Um cervo entre os arbustos destraído comia algumas frutas caídas no chão. Helena esgueirou-se com todo o cuidado e tirou sua flecha da aljava, encaixou-a no arco, fechou um dos olhos e mordendo o lábio inferior mirou no animal. A voz em sua cabeça fazia a calma e precisa contagem regressiva 3...2...1...
-Madeira!!!
O som de um grito e de uma árvore caindo ao chão espantou o cervo. Fazia tempo que Helena não caçava nada. Aquela era finalmente sua chance de sair do vermelho e esta, infelizmente, saiu correndo. Ela não ia deixar aquilo passar em branco.
- Quem foi o idiota que fez isso?
- Olha só! Helena? - Disse James.
- Foi você que fez aquilo?
- Aquilo oque?
- Que fez o favor de espantar o cervo.
- Me desculpa. Eu não sabia que você estava caçando.
- Pois agora sabe e acho melhor parar de me atrapalhar.
- Me desculpa.
- Desculpas não vão trazer o cervo de volta. Você sabe o quanto é frustrante? Lenhador idiota.
- Desculpe? Você me chamou de idiota?
- Está surdo?
- Até que para uma costureira você é bem grossa. Onde estão seus modos?
- Deixei com o cervo que espantastes.
- Meu Deus! Sério?
- Olha, deixa para lá. Eu vou para casa.
- Quer companhia?
- Não. Eu não ando com estranhos.
- E quem era que estava andando com a princesa na noite passada?
- Olha aqui, eu te conheci ontem, não lhe devo nenhuma satisfação. Agora com licença.
Helena voltou muito irritada. Estava furiosa com o que acontecera. Ela ficava muito frustrada quando perdia um animal. Chegou no ateliê e enquanto tirava suas botas e as colocava ao lado da porta, era possível ouvir seus resmungos.
- Helena?
- Oi.
- O que aconteceu?
- Nada. O idiota do James espantou o...
- James? Quem é James?
- Um lenhador. Eu o conheci ontem, na festa da princesa.
- Ah sim. É sobre isso que eu ia falar com você. Um dos guardas do palácio trouxe um envelope para você.
- Um envelope? Para mim? Onde está?
- Na sua mesa.
Helena pegou o envelope. Seu nome estava escrito nele.
- O que é?
- Querida Helena, foi um prazer conhece-la e conversar contigo a noite passada. Gostaria de convidá-la para vir ao castelo e tomar um chá comigo no dia 8. Uma carruagem irá lhe buscar antes do pôr do sol. Estou anciosa para nos encontrarmos novamente. Assinado Princesa Lunna.
- A princesa te convidou para tomar chá?
- Bem parece que sim.
- Mas isso é maravilhoso!
- Sim. Mas, o que eu vou vestir? Eu nunca fui à algum lugar para tomar chá.
- Helena. Nós trabalhamos em um ateliê. A roupa é o de menos não acha?
- Tem razão. - Disse Helena rindo. - Um chá com a princesa. Uau!
O dia do chá chegou e Helena estava muito nervosa e anciosa. Andava de um lado para outro. No começo da tarde ela já não se continha. Até que um novo cliente no ateliê lhe tirou a atenção.
- O que faz aqui? - Ela perguntou.
- Vim fazer uma encomenda.
- Desculpe mas estamos cheias.
- Não me diga que ainda está brava pelo cervo.
- Não estou.
- Então vai aceitar minha encomenda?
- Sim. Oque você quer?
- Quero uma bota nova. E quero que façam com essa pele. - Disse James colocando uma pele de veado já curtida sobre a mesa. - Eu trouxe essa bota velha. Pode fazer do mesmo tamanho dela.
- Não, não, não. Tire essa bota fedida da minha mesa.
- E onde coloco?
- Em lugar nenhum.
- E como você vai...?
- Eu sou uma profissional. Não se preocupe.
- Tudo bem.
- Bom, agora você pode ir. Eu tenho um compromisso e não posso perder tempo.
- Compromisso? E por acaso isso tem a ver com a princesa?
- Como você...?
James pegou o envelope que estava sobre a mesa e começou a lê-lo.
- Convidada para tomar um chá com a princesa. Nossa!
- Está surpreso?
- Sim.
- Diferentemente de você eu tenho classe.
- Ah é?
- É.
James sorriu.
- Então tudo bem. Eu vou em bora. Depois volto para pegar as botas.
- Vão ficar prontas em...
- Não se preocupe eu passo aqui todos os dias para ver.
- Ver oque? As botas?
- Também.
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