Ana olhava pela janela enquanto os aviões passavam e faziam o maior barulho. Sua mãe a pegara pelo pulso.
- Vá para o esconderijo, agora! – Gritou para Ana.
Ela obedeceu, mas antes de abrir a porta se virou.
- E o Thomas? – Ela perguntou.
A mãe desesperada gritou pelo menino que estava correndo com um bebê no colo.
- O que é isso? – A mãe perguntou.
- Eu o achei sozinho. Deve ser um sobrevivente. Não podia simplesmente largá-lo! – Indagou Thomas.
A mãe impaciente tomou o bebê e empurrou Thomas e Ana para dentro de um esconderijo que ficava no subsolo ao lado da casa. Ela fechou a porta e ali ficaram.
- Você está bem? – Perguntou Thomas a Ana quebrando o silencio.
- Estou. Você poderia me preocupar menos, sabia? – Ela sorriu e ele também.
A mãe veio por trás e deu um tapa no rosto da menina.
- Isso é hora de brincar? Ou de sorrir? Faça-me um favor e cale essa boca! E você Thomas vê se faz algo útil! Veja se os aviões já foram.
Thomas olhou tristemente para Ana, desejando poder fazer algo para defender a irmã, mas acabou desistindo ou poderia acontecer algo pior. Ele deu uma olhada.
- É eles já foram. – Indagou sussurrando.
***
Ana e Thomas estavam na estação junto a mãe e ao bebê. Ana não parava de encarar Thomas. E ele a ela.
- Temos mesmo que ir? – Perguntou Thomas.
- Sim. Lá estarão seguros. E não vou ver mais vocês. – Suspirou um tanto aliviada. – Que pena!
Ana sabia que sua mãe não gostava deles. Especialmente dela...
- Vai cuidar do bebê não é mesmo? – Perguntou Thomas quebrando o silencio.
- Vou ver o que faço.
- Prometa. – Exigiu Thomas.
Eles se encararam por um segundo. Ela parecia que ia explodir.
- Tá! Tanto faz... – Resmungou. – Mas não pense que vou ficar com ele.
Thomas sorriu. Só de conseguir convencê-la já era alguma coisa. Ana observava o bebê com atenção. Deveria ter um ou dois anos de idade... ou nem isso... o que seria dele? Estavam no meio de uma guerra. Ele teria pais? Se sim, o que aconteceu a eles?
- Ana, está na hora de ir. – Disse Thomas.
Ela obedeceu e seguiu em direção a mãe. A mãe se recusou a se despedir. Ela simplesmente ignorou Ana e abraçou Thomas, que sentiu um nó no estomago ao presenciar a cena. Thomas era um garoto alto de 17 anos. Ele tinha cabelos castanhos e olhos verdes. Ana também tinha cabelos castanhos longos e cacheados. Mas, seus olhos eram castanhos avermelhados.
- Para de viajar menina. – Indagou a mãe. – Entra no trem antes que seja tarde demais. – Ela disse saindo.
Sua mãe, Evana, tinha cabelos compridos e negros. E seus olhos eram verdes. Ela simplesmente saiu andando e se foi. Como se nem se importasse. Thomas olhou para a irmã angustiado.
- Vai ficar tudo bem. – Ele disse sorrindo para ela.
- Eu só queria saber o que eu fiz para ela me odiar... – Sussurrou Ana.
Thomas já não estava agüentando a cena, puxou-a pela mão e os dois entraram em um gabinete. Onde havia um garoto loiro de olhos azuis encarando o vidro. Ele logo os encarou.
- Me desculpe. Vamos procurar outro gabinete... – Disse Thomas.
- Não precisa. – Disse o garoto. – Estão todos cheios e eu não me incomodo.
Thomas e Ana se entreolharam sem graças e se sentaram. O garoto encarou Ana.
- Você não me é estranha... – Ele disse desconfiado. – Qual seu nome?
- Sou Ana. Ana Pevensie. – Ela disse esticando a mão para ele que ao invés de apertar, ficou encarando-a.
- Sou Thomas Pevensie. Irmão dela. – Disse Thomas quebrando o silencio constrangedor.
- Sou Pedro. Pedro Scrubb. – Ele disse arqueando as sobrancelhas.
Ana segurou a risada. Os dois logo perceberam. Pedro a encarou.
- Que foi?
- Não é nada... – Ela disse sorrindo.
- Me fale. – Ele disse sorrindo desconfiado também.
- Seu sobrenome... Scrubb... – Ela riu.
- Sabe Pevensie não é muito comum também. – Ele disse sorrindo.
- Scrubb é mais estranho. – Ela riu.
- Tem razão. – Ele suspirou. – Quantos anos vocês tem?
- Dezesseis. – Disse Ana sorrindo.
- Eu tenho dezessete. – Disse Thomas surpreso por Pedro ter se soltado tão rápido. – E você?
- Dezessete também. – Disse Pedro. – Engraçado...
- O que? – Perguntou Ana.
- Você parece ser uma criança.
- Como assim? – Ela perguntou um pouco entristecida com o comentário.
Thomas lançou a Pedro um olhar de repreensão que logo suspirou.
- Não estou falando de uma maneira ruim. – Ele se defendeu. – É que você parece levar as coisas á brincadeira... É difícil de achar pessoas assim hoje em dia. Especialmente agora. – Ele disse voltando a encarar a janela.
Ela olhou para o chão. Estava confusa, isso significava que ela era muito criança? Ou que ser uma criança nessas horas era bom?
O gabinete voltou a se abrir. Um cara grandalhão acompanhado de mais dois garotos logo indagou.
- Parabéns panacas! Foram selecionados para saírem daqui e me deixarem sentar, caiam fora.
Thomas e Pedro se encararam. Ele entrou dentro do gabinete olhou para Ana.
- Nossa você até que é bonitinha. – Ele indagou olhando-a de baixo para cima.
- Me deixa em paz. – Ela disse olhando para a janela.
- Ei! Ninguém fala assim comigo. – Ele disse mais forte e se aproximando.
Pedro e Thomas se levantaram imediatamente.
- Ela pediu para deixá-la em paz. – Disse Thomas.
- E o que os dois bobocas vão fazer?
- Nada. – Disse Ana interrompendo eles e entrando no meio. – Então por favor se dirija a outro gabinete. – Ela disse encarando o grandalhão.
- Eu acho que pedir “por favor” não vai ajudar. – Sussurrou Pedro.
Ela e o grandalhão se encararam. Ele sentiu um calafrio e virou-se para os outros dois.
- Vamos sentar em outro gabinete. – Disse ele saindo.
Thomas e Pedro dirigiram seus olhares a Ana. Como se ela tivesse feito alguma coisa. Mas ela só se sentou aliviada.
- O que foi que você fez? – Perguntou Thomas.
- Eu só fui educada com ele. Parece que as pessoas não tratam ele assim. – Ela disse olhando para os dois.
- Muito bem então... – Indagou Pedro encarando Thomas, que também ainda estava estranhando o que ocorrera.
O trem havia parado de andar, os três se levantaram.
- Esqueci de perguntar... – Disse Pedro. – Se estão aqui, para qual abrigo vão?
- Professor Kirke... – Disse Thomas lendo o papel. – Irão nos buscar nessa parada.
- Sério? Que coincidência... – Suspirou Pedro mostrando seu papel aos dois irmãos. – Eu também.
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