História As Crônicas de Nárnia - O leão, a feiticeira, o guarda roupa - Uma dose de confiança

Eles demoraram um tempo até voltarem a caminhar novamente. Thomas, Elizabeth, os gêmeos e Lexi ainda estavam maravilhados com o lugar. Ana andava um pouco afastada de todos. Pedro não conseguia acreditar naquilo. Será que o senhor Tumnus estava vivo? E se não estivesse? Quem faria isso? Como ele pode dizer a Ana que ficaria tudo bem? Agora ela estava tão triste que mal respondia quando falavam com ela.

 

- Temos certeza de que vamos achar ele. – Disse Elizabeth e todos estranharam sua “bondade”. – Você mostrou que esse lugar é real. Então milagres acontecem. Ele pode estar bem.

- Você tem que acreditar que ele está bem. – Disse Thomas.

- Porque? – perguntou Ana.

- Porque se você não acreditar, nós não acreditamos. – Ele disse e Ana sorriu. – Afinal, como Elizabeth disse, você descobriu esse lugar. Se não fosse por sua esperança nunca estaríamos aqui.

 

 No mesmo momento que ele disse isso, algo saiu de trás de uma das arvores. Um animal. Ele avançou na direção do grupo que saiu correndo.

 

- Aquilo é um lobo?! – Perguntou Elizabeth.

- Se eu não me engano, lobos trabalhavam para feiticeiras... Deve estar do lado da rainha! – Deduziu Lexi.

- Sim. – Concordou Ana. – Quando estávamos no senhor Tumnus eles tentaram nos pegar e-

 

 O pedaço onde Ana estava desmoronou. Ela se viu caindo de um penhasco enorme, mas ela caiu em cima de algo. Era um galho gigante. Estava quase quebrando.

 

- Ana! – Gritaram Pedro e Thomas.

 

 Ela gritou de desespero. O galho se partia cada vez mais.

 

- Me dêem uma corda. – Disse Pedro.

 

 Todos se entreolharam sem jeito. Pedro ergueu as sobrancelhas.

 

- Eu disse para trazer corda!

- Não sabíamos se isso aqui realmente existia. – Disse Ryan.

- Aqui. – Disse Elizabeth tirando uma da mochila.

 

 Todos direcionaram seus olhares a ela. Então ela realmente acreditara em tudo? Desde o inicio?

 

- Anda logo! – Disse ela e ele jogou a corda na direção de Ana.

- Eu não alcanço! – Disse Ana tentando pular e parando ao ouvir os barulhos do galho.

- Eu vou descer. – Disse Pedro.

- Não, eu vou. – Disse Thomas.

- Eu vou. – Disse Pedro de novo.

- Ela é minha irmã. – Disse Thomas.

- Ela é minha amiga. – Disse Pedro.

- Ah meu Deus! Sério que vão fazer isso agora? – Perguntou Lexi indignada.

 

 Eles ouviram um barulho e se viraram para ver o que era. O lobo estava bem na frente deles. Thomas entrou na frente de todos.

 

- Lexi e Elizabeth desçam com Brian e Ryan para baixo do penhasco.

 

 Elas obedeceram e Pedro ficou com Thomas.

 

- Pegue a minha irmã e desça com os outros. Eu seguro ele. – Disse Thomas.

- Mas...

- Eu vou ficar bem. – Ele disse pegando um galho para usar como arma. – Anda!

 

 Pedro desceu pela corda e viu Ana tentando não se mexer com desespero.

 

- Segura minha mão Ana. – Disse ele.

 

 Ana hesitou por um segundo. Ela continuava agarrada ao galho.

 

- Eu não vou deixar você cair!

- Não me faça confiar em você! – Ela pediu. – Por favor.

- Tem que confiar que eu vou te pegar. – Ele disse. – Eu juro que não vou te soltar.

- Jura? – Ela perguntou e ele afirmou.

 

 Quando eles se deram conta, viram que Thomas havia empurrado o lobo para o penhasco. Mas o lobo caira bem no galho onde Ana estava, fazendo-o despencar. Ana pulou e tentou alcançar a mão de Pedro, mas Pedro só conseguiu sentir os dedos de Ana relando nos seus. Ela estava caindo. Pedro não pensou, largou a corda e se deixou cair também. Abraçou Ana e agarrou-se no galho gigante. BUM!

 

- Ah meu Deus! Pedro! Ana! – Gritou Lexi que veio correndo na direção do impacto.

 

 Brian e Ryan ficaram paralisados de medo. Elizabeth cobriu a boca com as mãos.

 

- Ana! - Gritou Lexi cavando na neve. – Pedro! Onde vocês estão?

 

 Thomas chegou bem na hora. Ele viu a cena e sentiu um nó no estomago.

 

- Onde eles estão?! – Começou a cavar desesperado.

 

 Pedro conseguiu se levantar e percebeu que estava segurando Ana no colo. Ela olhou para ele ainda meio zonza.

 

- Obrigada. – Ela disse.

- Eu disse que não ia te soltar. – Ele disse e ela sorriu.

 

 Thomas e os outros vieram correndo na direção deles. Ana abraçou o irmão o mais apertado possível.

 

- Achei que... – Disse Thomas sem terminar a frase.

- Não vou te abandonar. – Ela disse sorrindo e ele sorriu também.

 

 Thomas estendeu a mão para Pedro, que a apertou como se fosse um comprimento.

 

- Obrigado por salvar minha irmã. – Disse Thomas.

- Isso porque você confiou em mim. – Ele disse.

- Vocês quase me matam de susto! Idiotas! – Resmungou Elizabeth e Ana e Pedro riram. – Não tem graça!

- Pessoal. – Disse Lexi. – Eu não quero ser estraga prazer, mas se aquele lobo estava atrás da gente, significa que tem mais.

- Sabemos disso Lexi. – Disse Ryan. – Pedro nos contou.

- Não. Vocês entenderam errado. Eu quis dizer literalmente! Lobos andam em matilhas.

 

 Ela disse e todos se entreolharam. Pedro fez um sinal de silencio e começou a correr e todos foram atrás. Eles estavam seguindo o caminho pela floresta congelada, quando Lexi tropeçou.

 

- Esperem! – Disse Ana a ajudando.

- Quem são vocês? – Perguntou alguém atrás do grupo.

 

 Todos se voltaram para ver quem era. Para a surpresa de todos era um garoto. Parecia ter a idade de Thomas e Pedro. Ele tinha cabelos compridos, moreno e estava ofegante. Provavelmente correndo dos lobos assim como eles.

 

- Quem é você? – Perguntou Thomas.

- Eu sou Caspian. Príncipe Caspian. – Ele disse vindo em direção a eles. – E vocês são?

- Os feiticeiros mais poderosos desta terra! – Disse Brian e Ryan riu.

- O que? – Perguntou Caspian se afastando.

- É brincadeira. – Disse Lexi puxando os irmãos. – Não liga para eles, adoram fazer isso. Sou Lexi. – Disse ela estendendo a mão. – Então você é o príncipe Caspian?

- Sim. – Ele disse olhando para mão de Lexi, não entendendo a forma de comprimento. – O prazer é todo meu.

- Quem é príncipe Caspian? – Perguntou Pedro.

- Está brincando não é? – Perguntou Caspian rindo. – Eu sou o próximo na linhagem para governar Nárnia. Minha família governa há gerações.

 

 Todos se entreolharam. Será que estavam mesmo diante de um príncipe? Lexi pegou um livro na sua mochila e começou a folhear.

 

- Aqui não fala sobre o príncipe Caspian X... – Disse Lexi. – Só fala do nascimento dele... Não fala mais nada.

- Tem um livro também? - Ele perguntou.

- Sim. Eu amava ouvir histórias de Nárnia quando era pequena.

- Eu também. É proibido no meu reino, mas eu sempre gostei. E eu não sabia que Nárnia era tão congelante...

- E não é. – Disse Ana. – Achamos que alguém fez isso.

- Quem? – Perguntou ele.

- Vamos mesmo confiar nele? – Perguntou Pedro.

- Você estava fugindo do que? – perguntou Lexi.

- Porque eu deveria confiar em vocês? – Ele perguntou.

- Porque nós deveríamos confiar em você? – Perguntou Thomas.

- Eu confio nele. – Disseram Lexi e Ana e todos olharam para ela.

- Eu também confio em vocês. – Ele disse sorrindo. – Mas só nelas.

- Idiota... – Resmungou Pedro.

- muito bem. – Disse Lexi se aproximando dele. – Preciso que você me conte... Do que você estava fugindo?

- Do meu tio. – Ele disse e todos se entreolharam confusos.