Os mensageiros saíram cedo. Antes mesmo do sol nascer, já estavam pelas ruelas do reino entregando os tão aguardados convites.
Helena levantou-se cedo e foi correndo ver se algo havia chegado.
- Levantou-se cedo hoje, Helena?
- Chegaram? - Perguntou Helena enquanto revirava algumas peles em cima da mesa.
- O que?
- Os convites!
- Não. Não chegou nenhum convite. Eu te avisei.
- Mas...
O semblante de Helena mudou instantâneamente. A sua animação foi tomada pelo desapontamento.
- Helena?
- É que eu estava tão animada.
- Não fique assim. É só uma festa. Agora vamos, temos muito trabalho a fazer. A senhora Martins virá buscar seu vestido hoje. Já está pronto?
- Sim eu fiquei até tarde ontem terminando de aplicar as contas.- Disse ela retirando o vestido da cesta e deixando cair algo. - O quê é...? Oh meu Deus!
- Desculpe mentir para você. Queria fazer uma surpresa.
- Eu não acredito! Nós vamos à festa da princesa.
- Nós não. Você. Eu não quero ir à festa nenhuma.
- Vamos lá Angela. Você nunca quis conhecer o castelo?
- Sim, mas isso era quando eu era jovem. Não ligo mais para isso.
- Mas você vai ficar aqui sozinha?
- Já fiquei tantas vezes. Não se preocupe. Mas, não ache que vou te deixar ir para essa festa sem me ajudar primeiro.
- Claro que não. Vou começar a costurar agora mesmo.
≈≈ ≈≈ ≈≈ ∞ ≈≈ ≈≈ ≈≈
O dia da festa havia chegado e todos estavam muito animados. A princesa Lunna tomou seu café da manhã e foi para a última prova do seu vestido.
- Você está linda.
- Papai!
- Como se sente? Está animada? Sua mãe cuidou para que tudo fosse perfeito.
- Sei. E eu agradeço.
- Lunna. Você está bem?
- É que a mamãe me diz, todos os dias que eu estou crescendo, logo logo vou casar, governar o país... Isso é muita...
- Pressão?
- Eu não quero me casar agora, muito menos com alguém que não amo. Eu sei que a mamãe já está procurando alguém para mim, e isso é um tanto desconfortável.
- Sei como se sente. Eu também não gosto da ideia de dar minha filhinha em casamento. Mas você não deve se preocupar com isso. Principalmente hoje. Quero que se divirta e que faça novos amigos, de preferência meninas.
Lunna riu.
- Eu te amo filha.
- Também te amo papai.
O baile começou e todos foram cumprimentar a princesa, incluindo Helena.
- Olá. - Disse alguém que estava perto dela na fila.
- Olá.
- Qual seu nome?
- Helena e você?
- James. Acho que já lhe vi em algum lugar.
- Deve ter sido no ateliê da senhora Angela. Eu trabalho lá.
- Não... Ah! Eu te vi na floresta, caçando.
- Sério?
- Sim. E por falar nisso, fiquei impressionado com sua habilidade.
- Obrigada. E oquê você fazia na floresta?
- Cortando lenha.
- Hum... Bom, agora é a minha vez de comprimentar a princesa. Com licença.
- À vontade. - Disse James curvando-se diante da moça. - Nos vemos em breve?
- Talvez.
- Bom, agora eu sei onde você trabalha...
Helena sorriu e foi ao encontro da princesa, que não parecia muito animada.
- É um prazer conhece-la, alteza.
- Me chame de Lunna. Qual o seu nome?
- Helena.
- Onde mora?
- Eu morava no campo com os meus avós, mas consegui um emprego em um ateliê na cidade e agora estou morando lá.
- Seja bem vinda.
- Obrigada. Se a vossa majestade me permite...
- Lunna, me chame de Lunna.
- Oh, sim, Lunna. Eu gostaria de fazer uma pergunta. Por quê não está se divertindo? É a sua festa.
- Bem... É que... Não tenho companhia.
- Bom, agora tem. Quer caminhar um pouco?
- Claro.
As duas foram juntas até o jardim do castelo e lá ficaram conversando.
- Uau, esse jardim é lindo.- exclamou Helena ao ver a diversidade de flires existentes alí.
- Sim, venho aqui às vezes.
- Às vezes? Se morasse aqui, eu viria o tempo todo.
Lunna sorriu.
- Então, você trabalha em um ateliê?
- Sim. Fazemos vestidos, calças, sapatos... Tudo.
- Uau! Eu sempre quis aprender a costurar, porém meus professores não me ensinam esse tipo de coisa. Só aprendo leis e coisas do tipo.
- Eu costuro desde criança, minha mãe me ensinou. Mas o que eu gosto mesmo é de caçar.
- Caçar?
- Sim, sei que todos dizem que não é coisa para uma dama, porém é o que eu mais gosto de fazer.
- Eu não penso isso. Na verdade eu até já fiz algumas aulas de arco e flecha escondida.
- Sério? Não imagino a Vossa majestade fazendo isso.
- Sim. Um dos guardas é meu amigo e ele me deu algumas aulas.
- Nunca pensei que Vossa Majestade gostasse disso.
Lunna riu.
- E sua mãe? Onde está? Ela veio à festa?
- Não, ela não veio.
- Por que? Não enviei convites suficientes? Me perdoe. Eu queria convidar a todos , mas não foi possível.
- Não. Não foi isso. A minha mãe morreu faz alguns anos.
- Eu sinto muito.
- Não tem problema.
- E seu pai?
- Não sei. Eu não o conheci. Eu fui criada pela minha mãe e meus avós. Eles nunca me contaram nada sobre ele.
- E nunca procurou saber?
- Não.
- Por que?
- Acho que não faz muita diferença para mim.
- Eu não concordo. Acho que você deveria conhecê-lo. Eu não sei o que faria sem o meu pai. Ele está sempre do meu lado.
- Imagino. Todos falam muito bem do rei.
- Princesa Lunna! - Surgiu uma voz atrás das duas.
- Matias, o que foi?
- Sua mãe está à sua procura.
- Ah, já era de se esperar. Tenho que voltar, Helena.
- Não tem problema. Foi uma honra conversar com você.
- O prazer foi meu. Obrigada por me distrair um pouco.
- Por nada.
Lunna foi com Matias, o guarda, para o salão e Helena ficou ali por mais um tempo.
- Olá. Novamente.
- Você de novo?- Disse Helena ao ver o rapaz com quem tinha falado.
- Parece que nosso reencontro foi mais próximo do que esperava.
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