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História As cores e os sons - Calor natalino (Music and me)


Escrita por: Freakazoid

Notas do Autor


Olá, pessoal!
Espero que estejam gostando da fic! To adorando o caminho que ela está tomando. Se estiverem gostando de vero Ted com a Ash, deixem nos comentários, para eu saber o que acham deles! Eu, particularmente, adoro hauhauha

Capítulo 10 - Calor natalino (Music and me)


POV Ashley

                O sonho da noite anterior ainda martelava em minha cabeça enquanto meu corpo saía do estado de sono profundo e começava a emergir, tendo consciência de que a luz que penetrava as pálpebras era a luz da manhã. Eu estava estranhamente relaxada; não tinha a sensação de um sono bom por meses.

                Abro um pouco os olhos, experimentando a intensidade da luz. Me cega um pouco, mas eu abro mesmo assim. Cara, aquele sonho foi o mais bizarro de toda a minha vida (e olha que eu já tive muitos sonhos estranhos); crianças correndo, estábulo, gente transando, confusão, fogo, gritos, Ted me comendo... aquilo fora surreal.

                Começo a me mexer, lentamente, e bocejo. Quando, porém, me viro na cama, tenho um sobressalto, pois Ted Lupin estava deitado ali, sem roupas e dormindo feito uma pedra. Esfrego os olhos e dou tapinhas na cara pra ter certeza de que eu estava mesmo acordada, porque não poderia ser!

                Aquela transa foi real? Ele realmente viera da Toca pra me ver?

                Minha cabeça ainda me enchia de perguntas quando ele se vira na cama e também começa a acordar, provavelmente com minhas passadas pesadas pelo quarto.

                - Bom dia, Ash... - murmura ele, os cabelos desgrenhados ganhando uma cor dourada ao me ver.

                - Hum... bom dia? Ted, o que é que...?

                - Você não lembra? - pergunta ele, a voz embargada, um sorriso sonolento em seus lábios. Puta que pariu, o cara tava muito gato.

                - Do quê? - prefiro me fingir de idiota. É claro que eu lembrava, mas esperava que fosse um sonho! Porém, se ele estava deitado nu, em minha cama, sorrindo e sexy pra caralho, tudo indicava que aquele sonho fora bem real...

                - De ontem. De nós.

                Desvio o olhar, tentando dizer que não lembrava de nada, querendo achar minha voz imponente para botá-lo para fora. Mas não era simples daquele jeito... ainda mais com aquela visão em minha cama.

                - É, eu acho que lembro...

                Ele se senta, cobrindo-se com meu lençol e me encara. Uma parte do meu cérebro registra que, como ele, estou com zero roupas. Bem, se realmente transamos, isso não era mais um incômodo. E pra falar bem verdade, eu estava com uma sensação muito boa lá embaixo...

                Me sento na cama novamente, aceitando que nós transamos, ponto. Ele me abraça, beija minha boca, sorri.

                - Ted, eu não entendo... o que te fez sair da casa da sua família, em pleno feriado, pra me encontrar?

                - Já lhe disse. Percebi que você estava certa. Tudo o que você me falou ficou na minha cabeça, e depois...

                Ele deixa a frase morrer, mas eu sei que tem algo a ver com Vic, e peço para que continue.

                - Ah, Ash... foi uma confusão... - ele para por um instante, e percorre os olhos pelo dormitório - Vic e eu discutimos feio  durante o jantar de família porque... porque sem querer, me transformei, bem... em você.

                Ergo uma sobrancelha para ele, como que pedindo uma explicação. Se transformar em mim??

                - Não sei como aconteceu, eu lhe disse que não estava conseguindo controlar meus poderes! Então aconteceu no meio do jantar, ela saiu furiosa, e eu fui atrás. E então... foi aí que a vi de verdade. Ela me pediu para apagar minha memória... todas as minhas lembranças!

                - Como é?!

                - Sim, me pediu para apagar minha memória para que eu esquecesse que você existe. Eu.. me senti indignado. Ela não se importou se eu perderia todas as lembranças; disse-me que elas voltariam aos poucos. Até as dos meus pais, que eu consegui lembrar depois de muito esforço! Ela foi mesquinha, egoísta. Tentou realmente apagar minha memória. E então a mãe dela e meu padrinho chegaram, ao que ela terminou comigo ali.

                Quando ele terminou de falar, mal pude acreditar em meus ouvidos. Vic, mesquinha e egoísta, não se importando com o sentimento alheio?

                - Ted, eu... não dá pra acreditar.

                - Eu também não consegui conceber que Vic chegou a esse ponto. Mas aconteceu... e depois, tive uma conversa com meu padrinho. Ele me pediu que eu explicasse e falasse sobre você - ele me sorriu e eu baixei os olhos para minhas unhas irregulares, algumas longas e outras curtas, que refletiam exatamente o que eu era; uma desleixada. - Disse que você é inteligente, engraçada, forte... e que tem a voz mais bonita que eu já ouvi. E os olhos mais intensos que eu já vi.

                Quis dar risada e debochar, mas meu coração batia rápido. Eu estaria mentindo se dissesse que não gostava de elogios - eu só os ignorava na maioria das vezes. Mas, vindo dele, Ted Lupin, meu melhor amigo bruxo, o cara por quem me apaixonei pouco a pouco, era fantástico.

                Eu sorri, sem ter muito o que falar. Ele procurava meus olhos e eu fixei os meus nos dele. Eram castanhos (na maioria das vezes) e bonitos do seu jeito meigo. Era engraçado encarar alguém. Me lembro que poucas foram as vezes que encarei Miles. Ele tinha uns olhos azuis e um sorriso de malandro que sempre me derretia. Mas isso aqui era diferente. Ele não me olhava com desejo (pelo menos não apenas desejo), mas com ternura, admiração...

                Do mesmo jeito que eu olhava para ele.

                E, quando nossas bocas se encontraram novamente, nem foi preciso jogar as roupas no chão...

 

                É claro que não passamos o dia transando no quarto. A manhã foi reservada para isso. Quando descemos, já era a hora do almoço, e nós dois estávamos famintos. Foi ali também que percebi algo importante.

                - Ted, hoje é véspera de Natal!

                - Tem razão.

                Enquanto a comida aparece na mesa, fico em silêncio. Todos os meus natais, sem exceção, foram no Texas, comemorando com meus avós, tios e primos. Sem meus pais na maioria das vezes, mas, mesmo assim, era um dos momentos mais aguardados do ano. E agora, longe da família, sinto como se estivesse maculando uma tradição... observando Ted, percebo que ele também se sente assim.

                Nós deveríamos estar com nossas famílias, e eles com certeza queriam que estivéssemos com eles.

                Como que ouvindo meus pensamentos, Ted segura minha mão, sentado ao meu lado e diz:

                - Nós precisávamos disso, Ash. - ele aperta um pouco minha mão, como que ratificando sua afirmação.

                Sim, eu sabia que sim.

                E, enquanto me empanturrava com as delícias de Hogwarts, tinha a sensação de que não fora só por isso que decidi ficar ali.

               

                O resto da tarde foi bem agradável; fomos à Hogsmeade, compramos diversas guloseimas e jogos para nos entreter. Também comprei algumas caixas de fogos para soltar quando desse meia noite. Tomamos cerveja amanteigada no três vassouras, fomos à Casa dos Gritos, embora Ted não suportasse ficar ali por muito tempo. Rimos, principalmente eu, quando ele mudava a aparência para ora um gnomo de cabelo rosa choque, ora para um Papai Noel vestido de odalisca. Falamos sério, conversávamos como nos velhos tempos do primeiro ano; sem Vic.

                E em nenhum momento ele largou minha mão.

                É claro que as pessoas falariam bastante quando os feriados acabassem, pensei comigo mesma. Afinal, Ted Lupin e Victoire Weasley eram a única certeza dessa vida.

                Bom, eram.

                Assim, quando voltamos ao castelo, tremendo da cabeça aos pés, mas com diversas coisas para comer, uma parte de mim estava leve, mais leve do que nunca fora. Sentados, juntos em frente à lareira, comendo sapos de chocolate ele me pediu, de repente:

                - Toca uma música?

                Revirei os olhos, pronta para negar, mas ele insisitiu;

                - Por favor, Ash... Não tem ninguém aqui hoje, e os outros dois nem estão à vista.

                Vendo que ele insistiria por muito mais tempo se eu negasse, murmurei "accio violão" apontando a varinha para as escadas, e meu violão preto voou até mim.

                - O que quer que eu toque? Uma música natalina? - comecei a dedilhar Jingle Bell Rock, mas ele interveio.

                - Algo que você ame.

                Nossos olhos se encontram. Os dele estão intensos, e eu sei que ele fala sério. Ted me pegou desprevenida: sempre que alguém te pergunta "do que você gosta", parece que todas as coisas que você gosta somem da sua mente por um momento. Droga.

                Olho ao redor, procurando algo talvez escondidos na lareira ou embaixo das poltronas. Algo que eu ame? Vou mais fundo nas lembranças, procurando qualquer música que eu amo... mas é difícil escolher - amo tantas.

                Então uma memória longínqua me veio à mente, como se eu estivesse observando a mim mesma de uma janela embaçada. Num Natal tão ou mais frio do que este, uma Ashley de dez anos, sentada sozinha no quarto, enquanto os pais tinham uma de suas últimas - e piores - brigas, justamente na noite da véspera de Natal. A ceia até que começara bem, eles até que estavam tolerantes um com o outro por conta do espírito natalino. No entanto, alguns momentos depois, um telefonema bastou para que o cessar fogo terminasse. A mesa num instante estava no chão. Toda a comida deliciosamente preparada se espalhara junto com cacos de porcelana e vidro. E eu não vira mais nada; corri para meu quarto, me tranquei, tentei abafar os gritos e ofensas que os dois proferiam. Diversas vezes ouvi meu nome, e em todas, era jogado como uma peteca de um para outro. "Ela é sua filha... Ashley é o motivo pelo qual ainda não cometi uma loucura... a menina não merece um pai como você..."

                Eu não tinha ninguém naquele momento, queria sumir, ficar surda... peguei meu violão, o mesmíssimo que eu agora segurava e cantei sobre a única coisa que não me deixava.

                A música.

                - No music and me... Music and me.

                Eu voltara ao presente. Porém, da mesma forma que estava naquele dia, meu violão continha gotas tímidas de lágrimas. Apressei-me a limpá-las, mas Ted foi mais rápido.

                - Foi lindo... não chore, meu bem - seus olhos também estavam marejados. Ele me abraçou, e eu registrei quando ele me chamou de "meu bem". Suspirei, sugando um pouco de catarro no ato, e ele beijou o topo da minha cabeça. - Obrigado por compartilhar algo tão bonito comigo.

                Ficamos abraçados em silêncio por um longo tempo, até que, minutos depois, Ted quebra o silêncio:

                - Feliz Natal, Ash.

                Viro-me para ele, ainda com os olhos ardidos.

                - Feliz Natal, Ted.

                Aquele beijo delicado fez meu coração derreter, a despeito do frio lá fora. Aquele abraço, tão acolhedor, me fez perceber que as pessoas mais tristes são as que mais têm amor a oferecer. Ambos tivemos infâncias tristes, com momentos felizes, mas entendíamos a dor que a ausência poderia causar. O buraco no peito era enorme, a sensação de vazio torturava, e o pior era estar rodeado de pessoas e se sentir só. Nós sabíamos bem como era isso.

                Talvez por isso nos entendêssemos tão bem.

                Nenhum de nós fez menção de ir para o quarto. Ficamos ali, juntinhos, sentindo os corpos um do outro. Suas mãos deslizavam por baixo das minhas roupas, apertavam minha pele, mas eu sabia que estávamos cansados demais para mais uma transa. Ou talvez só não estivéssemos muito ansiosos para transar na sala comunal.

                - Quer subir?

                - Hum...

                Ele me beija, apaixonadamente, e eu sinto o fogo subir de novo. Quero mais do que nunca arrancar aquele suéter de lã dele, aquelas calças de flanela e ter aquele falo em mim de novo.

                - Vamos para outro lugar - sugeri, um tanto desnorteada.

                - Para onde? - pergunta, enquanto funga meu pescoço e pratica a infame prática da mão-boba. - Podemos lançar um feitiço nas escadas para que eles não desçam e fazemos aqui no chão...

                Rio da sugestão, mas eu tenho uma ideia muito melhor.

                Puxo ele pela mão, enquanto agarro minha varinha e saio pelo buraco do retrato. O castelo está escuro e gelado, mas com certeza, não há ninguém à vista. Olho para Ted, receosa de que ele talvez quisesse gongar meus planos, mas o que vejo em sua face é pura adrenalina.

                Rimos silenciosamente, às vezes dando uns pegas no corredor. Quando chegamos ao destino que eu tinha em mente, ele arregala um pouco os olhos, mas, como eu, está ansioso pelo perigo.

                Entramos sorrateiros no Salão Principal, que reflete o céu límpido e escuro lá fora, com algumas nuvens que fazem nevar levemente. A lua cheia está brilhando tanto que as mesas do Salão refletem-na como um espelho.

                Fecho a porta, com um frio na barriga. Olhamos ao redor para ter certeza de que ninguém está por lá. Ted murmura um alohomora e tranca as portas - muito embora qualquer um possa abrí-la.

                Sem nos preocuparmos com mais nada, nos beijamos ali mesmo. Ted me ergue pelas pernas e me coloca em uma das mesas. Beijando meu pescoço, minha clavícula, até erguer meu casaco e beijar meus seios. Ele se deita por cima de mim, o desejo misturado com o medo, e a adrenalina de estar ali deixa tudo muito melhor. Quando ele finalmente entra em mim, sinto o mundo girar, as paredes, o teto, ouço meu nome sendo sussurrado... não na voz de Ted...

                O prazer ofusca um pouco meus pensamentos, mas, mesmo no melhor dos orgasmos, qualquer um perceberia que o lugar em que se está transando mudou.

                Eu não estava mais deitada numa das mesas do Salão Principal.

                Ao invés disso, Ted e eu estávamos semi nus com roupas de inverno nos comendo numa clareira ensolarada.

               

               

               

                



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