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História As coisas mudam - Um Mágico e uma Bruxa


Escrita por: Nick_Casth

Capítulo 14 - Um Mágico e uma Bruxa


Fanfic / Fanfiction As coisas mudam - Um Mágico e uma Bruxa

--- "Papai? Papai? Eu posso entrar, vim ti ver?! PAI!!!"

Os dias corriam lentamente, como se o tempo houvesse parado. Não havia nada nem ninguém que pudesse mudar aquela maldita realidade. Ninguém poderia me salvar. Por que a vida é assim? Tira de nós o que mais amamos e joga fora como se fosse papel. O que eu não daria pra poder mudar tudo, voltar no tempo e aproveitar com as pessoas que amo antes que elas se vão. Dói apenas por pensar. 

            --- "Por favor, coma alguma coisa. Eu fiz sua torta favorita, de cogumelos."
            --- "Eu não tô com fome mãe."
            --- "Que tal se agente ir lá fora agora mexer na terra, como você adora? Podemos pular na lama e correr na chuva. E se colocássemos capas de cortina e fizer poções juntas? Não seria legal?"
            --- "Mãe, por favor, para! Eu não tô afim."
            --- "Filha, vamos fazer qualquer coisa, só... não fica assim."
            --- "Eu tô bem, de verdade."

Ela saiu e fechou a porta. Minha mãe está tentando fazer de tudo pra me animar. Eu sei que ela se esforça e me sinto culpada por rejeitar mas, eu não consigo. Dói muito o tempo todo. Amanhã vou pra escola. É meu primeiro dia lá e eu não sei o que esperar. Não quero ir, na verdade, não quero levantar. Eu só quero ficar aqui na janela, olhando a chuva cair e pensando em como a vida é triste e esmagadora. Eu não quero viver no mundo lá fora. Não mais. 
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--- "Filha, levanta ou vai se atrasar. Como está hoje? Quer um café da manhã especial?"
             --- "Não tô com fome."
             --- "Acordou cedo sozinha."
             --- "Eu não dormi."

Ela saiu do quarto. Me vesti, peguei minha mochila e desci as escadas. Antes de passar pela porta, minha mãe me deu um abraço.

           --- "Olha minha pequena, eu sei que sente saudades, eu também sinto. Mas você precisa esquecer e encarar o mundo lá fora. O mundo está cheio de coisas maravilhosas, como você mesma dizia."
               --- "O mundo é cruel, egoísta e sombrio. Qualquer sinal de alegria que ele encontra, ele destrói."
               --- "Nunca vai ser feliz se pensar assim querida."
               --- "Eu não preciso ser feliz!"

Saí e fechei a porta. Segui em direção à escola. Cheguei e entrei. Eu olhava em volta, estava com medo. Era tanta gente olhando pra mim, tanta gente em volta que eu me sentia sufocada mesmo sem ter ninguém o meu lado. Entrei e passei pelos corredores enquanto ouvia alguns risinhos e cochichos. Mas não me importo com isso. De repente fui puxada e jogada num armário.

                --- "O que é você?" - perguntou uma loira magrela com kg's de maquiagem na cara
                --- "Sou a Ramona."
                --- "Não perguntei quem é você, eu perguntei o que é você?"
                --- "Que pergunta diferente. Somos humanos." - respondi meio confusa
                --- "Querida, eu sou humana, você é um alien! Hahahaha"
                --- "Aliens não existem. Você... pode me soltar? Eu não vou fugir!" - disse com certa inocência
            --- "Você acha que pode pedir algo? Você é um trapo! Com ele cabelo vermelho desbotado, essas roupas velhas e acabadas. E esse óculos então... hor-rí-vel!!!" 
                 --- "Não me visto pra agradar ninguém! Nem você!"
                 --- "Fica fora do meu caminho esquisita!" - disse ela

Ela me derrubou no chão e passou por mim acompanhada de outras duas garotas. Ela sorriu debochadamente pra mim e sumiu no meio dos outros. De repente alguém me estende a mão.

                 --- "Quer ajuda?"
                 --- "Ah... oi Nimbus. - respondi me levantando
                 --- "Táh estudando aqui no Colégio Limoeiro agora?"
                 --- "Acho que sim."
                 --- "Não liga pra isso, essas garotas são nojentas. Mas que bom que você está bem. Vem, ti levo pra sala."
                 --- "Não ligo, eu moro com minha mãe, o que pode ser pior?!" - respondi e ele sorriu

Entramos na sala e todos me olharam como se eu fosse uma aberração. Alguns me cumprimentaram, como a Mônica e os outros, alguns riram e outros nem me viram. Eu fiquei um pouco sem graça, mas entrei e me sentei no fundo. Comecei a escrever o que estava no quadro. Durante toda a aula, bolinhas de papel caíram em mim e na minha mesa. Na hora do recreio foi ainda pior. No fim da aula, voltei correndo pra casa. Minha mãe me esperava.

                   --- "Então bruxinha, como foi?"
                   --- "Horrível."
                   --- "O que houve?"
                   --- "Nada."
                   --- "Filhota, conta..."
                   --- "Me deixa sozinha."

Ela saiu e fechou a porta do quarto. Não é que eu não queira conversar, é que estou cansada, triste e sozinha. Me sinto perdida. Eu não estava chateada pela escola, mas sim por saudades de meu pai. Ele era meu herói, meu exemplo e agora, não está aqui. Eu sinto falta dele. Nos outros dias foi o mesmo. Todo dia na sala eu recebia bolinhas de papel, apelidos idiotas e coisas coladas no meu armário. Coisas como esquisita, idiota, cabelo de fogo, curupira, deslocada, etc. Eu apanhava quase todo recreio e me jogaram no lixo duas vezes. Isso tudo em duas semanas. Só tinha uma coisa boa na escola: Nimbus. Ele me fazia bem, me defendia quando podia e estava sempre lá. Ele fazia eu me sentir especial, mas, por algum motivo, uma raiva em mim foi tampando isso. Eu sentia saudades do meu pai e me sentia inútil e todas as outras coisas que me falavam. Eu tava ficando cansada e eu sentia que aquela coisa boa que havia em mim estava sumindo. Eu não conseguia mais achar o porque de eu não revidar. Eu me irritei. E cansei. Mas como eu sempre fiz, eu guardei pra mim.

  --- "Então, como táh o seu?"
               --- "Muito bom e gelado. Eu nunca tinha visto isso."
               --- "Não acredito que nunca tenha tomado um sorvete."
               --- "Não, eu nunca tomei."
               --- "A gente precisa fazer as coisas enquanto estamos vivos, depois não adianta mais. Eu quero morrer tendo feito tudo que quis."
               --- "Tô cansada da morte."

Morte: "É isso que eu ganho por trabalhar tanto."

              --- 
"O que aconteceu com você Ramona?"
              --- "Como assim?"
              --- "Eu ti conheço, você está triste e deprimida ultimamente. O que houve?"
              --- "Eu sinto falta do meu pai."
              --- "O que houve?"
          --- "Eu fui visitá-lo, como fazia todo sábado. Eu imaginei chegar e... plantar com ele mas... ele tava morto. Ele era meu herói mas morreu. Por que a vida tem que ser assim? Mamãe disse que chorar faz os mortos irem, mas eu nunca chorei. Não quero que ele vá!"
              --- "Chorar não faz ele sair do seu coração, só faz a dor sair."
              --- "Eu gosto da minha dor, ela me diz quem eu sou."
              --- "Não, não diz. Precisa se livrar dela."
              --- "Eu não quero!" - respondi e a mesa rachou ao meio
              --- "Calma, não precisa fazer isso."
              --- "Mas... não fui eu... foi..." - me levantei e corri
              --- "Ramona! Espera!"

Eu o ouvi gritando, mas não parei nem olhei pra trás. Eu não conseguia. Eu não sabia o que estava acontecendo, era como se houvesse energia demais em mim. Eu nunca fiz coisas assim antes, nunca me interessei por usar a magia. Mas, agora, era como se toda essa magia que não usei estivesse acumulada e tentando sair. Eu não sabia o que fazer. Corri até em casa. Entrei na biblioteca de casa e os livros começaram a voar e se rasgar. Em estava sentada no chão, assustada e com raiva. Tudo ao mesmo tempo. Imagens passavam na minha cabeça e as prateleiras se rachavam, os livros voavam em volta de mim e objetos estavam se quebrando. Eu não sabia como controlar. Minha mãe abriu as portas, assustou.

               --- "Ramona, o que você táh fazendo?" - disse ela assustada
               --- "Eu não sei!" - gritei
               --- "Desliga isso agora!" - ela respondeu um pouco alterada
               --- "Não dá! Não sou eu!"

Ela se aproximou de mim com dificuldade, tocou minha testa e disse algumas palavras estranhas. Eu apaguei. Quando acordei estava na minha cama. Olhei em volta. Era de manhã.

                 --- "Já acordou? Arruma pra escola."
                 --- "O que fez comigo?"
                 --- "Ti fiz dormir pra poder controlar sua magia. Você é uma bruxa poderosa menina!"
                 --- "Por que aconteceu?"
                 --- "Eu não sei. Sua magia é ligada à suas emoções. Como você controla depende de como libera as emoções. Não sei o que você fez pra isso acontecer, mas, ao menos hoje, não faça de novo. Agora se arrume."

 Na escola, passei a aula pensando. Eu estava irritada sem motivo e essa raiva só crescia. Tocou o sino do recreio e eu saí. Fui para um corredor isolado pra reforma. Sentei no chão, encostei em um armário velho e fiquei pensando. 

                  --- "Olha quem táh aqui, a bruxa!"
                  --- "Me deixa em paz!" - respondi
                  --- "Você tem jeito de bruxa. É feia e ruiva." - disse ela

Eu normalmente ficava calada, mas nesse dia não tava afim.

                   --- "Já se olhou no espelho? Sua imitação de Barbie magrela, drogada e com um estilo de vadia."
                   --- "O que disse sua vaca?"

Ela me levantou e, sinceramente, foram mais socos do que eu consegui contar. Eu estava no chão, sangrando e com raiva.

       --- "Vai fazer o que? Chamar a mamãe e o papai?"
                    --- "Tô cansada de você!"
                    --- "Ai que medo da bruxa!" - disse ela rindo com suas amigas
                    --- "Você táh certa... eu sou uma bruxa!"

Naquele instante, cada porta de cada armário abriu, as mesas racharam e começaram e levitar, as luzes piscavam, saia faíscas das tomadas e objetos, livros e outras coisas voavam. Elas ficaram apavoradas, lentaram fugir mas eu segurei cada uma sem que os pés delas tocassem eu chão. Eu nem precisei tocar nelas para fazer isso. Me levantei e cheguei bem perto do rosto dela. Ela chorava e borrava a maquiagem como se fosse uma criancinha. Eu ria dela. A pele do rosto dela estava se partindo e eu achava incrível.

                    --- "Você me machucou e, agora, eu vou machucar você"
                    --- "NÃO! PARA!" - gritou uma voz
                    --- "Nimbus?"
                    --- "Ramona, para! Isso não é você!"
                    --- "Como sabe quem sou eu?"
                    --- "A Ramona que eu conheço não faria isso! A bruxinha que eu conheço é boa, meiga e alegre! Ela não é um monstro! Você não é um monstro! Não deixe isso controlar você! Veja... - ele fez cacos flutuarem e se juntarem formando um espelho e o colocou na minha frente - isso não é você!"
 
Eu estava assustada com o que virei. Meu olhos estavam negros e minha pele rachada. Minhas orelhas ganharam pontas e meus dentes estavam afiados e pontudos. Ali eu voltei à mim. Tentei parar mas era tarde demais.

                     --- "Eu não consigo parar! Tem que me ajudar!"
                     --- "Eu não sei como!" - gritou ele
                     --- "Eu não consigo parar, não sei me controlar."
                     --- "Pelo amor de Deus, me tira daqui, me salva dessa bruxa!" - gritava a garota
                     --- "Ramona, me escuta, tem que escutar. O que você táh sentindo?"
                     --- "Raiva, muita raiva! Eu tô cansada disso, tô cansada da minha vida! Eu apanho todo dia nessa maldita escola, ninguém gosta de mim, ninguém se importa! Eu nunca pedi pra ter magia, eu não quero ser uma maldita bruxa! Eu quero ser normal! Tô cansada da minha mãe, tô cansada dessa garota nojenta! Eu quero meu pai de volta, eu quero minha vida de volta! Eu tô cansada do mundo e da maldita morte! Eu... não sei quem eu sou."

Morte: "Sério, para de me invocar nessa história, chama o Penadinho! E eu hein..."

                      
Todos os meus poderes se acalmaram e eu voltei ao normal. Sentei no chão e Nimbus me abraçou. Eu chorei. Simplesmente chorei... Eu não sabia que chorar podia ser tão bom. Eu me senti tão leve e livre. Isso tudo levou menos de 10 minutos, foi tudo rápido. Mas parecia uma eternidade. A garota ficou tão horrorizada que nunca mais chegou perto de mim e nem fez mal a mais ninguém. Eu voltei ao normal e voltamos pra casa. Nimbus me levou até na porta.

                      --- "Então... obrigada."
                      --- "De nada."
                   --- "Sério, obrigada mesmo. Você nunca desistiu de mim, mesmo quando eu virei um monstro você não me deixou só. Eu... me sinto especial com você."
                       --- "Você nunca foi nem nunca será um monstro. Sempre vai ser a minha bruxinha e você é especial! É a bruxinha que eu..."
                       --- "Que você?"
                       --- "Amo. Eu ti amo!"
                       --- "Sabe, eu..."
                       --- "Eu sei, você não me vê assim. Desculpa, eu vou..."
                       --- "Não, eu... você já beijou alguém?"
                       --- "Sim, por quê?"
                       --- "Bom, eu ainda não, então..."

Ele me beijou. Foi o primeiro beijo e melhor sensação que eu tive na vida. Eu nunca achei que me sentiria assim. 
 
                       --- "Você... táh brilhando!"
                       --- "Ah, desculpa!" - respondi olhando minha pele brilhando
                       --- "Você é linda até brilhando! Até amanhã bruxa!"
                       --- "Até amanhã mágico."

Eu entrei em casa. Quando passei a porta, minha mãe estava na sala. Me olhando. Com aquele olhar ela queria dizer que sabia de tudo. Eu sabia que viria bronca, mas ao invés disso, ela me surpreendeu:

                        --- "Primeiro beijo? Com um mágico?"
                        --- "Mãe... eu..."
                        --- "Minha bruxinha com um mágico?"
                        --- "Eu sei que você quer que eu seja como você, mas eu não sou. Eu gosto do Nimbus e..."
                     --- "Calada Ramona! - ela me interrompeu - eu ti amo filha. Você é a minha bruxinha e não pode se livrar disso. Mas ser bruxa não define quem você é. Você é especial Ramona, não por ser bruxa, mas por ser a Ramona. E não quero que seja como eu, quero que seja como você. Só existe uma Viviane, assim como só existe uma Ramona. E eu não quero nem vou deixar que você deixe de ser você para ser outra pessoa. Eu ti amo do jeito que você é minha filha e eu tenho orgulho da minha bruxinha. E quanto ao mágico, traga ele aqui. Se ele ti faz feliz, me faz feliz também. Mas você só transa com esse garoto quanto fizer 132 anos! Eu ti amo Ramona!"
                         --- "Eu ti amo mamãe, você é a melhor coisa que tem na minha vida!"


Morte: "E o bullying comigo aqui ninguém olha néh? Eu quero férias, cansei!"


Notas Finais


Eu tô à duas noites sem dormir, então, táh bosta mesmo o capítulo. Mas táh aí, eu passei a noite escrevendo e com "mó" carinho (como dizia meu irmão). Espero que vocês gostem. Muito obrigada a todos vocês! Bjs!


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