História As Crônicas Das Províncias Celestes - Quase Perco a Minha Orelha por um Machado

~Taylor~

 O Único lado bom dos encontros com todos os reis e rainhas é que podemos fazer uma festa no pijama, mas hoje, tivemos que começar o treinamento. O que é horrível. Não trouxe uma roupa apropriada para isso. Meu vestido era como o céu, em um dégradé da manhã até a noite, com todos os tons de azul possíveis. Não uso joias, apenas a minha tiara, como todas as meninas no salão de treino. Todas com um vestido de festa enorme e muitas joias, de todas as cores e tipos. Alison é a única que se destaca, pois usa um uniforme de couro e o seu cabelo está transado em uma forma comum. Os príncipes estão usando ternos. Cada um com uma rosa na lapela e uma coroa menor que a do rei, feita de prata.

 A sala de treino é enorme. Existe uma mesa de uma ponta a outra da sala, com vários tipos de armas que você possa imaginar. Desde a mais antiga até as mais recentes. Estela está praticamente babando em cima de todas as armas. Eu bem que me identifico com ela, mas eu prefiro os livros da biblioteca, que é cinco vezes maior que a sala de treino. E todos nós estamos desconfortáveis tendo de treinar com roupas de festas.

 Alison pediu para as suas criadas trazerem um uniforme para Lana e para mim, pois vestimos o mesmo número, mas não se pode dizer o mesmo das outras meninas. Os príncipes estão sempre preparados, então estão indo de dois em dois para trocar de roupa.

 Chris e Carlos são os últimos a ir e são os que mais demoram. E obviamente estão brincando no vestiário. Esses dois nunca podem ficar sozinhos juntos. Desde dois anos atrás em que eles se assumiram e começaram a namorar. Eu adoro os dois juntos. São tão fofos e divertidos.

  - Vocês dois! Saiam do vestiário já! Façam isso a noite! Por favor! – grita Estela, já impaciente – Vamos logo. Temos que treinar

 Todos começam a rir, até mesmo os dois, que saem de mãos dadas e corados. Depois que os dois chegaram, as criadas chegaram junto, carregando uniformes iguais aos da Alison. A diferença são as cores, em que o de Alison é roxo, o de Lana é laranja e o meu azul. As nossas cores favoritas.

 Depois de arrumadas, o instrutor Jacob Stuart, um camponês simples da constelação de Orion, chegou de cara fechada, com as costas eretas e uniforme militar. Jacob usa uma faixa que lhe corta o peito, do ombro direito até a o lado esquerdo da cintura. Não consigo nem olhar a cor da faixa, pois ela está cheia de medalhas.

 - Vamos começar logo esse treino – diz Jacob, com o seu sotaque carregado do sul – Só porque são da realeza não quer dizer que pegarei leve com vocês!

 Eu mesma já vi que será difícil esse longo mês. “Para iniciar” como ele diz nos penduramos em barras altíssimas de ferro, pulamos de plataformas de madeira cada vez mais altas. Temos que atiras com arcos e armas de fogo em alvos distantes e com tamanhos variados.

 Para entrar em um clima de competição, o treinador colocou uma tela gigante azul-claro na parede, mostrando um ranking com todos os nossos nomes. E é claro que o nome de Estela estava em primeiro lugar, e o meu em último. Sou uma amiga dos livros, não das armas. Prefiro estudar à esportes. Quando criança, na escola, me chamavam de “Tay, a Enciclopédia Humana” ou “Tay, a Menina Gênio”. Se não fosse pela Allie e pela Lana, eu continuaria solitária. Elas são as minhas melhores amigas, e elas me ajudam sempre que preciso. Hoje é um desses fatídicos dias em que preciso das minhas amigas para me apoiar.

 Treinamos sozinhas arremessos de facas no outro canto a sala. Estamos sempre deslocando de um lado para outro. Para que ninguém possa nos observar enquanto treinamos. Passamos pelas barras, em que Lana se segurava com força enquanto eu caí e quase torci o meu tornozelo. Passamos pelas plataformas, em que Allie saltava com graça e eu arranhava a face na madeira. As armas. Os arcos. As lutas. Todos em que tentava, falhava drasticamente, o oposto das minhas amigas. Enquanto eu já estava toda descabelada e com a trança desfeita, encharcada de suor e com arranhões e vergões por todo o corpo, Allie e Lana permaneciam intactas, perfeitas.

 Mas não desisto. Como todos dizem, sou de Touro, e os Touros são fortes, resistentes e confiantes. Nunca desistes. Nunca Recuam. E como futura rainha de Touro, eu serei assim um dia. E a mudança começa já!

 A única parte boa de tudo isso é que consigo arremessar coisas muito bem, como quando acertei a cabeça de Victoria com a minha sandália na sexta serie, ou quando consegui acertar uma bolinha de papel no olho da professora na oitava serie. Todas me resultaram em uma suspensão.

 Arremesso de facas eu tiro de letra. Eu estava me preparando para o meu primeiro arremesso quando escuto m zunido no meu ouvido. Quando olho para frente há um machado no cento do alvo. Olho embasbacada para trás e vejo Estela, sorrindo. Passo a mão em mira orelha e vejo que ela fez um pequeno corte na ponta.

 - Você ficou louca? Podia ter me matado você sabia? – Grito para Estela

 - Calminha Menina Prodígio. Foi só uma brincadeirinha!

 - Uma brincadeira de muito mal gosto – diz Lana, sem nunca perder a classe e aumentar o tom de voz, pelo contrário, ela sempre o diminui – e se você a acertasse de verdade?

 - E ela não o fez? – grito, já ficando histérica e sem voz, apontando para o pequeno corte na minha orelha

 - Calma Tay, vou leva-la para poder limpar e fazer um curativo – diz Allie, sempre sendo bondosa

 Depois de limpa e com um pequeno curativo, voltamos para a sala de treino. E seguimos assim por dias. Já na segunda semana, o treino muda por completo, e eu vejo que subi no ranking. De décimo terceiro passei para sexto. E com essa noticia eu começo a pular de alegria.