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História As Crônicas de Talkan (Interativa) - Mudanças


Escrita por: BreakerOfChains

Notas do Autor


Olá meus queridos navegantes!

Uma boa noite para vocês! Espero que gostem desse capítulo que, eu particularmente, amei escrever!

Vou tentar fixar as postagens aos domingos, acho que vai ficar mais fácil pra mim, pelo menos espero que sim.

Dessa vez adotei apenas um cliffhanger e o deixarei nas notas finais, opine quem quiser ^^

Beijos e qualquer coisinha, deixe nos comentários ou mande MP!

XoXo

Capítulo 6 - Mudanças


O Leste

Cesar se reunia com os irmãos, Minerva e Alphonsus, e também com Sor Willian Green, um antigo amigo dos tempos de rebelião, caminhavam para o encontro com o Rei, a mais pura formalidade antes do jantar de início e as negociações.

- Alguém tem notícias de minha esposa? – Cesar perguntou um tanto aflito.

- Não, meu Senhor. – Sor Willian respondeu.

- De você, eu dispenso “Senhor”, meu amigo. – Cesar disse com sinceridade.

- Lady Mariah estava caminhando, meu irmão, deve ter parado em algum lugar para apreciar a vista ou encontrou alguém que lhe agrade. – Minerva respondeu.

- Às vezes me pergunto a quem você é mais fiel, minha irmã, a mim ou a minha esposa. – Cesar a olhou de relance e Minerva o encarou sem hesitar.

- Achei que ser fiel a um, implicava ser fiel ao outro. Não sabia que havia diferenças. – A Towsend respondeu seu irmão tão cortante quanto uma lâmina.

- Vamos acalmar nossos ânimos. – Alphonsus interrompeu a iminente discussão – Lady Mariah foi cuidar dos interesses de Ron, meu irmão, provavelmente ela deve ter pensado que deixa-lo ir conversar com Lorde Burnworth iria apenas o estressar ainda mais antes da reunião com o Rei Gustav. – Alphonsus disse recordando-se de ter ouvido a cunhada passando instruções a Minerva de que não deixasse o marido descobrir que ela tomara seu lugar nesse assunto.

- Minha esposa realmente é uma mulher de fibra... Prefere me poupar, sabendo que isso poderia ser mais um fardo para mim. – Cesar engoliu a mentira, não porque realmente acreditara, mas porque Alphonsus contou, sabia que aquela atitude de Mariah era condizente, talvez o motivo não.

- A Senhora Mariah fará o melhor para Ron. – Sor Willian concordou. – Além de casá-lo com uma Burnworth, qual o próximo passo que nós daremos? – O homem perguntou com segundas intenções.

- Tem muita gente nesse “nós”. – Minerva respondeu seca – Ainda não foi decidido, quando chegar a hora saberá. – A mulher passou a frente dos irmãos e encarou Sor Willian, algo entre os dois não estava bem.

*

Sangriör preparava-se para o encontro com o Rei Gustav, estava certo de que seria nesse Nobre Festival que derrubaria os Towsend e tomaria seu lugar de direito, para então apossar-se do trono, afinal, jamais se contentaria em ser “apenas” Lorde Protetor.

- Brando, vou a primeira reunião com o Rei antes do jantar oficial, espero que quando eu terminar você tenha trepado com essa sua vagabunda e gere um herdeiro. Já não basta eu ter que sustentá-lo, vou ter que fazer um filho pra você também? – O homem disse enquanto limpava os dentes.

- Pai, respeite Ágda, por favor.

- Mulheres não foram feitas para serem respeitadas, meu filho, aprenda isso. Preste bem a atenção no que vou lhe dizer, mulheres são como as leis, feitas para serem violadas. – O homem deu um sorriso e bateu no ombro do filho, seguindo seu caminho até a Torre do Conselho.

*

O jantar seria servido assim que a reunião terminasse, os nobres que não eram convidados seriam avisados para que se dirigissem ao Salão Comunal, um amplo local onde inúmeras e enormes mesas alojavam os lordes e suas famílias para a refeição.

Ron Towsend e Amélia Burnworth estavam caminhando pelo jardim próximo ao Salão, já estavam prontos, obrigados pelas respectivas mães e esperavam juntos pelo horário da refeição, uma estratégia para conhecerem-se melhor. O rapaz estava um tanto animado, não sabia que fora o pai daquela moça que o recusara uma vez, Amélia, por sua vez, mantinha-se quieta, fingia estar envergonhada para não precisar falar muito, evitava tocá-lo e apenas escutava o “Black Noble” ao seu lado.

- Seria legal se um dia você fosse a Ilha do Leste, apenas para conhecer, antes de... você sabe... – Ron não completou a frase, notara a “vergonha” da moça. – Tem lugares realmente bonitos. Sei que a Região Central é conhecida por suas inúmeras belezas e locais paradisíacos, mas também temos lá no Leste... Não é tão sofrido como dizem por aí.

- Hum... Legal. – Amélia sorriu falsamente.

- Na Estrada de Jord, em certo ponto, na parte mais plana, se você olhar rumo à Oeste, ao fim da tarde, é possível ver o pôr do sol dentre as montanhas da sua região. É simplesmente lindo... Tem dias que o sol está enorme, como uma gigante bola de fogo, muito alaranjado e as nuvens ao seu redor deixam tudo mais bonito... É muito bonito de se ver... Um dia eu te levo lá, se quiser, é claro...

- Não gosto muito de pôr do sol. – Amélia respondeu cansada.

- Ah... – Ron desanimou, realmente gostava daquela visão – Do que você gosta? Me desculpe... Mas estou falando demais de mim e não perguntei nada sobre você...

- Do que eu gosto?! Haha... – Amélia sorriu sarcástica – Pra começar... – Lembrou-se da ameaça de sua mãe e ficou em dúvida de como agir – Eu não gosto de casamentos arranjados, Ron. Minha mãe é hipócrita, diz que as mulheres são subjugadas e devem receber mais direito de escolha e no fim das contas não me deu nenhum. Então isso daqui, pra mim, não é legal. Não é uma coisa que eu vou gostar porque tem locais bonitos na Ilha do Leste, não tem como eu gostar disso. Não precisa se esforçar... Na verdade, se quiser que eu goste de você, diga a sua mãe que não quer se casar comigo, diga que não quer um casamento arranjado e que não gostou de mim. Faça isso e quem sabe eu possa encontrar algo de nobre em você.

- É porque eu sou negro? – Ron a encarou sério.

- Não falei nada sobre cor. – Amélia se defendeu, sabia que se isso chegasse aos ouvidos da mãe lhe colocaria em maus lençóis.

- Você disse que caso eu recusasse o matrimônio, poderia encontrar algo de “nobre” em mim. Eu SOU nobre. Eu sou Ron Towsend, filho de Cesar Towsend e Mariah Towsend, os Protetores do Leste, o título do meu pai é tão nobre quanto o do seu. Então qual é o problema? É o casamento arranjado? Seria melhor se fosse com um Kolthammer? Ou com um Baelor? Com um Beaufay? Tolkien? Heindallr? Hawthorne? Qual deles? – Ron perdera a calma, odiava ser desmerecido por sua cor e, no fundo, havia tido algum apreço por Amélia.

- Não é isso... – A garota ficou sem palavras.

- Eu irei recusar o casamento, Amélia. – Ron disse resoluto, tentando se acalmar. – Mas não porque pediu, mas porque não quero alguém podre por dentro ao meu lado, quero uma mulher de verdade.

- Lady Amélia. – A Burnworth o corrigiu, sem deixar se ofender pelas palavras do rapaz, afinal, conquistara seu objetivo.

- Que seja. – Ron a deixou sozinha e seguiu rumo a Torre de sua Casa.

*

Região Central

Havia um bosque próximo ao castelo, sua beleza era digna de pinturas, no entanto acabava por ser pouco frequentado, devido ao seu pequeno tamanho, rapidamente se atravessava o local e apesar de bonito, não possuía muitas novidades aos nobres.

Fora para aquele local que Erick Verlack levara Melissa Burnworth, o Grão-Mestre da Armada Branca não se sentia nada confortável em fazer aquilo, mas sabia que deveria conquistar a confiança do Rei Gustav, quanto mais próximo se tornar, mais poderá intervir em suas decisões e assim, impedir que o calor do momento cause danos irreparáveis ao futuro de Talkan.

- Parabéns, Lady Melissa. – Erick a olhou de cima a baixo – Você realmente veio muito bem vestida, vejo que bom gosto tem.

- Obrigada. – Melissa o agradeceu educadamente, porém um tanto receosa. – Posso te perguntar uma coisa? – A jovem se aproximou do rapaz.

- Só não sei se poderei te responder. – Erick disse com um sorriso.

- Porque o Rei se interessou em mim? – Os olhos azuis da jovem fixaram em Erick, deixando o rapaz desconcertado, a pureza naquele olhar foi digno de pena.

- Também não vejo motivos. – Erick respondeu abandonando o lapso de sentimento que lhe viera e deixando à mostra seu verdadeiro lado. – Ele possui outras... Amantes... Não sei o que viu em você.

- Como devo o chamar? Lorde? Sor? – Melissa se aproximou.

- Erick. Apenas Erick.

- Tudo bem, Erick. – Melissa pegou em suas mãos. – Eu não quero ser amante do Rei! Não quero ser uma concubina e pouco me importo em ser Rainha... Eu só quero me apaixonar. Quero viver intensamente com um homem que me ame por me conhecer de verdade... Por favor, diga isso ao Rei... Diga para que me deixe, que procure quem realmente quer se sujeitar a isso.

- Pobre Burnworth... – Erick balançou a cabeça negativamente – Suas idealizações são dignas de dó. Não pense que o Rei desistirá de você... É o destino.

- Eu... Não quero que esse seja meu destino... Esse não vai ser o meu destino. – A moça disse um tanto mais forte.

- Então, minha jovem, lute por ele, lute por sua vida, pois nesse jogo, eu já estou lutando por milhares. – Erick apanhou o dorso da mão da moça e a beijou, encarando-a e depois olhou em direção ao ombro de Melissa, o Rei se aproximava. Erick os deixou a sós, encarando a jovem que o retribuiu com um olhar mais forte que o que chegara até o bosque.

- Olá, Lady Melissa. – O Rei Gustav apanhou o dorso da mão da moça e o beijou, sem esperar que ela o cumprimentasse devidamente.

- Olá, Vossa Majestade. – Melissa respondeu e quando teve sua mão livre, apanhou seu vestido e fez uma reverência.

- Não há necessidade dessa formalidade. – O Rei pegou-lhe a mão novamente e encostou-a em seu peito. – Pedi que viesse aqui para conversarmos à sós.

- Que bom, Vossa Majestade. – Melissa respondeu com um tom forçado – Acho extremamente pertinente. Tendo em vista que ambos temos assuntos pendentes.

- Já disse que não tem necessidade de formalidades... E fico contente que ambos temos assuntos pendentes, acreditava que era algo apenas do meu lado.

- Enquanto você for Rei e eu sua vassala, meu tratamento para com Vossa Majestade é de pura formalidade, nada mais. – Melissa sorriu falsamente, o sangue de sua mãe lhe aflorara à mente.

- Vejo certa resistência em me deixar aproximar de ti, há algo que lhe incomoda? – Gustav sorriu confuso.

- Sim, Vossa Majestade. Me incomoda me encontrar às escondidas com um homem casado, muitos podem pensar que sou sua concubina ou algo assim.

- E o que há de ruim nisso?

- O ruim é que isso atrapalharia minhas pretensões de casamento, planejo me casar, Vossa Majestade, assim como é casado com a Rainha Lucélia. Não pretendo ser amante ou concubina de ninguém, não foi pra isso que fui criada. – Melissa o encarou, tomaria conta de seu destino, as palavras de Lady Freya e Erick Verlack ressoavam em seu interior.

- Muitas dariam a vida para estar em seu lugar. – Gustav ficou sem graça, era a primeira vez que fora rejeitado, porém, agora era rejeitado por sua profecia, não poderia permitir isso.

- Eu dou valor à minha moral e honra. Meu destino é me casar com um homem que me ame por quem eu sou, não pela minha aparência, meu destino é ser feliz, é amar e ter muitos filhos. Não vou me sujeitar a ser sua concubina, a ter de abrir mão de meus filhos por causa da Rainha, que jamais aceitará um bastardo em seu trono. Com todo respeito, Vossa Majestade, recuso sua “educada” proposta em me tornar sua propriedade. – Melissa o reverenciou e deu de costas em direção ao Salão Comunal.

- Lady Burnworth! – Gustav a segurou pelo braço e a virou para si, a imprudência lhe tomara conta, arcaria com as consequências de seus atos, talvez pagaria caro, mas estava disposto. – Há tempos procuro alguém que se demonstre tão íntegra de sua moral e honra, você diz que quer um homem que lhe ame, pois estou aqui, em poucos minutos você, minha Lady, conseguiu desabrochar a flor da paixão em meu peito, sinto meu coração se acelerar diante de sua presença – O Rei se ajoelhou. – Lady Melissa, eu lhe prometo, pedirei anulação de meu matrimônio com Lucélia e a tomarei como esposa!

- O QUÊ?! – Melissa arregalou os olhos e enrubesceu, seu tiro saíra pela culatra, o plano falhara e agora tinha o Rei aos seus pés, mas não era essa exatamente sua intenção.

*

A Torre Leste estava em um estranho silêncio, a Senhora Hedda foi a primeira a notar e no fundo agradeceu pelo motivo o qual a Torre maninha-se em silêncio, a ausência das gritarias das filhas do Lorde Protetor de sua região, a mãe Baelor não detestava as jovens, mas sabia que seu filho, Charles, nutria um sentimento ainda não revelado por uma delas e não via com bons olhos ele não ser notado, no fundo, coisa de mãe.

- Charles, lembre-se de não fazer nada estúpido. – Hedda arrumava o traje do filho, suas palavras saíam duras, mas seu coração estava orgulhoso do homem que se tornara.

- Pode ficar tranquila, Dona Hedda. – Charles sorriu e sua mãe passou-lhe a mão pelo rosto.

- A Senhora se preocupa demais com meu irmão. – Erik se aproximou de Charles e entregou-lhe um sobretudo. – Deveria confiar mais no homem que criou... Nos homens, que criou. – Corrigiu-se e olhou para a mãe coruja em tom de repreensão.

- Ora! – Hedda exclamou indignada. – Uma mãe não pode prezar pelo bem estar dos filhos? Quero ver como se sairia se não tivesse uma mãe como eu, que passa madrugadas em claro quando sua saúde lhe falha! Rapaz ingrato! – Hedda cruzou os braços e crispou os lábios.

- Acalme-se, Dona Hedda. – Charles beijou-lhe a testa. – Hoje a reunião é só expositiva, o Rei vai levantar conosco as principais mudanças e durante a semana elas serão debatidas até chegarmos em um consenso. E... A Senhora tem razão. Não seríamos nada se não fosse seus cuidados. – Charles a abraçou apoiando o queixo em sua cabeça, deu uma piscadela para o irmão, indicando para o mesmo pegar leve.

- Me desculpe, minha mãe. – Erik disse aderindo ao pedido do irmão – Charles tem razão... Não seria nada sem a Senhora.

- Meus dois filhos! Os homens mais lindos desse mundo. – Hedda sorriu – Agora chega. Você precisa ir. – Apontou para Charles. – E você precisa tomar a poção que fiz para você, o ar do sul é mais carregado, seus pulmões logo estarão sentindo a sujeira local. – Empurrou Erik até a pequena copa encontrada nos aposentos dos nobres e de lá gritou. – E lembre-se, Charles...

- Não farei nada estúpido. – O rapaz completou e deixou escapar um leve sorriso.

- Ela é uma peça. – Annastácia disse próxima à saída do cômodo.

- Sim ela é. – Charles se aproximou e beijou a irmã na testa. – Eu preciso ir, Anna.

- Vá, não se atrase. Mas lembre-se que ela tem razão. – Annastácia arrumou a gola do sobretudo que Erik entregara ao irmão. – Observe os Hawthorne, você não os apoiou, tente descobrir o que eles querem, o que Lorde Rufus irá expor ao Rei. Veja a reação de todos, quem o apoia, quem não apoia e quem está à deriva, nós temos que estar preparados, pois se houver golpe, estamos na lista de alvos. – Annastácia terminou de arrumar a gola e deu três batidinhas no peito do irmão.

- Você fala como ela. – Charles confessou a irmã.

- Obrigada. Acho que esse foi o melhor elogio que me fez até hoje. – Annastácia sorriu e beijou o irmão na bochecha.

- Farei o que me disse, te conto os detalhes quando voltar. – Charles despediu-se da irmã e seguiu rumo ao encontro com o Rei.

*

O Norte

Sendo um dos últimos a chegarem ao Nobre Festival, Eveline Parthenai e sua família tiveram pouco tempo para aproveitar as belezas da região Sul. Viktor, já seguira para a reunião com o Rei, Alexia arrumava-se para o jantar e Eveline, que já estava pronta, decidiu andar um pouco pelo local.

A noite caíra, a brisa do mar deixava o clima mais fresco, para ela não havia diferença, para ela e para todos da Torre Norte, afinal estavam acostumados com o gelo de suas terras.

Estava passeando pela Torre Oeste quando viu um movimento um tanto estranho, algumas pessoas saindo de dentro de uma carruagem, esta, por sua vez, ostentava o símbolo da Casa Burnworth. A jovem nortenha resolveu aproximar-se, a carruagem deixou a Torre e seguiu em direção aos portões, algum tempo depois ela retornou e mais pessoas desceram. A noite escura lhe atrapalhou a visão, mas foi possível identificar aqueles trajes, eram Lovlos. Eles que desciam da carruagem. Haviam doze deles, todos tão altos que era até difícil de se dizer humanos, dentre eles havia uma figura menor, uma mulher vestida como as pessoas normais. Eveline se aproximou ainda mais, eles estavam em silêncio, pareciam esperar alguma coisa, não reconheceu ninguém, apenas uma coisa, o colar no seio da mulher, era fênix dos Burnworth, havia traição no reino?!

*

Aquele Nobre Festival era puro nojo, para Blair. A garota cansou-se desde quando sentiu as investidas sexuais do Rei. Queria ir pra casa, seu castelo a protegeria de todo o mal.

Os corredores da Torre Norte estavam cheios, mas a jovem mal queria sair de seus aposentos, foi preciso muito esforço de sua mãe para a retirar lá de dentro. Blair ia de mau humor para o encontro dos jovens nortenhos, pelo visto o Rei havia aderido aos conselhos da garota de olhos grandes e sugerido que os jovens se sentassem em conjunto na mesa, para ficarem mais à vontade.

- Você é Blair Cornélia Shrakov, não é?! – Um rapaz disse se aproximando.

- Sim. – Blair respondeu seca e o olhou de cima a baixo. – Quem é você?

- James Heimdallr, futuro Lorde de Drakkar. – O rapaz sorriu – Posso? – Referiu-se a mão da jovem e Blair a estendeu. James pegou suavemente em seus dedos e beijou-lhe o dorso de sua mão. – Somos vizinhos, Lady Blair. Porém praticamente nunca nos vemos.

- Sou rara de ser vista mesmo. – Disse desinteressada.

- Pude notar. – James sorriu – Nós estamos reunindo uns amigos para sentarmos em uma mesa, gostaria de nos acompanhar.

- Depende de quem são os amigos. – Blair sorriu amarelo, não disfarçava quando não gostava das pessoas e, apesar de James aparentar um bom rapaz, não podia apostar nos outros.

- Ah... Bem... Meus irmãos, Astrid e Ivar, uns amigos... e bem... um pessoal do Norte... Porque é tão importante saber quem vai? – James perguntou confuso, queriam um local amistoso, apenas isso.

- Os Kolthammer vão? – Blair perguntou demonstrando maior interesse.

- Não sei... Não chamei.

- Então os chame. Chame os Kolthammer, Hawthorne, Tolkien, chame Lady Freya também. – A jovem pareceu pensar um pouco – Também chama os Baelor. Ouvi dizer que a Casa está muito bem falada... Tem também os...

- Hey... Nós estamos querendo sentar com amigos... Desculpa, mas mal conheço muitos dessa sua lista e não tenho interesse em ser seu pombo correio. – James sorriu incrédulo para a garota. – O convite foi feito, se não quiser é só não ir... Se quiser fazer sua festinha, vai lá, mas acredito que vai ficar sozinha.

- Ah... – Blair inchou-se de raiva, ia falar poucas e boas quando sua mãe puxou-a pelo braço.

- Blair, querida, que bom que fez amizade com o filho de Lorde Ubbe! Eu estava conversando com seu pai e bem... Acreditamos que seria um excelente matrimônio.

O queixo da garota quase foi ao chão, seu mundo desabou, justo com aquele cara que acabara de a esnobar?!

*

- Então vai ser quando que nós vamos encontrar esse tal rei? – Shiera perguntou impaciente.

- Acalme-se, Shiera. – Astrid disse – Meu pai vai conversar com Rei durante essa reunião, então voltará aqui o mais rápido possível antes do jantar. Para saber como vamos nos portar.

- E se armarem uma emboscada? – Horun perguntou taciturno.

- Meu pai jamais deixaria algo assim acontecer. – Astrid defendeu a palavra de Lorde Ubbe. – Se ele disse para ficarem despreocupados, então fiquem. Ele é o homem mais inteligente desse país, com certeza tem algum plano para que o Rei sequer saiba que estão aqui.

- Você tem muito prestígio por seu pai, garota, mas palavras são vento. – Horun rebateu. – Não confio em você ou em seu pai.

- Então porque está aqui? – Ivar perguntou em retruca.

- Porque meu irmão acha que é o certo a fazer. – Horun respondeu levantando-se.

- Humm... Olha só Astrid, temos um Sem Lei obediente ao irmão Hahaha – Ivar debochou.

- Deveria pensar duas vezes antes de debochar de mim, moleque. – Horun retirou um punhal que escondia em suas vestes.

- Horun! Chega! – Ghor interviu. – Não se atreva a ataca-lo. Confiaremos em Lorde Ubbe, fomos até Drakkar, e não a Heisengard, justamente pela fama distinta que ambos os lordes possuem.

- Como quiser. Só não vou ficar aqui esperando que venham nos matar. – Horun resmungou.

- Eles não vão. – Shiera tomou frente. – Eles podem não nos ver com bons olhos, eu mesma ouvi muitos assuntos a nosso respeito durante o dia, mas vejo que há ainda quem acredita em nós, Lorde Ubbe e Astrid são a prova disso, então ao invés de agirmos feito imbecis para que os outros apenas nos olhem com a certeza do que já pensam, vamos mostrar quem realmente somos. Não nos curvamos, não nos sujeitamos às leis e costumes que adotam, mas ainda assim somos pessoas com o único intuito de manter o reino à salvo.

Horun olhou a esposa e calou-se, sabia que estava certa, mas não daria o braço a torcer de concordar em voz alta, apenas a ignorou. Ghor por sua vez ficou maravilhado com a cunhada, viu nela, pela primeira vez, a mulher que Shiera realmente era. Ivar notou na mulher mais de Astrid do que de um Lovlø e a filha de Lorde Ubbe não pode ficar mais contente do que ver o quão nobre aquele povo podia ser.

*

A Armada Branca

Foi Eragon quem propôs a divisão entre os membros da Armada, estavam em Castelo Branco, uma enorme fortaleza construída nos arredores da Floresta da Ilusão, localizada na Região Central, a floresta recebe esse nome devido a presença de cogumelos que exalam grande quantidade de esporos alucinógenos, causando em pessoas comuns um estado de desestabilidade mental, em pequenas quantidades, o suficiente para perderem a noção espacial e não conseguirem sair da floresta, em grandes quantidades chegam a deixar a pessoa em um estado de delírio.

Dentro do castelo, os membros da Armada preparavam seus objetivos quando traçassem seus caminhos. Magnus sentia a necessidade de ir ao Sul, sabia que Erick não gostaria de sua presença por se tratar de desobediência, mas também sabia que, apesar de sua inteligência, ele ainda era jovem e é comum a idade julgar-se capaz de tudo e quando se deparam com a realidade, a decepção é maior que o sentimento de grandiosidade.

- Acho que irei para Beulamaris. – Ivar disse. – Pelo que vejo, lá é um dos locais, não é Eleanor?

- Sim, é importante ter alguém em Beulamaris...

- Mas acho que esse alguém não é você. – Gregor disse a Ivar. – Eu sou o mais próximo de Erick aqui, Magnus tem o respeito dele, então, nós dois somos os mais indicados a ir para o Sul.

- Não me lembro de alguém o nomear responsável por nada aqui, Gregor. Proximidade com Erick não tem nada com a missão, muito pelo contrário, pode colocá-la em risco. – Ivar o confrontou.

- Quero ver quando o Grão-Mestre descobrir o que vamos fazer, se eu estiver lá, a chance de convencê-lo de que queremos ajudar é maior. – Gregor respondeu com seus argumentos.

- Acorda, Gregor. Eleanor já previu isso. Se ela soubesse que se fôssemos nessa missão burlando as ordens do Erick iria apenas colapsar nossa relação, iria impedir. Agora como estamos indo, é porque ela sabe que cedo ou tarde, nosso Grão-Mestre entenderá nossa necessidade.

- Sem discussões. – Eragon interviu. – Ivar, meu amigo. Irei para Beauheart, por favor, me acompanhe na Região Central, vá a Starlink e ajude os Baelor, eles precisarão também.

- Como quiser, Eragon. – Ivar encarou Gregor. – Não farei brigas, afinal, queremos o melhor para Talkan e não para o Grão-Mestre.

- Se posso opinar... – Soren levantou-se – Prefiro permanecer na Ilha do Leste, estou habituado ao local, acho que posso fazer mais por essa região.

- Eu o acompanharei, Soren. – Eleanor disse calmamente. – Aquela é uma região sofrida, talvez possamos a ajudar tanto quanto queremos ajudar Talkan.

- Espero que sim, minha irmã. – Soren sorriu para a parceira da Armada, as vezes os chamavam por irmãos, devido a parceria fraternal que formavam entre si.

- Então eu e Thorin iremos ao Norte. – Viola disse. – Acho bom, tenho excelentes casacos de pele que gostaria de usar.

- Sempre com uma desculpa para vestir-se com elegância, não é minha querida Viola. – Thorin sorriu. – Se forem ao Templo de Huggin... – Disse a Magnus e Gregor. – Deixem uma flor em homenagem a meu falecido pai, provavelmente ele não deve estar em Valhalla, se tem um lugar pra onde iria, esse lugar é o Templo de Huggin. – O paladino sorriu.

- Então nos preparemos, irmãos, discutiremos os nossos caminhos e em breve partiremos, Talkan está ameaçado, lutaremos para que o destino visto por Eleanor não se concretize. – Magnus preparou os membros da Armada.

*

O Sul

Os cômodos destinados à família Tolkien partilhavam de um agradável momento, Lorde George e Dandara não haviam discutido, Karinna vestia-se elegantemente e Kaleb junto de Tomas jogavam no tabuleiro. A sulina colocara uma criada para observar Niel Ashes, um bastardo da Região Central que Lucélia Overheidt insistira em colocar no Conselho, mais ainda, o colocara em seus aposentos. Essa criada era a mesma que limpava os cômodos na Torre Sul e lá passou a lhe passar as informações que coletava.

- Milady Tolkien. – Zélia, a velha criada negra, marcada por rugas e cicatrizes lhe chamou a um canto.

- O que foi, Zélia? – Dandara perguntou curiosa, notando a expressão aflita da mulher.

- Venha até aqui. – A criada a levou até o próprio quarto de Dandara.

- Zélia! Me diz. Estou curiosa. O que descobriu sobre Niel?

- Sobre o bastardo, nada. – Zélia remexeu em um cesto – Mas descobri isso.

- Lençóis? – Dandara a olhou com descaso.

- Sim. Mas não é qualquer lençol. É o lençol da Rainha Lucélia. – A velha disse tão baixo como se aquilo fosse um palavrão.

- Pelos deuses, Zélia. Queime isso. Posso adoecer com a podridão dessa mulher. – Dandara afastou-se abanando as mãos sobre o nariz.

- Milady... Veja bem... Esse lençol está usado. Sujo. – A criada mostrou uma região do lençol que estampava uma marca de algo um tanto cascudo, seco.

- Isso é... – Dandara olhou com nojo.

- Sim. Algum homem despejou sua semente nos lençóis da Rainha. E na noite anterior, o Rei dormiu com sua concubina. – Zélia disse baixo. – E eu troquei os lençóis cedo...

- Então... – Dandara animou-se – Lucélia também tem seus amantes?! HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA, e não é que tem gente que gosta de carne de jacaré?! – Dandara debochou e encarou o lençol na mão da criada.

- O que devo fazer, Milady? – Zélia a olhou, estava com medo.

- Guarde esse lençol, não o lave. Não se preocupe, Zélia, irei garantir que ninguém saiba que você está envolvida nisso. Mas preciso de mais um favor seu... – Dandara a encarou com um sorriso vitorioso.

- O que? – Os olhos miúdos e sofridos de Zélia brilharam ao encontrarem os de Dandara.

- Quero que descubra quem é o corajoso que monta a Lucélia e me conte. Quanto o mais rápido fizer, melhor. – Dandara sorriu. – “Aproveite seu reinado, Lucélia, porque sua queda está próxima”. – Pensou vingativa.

*

Callisto, a concubina do Rei, seguiu Gustav quando o mesmo foi se encontrar com Melissa. Evitou se aproximar com medo da jovem a reconhecer, Melissa era a mais velha das Burnworth, já se esbarraram algumas vezes em Beauheart e não iria por seu disfarce em risco.

Quando Gustav voltou de seu encontro, Callisto estava a sua espera, pronta para descobrir o que o homem planejava. O interceptou no meio do caminho, se deixasse que escapasse, não o teria de volta.

- Olá, meu Rei. – Chamou-o sedutora, como sempre.

- Callisto?! – Gustav surpreendeu-se. – O que faz aqui?

- Estava passeando e o vi com sua amante. – Apontou com a cabeça para o caminho que Melissa seguira. – Ela será como Dandara? Ou vai declará-la concubina? Acho que não agradará o Lorde de Beauheart.

- Rhun... – Gustav sorriu de canto de boca. – Está com ciúmes?

- Não posso? – Callisto devolveu o sorriso. – Ou devo deixar que o tomem de mim?

- Não. Não pode. Já que Lucélia não deve o mesmo direito e ela é minha legítima esposa. – Gustav a olhou frio, como jamais a olhara.

- Você está diferente. – Callisto deu um passo para trás, o Gustav que conhecia não era daquele jeito. – O que aconteceu, talvez eu possa o ajudar. – Aproximou-se novamente e colocou a mão em seu rosto.

- Não. Não preciso de ajuda, estou melhor do que já estive. – Pegou a mão da mulher com força e a retirou de seu rosto. – Você me serviu bem, Callisto, por esse único motivo, não a expulsarei daqui, deixarei que viva dentro do castelo, mas não irá mais dormir comigo, não a quero mais. – Afastou-se – Existem diferentes tipos de mulheres, Callisto, você me serviu bem como amante, mas nunca serviria como esposa, nem mesmo Lucélia serve. Novos tempos virão, é bom que não pense em fazer uma de suas vinganças, como fez com a Rainha e eu fingi que não vi, caso eu sonhe que agiu contra mim, sua cabeça rolará pela praça pública. – Gustav tomou seu rumo. – Tenho deveres a cumprir agora.

Callisto não entendeu a reação do Rei, Gustav nunca foi daquele jeito, algo havia acontecido entre ele e Melissa, precisava descobrir o que foi e só haveria um jeito disso ser feito.

Alguns minutos de caminhada e estava na Torre Leste, fora lá que lhe disseram que Lady Fantine estaria e, estavam certos. Havia muito tempo que não a via, a Senhora de Beauheart mudara seu visual, quando saíra do castelo, seus cabelos eram mais longos, agora os deixou curtos, como o de um rapaz, mas sua franja era grande o suficiente para o modelar, deixando um ar de classe que só a mulher conseguia passar.

- Lady Fantine. – Callisto interrompeu a conversa dela com alguns membros da Casa Townsend.

- Desculpe... – A Senhora de Beauheart a olhou sem expressar sentimentos. – Não a reconheço, o que deseja?

- Desculpe os interromper. – Callisto fez uma pequena reverencia e fitou por um tempo o grande homem negro a sua frente. – Vim lhe falar sobre uma de suas filhas, não é nada preocupante, pode me acompanhar?

- Sim... – Lady Fantine se levantou – Só um momento, Lady Mariah, Sor Alphonsus.

- Toda. – Ambos responderam.

As duas saíram da vista dos Towsend e enfim tiveram a reação que desejavam, Callisto não se conteve e abraçou a mulher que lhe oferecera a oportunidade de reconstruir sua vida e Lady Fantine retribuiu o abraço da jovem que lutou bravamente pela vida.

- Agora me diz o que faz aqui. – Fantine afastou-se dos braços da protegida.

- Me desculpe colocar meu disfarce em risco, mas algo preocupante aconteceu. Vi Melissa em um encontro às escondidas com o Rei Gustav, depois disso fui o confrontar e sua reação foi diferente de qualquer outra que já teve, foi agressivo, ríspido... Acho que ele e Melissa podem... – Não ousou terminar a frase.

- Não te coloquei aqui para suposições. Você é uma Valquíria! Trate de descobrir o que ele quer com minha filha... Eu irei descobrir de Melissa o que ele queria. E Callisto... Custe o que custar, não deixe o Rei se aproximar da minha filha novamente.

- Entendi. – Callisto encarou Fantine. – Mais uma coisa... – Sorriu envergonhada de perguntar aquilo para a mulher.

- O que foi? – Fantine perguntou um tanto impaciente.

- Quem é aquele homem com quem conversava? – Callisto sorriu.

- Pelos deuses, menina.... Sor Alphonsus Towsend, irmão do Lorde Cesar Towsend.

- Ele é... Lindo.

- Que bom que achou... Precisa conversar um pouco com a Amélia, quem sabe coloca um pouco de bom gosto na cabeça dela.

*

O grande Septo de Balder era o local onde a reunião com os lordes e o Rei ocorriam. O amplo espaço localizado nas imediações do Castelo Real fora construído em uma pequena elevação, afim de exaltar a presença do rei. Na parede contrária a porta de entrada, havia uma gigantesca pintura do mapa de Talkan e a sua frente, o trono destinado ao rei. Pouco à frente do trono real, haviam outros quatro tronos menores, eram destinados aos quatro Lordes Protetores, o conjunto dos Protetores do Reino e do Rei ficava de frente aos demais lordes e abaixo da estrutura que os mantinha pouco acima do restante, ficavam os cinco conselheiros do rei, também de frente aos lordes.

Assim que chegavam, cada representante de casa sentava-se e aguardava a chegada do rei. Lorde Rufus Hawthorne fora o primeiro dos Lordes Protetores a chegar e sentar-se em seu devido lugar, fora seguido de Lorde Anton Kolthammer, que não exibia uma boa expressão, logo viera Cesar Towsend e por último Augustus Burnworth, que aparentava o mais alheio dentre os quatro. Particularmente naquele dia, os Conselheiros do Rei não haviam chegado, estes sempre foram os primeiros, pois tinham o dever de observar cada um ali e relatar possíveis desavenças para o Rei.

Gustav chegou atrasado e com uma expressão tão fechada quanto a do Lorde Kolthammer, não quis perder tempo com formalidades, queria encerrar aquilo o mais rápido possível, mas sabia que esse dia, não seria mais tão fácil de encerrar.

- Boa noite, Lordes de Talkan. – Gustav os saudou e foi interrompido por uma garganta raspando, logo se deu conta do que se tratava e deu um leve sorriso de canto de boca. – Boa noite, Lordes e Lady de Talkan. – Reformulou a frase olhando para Lady Freya, única mulher presente na reunião entre lordes.

- Boa noite, Vossa Majestade. – Todos se levantaram e fizeram reverência em uníssono.

- Essa noite marcamos nossa primeira reunião à respeito das prestações de conta à Talkan. Espero que façamos o melhor para o reino e que os deuses nos guiem em nossas decisões. – Gustav se sentou e em seguida todos se sentaram.

Deu-se início as pequenas discussões, o Rei elogiou seus nobres pelas contribuições e exaltou o quanto o reino prosperou no último semestre. Todos foram felicitados com gorda quantia em ouro em recompensa ao esforço oferecido e então Gustav deu início ao momento de alterações de títulos.

- Como puderam notar, nenhum dos meus Conselheiros estão presentes nesse momento, isso se deve ao fato de que houve grande mudança e os apresentarei agora. – Gustav acenou ao Mestre-Sala que abriu a porta e seis homens adentraram o local e sentaram-se em seus respectivos assentos.

- Da esquerda para a direita. – O Mestre-Sala magricela começou as devidas apresentações – Lorde Arthur Hagalin, de Forte dos Gigantes, Conselheiro do Rei, encarregado de aplicar a justiça aos nobres e fiscalizar a aplicação da justiça do rei às terras nobres.

Arthur Hagalin, irmão mais novo da Rainha Lucélia Overheidt, levantou-se de seu assento e fez uma reverência ao Rei e então aos nobres, voltando-se então ao seu lugar.

- Sacerdote Eüler, do Templo de Huggin, Conselheiro do Rei, encarregado de aplicar as Leis Divinas à toda a população, fiscalizar os Templos do Reino, disseminar a religião a Talkan.

O velho sacerdote que aparentava seus sessenta anos levantou-se, reverenciou o Rei e, bem como Arthur fizera, reverenciou os nobres.

- Erick Verlack, de Castelo Branco. Conselheiro do Rei, encarregado dos assuntos pessoais do Rei,

Erick levantou-se e fez uma reverência ao rei, aos nobres, porém sua reverência foi mais empenhada, o rapaz necessitava da aprovação dos mesmos, desconfianças sobre si poderiam lhe atrapalhar, conseguir o cargo tão próximo do rei.

- Sor Jöthun Weiss, Ex-Comandante da Guarda Real. Conselheiro do Rei, encarregado dos assuntos, civis e criminais, encarregado também das Forças Militares e questões bélicas.

Jöthun Weiss era um homem com uma aparência nada amistosa, uma briga na infância o fizera ter uma lateral de seu rosto deformada pelo fogo, deixando-o com uma aparência grotesca, parte de sua pele grudava sua bochecha e seus dentes ficavam constantemente para fora. O homem levantou-se e fez uma reverencia forçada e mecânica ao rei e aos nobres.

- Neil Ashes. Conselheiro do Rei, encarregado da política geral, interior, ultramarina e exterior.

Neil levantou-se e reverenciou o Rei e aos nobres, notou os olhares sobre si, era o único diferente ali. Não possuía castelo, não possuía ouro, a única coisa que possuía era o nome de bastardo. Sentiu-se pequeno, mas ao mesmo tempo determinado a fazer-se valer a pena.

- Lorde Oslir Skammtíma, Lorde do Castelo Dörtidigt. Conselheiro do Rei, encarregado da nomeação dos magistrados e funcionários da Coroa.

Lorde Oslir levantou-se, o homem tinha uma enorme barriga e era muito desengonçado, sua reverência foi quase imperceptível. Ao sentar-se sua face estava rubra demonstrando o tamanho esforço que fora fazer aqueles movimentos, até deixou escapar um suspiro de alívio.

- Meus caros e fiéis senhores... – O Rei levantou-se – Esses são os novos membros de meu Conselho, o antigo se mostrou insatisfatório, tive problemas de convívio e principalmente conflitos de interesse. Mas agora acredito que Talkan está com excelentes pessoas para me ajudar a esclarecer os caminhos que os deuses nos deixam como provação. É um enorme prazer ter o irmão de minha esposa, que também tornou-se meu irmão, aqui no Conselho. – Gustav levantou-se e abraçou o cunhado com falsidade e cortesia – Erick Verlack, o mais novo dentre todos, porém com ideais e um espírito honrado e íntegro que irá rejuvenescer nossos pensamentos rumo à evolução. Não posso deixar de mencionar meu grande amigo Oslir, a quem tenho muito carinho, é um prazer tê-lo no Conselho. Apresentada as devidas mudanças, abro espaço para quaisquer refutações por parte dos Lordes Protetores ou qualquer comentário dos Lordes presentes.

Os Lordes Protetores se calaram, Augustus tentou ao máximo se concentrar em Neil, o sobrenome Ashes é dado aos bastardos da região central e o medo de seu passado vir lhe cobrar no presente seu erros, fazia seu coração acelerar.

- Porque tem um bastardo no meio do Conselho? De onde ele veio? – Foi Sangriör quem perguntou.

- Neil é um rapaz de grande intelecto, sempre esteve nas imediações do castelo, conhecemos sua família e sabemos que é de boa índole. – Gustav inventou uma mentira para calar o Lorde Ravenclaw. – Alguém mais?

Erick agradeceu a presença de Neil e Arthur no Conselho, um bastardo e o irmão da rainha ofuscaram completamente sua presença, a parte mais difícil seria alguém refutar sua presença, ter vinte anos e ser Conselheiro Pessoal do Rei era algo extremamente difícil, agradeceu por sua lábia e pelos encontros que armou para o Rei. Teria de sujar suas mãos, tudo pelo bem de Talkan.

- Alguém mais gostaria de colocar alguma coisa? – Gustav perguntou e ninguém se manifestou. – Agora podemos prosseguir para os Lordes Protetores, para aqueles que desejam anunciar quaisquer mudanças. Começaremos pelo Norte, Lorde Anthon Kolthammer.

- Não há nada a acrescentar, Vossa Majestade. – Lorde Anthon disse amargo, mais cedo brigara com Christopher, seu primogênito, ele propôs que o pai lhe passasse o título de Lorde de Heisengard e o velho não quis largar o osso, seria Lorde até a morte.

- Região Central, Lorde Augustus Burnworth. – O Rei continuou.

- Nada a acrescentar, Vossa Majestade. – Lorde Burnworth disse suavemente e sentou-se.

- Região Leste, Lorde Cesar Towsend. – O Rei prosseguiu.

- Também não há nada a acrescentar, Vossa Majestade. – Cesar não quis levar problemas para a reunião, gostaria de colocar alguns pontos sobre as "heranças" da escravidão, mas julgou que não seria aquele dia.

- Região Sul, Lorde Rufus Hawthorne. – O Rei agradeceu por nenhuma intercorrência que prolongasse a discussão e deu continuidade, pedindo aos deuses que Lorde Rufus também se mantivesse calado, mas foi em vão.

- Eu tenho sim, Vossa Majestade. – Lorde Rufus se levantou. – A idade pesa sob minhas costas, como foi muito bem colocado quando mencionou seu novo Conselheiro, Erick Verlack, a juventude trás o desenvolvimento, por isso nesse Nobre Festival anuncio minha passagem de título de Lorde de Stormblade ao meu filho, Jon Hawthorne, e venho pedir a meus amigos e aliados que mantenham os mesmos laços que construímos durante todos esses anos com meu herdeiro, afinal ele também é um dragão. – Lorde Rufus olhou a todos os nobres presentes.

- Lorde Rufus, é uma tristeza ouvir isso, sua atuação como Lorde Protetor do Sul sempre foi digna de admiração e respeito, realmente protegeu nossas terras com a fúria do dragão estampado em sua bandeira e sou extremamente grato por isso. No entanto, não podemos julgar seu filho pelas conquistas do pai, me reunirei com meu novo Conselho pela manhã, os Lordes Protetores terão a chance de expor sua opinião a mim pela tarde e assim que chegarmos a uma conclusão, lhe daremos o veredito à respeito do título de Protetor do Sul a Jon. Até então, aqueles que se julgam a nível do Lorde Hawthorne e desejam pleitear o título para si, deverão marcar uma audiência comigo. – Gustav respondeu da melhor forma que pode, gostava de Lorde Rufus, sempre tiveram uma boa relação, mais do que isso, ainda tinha sentimentos por Melina, não queria a magoar e sabia que reduzindo sua família iria a deixar imensamente triste. Gostar daquela mulher foi um dos motivos que não achou ruim a sugestão de Lucélia em colocar Arthur como Conselheiro, afinal ele teria de se mudar para a Cidade da Coroa, assim poderia ver Melina todos os dias.

- Obrigado pela atenção, Vossa Graça, que os deuses guiem suas decisões. – Lorde Rufus fez uma reverência e sentou-se.

- Agora dou a palavra aos nobres presentes. Alguém gostaria de trazer alguma questão que deverá ser abordada nesta ou noutra reunião? – O Rei perguntou.

- Eu, sim, Vossa Majestade. – Lorde Ubbe levantou-se.

- Lorde Ubbe, irá passar o título também? – O Rei perguntou mais como uma sugestão, estava cansado, queria pular para a parte da refeição logo.

- Não, Vossa Majestade. Receio que meu assunto é mais sério que esse. – Lorde Ubbe disse tentando não ser alarmante. – Recentemente recebi em Drakkar a visita de três viajantes Lovløs... – Ubbe escolheu bem as palavras para não causar nenhuma má interpretação.

- Lovløs?! Eles não deveriam permanecer nas Ilhas do Redemoinho? – Sangriör exaltou-se – Você os matou, ao menos?

- Não. – Lorde Ubbe respondeu seco, não gostou de ser interrompido. – Eles são humanos, não animais. O motivo da visita foi um pedido de socorro junto com um alarme. – Ubbe continuou sem dar espaço para interrupções. – Existem... – Ubbe resolveu não mencionar elfos, iria o colocar em uma situação de chacota e desvalorizar tudo o que já havia falado. – Está acontecendo ataques àquela gente, mas não é qualquer tipo de ataque, me refiro ao misticismo e ocultismo. – Viu alguns Lordes perderam a expressão de alarde, porém notou algo diferente num em especial, o novo Conselheiro, Erick Verlack, antes apático a tudo que acontecia ali, agora pareceu se tornar interessado, se nada desse certo ali, talvez ele poderia ser a chave para acessar o Rei. – Eles vieram em pedido de socorro, disseram que esse grupo planeja tomar o continente, planejam não se restringir as Ilhas do Redemoinho, achei necessário o alertar, já que é um problema do reino.

- Esses Lovløs... – O Rei o olhou curioso – Eles estão com você? – Perguntou ao notar o ”vieram” na frase do Lorde de Drakkar.

- Não. – Ubbe mentiu.

- Não se deve acreditar nesse povo! – Lorde Anthon exaltou-se. – Tive meu castelo invadido por essa gente! Já te disse isso, Lorde Ubbe. – Anthon e Ubbe se encontraram no caminho, porém o Protetor do Norte não quis ouvir nada à respeito do Povo Sem Lei.

- Eles não brincariam com tal coisa, meu Senhor. – Ubbe disse respeitoso, sua posição naquele momento deveria ser calculada ao máximo, qualquer palavra poderia o desacreditar ou simplesmente causar um grande alvoroço.

- Acho que esse assunto é muito delicado para se discutir e resolver hoje. – O Rei interviu. – O discutiremos nas próximas reuniões. Foi certo de sua parte não os trazer, Lorde Ubbe, sabe muito bem que qualquer um que facilite a entrada de Lovløs em nosso território é acusado de alta traição.

- Sim, Vossa Majestade. Sei muito bem. – Ubbe o encarou.

O restante da reunião foi de enorme tensão, todos pensavam apenas no Povo Sem Lei, as outras questões tornaram-se mínimas e arrastou-se por mais duas horas. Quando enfim terminaram, seguiram o Rei até o Grande Salão Comunal, onde todos os esperavam.

*

As devidas formalidades foram feitas, o jantar fora servido, como Melissa sugeriu ao Rei, os jovens tiveram a opção de sentar-se entre si e não com a obrigatoriedade de se sentar com a sua família.

Na mesa do casal Real sentaram-se os Conselheiros e a família daqueles que possuíam, exceto por Melina, que optou por sentar-se com Anna e Jon, já que Lancelot correra atrás da Burnworth que o recusara.

Shiera, Ghor e Horun estavam tão bem arrumados que ninguém que os visse diziam que eram Lovlos, obra de Astrid que se propôs a dar-lhes um momento de descontração. Apesar das boas roupas, os três estavam muito desconfortáveis, mais ainda quando Ubbe lhes disse que não foi resolvido nada na reunião.

Blair não quis se sentar com James e os outros Heimdallr, estava com raiva de seus pais, jamais os imaginou arranjando casamento para ela, sua cara fechada a deixara ainda mais intolerante com as futilidades ao seu redor.

Eveline chegou um tanto atrasada e sentou-se com seus pais, seguira o máximo possível aqueles Sem Lei que viu, procurou nas mesas as irmãs Burnworth, estavam todas ali, exceto uma, como conhecia apenas Sophie, sabia que não era ela quem estava com os Lovløs, mas sentia-se perdida com aquele tanto de irmãs louras e barulhentas. Não tocou em sua comida, estava pensativa, não sabia o que fazer, contaria seu envolvimento a Viktor?

Na mesa ao lado, Dandara saboreava sua refeição com enorme gosto, sorria para o Rei discretamente, mais cedo mandara um recado em um pergaminho banhado com seu próprio perfume com as seguintes palavras:

”Parece que os lençóis da Rainha Lucélia são tão sujos quanto os nossos.”

Não demorou muito para que um criado a chamasse para um local reservado e o Rei pediu licença para o toilet.

- O que quis dizer com aquilo? – Gustav a pegou pelo braço e Dandara soltou-se olhando-o debochada.

- O que foi? Ficou com raiva? Nunca pensei que uma traição da Lucélia lhe doesse tanto...

- Dandara... Não tenho tempo para seus joguinhos.

- E eu não tenho tempo para lhe ensinar a interpretar as palavras. Uma criada encontrou o lençol da Rainha sujo com o sêmen de um homem, como eu sei que você coloca o seu em outros lugares, então julguei que ela o trai. – Dandara assumiu um tom de simplicidade em sua voz, estava se divertindo fazendo Gustav ficar com raiva, afinal ele nem mesmo a procurara após ser expulsa de seus aposentos.

- Porque essa criada foi falar isso justamente para você?

- Porque eu a paguei para ficar de olho em Lucélia. Você acha que ela ia fazer aquilo comigo e eu ficaria quieta? Foi você quem me procurou, Gustav, quando começamos isso eu disse que não iria aceitar nenhum tipo de ataque da Lucélia, você me prometeu proteção, nunca recebi nada de você, além de sexo. Agora eu tenho um lençol sujo e a chance de você provar a traição dela e pedir anulação. Podemos ser felizes, ou não, você pode continuar nessa vidinha de traições. – Dandara disse em tom de descaso e deu de costas.

- Dandara... – Gustav a pegou pelos braços. – Quem? Com quem Lucélia me trai?

- Não sei... Ainda não descobri. – Disse com descaso. – Mas isso não importa, não é? De qualquer forma, mandei estender o lençol na sua cama, está lá a prova do crime, esfregue na cara dela ou durma em cima, você é quem decide. – A sulina deu de costas e voltou a sua mesa, saboreando sua refeição com mais gosto que antes, quando Lucélia a encarou, Dandara deu um sorriso e um aceno para a Rainha.

A mesa que as irmãs Burnworth sentaram-se estava ao lado da de seus pais, o que limitou as ações das moças. Amelia estava de cara fechada devido a seu encontro com Ron, Khaterine e Emma ostentavam grandes sorrisos, Melissa estranhamente estava calada e Sophie conversava com as pessoas ao seu lado, buscando sempre novas amizades.

Melissa mal tocara em sua refeição, antes a Burnworth mais vívida e estridente, agora estava pensativa e assustada, o Rei mudara seu destino, por mais estranho que pareça, para pior, em seu âmago não queria aquilo, sentia que se aceitasse a proposta seria infeliz. Isabel chegou atrasada ao jantar, estava um pouco suada e com a mesma roupa que usara pela manhã, parecia igualmente assustada, Melissa abriu espaço para que a irmã sentasse ao seu lado, todas eram muito próximas, mas as duas sempre se deram melhor.

- O que foi? Você está pálida! – Melissa colocou o cabelo da irmã para trás e a ofereceu um copo de água.

- Eu acho que fiz algo ruim. – Isabel a encarou profundamente.

- Porque?

- Nada... – Tentou desconversar. – Não vamos falar disso aqui...

- Eu preciso conversar com você. – Melissa disse baixo.

- Eu também, mas agora não. – Isabel se aproximou. – Acho que fiz a maior besteira da minha vida...

As portas se abriram, o Mestre-Sala entrou repentinamente com uma expressão alarmante, atrás dele vieram doze homens vestidos com roupas de pele, os trajes dos Lovløs. Ghor, Horun e Shiera os reconheceram instaneamente, era Djorn e seus companheiros.

- Vossa Majestade. – Djorn fez uma reverência debochada. – Acho que o convite deve ter se perdido no meio do caminho, mas viemos mesmo assim... Temos assuntos importantes demais para tratar com você.

O Rei se levantou, seus olhos estavam esbugalhados, como eles haviam entrado no Castelo? Fitou-os por um segundo, então seus olhos caíram sob Lorde Ubbe, ele o traiu, duas vezes, uma trazendo aquele povo até seu castelo e outra mentindo quando lhe foi perguntado mais cedo.

- COMO ENTRARAM AQUI? – Vociferou.

- Isso não vem ao caso... Me chamo Djorn Thoruun, já que sua educação o impediu de perguntar. – Sorriu e encarou o rei em deboche. – Viemos falar sobre isso... – O Lovlø meneou a cabeça e Alexander aproximou-se com um enorme saco de pano e despejou o conteúdo no prato do Rei.

O cheiro acre fez a Rainha se afastar tapando o nariz, uma cabeça de pele acinzentada e cabelos prateados estava em processo de decomposição na mesa do Rei, a orelha afilada ainda era perceptível, mas nada podia se dizer da cor dos olhos.

- Saboreie o jantar. – Alexander provocou.

~Continua~


Notas Finais


Tumblr da Fanfic: http://www.ascronicasdetalkan.tumblr.com

Cliffhanger:
Sem levar em conta se Ubbe será culpado ou não, o que Eveline Pathernai deve fazer:

1) Contar ao Rei que viu a Burnworth levar os Lovløs para dentro do castelo.
2) Omitir a parte da Burnworth em consideração a breve amizade que fez com Sophie no capítulo anterior.
3) Ter contado a algum guarda sobre os Lovløs antes deles adentrarem o Salão.
4) Não fazer nada, apenas comentar com Viktor depois do ocorrido.


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