração deles para focar em um assunto tão... Exaustivo? Tinha sido apenas uma história de amor que não dera certo, oras, por que tanta tempestade em copo d’água?
— Eu achei bonito, sabe. Completamente bagunçado? Sim, mas bonito — Luhan deu de ombros, encostando a cabeça no ombro de Sehun, enquanto o Oh franzia o cenho.
— O que exatamente achou bonito, Lu? — ele perguntou, se afastando um pouco para tentar ver o namorado.
— Ah, não sei, o fato dele ter feito tudo o que fez ‘pra proteger você... Se eu estivesse no seu lugar, não estaria me sentindo tão péssimo, parece que ele realmente te amava.
— Luhan, pelo amor de Deus — Yifan o repreendeu, era óbvio que, para si, aquela tinha sido a maior besteira que já tinha ouvido, e Zitao fez questão de puxar seu cabelo como forma de repreensão pela forma que falara.
— Eu realmente me senti amado, confesso, mas algo ainda me diz que simplesmente aceitar suas desculpas e fingir que nada aconteceu não é o certo a se fazer. Na verdade, eu nem sei se realmente acredito em tudo o que ele disse — o Zhang fechou os olhos, suspirando novamente — Sei que não é uma situação descartável, mas ainda assim, é complicado.
— Eu, particularmente, acho que você realmente não deveria fingir que nada aconteceu, mas mandar o cara ir embora de vez foi um pouco precipitado de sua parte — Jongin abriu a boca pela primeira vez naquela tarde, dando de ombros logo em seguida, como quem dizia que “é a minha opinião, mas posso estar errado”.
— E o que você entende dessas coisas, Jongin? — Soo o cutucou, com uma pontinha de indignação em sua expressão.
— Eu também tenho sentimentos, Kyungsoo, e se quer saber, eu faria o mesmo que Junmyeon se estivesse nessa situação.
— Dizer que faria é fácil, agora deixa acontecer de verdade — o Do retrucou.
— Por Deus, Soo, me deixe em paz — pediu, dando um empurrão fraco no ombro do outro.
— Ei, casal, vamos deixar a discussão de relacionamento de vocês dois pra depois? Temos coisas mais importantes pra resolver aqui — Sehun falou, apontando para Yixing ao mesmo tempo em que os outros dois concordaram e Kyungsoo pediu desculpa, dando um beijo rápido na bochecha de Jongin.
— Chega desse assunto, gente, eu estou perfeitamente bem, já tomei a minha decisão e ponto, está tudo sob controle.
— Eu acho que deveria pensar melhor nisso, Xing, nem que você o procure apenas para esclarecer alguma coisa que ainda esteja te incomodando, parece que ainda existem coisas inacabadas aí — Minseok disse enquanto olhava para o amigo com a expressão serena, como sempre, fazendo-o respirar fundo pela enésima vez naquele dia.
— Eu já disse que estou decidido...
— Acho que sua decisão não está coincidindo com o que você realmente está sentindo, mas quem sou eu pra dizer algo, não é mesmo? — Jongdae se apoiou no ombro do namorado enquanto falava.
— Por favor, vamos encerrar esse assunto, estamos de folga, devíamos estar nos divertindo, e não pensando em coisas assim.
Baekhyun apareceu na sala no mesmo instante, com o sorriso bonito que tinha sendo exibido de forma radiante, enquanto segurava uma garrafa de cerveja em uma das mãos, e pedia para Chanyeol tirar a luva de cozinha da outra mão.
— Ele tem razão, vamos nos divertir! — Ele disse com empolgação, já livre da luva — O almoço está pronto, temos cervejas na geladeira e, pela primeira vez em algum tempo, estamos todos aqui, então vamos usar esse momento para esquecer de problemas, ok? — Finalizou, vendo alguns assentirem com a cabeça, e outros verbalizarem que concordavam consigo .
Após isso o dia passou como um foguete, jamais tinham tido uma folga tão rápida na vida, e talvez isso se devesse ao fato de que, desta vez, beberam mais do que o considerado recomendado para suas saúdes. Estavam tão envolvidos uns com os outros, com conversas soltas e risadas, com petiscos e piadas ruins, que sequer viram o tempo passar, e ficaram tristes ao perceberem que em poucas horas teriam de voltar para a rotina louca da boate.
No dia seguinte teriam apresentações importantes, era um dos dias mais movimentados do estabelecimento, já que era uma sexta-feira e sempre tinham despedidas de solteiro de casamentos que ocorreriam no dia seguinte. Yixing, particularmente, havia sido convocado a fazer dois shows na área VIP, então precisava estar minimamente descansado e bem disposto para executar bem seu trabalho.
E foi ao se darem conta de como o dia seria cheio que todos os presentes ali, fora Chanyeol e Baekhyun, pegaram seus próprios rumos para casa.
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Yixing estava exausto quando chegou em casa, sequer trocou suas roupas, apenas se jogou contra a cama e dormiu feio o grande bebê que dizia ainda ser, e, sinceramente, nem se comparava com o homem parado em frente ao grande espelho do camarim da Artificial Love. Ele estava ajeitando os últimos detalhes da maquiagem que geralmente fazia para essas apresentações enquanto Minseok dava uma arrumada melhor em seu cabelo — o chinês não sabia ajeitar os fios de forma decente, e tinha consciência disso.
O lugar estava tão lotado quanto esperava, Yifan, Zitao, Luhan e Jongdae estavam praticamente enlouquecendo enquanto tentavam servir a todos os clientes, o Kim sendo o que mais se divertia quando um dos colegas se atrapalhava nos pedidos ou derrubava as bebidas no chão com o pouco espaço para se locomoverem. Yixing estava se preparando para a segunda apresentação VIP, já que a primeira tinha acabado cerca de meia hora antes, quando Sehun apareceu no camarim, rindo de qualquer coisa que tenha acontecido do lado de fora.
— O que aconteceu, homem? — O Zhang perguntou, rindo da risada do outro.
— Eu avisei ao Lu que o chão tava sujo com alguma bebida que o Tao derramou, mas foi tarde demais — ele explicou, passando os dedos pelos fios de cabelo enquanto parava de rir aos poucos — Eu pareço um idiota por rir disso, mas foi o escorregão mais engraçado de toda a minha vida, ele caiu em cima de um dos clientes.
— E onde ele está? — Minseok perguntou, fazendo uma careta engraçada.
— Sendo cantado nesse exato momento, pelo cara que ele caiu em cima — ele encerrou, ainda com uma expressão de divertimento no rosto, mas ao pensar um pouco no que tinha acabado de dizer, fechou a cara.
— Você está rindo porque tem um cliente dando em cima do seu namorado? — Yixing jogou mais lenha na fogueira e desatou a rir quando Sehun sumiu porta afora no segundo seguinte.
— É cada uma que eu tenho que presenciar nesse lugar — Minseok comentou, negando com a cabeça, enquanto segurava uma risada — Mas e você, está pronto?
— Nasci pronto, meu caro — o chinês respondeu ao que o outro finalizou seu cabelo.
— Última apresentação da noite, garanhão, vê se não se empolga.
— Olha pra minha cara de quem quer beijar na boca hoje, Seok — ele revirou os olhos, levantando de onde estava e se inclinando para a frente, se olhando melhor no espelho para ver se a maquiagem estava realmente boa.
— E quem disse que pra transar precisa beijar na boca?
— Minseok, vai caçar um rumo!! — Brigou com o outro, que deu uma gargalhada, e depositou um tapinha em sua bunda.
— Vai logo que eu também tenho que voltar pro palco — disse entrando no banheiro do camarim.
Minseok era o mistério do grupo, o rapaz passava da água para o vinho tão rápido e com tanta graciosidade que era difícil de acompanhar o lado fofo e o lado sexy dele oscilando durante as apresentações. Era exatamente isso que chamava a atenção das pessoas que iam o assistir, ele era extremamente adorável e extremamente sensual, e conseguia mesclar isso muito bem em determinados momentos.
Não era à toa que ele era um dos melhores strippers dali. Inclusive Yixing se lembrava constantemente de perguntar a Jongdae depois como era ver o namorado daquela forma.
— Lay, daqui a pouco você se funde com o espelho — o Zhang deu um pulo de susto ao ouvir a voz de Yifan, que riu brevemente — Jongin me mandou avisar que você entra em cinco minutos.
— Tudo bem, já vou — ele sorriu minimamente e, logo após o Wu sair dali, respirou fundo e se dirigiu para o lado de fora, caminhando a passos lentos até a área VIP, indo para a maior delas, a que tinha um mini palco ao fundo, poltronas confortáveis e algumas mesas.
A iluminação da sala estava baixa, apenas um pequeno feixe de luz vermelha se projetava no centro do palco, onde Yixing estava no momento, de costas para o grupo de amigos em mais uma despedida de solteiro. Uma música lenta começou, inicialmente bem baixinha, mas aumentando gradativamente à medida que o corpo no centro passava a se mover, tão sincronizado com os mínimos toques da melodia que os rapazes que o assistiam já começaram o show boquiabertos; Lay era realmente um pecado em forma de homem.
O objetivo da noite era se apresentar para todos aqueles presentes, mas a atenção maior seria dada ao “amigo da vez”, então, sem muitas cerimônias, o chinês começou a caminhar para fora do palco, andando no ritmo da música, — os passos que dava pareciam parte de uma coreografia — até que estivesse de frente para a cadeira do rapaz, bem ao meio da sala. Os movimentos com o corpo voltaram de forma suave, Yixing sentia cada nota da música reverberar por seu corpo, por cada ondulação, a cada vez que rebolava bem perto do homem sentado.
Ainda dançando, se aproximou mais dele, os olhos semicerrados o instigaram a colocar as pernas uma de cada lado do corpo alheio, mas antes mesmo de iniciar a próxima parte de sua apresentação, o chinês se lembrou de uma cena parecida que havia vivido dias antes, e então não era mais um desconhecido abaixo de si, ele via Junmyeon, claramente podia ver o Kim sentado ali, esperando por uma apresentação especial.
Fora inevitável sentar-se no colo do outro, voltando a rebolar lentamente e, vez ou outra, ondular o corpo sobre o dele. Yixing aproximou a boca do ouvido do desconhecido, e passou a sussurrar a letra da música que passava ao fundo, a voz carregada da mais pura luxúria, do mais puro desejo, e pareceu surtir total efeito quando sentiu que ele havia se remexido na cadeira, ainda mais quando um gemido baixo escapou por seus lábios.
Os membros, já completamente duros, se chocavam sendo reprimidos pelas peças de roupa que os cobriam, as mãos do chinês passeavam pelo corpo alheio ora com precisão ora com delicadeza, as pontas dos dedos deslizando por seus braços descobertos em provocação. Até mesmo a velocidade em que a blusa preta de botões que usava foi parar no chão era no ritmo da música, a velocidade com que saiu de cima do outro e voltou a dançar na sua frente, aquela com que passou a retirar a calça de couro que o cobria, tudo era no ritmo sensual da música, e ninguém ali ousaria quebrar aquela sintonia.
A boxer preta era tudo o que tinha sobrado quando a música foi chegando ao fim, Lay escutava alguns arfares e suspiros vindo do rapaz em sua frente, mas também ouvia os sons de alguns dos amigos deste, ele tinha conseguido concluir seu trabalho com total maestria, assim como em todas as outras vezes em que se dispunha a se apresentar de forma privada. Mas em momento algum ele demonstrou qualquer reação sobre isso, estava em cena ainda, à medida que as luzes de apagavam e seu corpo parava de se mover, à medida em que ia perdendo o contato visual com o presenteado da noite, se permitiu sorrir por ter conseguido alcançar seus objetivos naquela noite.
Porém, juntamente com a sensação de realização, sua mente clareou e ele percebeu o que tinha acontecido ali, percebeu que não tinha feito somente o seu trabalho, ele tinha feito aquilo para Junmyeon, pensando em Junmyeon, e ele sequer estava lá; mesmo que tivesse dado o seu máximo naquela apresentação, sua respiração falha e os batimentos cardíacos acelerados vinham somente daquele choque de realidade que tinha tomado.
Yixing saiu de lá devagar, tomando cuidado para não estragar o clima que havia deixado na sala, sequer pegou suas roupas, apenas se dirigiu para a porta a qual tinha entrado no início e saiu de lá de dentro, procurando por alguma forma de se livrar do calor absurdo que tinha se instalado em seu corpo.
— Que porra aconteceu lá dentro? — Minseok novamente estava ali, o aguardando no camarim, seu rosto salpicado de glitter dourado, a maquiagem bem feita e os cabelos levemente bagunçados, ele devia ter terminado seu show há pouco tempo.
— Eu preciso de água — pediu após respirar fundo, sem saber se procurava por seu roupão ou ia em busca da água.
— Só água não vai tirar isso do meio das suas pernas — o Kim disse arqueando a sobrancelha e apontando para a ereção mais do que evidente do outro, deixando-o um pouco constrangido pelo momento — Desculpa, mas vai dar um jeito nisso, essa cueca não tá ajudando a esconder nada.
— Minseok, pelo amor de Deus! — Disse alto, assustando de leve o outro, que agora ria e lhe entregava seu roupão.
— Estou indo, volto logo — avisou antes de sair dali, provavelmente indo até a cozinha dos funcionários.
A situação não era das melhores, ele não estava no melhor dos lugares, mas em um ato de puro desespero o chinês correu para dentro do banheiro e se trancou lá, ele não queria fazer aquilo, pelo menos não ali e não daquela forma, mas seria impossível se livrar daquilo de outra forma, e ele queria uma solução rápida. A rapidez com que a boxer preta chegou ao chão não chegou nem perto da rapidez com que a mão direita passou a se mover em volta do membro ereto.
Inicialmente eram movimentos lentos para cima e para baixo, seu corpo inteiro tremia levemente com a movimentação, sua mente estava em branco, e ele pensou que conseguiria fazer aquilo sem ter Junmyeon atrapalhando, mas percebeu estar completamente enganado quando imagens do outro passaram a bombardear seus pensamentos, o rosto da única pessoa que lhe dera prazer verdadeiramente anos atrás, a única pessoa que conseguira lhe fazer ter orgasmos cada vez melhores a cada noite de sexo, aquele que tinha amado incondicionalmente e que o fizera ter os melhores momentos de sua vida.
Sua imaginação não precisava ir muito longe, pois só de imaginar o rosto de Junmyeon, seu corpo se contorcia e gemidos desconexos saíam por sua boca, enquanto variava a velocidade da masturbação. Yixing sentiu seu ápice se aproximar quando a cena de alguns dias atrás se repetiu em sua mente, dele sentado no colo do Kim, seus corpos em contato um pouco mais direto desde a última vez, depois de tanto tempo, Junmyeon vendado, tudo naquele dia contribuía para que as fisgadas em seu baixo ventre aumentassem a intensidade.
O líquido quente escorreu por sua mão pouco tempo depois, ao mesmo tempo em que um gemido um pouco mais alto se desprendeu de sua garganta, a respiração estava pesada, o corpo parecia pesado e sob efeito de um êxtase ao qual ele sentia falta de estar. Mas não poderia ficar ali por mais tempo, não era só ele que precisava usar aquele banheiro e tinha consciência de que não era o melhor lugar para aproveitar seu momento pós-masturbação, então reuniu as poucas forças que tinha nas pernas e se virou de frente para a pia que estava apoiado anteriormente.
Passou a lavar a mão suja e a limpar qualquer rastro de sêmen que tivesse em seu corpo ou no próprio banheiro, e então se secou com o roupão antes de vestí-lo adequadamente; ele só não esperava dar de cara com um Minseok sorridente assim que abrisse a porta.
— Se você abrir a boca pra dizer qualquer coisa, qualquer uma mesmo, eu te mato — ameaçou antes que ele pudesse falar algo.
— Quietinho estou, quietinho ficarei — ele disse segurando uma risada, comprimindo os lábios e apontando para as mesinhas com espelho que tinham no camarim — Sua água está ali em cima, e Jongin pediu para avisar que você já está liberado, pode ir pra casa.
— Tudo bem, obrigado, Seok — agradeceu direcionando um sorriso ao outro enquanto caminhava até sua mesa, pegando o copo d’água e bebendo seu conteúdo em seguida enquanto acompanhava o corpo pequeno do Kim se direcionar para fora do camarim.
— Ah, aproveita e passa na casa do Junmyeon pra esclarecer as coisas, te ouvir gemer o nome dele não é algo muito agradável — o trajeto do copo de plástico em direção ao outro tinha sido perfeito, Yixing notara, mas era uma pena que ele tivesse fechado a porta em um timing tão perfeito quanto.
Depois de pensar em como explicaria a pintura lascada da porta para Jongin, o chinês organizou seus pertences dentro da mochila preta que usava, tirando de lá suas roupas e as vestindo com calma, ainda precisava tirar a maquiagem, mas pelo menos sua parte do camarim estava organizada, então o resto seria mais rápido e logo poderia ir para o conforto de sua casa.
Quando terminou tudo e se despediu de Yifan e Sehun, que estavam tirando um tempo de descanso ali, se dirigiu para fora da boate pela saída dos fundos, indo parar diretamente no estacionamento dos funcionários. Ao entrar em seu carro ele suspirou alto, se repreendendo por ter feito o que não devia e pensando em quem não devia, e foi nesse momento em que viu um pedaço de papel escapando pela capinha do celular.
Yixing pegou o papel e observou a letra tão conhecida de Minseok, demorando a descobrir que aquilo era um endereço, e não precisou de muito esforço para saber de quem era aquilo, então somente amassou o papel e o enfiou dentro do bolso, precisava de descanso, e não de mais Junmyeon rondando sua cabeça. Mas assim que deu partida do carro e começou a se dirigir para fora dali, o aparelho telefônico começou a tocar, o nome de Chanyeol piscando no painel do carro ao que apertou o botão do bluetooth para atender a ligação.
— Xing? — Foi a primeira e única coisa que ouviu do outro lado da linha, estava um silêncio estranho e o Zhang teve certeza de que o amigo não estava mais na boate.
— Channie? Aconteceu alguma coisa?
— Podemos conversar? — Sua voz estava mais baixa do que o habitual e isso assustou um pouco o chinês.
— Claro que podemos, onde você tá?
— Trouxe o Baek pra casa, ele passou mal na boate e Jongin nos liberou, agora ele está dormindo — esclareceu.
— Quer que eu vá até aí?
— Pode ser.
— Tudo bem, chego em dez minutos — respondeu antes de ouvir o outro concordar e encerrar a ligação.
Exatamente nove minutos depois Yixing já tinha estacionado em frente ao prédio onde os melhores amigos moravam, e nem precisou andar muito para encontrar Chanyeol, era fácil reconhecê-lo quando se era um homem de um metro de oitenta sentado em um dos balanços do parquinho do condomínio, e o Zhang acabou rindo da cena, chamando a atenção do outro, que o repreendeu com o olhar antes que ele falasse algo.
— Senta aí — ele pediu, e o outro apenas ajoelhou à sua frente, não sentaria naquele balanço de forma alguma, talvez, se o fizesse, o brinquedo desmontasse de imediato, então preferia manter-se seguro.
— Aconteceu alguma coisa? — Perguntou baixo, observando a expressão pensativa demais do Park.
— Te chamei aqui pra conversar sobre uma coisa, mas o Baek pediu pra que eu desse uma notícia antes — ele sorriu minimamente — Nós combinamos de te contar primeiro porque, enfim, nós três sempre estamos muito juntos, então iremos conversar com os outros depois.
— Fala logo, Chanyeol — pediu em ansiedade, rindo logo depois.
— Esse é o nosso último mês trabalhando na boate — ele disse, o sorriso ainda preenchendo seu rosto cansado, mas Yixing franziu o cenho.
— O que? Por que? — Seu tom aumentou alguns decibéis e Chanyeol pediu para que falasse mais baixo.
— Passamos os dois últimos meses resolvendo toda a papelada da adoção... — ele olhou para o melhor amigo em expectativa, e mesmo que estivesse um pouco escuro, pôde ver lágrimas acumuladas nos cantos dos olhos arregalados dele — Conseguimos adotar nossa menininha, Xing, vamos buscá-la em vinte dias.
— Não. Brinca. — Disse ainda em choque, abrindo o maior sorriso que podia ao se levantar o suficiente para abraçar o outro com força — Estou tão feliz por vocês! Mas por que não me contaram? Pensei que fôssemos amigos, ingratos — tentou brigar, mas seu sorriso quebrava todo o ar de repreensão que queria dar.
— Não contamos porque o Baek estava com medo de não dar certo, esse processo foi tão desgastante pra ele, tão cansativo, tivemos que ser bem fortes em relação a tudo — ele sorriu brevemente ao que o amigo o soltou, voltando a se ajoelhar — Mas nós também estamos muito felizes, e vamos fazer um jantar para comemorar assim que ela chegar, chamaremos todos vocês e contaremos a novidade.
— Já deu tudo certo com a família de vocês, e estou aqui pra apoiar suas decisões, mesmo que você decida me abandonar naquele antro de pervertidos — ele riu, fazendo Chanyeol rir também.
— Obrigado, Xing, de verdade... — ambos continuaram sorrindo, até que o Park voltou a ficar pensativo.
— Vamos, agora desembucha, sobre o que queria falar comigo?
— É sobre você — Yixing fechou o sorriso de imediato, ele sabia que Chanyeol nunca conversava sério consigo, então também sabia exatamente sobre o que ele queria falar naquele momento.
— Se for falar do Junmyeon, não perca seu tempo, por favor.
— Só me escuta, Xing — o chinês suspirou de forma demorada, assentindo logo depois e dizendo um “tudo bem” — Olha, eu sei que foi difícil pra você passar todos esses anos sofrendo por causa dessa história e, por mais que eu tenha prometido que não voltaria mais a falar disso, eu... Eu fui atrás dele, pra saber o que aconteceu de verdade.
— Você o que? — Novamente seu tom subiu, mas assim que percebeu, ficou em silêncio por alguns instantes — Você prometeu, Chanyeol.
— Fica quieto e me deixa terminar — pediu, impaciente — Ele me contou exatamente a mesma história, e eu não acreditei muito no início, mas ele me mostrou os papéis, as datas, o período que ele ficou preso, a papelada dos julgamentos, tudo... Xing, você precisa acreditar, tudo o que ele disse realmente é verdade.
— Eu já posso ir embora? — O chinês levantou de onde estava e virou de costas para o outro, começando a andar para fora dali, mas Chanyeol foi mais rápido ao levantar e o segurar pelo pulso.
— Zhang Yixing, quando viramos amigos, eu aceitei a condição de que teria que cuidar de você sempre, e tudo o que eu quero é te ver feliz, da mesma forma que você disse que queria me ver com o Baekhyun. Então para com esse orgulho estúpido e vai atrás disso, eu sei que você quer perdoar, eu sei que você quer ir atrás dele, eu te conheço o suficiente pra saber que isso ainda tá te matando por dentro e, sinto muito, mas não vou deixar você se torturar mais e nem sou obrigado a te ver arrependido por algo que poderia ter feito e não fez.
— Eu não consigo, Chanyeol, simplesmente não dá — seus olhos estavam novamente cheios d’água, uma lágrima ou outra insistindo em cair pelas bochechas quando o Park o virou de frente para si e o abraçou com força, passando a destra pelos fios de cabelo macios e cheios de glitter.
— Então vá até ele, esclareça tudo, seja verdadeiro em relação a tudo o que você está sentindo, diz tudo o que você quiser dizer, e quando ele fizer o mesmo, sei que você vai saber o que fazer — disse baixinho, suspirando logo em seguida — Ele te ama, Yixing, e você ainda o ama, não vai te matar ir ao apartamento dele, nem que seja pra concluir que não tem mais volta.
— Chanyeol...
— E se eu fosse você, iria logo, o voo dele sai amanhã de manhã — Yixing se afastou do outro, saindo do abraço e franzindo o cenho enquanto o encarava.
— Voo?
— Ele me contou que vai tentar se estabelecer na China e, quando saí de lá hoje cedo, as malas já estavam prontas.
— Obrigado, Channie — ele sorriu em agradecimento antes de correr na direção oposta ao condomínio.
Yixing entrou no carro tão desesperado que precisou respirar fundo duas vezes antes de dar partida no automóvel, não queria se envolver em acidentes então precisava se acalmar minimamente para poder dirigir. Enquanto saía de onde estava, retirou o papel amassado de seu bolso e o abriu, gravando o endereço em sua mente antes de virar a esquina e seguir pela avenida que o levaria até Junmyeon.
O prédio estava completamente escuro quando chegou, a lojinha de doces que tinha no térreo já devia estar fechada há horas, e ele queria ir embora, mas alguma coisa ainda o prendia ali, na frente da portinha de entrada para os apartamentos acima da loja, parado feito um poste. O Kim devia estar dormindo, afinal seu voo seria de manhã, então seria melhor somente ir embora e deixar que o que tivesse que acontecer, acontecesse.
Ele deu meia volta e esticou a mão no objetivo de abrir a porta do carro, mas recuou de imediato pois um corpo masculino estava parado justamente onde ele queria entrar.
— O que faz aqui? — Seu rosto aparentava cansaço, mas ele continuava tão bonito quanto sempre foi, e isso fez o estômago do chinês se revirar.
— E-eu, eu achei que... Eu queria que... Eu vim... — ele ficou em silêncio, respirando fundo tentando formular alguma frase coerente — Eu vim conversar.
— Está parado aqui há quanto tempo?
— Talvez trinta minutos, não sei — respondeu baixinho, Junmyeon o encarava com uma intensidade assustadora, e talvez fosse por isso que não conseguisse retribuir o olhar, mas então ele apontou para a portinha, em um sinal mudo para que o seguisse.
O caminho que percorreram não foi tão longo, somente andaram por um corredor e subiram um lance de escadas, mas ainda assim nenhum som saiu por nenhuma das bocas, estavam em um silêncio super desconfortável e Yixing estava a ponto de surtar ou fazer qualquer mínimo barulho para amenizar aquela tensão, mas tal ideia não vingou porque agora Junmyeon estava abrindo a porta do único apartamento daquele andar.
— Entra — ele indicou o interior do apartamento, e o outro hesitou antes de entrar e parar exatamente ao lado da porta — Fica à vontade.
— Tudo bem... — Ele sentou no sofá e passou a observar o cômodo bem organizado.
— Já pode começar a falar — o Kim disse ao se sentar na mesinha de madeira no centro da sala, de frente para ele.
— Eu vim perguntar o que aconteceu de verdade — o chinês estava tremendo e sabia muito bem que não era apenas pelo frio que fazia ali.
— Eu já te contei tudo, Yixing, o que mais quer que eu fale? — Ele realmente estava cansado, sua postura demonstrava claramente isso.
— Chanyeol disse que você tem os documentos.. Posso vê-los? — Uma risada soprada saiu de sua garganta e então ele se levantou, pegando um envelope que estava em cima do balcão que dividia a sala da cozinha, tinha deixado ali mais cedo, quando o Park foi visitá-lo.
— Do que vai adiantar você ver isso? — Yixing pegou o envelope e começou a analisar papel por papel, linha por linha — Do que adianta ver o que eu já te disse?
— Vou acreditar em você — respondeu após um bom tempo, quando terminou de ler, ainda um pouco em órbita após ver que as datas batiam com o todo o tempo em que não viu o outro.
— Não precisava perder seu tempo desse jeito, agora, se já terminou, eu preciso dormir.
— O que houve com você? — Não era isso o que ele queria perguntar, ele sabia que essa era a pergunta mais idiota que poderia ter feito, mas ainda assim a fez, e a expressão de poucos amigos estampada no rosto do outro o fez se arrepender um pouco.
— O que houve comigo? Que ironia, Yixing, eu te fiz essa mesma pergunta alguns dias atrás. Você acha o que? Que eu deveria sorrir e te agradecer por ter acreditado em mim?
— Eu não... — o Zhang ia tentar dizer algo, mas o outro o interrompeu.
— Eu ouvi você naquele dia, e agora é você quem vai me ouvir — ditou, ainda em pé — Tudo o que eu fiz foi por você, eu tentei proteger você, de um jeito meio torto, mas era o que eu conseguia fazer na época. Eu já disse que eu sofri todos esses anos achando que tinha te perdido, mas acho que pra você só existe a sua dor, só existe o que você sente, o que você sentiu durante esses anos. Eu te expliquei o que aconteceu, e eu não queria que você voltasse pra mim, mas queria que, pelo menos, acreditasse, já que você me conhece mais do que qualquer pessoa no mundo, mas estava errado... Eu mostrei pra você o Kim Junmyeon, o cara que eu realmente sou, eu deixei você me amar e agradeci aos céus quando você me permitiu te amar também, mas acho que agora acabou, não é? Sei que fiz tudo escondido, mas foi o que achei certo, e me doeu mais ouvir você dizendo que precisava de simples papéis pra acreditar em mim do que nas minhas próprias palavras.
— Eu sinto muito, tá legal? — Yixing sabia que estava exaltado demais tão tarde da noite, e sabia que estava chorando novamente, mas ele não ligava mais para isso — Sinto muito se eu fiquei anos da minha vida me sentindo traído, se eu acreditei que você realmente tinha me deixado. Acho que o meu maior sofrimento foi por ter pensado que te conhecia e depois sentir que tinha sido apunhalado pelas costas. As circunstâncias não te favorecem, e a culpa não é só minha, Junmyeon, nós dois passamos por coisas distintas e nenhum de nós pensou ou está pensando no outro agora. Por incrível que pareça, na verdade, eu estou pensando no seu lado, e eu não estaria aqui ainda se não tivesse pelo menos uma ponta de certeza de que o Myeon que eu conheço ainda está aí, eu acreditei em você, eu acredito em você agora, e eu queria que você entendesse que, infelizmente, eu precisava de mais do que suas palavras pra acreditar.
— Isso não muda nada pra mim, Yixing, me pedir desculpas não muda nada. Não foi isso o que você fez? Me mandou ir embora depois que me desculpei? — O Kim estava a ponto de explodir, sequer percebeu quando também começou a chorar.
— Você está sendo estúpido, Junmyeon — o chinês apontou, vendo o outro rir em deboche.
— Você também foi estúpido assim.
— Mas eu estou aqui agora tentando consertar as coisas, você só está agindo na defensiva e sendo imaturo!
— Sai da minha casa, Yixing — ele pediu, secando as lágrimas, e vendo o outro se aproximar um pouco mais de si.
— Repete isso, Kim Junmyeon — seu tom era mais autoritário agora, e, pela primeira vez desde o reencontro de ambos, o Zhang o olhava nos olhos, tão de perto, e o coreano se sentia intimidado.
— Eu pedi pra você sair... — Mas ele não ia terminar de falar, e já devia esperar por isso, afinal ele conhecia Yixing e como o rapaz lidava com as coisas.
Já Yixing não conseguiria ouvir ele falar mais nada, não aguentaria mais vê-lo chorar, ou sequer direcionar olhares machucados para si, ele conhecia aquele método de defesa do Kim, e sabia que se não fizesse alguma coisa, as coisas entre os dois nunca se resolveriam, então fez o que achava que devia fazer, o que seu coração pedia para que fizesse e o beijou como se aquela fosse a última vez que faria isso.
As mãos de Junmyeon foram para a cintura fina do outro, tentando empurrá-lo, mas parecia não ter força alguma para isso, enquanto os braços do chinês rodeavam o pescoço alheio, trazendo-o para mais perto.
— Me solta, Yixing — disse com o tom de voz baixo demais, seus olhos ainda estavam fechados, a boca ainda roçava na do outro, e ele somente se amaldiçoava por não conseguir resistir a Zhang Yixing.
— Cala a boca — o chinês respondeu contra os lábios alheios antes de voltar a beijá-lo com ainda mais vontade, desta vez ao invés de protestos, recebeu um aperto forte nas coxas.
Suas bocas se afastaram somente no percurso que Junmyeon fez para sentar no sofá e puxar o Zhang para que este sentasse em seu colo, com uma perna em cada lado de seu corpo, os dois pareciam famintos um pelo outro, as línguas deslizavam uma pela outra, as mãos percorriam partes dos corpos um do outro que eles mesmos não conseguiriam dizer quais eram de tão desesperados que estavam, de tanto se arrepiarem com cada toque.
— Yixing — Junmyeon sussurrou no ouvido do outro juntamente com um gemido quando teve o pescoço mordido com certa força.
— Eu perdoo você, e faço o que você quiser pra que possa me perdoar também — o chinês sussurrou de volta, as mãos agora apertando os ombros alheios enquanto se afastava um pouco, o suficiente para olhar em seus olhos — Eu não vou te deixar ir embora de novo, Myeon…
— Eu amo você — foi tudo o que o Kim respondeu antes de voltar a beijá-lo, dessa vez com menos pressa e mais contato.
Era um beijo tranquilo, os dois estavam matando a saudade que sentiam um do outro e que, agora, podiam demonstrar totalmente através daquele ato, compartilhando o amor que guardaram a sete chaves durante todos aqueles anos.
Junmyeon passeava com suas mãos pelas coxas do chinês em um carinho que quase parecia inocente, assim como os puxões leves no cabelo que Yixing dava no outro, e as carícias no abdômen dele. Era um momento calmo, de novas descobertas, de uma saudade acumulada, de carinho e paixão, ambos estavam tão presos um no outro, que sentiam que as coisas aconteceriam naturalmente a partir daquele momento.
Um vento frio atingiu as costas do chinês e só então ele notou que Junmyeon tirava sua blusa devagar, subindo-a enquanto seus dedos dedilhavam toda a região descoberta e Yixing arfava só de sentir o calor da mão alheia em contato com sua pele. Quando a peça de roupa já estava totalmente fora de seu corpo, o chinês moveu minimamente o quadril, ouvindo um arfar vindo do outro e isso o fez sorrir, além de lhe incentivar a fazer aquele movimento mais vezes, ele rebolava no colo alheio com calma, com movimentos lentos, porém precisos enquanto suas mãos puxavam a camiseta dele para cima, no intuito de deixá-lo livre daquele tecido.
Os dois se afastaram somente para que Junmyeon ajudasse o Zhang a retirar a camiseta, e logo depois seus lábios estavam grudados como ímãs novamente, estavam tão necessitados de estarem daquela forma, de estarem se tocando e se sentindo, que era como se estivessem aproveitando aquele momento como se fosse o último que teriam um com o outro, como se ambos fossem miragens que desapareceriam quando tudo aquilo acabasse.
Yixing desceu os beijos pelo pescoço do Kim, trilhando um caminho lento por seu maxilar e, após chegar no local que queria, começou a intercalar os beijos com mordidas fracas, passando a língua por ali vez ou outra, aquele era o ponto fraco de Junmyeon e ele sabia exatamente as reações que causava no outro quando o torturava daquela forma, tanto que sequer se surpreendeu quando teve as mãos do Kim apertando suas nádegas com força, e nem mesmo quando sentiu o corpo do outro tremer de leve abaixo de si.
— Você precisa sentir, Junmyeon — sussurrou antes de morder o lóbulo da orelha dele, sorrindo em seguida.
— A única coisa que eu quero sentir é você, Yixing — ele respondeu no mesmo tom, subindo a destra até a cintura do parceiro e a apertando, como se pedisse para que ele rebolasse mais em seu colo.
Os corpos já estavam quentes e se chocando ainda mais um contra o outro, Junmyeon movia o próprio quadril contra o do Zhang, os gemidos de ambos saíam por seus lábios como música, estavam aproveitando ao máximo o contato de suas peles expostas, mas o Kim decidiu que queria mais, queria mais de Yixing, e então segurou seu corpo com firmeza, levantando do sofá e indo em direção ao quarto com ele em seu colo, se apoiando em seus ombros e entrelaçando as pernas em sua cintura.
Yixing riu baixo ao ter o corpo pressionado contra a porta do cômodo, antes de ter os lábios roubados novamente, desta vez com mais vontade, mais necessidade, Junmyeon o queria e ele sentia isso em cada movimento de suas bocas, em cada aperto em suas coxas, nos arranhões que recebia por cima do tecido daquela calça que, honestamente, ele queria que simplesmente desaparecesse. E ele mesmo tentava demonstrar o quanto queria o outro enquanto puxava seus fios de cabelo com certa força, enquanto arranhava seus ombros e suas costas, enquanto sugava seu lábio inferior ao mesmo tempo em que o olhava com luxúria.
Ambos estavam tão entregues um ao outro que sequer se lembravam que poucos minutos antes estavam gritando e discutindo sobre seus passados.
Junmyeon voltou a andar com Yixing ainda em seu colo, desta vez seguindo em direção à cama de casal que tinha no cômodo de tamanho médio, em algum momento durante a caminhada, o chinês decidiu que gostaria de continuar marcando o pescoço alheio, seus chupões e mordidas eram dados com voracidade, e o Kim deixou um gemido arrastado se desprender de seus lábios após isso principalmente por ter se dado conta de que tinha sentido falta desse jeito agressivo do outro quando estavam entre quatro paredes; Yixing tinha aquele rostinho angelical, mas quem o conhecia de verdade, sabia que de anjo ele não tinha absolutamente nada quando o assunto era sexo.
E aquilo enlouquecia Kim Junmyeon da cabeça aos pés.
As costas do chinês foram de encontro ao colchão macio com um cuidado fora do comum, suas pernas largaram a cintura alheia e este se ajeitou melhor entre suas pernas, ambos agora pareciam ainda mais conectados, suas peles se tocavam quase que totalmente e suas mãos tocavam todo mínimo pedaço de seus corpos. Estavam uma bagunça completa de ansiedade, vontade, calma e tentativas de sucesso em demonstrar tudo o que sentiam um pelo outro.
A delicadeza com que as mãos de Junmyeon passaram a retirar a calça apertada de Yixing, juntamente à boxer, era tão inocente e apaixonante, que o chinês se sentia extasiado. Um gemido de aprovação saiu de sua boca quando o Kim se ajoelhou no colchão e envolveu seu membro com uma das mãos quentes, passando a masturbá-lo devagar, o fazendo lembrar de algumas horas atrás quando estava no banheiro da boate. Mas agora era diferente, Yixing não precisava proporcionar prazer a si mesmo pensando nele, porque ele estava fazendo esse trabalho com total maestria.
Os olhos do coreano não desgrudavam dos do parceiro e ele podia jurar que poderia ler sua alma através daquele olhar, se quisesse. Junmyeon transmitia a si segurança, amor, saudade e luxúria, cada um desses com uma intensidade tão absurda que o corpo do chinês se arrepiara inteiro. Ele tentava mostrar ao outro que também sentia tudo aquilo, que tudo era recíproco, na mesma intensidade ou talvez até em uma maior. Yixing amava tanto Junmyeon, e se sentia satisfeito só por estar com ele naquele momento, esquecendo de tudo o que passaram anteriormente enquanto gemia em satisfação pelos toques que recebia.
Mas o Zhang sabia que aquele ritmo dos dois não estava sendo tão bom assim, afinal, tanto desejo acumulado não seria aproveitado em movimentos tão lentos, — mesmo que ele próprio fosse um amante nato daquele tipo de transa — e foi pensando nisso que ele segurou a mão do outro, fazendo-o parar o que fazia e então os virou na cama, ficando por cima desta vez e retirando as roupas do Kim um pouco mais rápido do que as suas próprias foram tiradas.
Quando ambos já estavam totalmente nus, Yixing se inclinou na direção do parceiro, deixando um selar demorado em seus lábios antes de percorrer cada centímetro do seu corpo com a boca, deixando rastros de saliva pelo mesmo quando arriscava dar chupões e lambidas por sua pele clara. O pênis de Junmyeon estava tão duro quanto o do chinês, e este não pôde ignorar tal fato ao que chegou com os beijos perto de sua virilha.
Não o colocou na boca de imediato, apenas passou a língua por toda a extensão enquanto mantinha seu olhar fixo ao dele, ouvindo gemidos desconexos vindo dos lábios vermelhos e levemente inchados. Quando se cansou de ficar apenas naquilo, encaixou sua boca na glande e passou a sugar a região, Junmyeon se contorcia em prazer abaixo de si e isso apenas o instigou a engolir todo o membro dele. Seus movimentos eram ora lentos, ora rápidos, sabia que o Kim gostava daquela forma, e seu objetivo era dar prazer a ele.
Com os dedos da destra, passou a massagear os testículos com cuidado, os gemidos alheios ecoando por todo o quarto enquanto os dedos nervosos dele apertavam com força o lençol preto. Para Yixing não existia nada mais bonito do que Kim Junmyeon com a boca entreaberta, gemendo, e os fios grudados na testa devido ao suor, então não se permitiu desviar o olhar daquela cena de forma alguma; pelo menos não até que o outro segurasse seus cabelos com força, pedindo-o de forma silenciosa para que parasse ou ele não aguentaria.
E foi com este pedido que Yixing abandonou o pênis dele, deixando-o lubrificado o suficiente para que pudessem prosseguir, e ele notou a surpresa na face do Kim quando ergueu seu corpo e, sem sequer deixá-lo respirar um pouco, encaixou a glande alheia em sua entrada. Junmyeon notou que o outro esperava uma confirmação sua para fazer o que queria, então apenas respirou fundo e guiou suas mãos até a cintura dele, apertando-a com força ao que ele se permitiu descer por seu pênis lentamente. A pressão que o Kim sentia, o interior de Yixing tentando o expulsar a qualquer custo, a dor aguda que o Zhang estava experimentando após tanto tempo, junto àquela sensação gostosa de ser preenchido, era demais para ambos suportarem calados, então eles deixaram com que os gemidos escapassem por seus lábios com total liberdade. Não eram de inverter posições, pelo menos não no passado, mas o chinês queria sentir Junmyeon daquela forma, e depois, quem sabe, pudessem trocar, mas naquele momento só conseguia pensar no quão gostosa era a sensação de ser preenchido.
Aos poucos, desde que chegou até a base do membro alheio, Yixing foi se acostumando com a dor da invasão e controlando sua respiração, e então passou a se mover devagar, para cima e para baixo, no intuito de aliviar ainda mais o que sentia, tentando transformar as fisgadas de dor em ondas de prazer. Quando se sentiu pronto para aumentar a velocidade, levantou o quadril, retirando o pênis alheio de seu interior antes de sentar nele novamente, desta vez com mais vontade e precisão, passando a rebolar no colo dele.
Junmyeon levou a desta até uma das nádegas do chinês, desferindo um tapa ali antes de apertar a carne com força, arrancando um gemido arrastado dele antes que começasse a subir e descer em seu membro, aumentando a velocidade dos movimentos gradativamente. O Kim tentava ajudar Yixing a subir e descer com mais rapidez, mas não tinha como raciocinar direito, não conseguia se concentrar em sentir todo aquele prazer e o ajudar naquela tarefa, sua mente estava nublada, seu corpo todo fervia em excitação, então se rendeu ao primeiro caso e apenas aproveitou do prazer que sentia.
Durante o ato, Yixing notou que as ações pré-orgasmo do Kim não tinham mudado, continuavam as mesmas, era como um ritual, ele mordia o lábio inferior com força, passava a língua na região, apertava os olhos com força enquanto gemia e chamava pelo chinês em meio a xingamentos desconexos, e ele sorriu apenas por notar que até mesmo disso sentia falta.
O chinês parou aos poucos seus movimentos, ouvindo um gemido de reprovação vindo do outro quando tirou totalmente seu membro de seu interior, mas ambos entraram em um consenso de que já estava na hora de trocar de posição, então Junmyeon apenas o apertou mais e os virou novamente na cama, levantando as pernas do Zhang e encaixando seu membro na entrada dele, voltando a penetrá-lo, mas dessa vez com mais precisão. Seus movimentos eram ritmados, rápidos e fortes, do jeito que mais gostavam.
O barulho dos corpos se chocando, das peles suadas batendo uma na outra, junto aos gemidos desconexos que ambos deixavam escapar, era tudo tão satisfatório para os ouvidos deles, nada naquele momento podia tirar a sensação de realização que tinham. Junmyeon se inclinou um pouco para a frente, abaixando-se até conseguir deixar uma mordida seguida de um chupão no pescoço alheio, e o Zhang aproveitou o momento para descontar todo o prazer que sentia nas costas do coreano com as unhas curtas.
Junmyeon acertava a próstata do chinês a todo momento, fazendo seu corpo contorcer a cada nova investida, seus gemidos já não tinham um padrão de altura, ele não queria saber que horas eram, somente queria chegar ao seu ápice, queria entregar tudo o que tinha guardado durante todo aquele tempo. Os gemidos dos dois se mesclavam e eram como música para ambos os ouvidos, eles estavam cada vez mais excitados e sedentos um pelo outro, o Kim marcava toda a pele que sua boca encontrava, e o Zhang puxava seus cabelos com força.
Os dois estavam uma completa bagunça, não conseguiam pensar em nada que não fosse as fisgadas de prazer que sentiam cada vez mais à medida que se aproximavam do orgasmo.
Yixing chegou ao seu limite quando o Kim levou a destra até seu pênis esquecido e passou a masturbá-lo no ritmo de suas estocadas, era coisa demais acontecendo para que pudesse aguentar mais, ele sequer conseguia se concentrar em atrasar seu orgasmo, estava entorpecido, seu corpo inteiro tremia. Já Junmyeon continuou a penetrá-lo, prolongando o prazer que sentia e, consequentemente, chegando ao próprio limite quando sentiu o interior do parceiro o apertar ainda mais, sequer soube de onde tirou forças para continuar se movendo, mas queria estender mais aquele momento, queria prolongar o próprio prazer.
À medida que parava de mover o quadril, o Kim passou a distribuir beijos demorados pelo pescoço alheio, seguindo uma trilha até seus lábios e iniciando um beijo calmo e carregado de sentimentos fortes demais para que eles pudessem sequer raciocinar e listar. Se afastaram pouco tempo depois, tentando controlar suas respirações ofegantes, enquanto Junmyeon tirava seu membro de dentro do Zhang.
— Me perdoa — Junmyeon disse baixinho, fazendo um carinho lento nos fios suados do Zhang.
— Shh — o chinês colocou o indicador em seus lábios — Não vamos mais pensar no passado, tudo bem? Pelo menos não hoje...
— Tudo bem — ele respondeu, deixando um breve selar no dedo alheio.
— Só me promete que quando eu acordar amanhã, você não vai ter ido embora — sussurrou, e ao ouvir aquela frase, o Kim juntou suas forças para se inclinar em direção à cômoda, pegando ali um pedaço de papel que, inicialmente, Yixing não entendeu o que era.
— Essa é a minha passagem para a China — ele anunciou, se ajoelhando no colchão e antes que o chinês pudesse ver alguma coisa com mais clareza, o papel já estava rasgado em vários pedaços. Junmyeon tinha um sorriso divertido no rosto, o que fez o outro sorrir também.
— Você é completamente louco — ele negou, rindo, puxando o coreano pelo pescoço, abraçando-o com ternura.
— Eu prometo que não irei embora — segredou, deixando um beijo rápido abaixo da orelha de Yixing — Eu amo você, Xing...
— Eu amo você, Myeon... — e assim eles ficaram, por longos minutos de abraçando antes de se afastarem brevemente para se fitarem com todo o amor do mundo, vez ou outra trocavam beijos demorados, matavam a saudade dos carinhos, da presença um do outro e até mesmo das risadas, aproveitando cada minuto um com o outro, queriam se amar de todas as formas possíveis, como se fosse a primeira vez.
Até porque nada melhor do que aquilo para um recomeço.
E era assim, Kim Junmyeon era o paraíso particular de Zhang Yixing, era o amor artificial que acabou se tornando real demais, e ele precisava se lembrar de agradecer ao melhor amigo por ter feito tudo aquilo ser real outra vez.
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