História As crônicas de Fortinelli - Novos rumos, novas histórias

 Já era seu vigésimo primeiro ciclo quando Helena decidiu sair da casa dos seus avós, Levi e Sarah, e ir morar na cidade. Ela havia se tornado uma grande caçadora e ótima costureira,  conseguindo assim um emprego em um dos muitos ateliês do reino, onde artesões costuravam as roupas dos reis e dos seus cavaleiros. Ela estava muito animada com todas as mudanças que estavam por vir em sua simples vida.

 Naquele mesmo mês seria o décimo nono ciclo da princesa Lunna,  o que deixava todo o reino atarefado. Lunna estava entrando na fase adulta, em breve casaria e assumiria o trono.

 Todos do reino amavam e respeitavam a família real e por isso trabalhavam dia e noite para a grande festa que estava por vir. Alguns camponeses seriam convidados para ir à festa no castelo, e todos estavam anciosos para o dia da entrega dos convites.

- Será que seremos convidados?-Perguntou Helena a dona do ateliê onde começara a trabalhar. 

- Não conto muito com isso Helena.

- Mas trabalhamos tanto Angela, não acha que deveríamos ser convidados?

- Claro que deveríamos. Mas não acho que irão querer nos ver lá. Será uma grande festa. Um baile real. Não se trata de uma mera celebração, é a festa de comemoração de dezenove ciclos da princesa Lunna. Você realmente acha que irão convidar uma costureira velha e sua ajudante que ficam dia e noite curtindo peles de animais mortos?- Angela disse gesticulando bruscamente.

- Mas o que fazemos é importante. E ouvi dizer que qualquer um pode ser convidado.

- Isso são apenas boatos. Por acaso você acredita que irão deixar qualquer um entrar no castelo e sentar-se à mesa do rei e sua família? 

- Talvez sim. Não sei a ti, mas eu já estou aprontando o meu vestido.

- Contanto que não deixe de fazer o seu trabalho, pode fazer quantos vestidos quiseres. Só não fique desapontada quando não chegar convite algum.

 Helena revirou os olhos e voltou ao trabalho. Ela estava convencida que iria ao castelo. E não era a única. Todos imaginavam como seria grandioso o tal evento. 

 No castelo todos estavam atarefados. Servos andando de um lado para outro, cozinheiros criando novos pratos, floristas arrumando arranjos. Todavia ninguém estava mais animado que a rainha Ana.

- Bom dia filha. 

- Bom dia mãe. 

- Como você está?  Está animada?

- Sim. 

- Essa minha pergunta foi muito estúpida,  não acha?  É óbvio que você está animada. Por que não estaria?  Está ficando adulta e em breve se casará e assumirá o reino. 

- É com isso que eu estou resultante. - Disse Lunna desmanchando seu lindo sorriso. 

- Como assim? 

- Todos escolhem o que vão ou não fazer. Escolhem com quem irão casar-se e eu não. Não posso escolher que rumo tomar. Meu destino já está traçado. 

- Sei como se sente filha, também já passei por isso. Mas veja onde cheguei. 

- E a senhora nunca se arrependeu? Nem um único dia?

 A verdade era que Ana havia se arrependido,  todos os dias da sua vida. Assim como Lunna, Ana não escolheu seu destino, este foi traçado logo cedo pelos seus pais. Seu país estava em crise e a única saída era uma aliança com outro reino. Mas após seu pai morrer em uma batalha e sua mãe não conseguir governar sozinha e assim renunciar a coroa, Ana viu que aquilo tinha sido o melhor para ela.

- Não. Claro que não. -Respondeu Ana. -Pois eu amo você e seu pai. Logo você verá que isso é o melhor para você e me agradecerá.

 Lunna não concordava, nem tão pouco aceitava aquilo. Parecia muito errado. Ela ainda não estava convencida e pelo visto não iria convencer-se disso tão cedo.