História As Crônicas De Leão: A Guerra, A Maldição e A Reencarnação. - Capítulo Trinta e Dois: O Recomeço

Capítulo Trinta e Dois: O Recomeço

~Narrador~

Naqueles anos que se seguiram, os que restaram tomaram caminhos diferentes. Pois os laços que os mantinham unidos, não existiam mais, e esses laços eram Whitte e Sarah.

Tayna por muito meses ficou abatida, ela se sentia tão impotente... nunca esqueceria Sarah, sua irmã..., na verdade... como poderia ?. Pelo pouco tempo que passaram juntas, Tay criou um grande laço afetivo para com a loba de olhos dourados. Mas Siman estava lá para conforta-la, logo os dois se uniram em sagrado matrimonio. Um ano se passou. A bela toca do casal era ideal para começar uma família, uma nascente de água potável ficava bem perto juntamente com uma floresta onde eles caçavam. No ano seguinte, Tayna se viu gravida, eles seriam pais. Não só de um filhote, mas de duas.

Dania passou quatro anos mergulhada em um mar de depressão, todos os dias chorava, não comia, não bebia, não dormia, a ficha não caia, ela não queria acreditar que nunca mais veria sua filhote, ela desejava ter morrido em seu lugar; Zack sempre deu força para sua esposa, mas ele não pode escapar daquele sentimento... o sentimento que o corroía por dentro. Seu eu tivesse chegado mais cedo... talvez... talvez aquilo... poderia ter sido evitado... era isso que eles pensavam; o tempo passou e a grande parte da tristeza dos dois deu lugar ao amor, mas eles sabiam que nunca superariam isso, Whitte era unica, Whitte sempre será a filhote deles. Eles se apoiavam um no outro, sua amor era tudo que restara e eles precisavam protege-lo.
Eles estavam alheios a toda aquela situação que se passara, estavam alheios ao proposito de tudo aquilo. Mas isso não durou muito tempo, pois estava na hora do sucessor assumir seu lugar de direito. Cinco anos após aquele fatídico dia, o destino escolheu Zack com o novo Oráculo, e ao lado dele estava Dania, unidos pelo amor os dois se tornaram imortais e passaram a governar o reino das estrelas, sempre aos olhares atentos de Angel, que os guiou desde o inicio.

Quanto ao lobo negro... Shadow, não se sabe. Porém, sabe-se que em todas as primaveras, Shadow visita a colina onde as duas repousavam.

***

A Decima oitava Primavera.

O pôr do sol deixava o lugar dourado e a briza balançava a campina de tal maneira que... era como uma sinfonia, o lobo sentia a grama aquecida pelo sol em suas patas, lentamente ele caminhava, logo estava aos pés dos carvalhos, ele nada disse, apenas se sentou e observou os pássaros que voavam... fazendo companhia aquele céu solitário...

Ele olhou para a árvore atrás de si, e viu que duas folhas se desprendiam de seus galhos, caindo lentamente, mas elas não chegaram a tocar o chão, pois junto a brisa da tarde elas se foram pelo céu... se perdendo na imensidão...

_Entendo_pensou o lobo.

E então ele se levantou,
No topo da colina o lobo negro tinha seus pelo penteados pelo vento, ele encarava o horizonte enquanto a última luz do dia refletia em seus olhos.

***

Ao todo, dezoito anos...

Dezoito anos já se passaram desde aquele dia...

*** 

As ultimas luzes do sol já estavam se esvaecendo; atrás de um arbusto Natália estava agachada, aquela era uma ótima floresta para caçar; seus olhos estavam fixos em um coelho que desfrutava de uma amoreira, ela se preparava para atacar, quando....

_Mana, papai e mamãe disseram que agente tem que voltar antes que anoiteça_dizia Dália, sem a menor cerimonia.

_Ei ! você espantou o coelho_reclama Natália com uma voz manhosa ao ver que sua presa desaparecera entre o verde da vegetação.

_Desculpa, amanhã eu te ajudo e pegar outro_fala Dália se sentindo um tanto culpada.

_Ok, mas.... acho que ele não deve ter ido muito longe_diz Natália, levantando as orelhas e farejando o ar, em busca de algum sinal de sua presa.

É ai então que ela ouve o barulho de galhos secos se quebrando no meio do silencio infinito do local, te achei... coelhinho, pensa ela. A loba sai em disparada até o local do barulho, deixando Dália ´´a ver navios``.

_Ei!_Dália tenta chamar pela irmã, mas essa já estava longe_fala sério... ela sempre foi cabeça dura, vou ter que ir atrás dela, quando agente chegar em casa, vamos levar a maior bronca..._resmunga Dália e quanto andava mata adentro.

Enquanto isso, Natália andava lentamente enquanto procurava sua presa embaixo dos arbustos. O sol já não estava mais lá, e a folhagem das imponentes árvores se uniam, impedindo qualquer luz de tocar a terra, a loba contava com sua visão noturna e com seus sentidos aguçados. 

_Coelhinho... coelhinho cade você_sussurrava ela. Já estava quase desistindo... Mas por estar muito concentrada em seus pensamentos ela não percebeu o que estava na sua frente e acabou por se chocar em algo peludo e quente.

O impacto fez com que a loba caísse sentada no chão. E ao olhar para cima viu um enorme lobo negro. O lobo tinha a iris direita vermelha e a esquerda azul-esverdeada e o mais interessante era que a pupila esquerda era contornada por uma cor lilás. Ao perceber que estava encarando demais, Natália, se levantou bruscamente e deu passa para trás.

_D-Desculpe_disse ela enquanto se sentia corar diante do lobo estranho, assustador e ´´suspeito``.

Quanto ao lobo, cada fibra em seu ser formigava. Onde estavam seus pés? Ele sentiu como se estivesse flutuando em câmera lenta. Ele olhou para baixo para ver se suas patas estavam realmente no chão. Seu rosto estava quente, como todo o seu sangue correu para sua cabeça ?. O que estava fazendo seu coração? Vibrava, pulava e saltava, batia em um ritmo frenético. 

Ele já havia imaginado muito esse momento, mas agora... não sabe o que fazer.

Seus pelos totalmente negros brilhavam na escuridão. Ele limpou a garganta enquanto se aproximava, um sorriso nervosamente curvado esticava as bordas de sua boca. 

_Esta perdida ?_ele perguntou.

Natália estava assustada, ela achava aquele lobo muito ´´suspeito``.
Ela negou nervosamente com a cabeça. Estava se preparando para dar meia volta e sair dali, mas ela percebeu uma coisa... estava perdida...
Abaixou as orelhas por cauda da frustração. Perdida e com um estranho... pensou.

_Você esta perdida, né ?_disse ele_ela nunca muda... _pensou.

E ela assentiu com a cabeça tristemente.

_Irei te ajudar_disse ele se aproximando, e isso deixou ela mais nervosa.

Confiar ou não, em um estranho ? o que posso fazer ? não tenho escolha... E afinal, onde estou ?!

_Ok_Natália falou com uma voz extremamente baixa, foi até difícil de escutar. O lobo sabia que ela estava assustada, ele não poderia fazer ou dizer nada estranho, pois terminaria assustando a lobinha, e isso era uma coisa que ele não queria.

Assim ele se pôs a farejar o caminho pelo qual ela andara até chegar ali, ele olhou para a loba e disse:

_Venha, vou te levar para casa.

***

Quanto a Dália...

_Não acredito !!!_rosnava de raiva_Não sei como voltar pra casa ! Não sei onde estou ! Não sei onde Natália está !!!.

Ela bufa, e se deita no chão com tudo.

Mas então, uma voz ecoa entre as árvores:

_Tenha paciência minha jovem...

Dália direciona sua atenção para o lugar de onde a voz veio, ela observa atentamente a cena a sua frente; um lobo negro, cujos olhos mostravam o fogo, não qualquer tipo, mas o fogo das trevas... repleto de dor e sofrimento capaz de queimar até o próprio mundo inferior, o lobo parecia sedento por sangue; ao lado dele jazia uma árvore negra feita e carvão, e em um de seus galhos estava uma coruja de olhos âmbar que parecia ler a alma da loba.

Aquilo definitivamente causou um certo medo nela... 
Mas...

_Não é fácil ter paciência diante dos que a têm em excesso_rebateu Dália. Realmente... ela sempre foi do tipo que responde na cara.

_Paciência e perseverança tem o efeito mágico de fazer as dificuldades desaparecerem e os obstáculos sumirem_disse o lobo, um pouco frustrado por seu ´´teatro de terror`` ter ido por água abaixo.

_Ô coroa, paciência né meu forte não_disse ela. Ai, nossa... pego pesado_E quem é você hein?_perguntou. Por um momento se fez silêncio, na verdade quem já estava sem paciência era ele...

_Eu sou..._ Ai, quanto suspense...

***

O sol começara a aparecer, fios dourados de luz passavam pelas aberturas entre as folhas das árvores, a floresta parecia brilhar com aquela mistura de cores. Foi bonito, Mas o que lhe tirava o fôlego era o que os rios de luz revelavam à distância. Natália. Ele parou por um momento só para olhar para a loba que apreciava o aroma de algumas flores silvestres.