História As aventuras de um Jovem - E aqui, todo o sofrimento Termina!

E aqui, todo o sofrimento Termina!

São seis horas da tarde e Melissa e Carolyne ainda não voltaram das compras. Começo a ficar preocupado com elas. Elas não são de demorar muito em lojas a menos que  vejam algo realmente interessante ou uma liquidação que valha a pena.
- As garotas estão demorando muito, não acha? - pergunto a Lyan. Ele me olha, chega mais perto de mim. Estamos assitindo The Vampire Diaries enrolados em um cobertor, apesar de não estar fazendo frio.
- Isso é bom - diz ele puxando a minha cabeça - Sobra mais tempo pra gente brincar - completa. Fecho os olhos e sinto seus lábios encostarem nos meus. O que era pra ser um selinho toma forma e se transforma num beijo. Um beijo quente, que nos faz querer transar ali mesmo no sofá em meio a almofadas e cobertores e o som da TV ao fundo. Esse pensamento inunda nossas mentes, mas somos interrompidos pelo som ensurdecedor de vidro sendo quebrado. Nos viramos. Carolyne e Melissa nos olham perplexas. A caixa de copos de vidro que Carolyne trazia na mão, agora está jogada ao chão com todos os copos quebrados. Lyan e eu paramos de nos beijar. Pauso a série, tento achar palavras, mas não há nada que explique o que elas acabaram de ver. Eu poderia dizer algo como "não é nada  do que vocês estão pensando", mas como explicar que elas viram eu e Lyan nos beijando?
Melissa e Carolyne se aproximam. Nós nos levantamos do sofá. Carolyne se posiciona ao meu lado. Melissa bate na cara de Lyan. Quando vou para defendê-lo, Carolyne me para com o braço.
- Então é isso que vocês andam fazendo escondido, não é? Então isso explica os gemidos abafados que ouvimos ontem à noite. Achamos que vocês estivessem assistindo a um filme pornô mas não! Vocês estavam TREPANDO! - grita Melissa - Achei que vocês fossem Héteros! E agora, Lyan? Como vou namorar um cara que chupou a língua de um homem? Como vou transar com um cara que, provavelmente enfiou a pica no cú de um homem?
- Provavelmente não Melissa! Eu enfiei a pica no cú dele - diz Lyan, olhando-a. Melissa parece não acreditar e lhe dá outro tapa.
- Você, O QUÊ?
- Isso mesmo, Melissa - digo - Nós transamos. Mas foi um momento! O desejo tomou conta de nós! Você, por acaso, entende o que eu estou falando?
- Um momento? UM MOMENTO?? Eu odeio vocês! ODEIO! Ainda mais agora, que sei que vocês dois...Ah, não quero imaginar essa cena!
- Tem nojo de gays, Melissa? - pergunto. Ela me responde,  olhando no fundo dos meus olhos e eu posso ver o ódio que ela sente neste momento:
- Sim, Sammy! Eu tenho nojo, tenho ódio, ÓDIO de Gays!
- Mas você fez sexo lésbico com a Carolyne!!
- Não! Não fiz por vontade própria! Fiz porque era o que você gostava, e eu precisava fazer o que você gosta para que você confiasse em mim, pra  poder manter segura a minha relação com o Lyan!
- Não acredito! Sério! E você, Carolyne, também odeia Gays? - pergunto olhando para a minha recém namorada.
- Não, Sammy. Eu não tenho odeio gays, mas odeio ser traída, e você acabou de me trair. Então, Sammy, se tinha alguma coisa entre nós, acabou! Ouviu? ACABOU!
- Espera aí, Carolyne! Eu não...
- Sammy, não invente desculpas! - Carolyne vem até mim e me abraça - Esse é o nosso último abraço! Vou pra casa da minha mãe no Texas. Já era, Sammy! Você teve sua chance!
- E entre nós, Melissa? - pergunta Lyan, aflito - Acabou?
- Mas é claro que acabou! Vou embora também!
Lyan faz uma cara triste. O telefone toca.
- Eu atendo - diz Melissa. Eu reclamo:
- Melissa, o telefonema é para mim!
- Não interessa! Alô, você ligou para o 0800, traste! - grita Melissa ao telefone. A voz do outro lado fala alguma coisa e ela me estende o gancho - É pra você, seu imbecil!
Sorrio e atendo. A voz de Ashley soa do outro lado da linha:
- Sammy! Estou aqui do lado de fora da sua casa! Já tô ficando rouco de tanto chamar. Dá pra ouvir daqui a briga de vocês! Quer parar com essa briguinha aí e vir aqui fora, por favor?
- Tô indo, Ashley!
Desligo o telefone e me preparo pra sair. Melissa grita:
- VOCÊ NÃO VAI A LUGAR ALGUM! - Eu a ignoro, seguro o braço de Lyan e saio para fora. Elas vem atrás de nós e, quando Melissa pensa em gritar, ela dá de cara com Ashley parado no portão.
- Até que enfim! Tô esperando aqui tem uma hora!
- Quem é você? - pergunta Melissa.
- Eu sou Ashley, primo do Sammy.
-  Sammy nunca me falou de você - diz Melissa. Ashley continua:
- Somos primos de consideração. Nossos pais eram muito próximos!
- E o que veio fazer aqui?
- Calma, senhora. Eu vim buscar esses dois - Melissa nos olha.
- Para quê? Posso saber?
- Melissa, nós vamos matar a Megan!
- Vocês...O quê? - Melissa parece espantada. Ela sabe que eu odeio a Megan, mas jamais imaginaria que eu fosse matá-la!
- Vamos matar a Megan. E vamos agora!
- O Lyan não vai! - diz Melissa. Lyan vai até ela e diz:
- Eu vou sim! Você não vai querer mandar em mim agora, só porque Sammy e eu nos beijamos! Pensa no que ele te falou. Foi só um momento! Quando eu chegar, nós conversamos.
- Lyan, volte aqui! - diz Melissa.
- Melissa, cala a boca e entra pra dentro de casa! Vamos, Sammy - diz Lyan, puxando-me para dentro do carro.
- LYAN! - grita Melissa - nós fingimos não ouvir. Fechamos a porta do carro, seguidos por Ashley, que assume o volante.
- Você já pode dirigir? - pergunto assustado, afinal, Ashley só tem Dezesseis anos!
- Sammy, eu sou um assassino. Eu posso tudo! - diz, enquanto liga o carro.
- Quer dizer que os viadinhos aí se beijaram? - diz Ashley, caindo na risada. Eu reclamo:
- Cala essa boca, Ashley! Foi só um momento! Queria ver se fosse você!
- Momento é? Sei. E se fosse eu, não faria nada! Eu gosto de mulheres, meu amigo - diz ele. Dou-lhe um tapa na cabeça e ele ameaça bater o carro. Rimos e continuamos nosso caminho. O resto do caminho é percorrido sem assuntos. O silêncio impera no carro. Ashley liga o som do carro e coloca uma música bem conhecida por nós três, "Promised Ones" da banda Blessthefall. A música é uma das minhas favoritas e vamos cantando ela até chegarmos ao destino. Chegamos. Beverly Hills. Vamos até o depósito onde Megan se encontra e paramos. Ashley pega três armas, um AR-15, um MP5 e um M249 e nos entrega.
- Aqui. Estas são as armas que vocês irão usar nessa "missão". Matem qualquer uma que esteja em seu caminho. Sem piedade!
- Como vamos usar isso? - pergunta Lyan. Eu respondo:
- É fácil, Lyan. Pense que você está num videogame.
- Tá bom, então!
Entramos. Encontramos todas as guardiãs na sala, aparentemente jantando. Ashley toma a frente, atira para o teto e grita:
- Bora! Todo mundo pro chão! Vai, caralho, deita no chão! - as mulheres, desarmadas, deitam no chão desesperadas. Havia 5 delas com armas, mas antes que pudessem usá-las, Ashley matou todas sem piedade. Ele parece não ter nenhum tipo de sentimento. Deixamos Lyan com a arma apontada para as guardiãs, e vamos atrás de Megan. Achamos ela numa sala, com uma maleta de dinheiro. Ela está contando o dinheiro mas assim que nota nossa presebça, ela saca uma arma e atira contra nós. Ashley atira de volta.
- Vai, vai atrás da Leyla que eu cuido dela! - grita Ashley. Enquanto ele troca tiros com Megan, vou atrás de Leyla. Quando estou no corredor, Harry cruza meu caminho. Ele aponta uma nove milímetros pra mim.
- Paradinho aí, parceiro! - diz ele. Vejo que a arma na sua mão treme.
- Harry, sai da minha frente!
- Não! Não vou deixar que a mate!
- Harry, se não sair da minha frente, eu vou te matar!
- Então vai em frente! Me mata! Você não é homem suficiente para... - meus dedos tocam o gatilho. Vários tiros saem sem freio da M249 que está na minha mão. O sangue de Harry espicha do seu corpo e suja algumas partes da minha camisa. A dor invade minha cabeça. Não uma dor normal. A dor da culpa, a dor do remorso. Eu começo a chorar, mas um terrível e maligno desejo de vingança toma conta de mim. A ousadia e a ânsia de matar me fazem seguir em frente. Adentro uma sala e dou de cara com Leyla sentada em frente a uma mesa, cheirando cocaína.
- Ah, é você! Queria cheirar uma antes de morrer.
- Como sabe que vai morrer?
- Eu não sei - ela desata a chorar - Eu não sei se essa é a minha hora. Você vai explodir meu miolos, não vai?
- Eu não sei, Leyla. Não sei se te mato por ter arruinado a minha vida, ou se te dou uma segunda chance e te deixo viver, pra que você possa se redimir dos seus pecados!
- Sammy, só quero que saiba que eu não quis fazer tudo isso. Só estava seguindo ordens e...
- Leyla! - grito. A voz dela parece ser mais insuportável que antes - Leyla, para! Você arruinou a minha vida! Assaltou o supermercado que eu trabalho e levou milhares de dólares! Acabou comigo! Sabe o que é levantar de manhã e ficar com medo de sair e ser sequestrado novamente?
- Sammy, eu...
- Você, o quê? Leyla, eu pensei várias vezes em tirar a minha própria vida! Agora eu tenho quase certeza de que vou te matar! Eu estou querendo te ver morta! Você merece!
- Sammy, eu só queria - ela coloca suas mãos por baixo da mesa. Coloco o dedo no gatilho e apóio a arma no braço. Como um relâmpago, ela tira uma pistola, levanta e aponta a arma pra mim - Sammy, Sammy, Sammy. Devia ter me matado enquanto eu estava sentada. Eu vou te matar agora! Você vai direto pro inferno e eu? Eu vou ficar aqui, fudendo com seu cadáver - ela colo a seu dedo no gatilho da pistola. Prepara-se pra atirar. Um instinto assassino e  calculista toma conta de mim e, antes que ela atire, sem a menor intenção de matá-la, aperto o gatilho. Balas voam na velocidade da luz. Acertam a cabeça de Leyla. O sangue que sai dela acerta meu rosto e minha camisa. Por um segundo, eu me arrependo. Mas por outro lado, uma parte de mim está feliz que ela esteja morta. Meus problemas terminaram, mas o remorso volta. Largo a arma e corro para o corpo sem sem vida (e sem cabeça) de Leyla. Começo a chorar, mas logo as lágrimas acabam. Quando você mata alguém, você se sente culpado. Mas depois, seu instinto de sobrevivência que o levou a matar aquela pessoa, fala mansamente no seu ouvido "Antes ela do que você". Escuto a voz do meu instinto, largo o corpo de Leyla e levanto. Ashley aparece na porta, segurando Megan pelos cabelos e com uma arma apontada paea a cabeça dela.
- Sammy, diga suas últimas palavras a ela - diz ele. Vou até Megan e a olho nos olhos. Descubro então, que os olhos dela são azuis. Olho bem. A beijo. Um beijo de vingança. Um último beijo. Fui torturado por ela, mas nunca a beijei. Queria sentir seu gosto antes que ela fosse morta. Ela retribui meu beijo. Separo nossos lábios e olho pra ela. Dou-lhe um tapa. Ela olha pra mim e cospe em meu rosto.
- Quando você morrer, eu vou estar no inferno te esperando, garoto!
- Sammy? - diz Ashley.
- Atira! - digo, olhando nos olhos de Megan. Vejo seus olhos se arregalarem e o barulho da arma inundar meus ouvidos. O sangue dela cobre todo meu rosto. Parece nojento descrever, mas pedacinhos do cérebro dela também me atingem. Ashley solta o corpo dela no chão e diz:
- E aqui, todo o sofrimento termina! Vamos? - Eu o sigo. Vamos até a sala onde deixamos Lyan vigiando as reféns. As guardiãs ainda estão abaixadas.
- Podem levantar-se - digo - A partir de hoje, vocês estão livres para viver suas vidas. Aproveitem! Vamos, Lyan.
Saímos. Ouvimos algumas delas chorando a morte de Megan. Elas deviam amá-la muito e, com certeza, dariam a ela um funeral e um enterro decente. Lambuzados de sangue, Ashley e eu entramos no carro. Lyan entra depois. Estamos todos felizes. Ashley, por ter completado mais um serviço, e eu por finalmente poder ter uma vida normal. Seguimos para casa e outro problema vem à nossa cabeça.
- Será que Melissa vai me perdoar? - pergunta Lyan no meio do caminho.
- Relaxa, cara. Ela vai sim - diz Ashley. Chegamos em casa. Convido Ashley a entrar, mas ele recusa o pedido. Eu e Lyan descemos do carro. Entramos em casa. As meninas vem nos receber. Ao me ver coberto de sangue, Melissa pergunta:
- Mas o que aconteceu?
- Acabou, Melissa - digo - Megan está morta!
- Nossa! Isso é bom pra você! Não é?
- É! Mas você ainda tem que perdoar o Lyan - digo, dando uma piscadela. Ela me responde com um sorriso:
- Não se preocupe, Lyan já está perdoado! Não conseguiria viver sem esse chato! - Diz ela. Eles se beijam. Eu me emociono. Vou até Carolyne.
- Ah, não, nem vem. Eu não vou te perdoar!
- Então, pra onde vai? - Pergunto, rindo. Ela sorri e me responde:
- Pro Texas. Casa da minha mãe. Lá tem espaço pra mim - diz ela. Melissa e Lyan entram na conversa:
- Nós vamos pra Nova York - diz Melissa - E você, Sammy? Pra onde vai?
- Eu? Vou viver a vida de aventureiro. Talvez eu vá eu vá para Washington.
- Então tá! - diz Lyan - Mas espera, vamos manter contato, certo?
- Mas é claro! - diz Melissa. Eles saem. Dizem que vão para o hotel. Se despedem de mim e de Carolyne. Carolyne vai até o quarto e volta com uma mala. Olha pra mim. Me beija uma última vez e me diz:
- Adeus, Sammy!
- Adeus, Carolyne! Mantenha contato! - digo, enquanto ela sai da  casa e se dirige até a estação de ônibus. Eu entro. Fecho a porta. Vou até o banheiro e tomo um banho. Reflito sobre tudo que aconteceu até aqui. Finalmente terei um recomeço. Eu tenho um saldo de 450 mil dólares no banco, o suficiente pra recomeçar a minha vida. Ligo para o chefe e peço a minha demissão. Sou demitido no meio da noite. Ligo novamente para um cara chamado Judas. Confirmo a venda da minha casa. 50 mil. Agora tenho 500 mil na conta. Pego uma mochila. Coloco uma foto de Jane, meu amor, que jamais esquecerei, quatro pares de roupas, dois livros, acessórios de higiene, um filme pornô. Fecho. Coloco nas costas. Passo perfume, calço meu All-Star, tranco a casa e saio. Vou de moto até o endereço do senhor Judas e lhe entrego a chave da casa. Acelero a moto e meto o pé na estrada. Agora somos só eu, minha moto e meu cartão do banco.Agora somos eu e minha moto, eu e a aventura. Somos Eu....e Eu. O relógio marca três da manhã. Olho pra longa estrada à minha frente e repito, em voz alta, a frase que Ashley disse em Beverly Hills, quando tiramos Megan do mundo dos vivos:
- E aqui, todo o sofrimento termina!
Somos, agora, eu e a estrada. Novas aventuras, novas experiências, novos amigos, tudo isso me espera.....na bela, e infinita, estrada....