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História Artificial Love - Doce Ilusão.


Escrita por: suhotus

Notas do Autor


Demorei um pouco, não é mesmo? Desculpe, retornei as aulas na faculdade e essa primeira semana foi a semana do choque e desespero. fewlçfewklçgewk Espero que gostem e obrigada pelos favoritos!

Capítulo 3 - Doce Ilusão.


Despertei no dia seguinte com os raios solares adentrando meu quarto sem convite e foi impossível evitar um resmungo quando atingiram meu rosto, demorei alguns segundos para abrir os olhos e focá-los no android adormecido ao meu lado. Parecia tão tranquilo que senti pena de acordá-lo, mas o fiz assim mesmo.

“Yixing?” Ainda meio incerto, toquei seu ombro e o balancei levemente, não demorou para que abrisse os olhos preguiçosamente, os olhos quase sumiam no rosto, ainda tomado pelo sono quando bocejou, me obrigando a fazer o mesmo “Não sabia que precisava dormir”. Ele sentou na cama e esfregou os olhos antes de me olhar diretamente, os cabelos bagunçados o deixavam engraçado.

“Só o necessário para que possa absorver as informações que aprendi no dia. Você não leu o manual inteiro, não é mesmo?” Sua constatação perfeita me deixou envergonhado, cocei a nuca enquanto o encarava, tinha um sorriso calmo nos lábios e os olhos ainda estavam miúdos pelo sono.

“Você pode me explicar o que não sei enquanto faço o café da manhã”.

Preparar café deveria ser minha única especialidade na cozinha, o cheiro forte e convidativo tomou a casa e pareceu despertar Yixing que parecia prestar atenção no que eu fazia, acompanhando curioso o modo como a água se misturava ao pó.

“Posso tentar?” Assenti, deixando que despejasse a água quente no filtro, surpreso com o cuidado que tomava ao fazê-lo.  “Então... O que você sabe sobre minha versão?”.

“Bom... Sei que pode se alimentar vez ou outra, apesar de não ter necessidade. Também pode nadar até certa profundidade, o que não será necessário, já que eu não sei nadar e morro de medo de me afogar. E agora também sei que precisa dormir para conciliar os acontecimentos que presencia”.

“Um Artificial Mate foi desenvolvido para satisfazer, obedecer e seguir seu dono. Muitas configurações iniciais auxiliam esse processo, seja para que o android sinta afeição por alguma pessoa ou que possua algum talento específico, como tocar piano por exemplo”. Sempre que relatava as informações daquela maneira, eu acabava me lembrando de que ele era realmente um android. “Como já disse na noite passada, não recebi nenhuma configuração além da básica, que me permite possuir pequenos conhecimentos cotidianos como leitura e escrita, cuidar do meu próprio corpo, o significado das coisas e interagir com alguns objetos. Enfim, não sou completamente vazio e aprendo bem rápido. Devo obedecer meu proprietário e fazer o que ele deseja, meus sentimentos irão se desenvolver baseados em nossa relação, e mesmo que não ocorra, devo seguir o que diz. Claro que isso não me impede de expressar minhas opiniões pessoais e coisas do gênero, ao menos que você me peça para guardá-las”. Ele me ofereceu uma xícara de café, meu rosto deveria estar engraçado já que o fez rir. “Sei que não fará isso, você parece ser agradável e gentil”.

Senti as bochechas esquentarem pelo elogio, ouvir as palavras de Yixing me fazia ter um pouco mais de confiança do que tinha antes apenas com as informações do manual.

“Como eu ia dizendo, somos feitos para obedecer e seguir os desejos de nossos proprietários. Se você quiser que eu cuide da casa para você, irei aprender como fazê-lo e serei o melhor nessa tarefa. Se você deseja que eu seja parte de sua família, assim farei. Se desejar que me deite com você e satisfaça seus prazeres, sua vontade será uma ordem”. Quase cuspi o café e ele pareceu notar meu embaraço com a última frase, parecia achar graça da situação. “Eu fui feito para satisfazê-lo completamente, Myeon”. O apelido apenas me deixou mais envergonhado do que antes. “Meu corpo é feito para isso, não precisa fazer se não for sua vontade, só quero que saiba que isso é possível, sim? As configurações internas da minha versão me permitem sentir prazer como os humanos”.

Não sabia o que dizer por conta da vergonha, então, apenas afirmei com a cabeça e terminei meu café. Era sábado e havia prometido que compraríamos algumas roupas para ele, poderia aproveitar tal situação para dar início aos testes, começando pela socialização, o veria em ação com outros seres humanos.

“Myeon... Está chateado pelo o que eu disse agora pouco? Sobre ter relações sexuais e...” Balancei as mãos desesperadamente, novamente o fazendo rir pelo meu embaraço.

“Não! Eu só não estava esperando que diria algo assim! Não ficaria chateado com você por isso, é que foi um pouco direto… Sabe? Para de rir de mim!”. Cruzei os braços como se estivesse dando-lhe uma bronca, fazendo-o arquear as sobrancelhas.

“Você fica muito fofo quando está nervoso, desculpe”. E mais uma vez minhas bochechas pareciam pegar fogo pela vergonha, ele parecia fazer de propósito. O expulsei do banheiro com tapinhas nas costas para que pudesse tomar banho, ainda podia ouvir sua risada do outro lado da porta quando a tranquei.

A água me despertou de vez e permiti que molhasse meus cabelos. Pensava em Yixing e em como aquilo era complexo. Ver sua personalidade ser construída diante de meus olhos conforme conversávamos ainda me causava estranhamento, mesmo que estivesse começando a me afeiçoar por ele. Havia escutado uma vez que os Artificial Mate são um reflexo dos seus proprietários, ou seja, se o dono for gentil e dar carinho ao android, ele irá ser do mesmo jeito com seu dono, talvez eu estivesse acertando com ele.

Deixei o banheiro com apenas uma toalha ao redor da cintura e pedi para que Yixing tomasse um banho para sairmos. Aproveitei sua ausência para procurar uma roupa que lhe servisse antes de me vestir. Quase terminava de pentear os cabelos quando ele entrou no quarto, indiquei as roupas e para meu desespero ele arrancou a toalha da cintura para secar os cabelos. Não consegui evitar passear os olhos por seu corpo, era tão lindo, livre de qualquer defeito. Meus olhos acabaram pairando uma área em particular e mal notei estar sendo observado.

“Pensei que não havia pensado nisso, Junmyeon”. Yixing me encarava com uma sobrancelha erguida e um sorriso malicioso nos lábios.

“Eu não estou pensando em nada!” Deixei o quarto o mais rápido possível, me escondendo no banheiro até que ele estivesse vestido mais uma vez.

 

Estávamos andando há algumas horas e já tínhamos um número considerável de sacolas nas mãos, ele insistia em carregar a maioria delas justificando que era muito peso para alguém tão pequeno como eu, como se ele fosse muitos centímetros mais alto. Claro que o xinguei por isso e claro que ele apenas riu dos meus xingamentos, dizendo achar fofo. A sinceridade daquele android ainda me assustava.

“Myeon, posso fazer uma pergunta?” Paramos para sentar em uma pracinha e descansar as pernas depois de ter revirado tantas lojas. Pedi que prosseguisse e ele pareceu hesitante antes de finalmente voltar a falar. “O que você faz no trabalho exatamente? Digo, disse que nunca havia interagido com um android antes... Achei estranho”.

“Eu trabalho com arquivos, documentos… Passo praticamente o dia todo arrumando papéis e essas coisas. Por isso estou procurando um cargo melhor...” Suspirei ao lembrar da montanha de pastas e papéis de pesquisas que tinha que organizar e arrumar todo dia, não era um bom serviço para alguém que odiava ambientes fechados.

“Por isso está me testando? Para conseguir uma promoção?” Afirmei com a cabeça e ele pareceu pensativo. “Espero que consiga, imagino que nem todos os humanos envolvidos em nossa fabricação se importem realmente conosco... É bom ter alguém que nos vê além de objetos”.

Sorri com aquilo, Yixing parecia ter lido minha mente. Me pegava completamente à vontade com ele, isso em pouco menos de vinte e quatro horas ao seu lado, algo que eu realmente não esperava.

“Acho engraçado que tenham pedido logo a você, alguém que nunca chegou perto de um android, para testar uma nova versão. Mas fico feliz em estar com alguém tão legal”. Pude jurar que suas bochechas coraram naquele momento e aquele brilho em seus olhos indicou que havia absorvido uma informação diferente. Me perguntava o que seria.

 

O resto da tarde foi tranquilo, aproveitamos para passear um pouco e comer algumas porcarias e doces. Sabia que ele não deveria comer tanto, então pedi que controlasse um pouco a curiosidade. Quando voltávamos para casa, ele pediu para escolher uma canção no rádio e o observei mudando de estação freneticamente até parar em uma aleatória. Tamborilava os dedos sobre as coxas conforme o ritmo da música e me permiti apreciá-lo por um momento, ele era lindo e apesar disso, possuía aquele ar inocente que me fazia sentir como se fosse um pervertido por ter admirado seu corpo mais cedo. Soltei um longo suspiro e balancei a cabeça, minha razão pedia para que levasse aquilo como um trabalho apenas, mas toda vez que me distraía as palavras de Yifan voltavam à minha mente: E ele é muito bonito, pode se divertir se for seu gosto.

Aquilo iria contra todos os meus princípios e opiniões sobre os androids, não queria me tornar um humano dependente de seres artificiais para me relacionar, não queria tratar aqueles seres como objetos para minha satisfação. Deus, o que eu faria com um android tão bonito dormindo ao meu lado todas as noites?

Ao menos teria as minhas horas no trabalho para distrair a mente e esquecer aquela curiosidade irritante de conhecê-lo mais afundo. Doce ilusão, claro.



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