1. Spirit Fanfics >
  2. As coisas mudam >
  3. Crime ou Suicídio?

História As coisas mudam - Crime ou Suicídio?


Escrita por: Nick_Casth

Capítulo 17 - Crime ou Suicídio?


Estava perseguindo aquela garota maluca quando recebi a ligação que estremeceu minha alma. As palavras ainda giravam pela minha cabeça me fazendo lembrar de cada momento, como se aquela fosse a última vez que eu ouviria sua voz.

"O Maurício se suicidou..."

Eu não sabia o que fazer, não sabia pra onde ir. De repente cada parte do meu corpo se paralizou e tudo ficou escuro. Não tinha ninguém, não tinha nada. Tudo eram imagens nossas e meu coração doía. Sentia meus olhos molharem e estava prestes a gritar quando fui tirada de meus pensamentos. Alguém me chamava. Eu sentia meu corpo balançar. Demorei alguns segundos para voltar a razão e conseguir identificar de quem era aquela voz.

--- "Mônica! Mônica! Hey, você táh me ouvindo?"

--- "Cebola?"

--- "Oque deu em você Mônica? Você está bem?"

--- "Dc... ele..."  - eu tentava dizer mas só conseguia sussurrar palavras

--- "Dc? Sou eu Mônica! Cebola!" - ele disse parecendo irritado

--- "Me leva pra ver o Dc..."

--- "Que foi? Bateu recaída, foi?"

Eu queria jogar o Cebola no espaço, mas não conseguia brigar com ele naquele momento. Eu estava me sentindo fraca pela primeira vez na vida. 

--- "O-o Dc tá morto!" - eu dizia em meio as lágrimas

--- "O Do Contra o que?"

--- "Ele se matou Cebola! Se matou! É tudo minha culpa!!!"

--- "Não, não é! Ele não é criança!"

--- "Cebola! Cala a boca e me leva pra casa dele!"

--- "M-mas eu não tô de bike, Mônica! Tô a pé! Não sou mágico!"

--- "Mágico! Eu preciso falar com o Nimbus!"

Eu precisava sair daquele transe enquanto tinha a chance.  Corri em direção à festa e Cebola correu atrás de mim. Entrei rapidamente, quebrando o portão. Dei um empurrão em Carmem, sem querer, que a mandou dentro da piscina. Eu não estava me importando. Precisava ir rápido.

--- "Nimbus... Nimbus, eu preciso de você!"

--- "Que foi Mônica? Algo errado?"

--- "O Dc se matou. Ele táh morrendo, a gente precisa ir ajudar!"

--- "Meu irmão o que???"


...........................................................

De longe, avistamos a multidão de frente ao pequeno prédio. Aquele era o prédio onde a família de Dc morava, após venderem a casa em que viviam. No chão, avistamos um corpo ensanguentado.

--- "Não, não, não, não, não... Não Dc, não! - gritava Nimbus, correndo em direção ao corpo - não maninho, por favor não. Olha pra mim, olha pra mim cara! Por favor, você vai ficar bem, vai ficar bem... não me abandona agora cara, por que fez isso, seu idiota? Por favor... não vai embora..."

Ele agarrava o irmão, gritava e chorava. Nunca tinha visto uma cena tão triste. Era muito doloroso. Dc ainda estava vivo. Incrivelmente, vivo. Ele ainda respirava. Em questão de minutos, a ambulância chegou. Afastou todos nós, incluindo Nimbus e, em poucos minutos, sumiram a caminho do hospital.

--- "Mãe!!! Mãe!!!"

--- "Oh filho! Graças a Deus você está aqui meu amor!"

--- "Mãe, oque aconteceu? Oque aconteceu com meu irmão?"

--- "Filho... - dizia ela chorando - foi horrível, ele estava lá, quieto. Eu não devia ter deixado ele sozinho. Ele tava No quarto e quando voltei... olhei pela janela e ele estava lá embaixo... no chão... havia muito sangue e... ai meu Deus, o que aconteceu com meu garotinho? Onde foi que eu errei?"

--- "Mãe, a senhora não errou em nada mãe, não fala assim! Eu vou descobrir porque o Dc fez isso, eu juro mãe..."

Era uma cena apavorante. A ambulância já tinha levado o corpo e todos nos dirigiamos para o hospital. Cebola e eu fomos com a família do Dc de carro. Alguns pegaram bicicletas, alguns foram pra casa. Outros ainda tinham de encontrar Marina, que estava sumida.

.............................................................

Quando Marina chegou em casa, todos já estavam esperando por ela. Seus pais estavam furiosos, xingando e brigando. Franja estava no sofá. Ela pareceu assustada ao ver todos ali. Sabia que estava encrencada. Estava com medo, com vergonha, triste.

--- "Como pôde fazer isso?" - dizia a mãe furiosa

--- "E-eu não..."

--- "Não fala nada Marina! Você é louca? Como pode se machucar assim? Marcar o próprio corpo pra chamar atenção? Pra que?"

--- "Não é pra chamar atenção...

--- "Qual é o seu problema???" - interrompe a mãe 

--- "Chega Alice! Claramente ela tem algum problema psicológico! Precisamos leva-la ao terapeuta e não humilhar a garota!" - repreendeu o pai

--- "Isso são influências dessa maldita internet, das amizades daquela escola e desse... desse rapaz metido a gênio!" - disse dona Alice, olhando para Franja no sofá

--- "Eu??? Não adimito que fale isso de mim! Eu sou um homem, não um muleque! Sou responsável o bastante para trabalhar para as forças armadas! A Marina precisa de ajuda e não de xingamentos!" - retrucou Franja

--- "Olha, não me venha dizer como criar minha filha!"

--- "Bem que a senhora precisa!"

--- "Não fala assim com minha mulher, garoto!" - gritou o pai

Eles gritavam e trocavam ofensas, enquando Marina, assustada, tampava os ouvidos. Se sentindo culpada pela confusão, acreditava que talvez seria melhor se não estivesse ali. Se não tivesse ido aquela festa. Se não tivesse saído de casa. Se nunca tivesse nascido. Que o mundo seria melhor se ela sumisse. Fechou os olhos e gritou. Não gritou palavras, nem mesmo letras. Apenas gritou. Um grito alto, agudo e, ao mesmo tempo, calmo. Ela gritou e sentiu como se um peso saísse de cima de suas costas. Ela gritou, gritou e gritou até perder o fôlego. Todos se assustaram e todos se calaram. Marina abriu os olhos. Todos olhavam para ela. Um minuto de silêncio se fez. Todos estavam assustados, olhando para Marina, percebendo o mal que aquela discussão causava à ela. De repente, o silêncio foi quebrado:

--- "Okay. A partir de hoje vamos ajudar você a quebrar esse vício em sadismo. Você vai ter mais aulas para passar um pouco o tempo e..."

Marina nem estava ouvindo. Ela gritara tanto e se sentira tão bem fazendo isso, que resolveu falar. Cansada de se calar e abaixar a cabeça, ela falou:

--- "Cala a boca."

--- "Como disse?" - perguntou incrédula a mãe

--- "Cala a boca!" - repetiu calmamente

--- "Como se atreve a me responder?"

--- "Como se atreve a tentar me controlar? Como se atreve a me transformar em um tipo de propriedade?

--- "Eu sei o que é melhor pra você!"

--- "Não, não sabe! Você sabe o que seria melhor pra você! Você tenta viver seus sonhos idiotas em mim, mas eu não sou você! Eu não quero tocar, não quero dançar! Não quero ser você!!! Eu quero sair com minhas amigas, namorar quando quiser, me divertir, ir a festas, conversar com todos que quiser, apostar corrida com os carros até a esquina, sair na chuva e voltar resfriada, andar descalça, subir em árvores, desenhar... eu quero ser livre!!! Eu quero ser feliz!!! Me deixa viver a minha vida! Eu não quero ser você! Eu não vou ti deixar me controlar nunca mais! Me deixa em paz! Alguma vez você se importou com o que eu queria? Alguma vez você quis saber como eu me sentia? Ou quem eu era? Eu me pergunto mamãe, se alguma vez você me amou?!! E você pai, alguma vez notou que eu precisava da sua ajuda? Eu não estou doente pai, não tenho problemas, não quero um médico. Eu só quero ser feliz..."

Ela disse isso como se fosse um alívio. Tirou um peso de si. Virou as costas e saiu. 

--- "Como ela... ela precisa de ajuda."

--- "Não, ela precisa de apoio." - falou Franja e saiu

Ele caminhou pelo quintal até encontrar Marina, debaixo de uma árvore.

--- "Veio me xingar?"

--- "Não, vim perguntar."

--- "O que?"

--- "Por que não me contou?"

--- "Porque eu não sabia oque fazer."

--- "Hey, eu vou estar sempre aqui pra você. Seja como for. Agora me promete que, sempre que quiser se machucar, vai me ligar e esperar até que eu chegue."

--- "Mas..."

--- "Me dá suas lâminas. - ela entregou - me chama e, se for insuportável a dor, aí eu ti entrego isso. Promete?"

--- "Eu prometo!"

Eles se beijaram e ela se deitou no colo de Franja. Seus pais olharam da janela. Mesmo não entendendo a filha ou o seu namoro, sabiam que ele era o cara que a fazia feliz e, se a filha estava feliz, eles também estavam.

.............................................................

Todos estávamos no hospital naquele momento. Era uma cena triste e depreciante. Qual seria a sensação de se perder um filho? E um irmão? Doía tanto quanto a minha ou era mais intensa? E o quanto doía no suicida? Eram perguntas que talvez eu nunca pudesse responder, nem queria poder. A espera pelos médicos era uma tortura! Me levantei para pegar água, Cebola me acompanhou. Fomos em silêncio. Peguei um copo descartável, mas ele se quebrou. Peguei outro e mais outro. Eu estava nervosa demais pra medir minha força. Me sinto em um mundo de papel às vezes. No quarto copo, Cebola me impediu e pegou para mim. Sorri por um segundo e bebi a água.

--- "Vai ficar tudo bem."

--- "E se não ficar? As chances de alguém no estado dele sobreviver são mínimas, Cebola!"

--- "Mas ele é o Do Contra, vai contrariar até mesmo as estatíscas. Olha, vamos voltar e aguardar o médico, se acalma."

--- "O que teria acontecido se eu tivesse insistido na gente? Se não tivéssemos terminado... Ele ainda estaria aqui com a gente!"

--- "Mônica, ele está com a gente!"

Sorri e caminhamos em direção a sala de espera. Cebola parou por um minuto e se apoiou na parede. Parecia perdido.

--- "Cebola?! Tudo Bem?"

--- "Eu tô bem, só... um pouco tonto."

--- "Vem, vamos nos sentar."

--- "Olha, o médico!

--- "Vocês são os parentes do Maurício, o garoto que tentou se matar?"

--- "Sim, eu sou a mãe, por favor me responda: meu filho vai viver doutor?" 

--- "Ele tem muitas fraturas, lesões internas, hemorragia. Ele está vivo, reagiu bem aos procedimentos. O quadro é estável, mas não está fora de perigo."

--- "Podemos vê-lo?" - perguntei

--- "Apenas um por vez."

Um à um fomos ver o Dc. Primeiro a mãe, depois Nimbus. Por último eu. Entrei no quarto, mal reconheci meu amigo e ex namorado. Ele estava todo machucado, ligado à tubos. Estava acordado, mas não podia falar. 

--- "Ah Dc, por que fez isso? Queria nos matar de susto?"

Ele dirigiu seu olhar até mim, sorriu e ficou me olhando.

--- "Me diz que não foi por mim..."

Ele balançava a cabeça em sinal negativo.

--- "Foi por outra garota?" - falei surpresa

Novante ele fez que "não" e me encarou, como se quisesse me contar algo. 

--- "Dc, você pulou mesmo daquele prédio?"

Antes que ele pudesse responder, o médico entrou anunciando o fim da visita. Me retirei. Procurei Cebola por todo canto. Rastreei seu celular pelo GPS e vi que ele ainda estava no hospital. Depois de muito procurar, ouvi seu celular tocando perto de mim. Demorei advinhar que ele estava no banheiro masculino. Esperei até perceber que aquela demora era incomum. Chamei e, sem resposta, entrei. Encontrei com Cebola, caído no chão do banheiro, segurando o estômago. 

--- "Cebola!!! Oque houve?"

--- "Dói... me ajuda Mônica!"

Peguei ele e o levei direto ao médico. Ele foi atendido, mas logo logo eu pude vê-lo. Ele parecia bem melhor. Conversamos por um tempo e quando vi a conversa já estava em nós dois.

--- "... mas Mônica, você não gosta mesmo de mim? Não ficou nada da gente aí dentro?"

--- "Bom, eu... eu eh..."

Antes que pudesse dizer algo, ele me beijou. No início eu queria dar nele um empurrão, mas correspondi. Era algo que eu também queria. Nos beijamos. Um longo e demorado beijo. 

--- "Que estranho... - disse Cebola - é como se..."

--- "Não fosse mais a mesma coisa - completei - como se fôssemos..."

--- "Irmãos!" - falamos ao mesmo tempo

Rimos e percebemos que aquela paixão que a gente tinha havia se acabado e que os sentimentos que ficaram eram apenas amizade misturada com lembranças do nosso namoro. Pela primeira vez, tudo estava claro pra mim. Eu sempre achei que éramos um casal prometido que, não importa como, ficavam juntos no fim. Agora, isso parece ter se quebrado. Eu estava feliz e ele também.

--- "Amigos?"

--- "Amigos!" - respondi

............................................….............

".... e foi isso."

--- "Nossa, deve ter sido uma festa mó louca!"

--- "Pois éh, até agora, ninguém entendeu nada. Saí de lá e vim pra cá. Sua casa na praia é muito boa."

--- "São lindas néh? As estrelas..."

--- "É, são sim. Você sempre foi assim Xaveco?"

--- "Assim como?"

--- "Diferente."

--- "Eu não sei."

--- "Lembra quando eu estava bêbada na festa? Por que não se aproveitou de mim?"

--- "Já disse, vc merece ser tratada como uma rainha, pois é isso que vc éh pra mim."

--- "Eu... tô pronta pra ser sua rainha agora."

Mesmo com o susto do garoto, as coisas foram levando seu rumo. Eles se abraçaram, se beijaram... as coisas simplesmente aconteceram. Sem previsão, sem roteiro, sem planejamento. Desta vez sem bebidas, sem "ondas". Ela fez porque quis. Eles se sentiram um só e, com certeza, aquela seria a melhor noite de suas vidas. 

--- "É... aproveite garotinha, essa noite vai ser inesquecível, eu sei." - disse Denise, um pouco mais velha, observando a si mesma detrás de uma árvore. Ela sorriu e sumiu na escuridão.


...........................................................

--- "O que eu faço agora cara?"

--- "Agora você se vira! Matheus que pariu que carregue!!!"

--- "Idiota! Eu não posso ser pai cara, não posso, não vou aguentar."

Naquela mesma noite, Titi fez sua mala, se despediu dos pais e foi tirar umas "férias" na casa dos tios. De algum modo, Timóteo não acreditava que seria um bom pai e, na sua cabeça, abandonar Aninha com a criança era a melhor vida que poderia dar à ela.


Notas Finais


Muito obrigada a quem leu, curtiu, comentou. Eu vou passar mais alguns capítulos mais tarde, não se preocupem. Desculpem mesmo a demora.
Comentem aí oque acharam. Beijos!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...