--- "Alô?.... Marina?.... Pode passar no museu mais tarde, depois da aula?.... Nada, só queria ti ver... Ti espero!"
Já faz alguns dias que não vejo minha princesa. Ela anda mais ocupada que o normal ultimamente. Sempre estudando, aprendendo coisas novas... isso é bom pra ela. Fico orgulhoso por ela estar procurando um futuro bom, mas sinto um pouco de saudades. É um tanto quanto solitário aqui, sozinho. Em casa também é assim. Moro sozinho, só eu e o Bidu. Às pessoas não vêem muito aqui, só me procuram quando precisam de ajuda ou algo incrível e "impossível". É difícil ser um gênio. Apesar de que eu não sou um gênio. Recebi uma bolsa à poucos dias, uma bolsa para uma faculdade de tecnologia muito boa e cara. Meus pais estão me pressionando para ir, mas não sei se a Marina concordaria. Preciso falar com ela, mas como? Não é tão fácil dizer "adeus".
--- "Franja? Querido?
--- "Sim minha rainha! Venha até aqui!"
--- "Então, o que queria me dizer?"
--- "Primeiro você pode me dar um beijo. Depois a gente conversa."
Ela me beijou e continuamos o assunto. Conversamos sobre coisas comuns do dia-a-dia, mas ela não parecia estar afim de conversar. Estava quieta, calma, um tanto quanto triste. Com um olhar baixo e solitário. Levei ela até o parque. Lá, afastados de tudo, fizemos um piquenique. Ela estava linda. Linda como sempre! Cabelos soltos e bagunçados, calça jeans e blusa de frio rosa. Perfeita! Mas algo não estava certo, ela estava triste.
--- "Táh tudo bem linda?"
--- "Claro que sim! Por que a pergunta?"
--- "Você está tão caladinha..."
--- "Impressão sua..."
--- "Sabe flor, cada função do nosso corpo está ligada à um nervo em especial. E cada um deles nos muda de alguma forma. Como por exemplo, quando estamos alegres nos hormônios emitem um tipo de energia que muda o estado das nossas pupilas. Assim, elas se dilatam e dão um certo brilho."
--- "E o que isso quer dizer?"
--- "Quer dizer que eu sei quando você está triste."
--- "Não estou... aah... só estou um pouco exausta! Ando fazendo coisas demais em tempo de menos. Não tô dando conta."
--- "Mas... não é isso que você quer? Aprender?"
--- "Bom... na verdade..."
--- "Me orgulho de vc por isso. Você é esforçada!"
--- "Por isso gosta de mim?"
--- "Ah... não. Tem outros motivos."
--- "Tipo?"
--- "Ah... bom... você é linda e inteligente... e..."
--- "Franja, alguma vez você falou comigo usando o coração?"
--- "Não se pode falar através do coração! Ele não emite nenhuma fala porque o..."
--- "Franja, chega! Para de bancar o nerd comigo. Me diz o que vc sente!"
--- "Oras, o que eu sinto é simples! Éh... o que eu sinto éh... oras, por que falar sobre isso agora?"
--- "Vc nunca me disse o que sente."
--- "Por que vc não me diz?"
--- "Bom... depende do momento. Às vezes eu sinto como se o mundo inteiro estivesse contra mim, como se eu fosse uma tartaruguinha numa praia de gaivotas. Me sinto perdida e sozinha. Mas... com você, eu sinto como se não fosse a gravidade que me prendesse ao chão, como se não fosse o ar que me mantém respirando... é como, magia!"
--- "Mas... magia não existe!"
--- "Exatamente! E você? Como se sente quando está comigo?"
--- "Eu... não quero dizer."
--- "Por que não?"
--- "Ah, não sei. Eu me sinto com batimentos cardíacos acelerados e uma leve sensação de..."
--- "Franja! Para! Me diz de verdade... vai..."
--- "Eu sinto... eu... ãããnnh... nada! Não sinto nada!"
--- "O que? Não sente nada?"
--- "Nada que sirva numa análise!"
--- "Mas... mas... então... você... não me ama?"
--- "Não disse isso, eu amo, mas..."
--- "Por favor, não me procura mais!"
--- "Marina" MARINA!!!"
--- ".... e foi isso que aconteceu. Eu não sei o que fazer!"
--- "Como você disse pra mina que não a ama?"
--- "Nunca falei isso!"
--- "Mas foi o mesmo!"
--- "Droga Nimbus, o que eu faço? Eu... sinto falta dela."
--- "Franja, o amor é como a magia: a gente não estuda, não aprende, não intende. Apenas sentimos."
--- "Mas... magia não existe!"
--- "Exatamente! Bom, até mesmo um cão reconhece o amor."
--- "Mas os cães são sensíveis à qualquer emoção humana e... é isso! Você é um gênio Nimbus!"
--- "Ah... táh, de nada."
Cheguei em casa e corri para meu laboratório. Eu não tinha tempo a perder. Precisava criar logo um abdutor de emoções. Eu criaria um invento para extrair a capacidade de sentir emoções de um cão e a passaria pra mim, assim eu poderia entender a Marina. Não é que eu não amasse, é que eu não... intendo. Eu me sinto tão diferente perto dela, eu não consigo pensar ou raciocinar. A verdade é que eu tenho medo do que acontece comigo. Isso precisa funcionar!
Algumas horas depois...
Está pronto! Agora é só colocar isso no Bidu e essa ponta em mim e... okay. É um, dois e.... aaaarrrrrrrrgggggghhhhhh!!!!!
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--- "Cof! Cof! Aargg... o que houve? Eu... não consigo pensar. Por que estou debaixo da mesa? E que dor de cabeça! Hey! Por que o chão está cinza? E por que minha mesa está preta? Ela é vermelha! E por que eu... Não! Não! NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOO!!!!"
Corri para a rua, procurando alguém que pudesse me ajudar. Só havia uma pessoa na turma capaz de entender o que estava havendo. Apenas alguém que fosse inteligente o suficiente para pensar em uma solução.
--- "Cebola! Por favor! Eu preciso de ajuda! Eu... eu... fiz uma grande besteira!"
--- "Fala garoto, qual o problema amigão?"
--- "Me ajuda cara! Me ajuda! Minha experiência deu errado! Eu fiquei..."
--- "Ué careca! Ele endoidou de vez!"
--- "Acho que ele está com fome Cascão!"
--- "Não estou com fome, tem que me ajudar! Sou eu, o Franja!"
--- "Calma Bidu, vamos achar algo pra vc comer e depois procurar o seu dono!"
--- "Não! Você não intende! Sou eu! O Franja! Me ajuda!" (Au au au au au au au au au!)
--- "Vem Bidu! Para de latir seu maluco!"
--- "Nãããããooo!!!" (au au au au au au)
Pulei do colo dele e corri rua abaixo. Parei próximo à uma poça de água. Me olhei. Eu não conseguia acreditar que havia me tornado o Bidu. Meu cachorrinho! Pensei que ele poderia me ajudar, mas... ninguém pode me entender. Ninguém consegue me ouvir. Agora sou só um cão. Quando olhei, estava em frente a casa da Marina. Entrei.
--- "Oque faz aqui Bidu?" (au au au au au au)
--- "42! Você me entende! Como?" (au au au au)
--- "Somos cães, lembra?" (au au au au)
--- "Não, sou eu, o Franja! Fiz um experimento e troquei de corpo com o Bidu!" (au au au au au auau)
--- "E eu sou a Lady Gaga!" (au au au au au au)
--- "Mas... esquece! Sou eu!" (au.. au au)
--- "Prova! Me diz do que é feito o corpo humano." (Au au au)
--- "De... de... como eu não sei? Eu sabia, mas não me lembro! Claro, não posso pensar como eu porque não estou com meu cérebro!" (Au au au au au au au au)
--- "Você endoidou de vez Bidu?" (au au au au)
--- "Bidu!!! O que faz aqui? O Franja ti trouxe?"
--- "Marina! Minha princesa!" (au au au)
--- "Se o Franja acha que vai usar o Bidu pra me sensibilizar, ele está enganado! Aquele... idiota!"
--- "Hey! Não sou idiota!" (au au au au au)
--- "Ele é um idiota, burro e... perfeito. Lindo e especial! Ah... só queria que às vezes ele sentisse como eu e não colocasse o cérebro na frente do coração. Eu amo o Franja, mas ele não... sabe o que é amor. Como amar um robô? Me diz?"
--- "Não chore flor, eu... não fazia ideia de que vc se sentia assim. Se eu pudesse mudar tudo e voltar no tempo..." (au au au au)
--- "Queria que vc falasse Bidu!"
--- "Eu também... eu também... espera, eu posso!" (au au au au au au)
Corri para meu laboratório. Encontrei meu corpo! Comendo ração e outras coisas! Ah Bidu! Seu moleque danado! Eu sempre entendia o Bidu, talvez ele me entenda!"
--- "Bidu! Consegue me entender?" (au au au au au au au)
--- "Claro! Eu já lati antes!"
--- "Eu preciso de ajuda! Pode falar por mim?" (au au uau)
--- "Sim! Mas se não voltarmos ao nosso corpo em meia hora vamos ficar assim pra sempre! Eu li suas pesquisas!"
--- "Eu sei, mas... ela é mais importante! Eu consigo sentir e preciso dizer isso pra ela. Preciso ser sincero! Pode me ajudar?" (au au au)
--- "Sim!"
--- "Use isso. Quando eu falar, vc vai dizer tudo automaticamente." (au au au)
Lá estava ela. Me escondi atrás de uma árvore e esperei até que o Bidu chegasse nela com meu corpo.
--- "O que quer?" - disse ela
--- "Eu fui um idiota! Eu magoei vc porque não quis me abrir com minha princesa. A verdade é que eu não sabia o que sentia. Eu nunca soube. Eu nunca entendi emoções, sempre soube tudo e sempre controlei e intendi tudo a minha volta. Mas, quando há algo em mim que eu não posso entender, é assustador! Eu tive medo! Muito medo de não saber. É difícil ser um inventor e não saber o que é o amor. E, tem razão, eu não sei. Mas, quando estou com vc é como se nada mais existisse e eu sinto meu coração bater e uma vontade imensa de ti apertar e nunca mais soltar. Ficar pra sempre com você. Vc é linda e brilhante, especial, diferente, encantadora. Eu não consigo viver longe da minha rainha, tudo que eu sou tem você. Eu não sei por que. Eu não sei como, não sei o que eu sinto... eu só, não consigo viver sem você Marina! Eu me sinto atraído e preso em vc mesmo sem estar amarrado ou algo assim, é como se... como se vc fosse a gravidade. Como... magia! Agora eu intendo. Eu não sei por que, mas eu só quero ti ter na minha vida... pra sempre. Me desculpa por esconder isso de vc, eu fui um covarde e um egoísta. Desculpa."
--- "Bobo... isso é amor!" - ela disse e me beijou
Naquele instante eu voltei para meu corpo e o Bidu voltou ao dele. Nunca vou esquecer aquele dia. Já havia anoitecido. Uma noite linda e estrelada. Uma estrela cadente passou.
--- "Faz um pedido!" - disse ela
--- "Eu... espero nunca saber o que sinto por você, e espero sentir pra sempre!"
--- "Que lindo! Como você... descobriu o que sentia?"
--- "Nem queira saber.... nem queira saber...." - ela riu e nos beijamos
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