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História CONNOR: As crônicas de um Psicopata - 25 de Dezembro (2014)


Escrita por: Elipse_

Notas do Autor


DEVIA TER POSTADO DIA 15? DEVIA SIM, MAS FORAM SOMENTE DOIS DIAS DE ATRASO, ENTÃO VOCÊS ME PERDOAM, NÃO É? Obrigada ^^
Dessa vez eu não tenho muita coisa pra dizer, então nos vemos nas notas finais, okay?
Boa leitura <3

Capítulo 7 - 25 de Dezembro (2014)


Fanfic / Fanfiction CONNOR: As crônicas de um Psicopata - 25 de Dezembro (2014)

5ª Sessão

Era fim de tarde quando eu esperava o Beto na porta do prédio onde o mesmo morava. Ainda estava claro, mas a lua já começava a aparecer. Eu literalmente congelava por inteiro, mesmo usando luvas e o meu agasalho mais quente e aquilo estava me irritando profundamente, não pelo fato de eu odiar a neve; ou o som irritante das crianças brincando no playground do condomínio; ou as decorações natalinas exageradas, mas sim por odiar qualquer tipo de refeição em família e era aquilo que me esperava naquela noite.

Para deixar a situação mais agradável — e também conhecer meu único "amigo" —, meus pais sugeriram que eu convidasse Roberto para a ceia e obviamente o garoto aceitou super contente, coisa que eu já esperava tendo em conta que seus pais precisariam visitar um parente doente, mas tinha esperanças de que não acontecesse.

Eu já estava desistindo de esperar aquela pessoa, quando ele finalmente apareceu vindo em minha direção com uma animação contida. 

— Por que você aceitou vir mesmo, hein? — disse arrancando uma risada dele.

— Era a oportunidade perfeita para eu não precisar passar o natal com parentes que eu não tenho quase vínculo algum. Por que aquele cara, seja lá qual for o nome dele, resolveu desfalecer justo no aniversário de Jesus?

— Que ironia, não? — ele colocou as mão dentro do bolso do agasalho e me encarou com um misto de incredulidade e vontade de rir.

Ele passou o restante do caminho tagarelando. Por mais entediante que aquela noite prometia ser, eu sinceramente cheguei á conclusão de que com o Beto lá em casa, eu seria poupado de passar o aniversário de Jesus brigando com meus "pais". Não que eu acredite em Jesus e que comemorar seu nascimento seja meu hobby preferido, mas conhecendo os pais adotivos que eu tinha, eles não dariam piti na frente das visitas, ainda mais se tratando do único amigo que seu filho perturbado parecia ter.

Quando chegamos na minha casa, Beto pareceu capturar cada detalhe da decoração natalina exagerada que a Sr.Morgenstein insistia em fazer todos os anos. Ela não era uma mulher religiosa, e consequentemente nossa família também não, mas todo ano ela ficava estupidamente animada com o natal. Raras eram as vezes em que ela ia até a igreja e se eu bem a conhecia, só o fazia quando sentia que as coisas estavam desabando. A última vez não havia sido num passado muito distante dali, quando eu resolvi visitar um antigo lugar que eu costumava frequentar em segredo, a diferença era que daquela vez eu não tinha feito questão nenhuma de esconder e acabara chegando tarde da madrugada, vomitando toda a bebida que eu havia consumido na noite. Não era um comportamento anormal para um jovem da minha idade, ela sabia disso. Seu desespero se deveu a possibilidade de eu estar me envolvendo com coisas ilícitas, consequentemente, anulando o efeito de alguns medicamentos. 

Ela estava desesperada, mas eu não estava sóbrio e não me importei. Mas eu também não me importei quando o efeito da bebida passou.

Por sorte ela nunca me levava com ela nessas idas á igreja, ou pelo menos não mais. Eu nunca acreditei em Deus, ou em nenhuma divindade que perdoasse nossos erros misericordiosamente sem pedir nada em troca. Se eu havia uma vez acreditado na existência de algo assim, tinha sido há muito tempo, quando eu era uma criança cujo o único trauma era ter sido abandonada na porta de um hospital por uma usuária de drogas e mais tarde levada por uma assistente social à um orfanato. 

Depois disso, tantas coisas aconteceram antes do Sr. e a Sra. Morgenstein me tirarem daquele lugar, tantas sensações nunca antes provadas das quais eu não me orgulhava e por muitas vezes acabava chorando sozinho enquanto as outras crianças jogavam queimada no pátio, que acreditar que existia alguém olhando por mim simplesmente me parecia patético e ela respeitava isso. Provavelmente a Sra. Morgenstein deduziu que por nunca ter sido uma mulher de grande fé e uma grande frequentadora dos átrios sagrados, eu havia criado um desinteresse pelo assunto e como eu sempre fui ótimo em apresentar minhas opiniões e fazer as pessoas acreditarem que elas não afetariam em nada o meu quadro psicológico, ela acabou aceitando.

— Sua mãe parece amar o natal — Beto sussurrou antes do aparecimento repentino dela o convidando para sentar-se no sofá.

— Pode deixar, Kate, nós vamos subir. — Falei puxando o menino que parecia indeciso entre me seguir e cumprimentar a mulher devidamente.

— Calma Connor, me deixe conversar com o garoto! — ela o segurou pelos ombros e logo o Sr.Morgenstein apareceu com uma expressão curiosa no rosto — Então você é o Roberto?

— Sim senhora, pode me chamar de Beto. — ele respondeu educadamente ao sorriso da mulher e eu quase revirei os olhos com a cena patética.

— Ah, estávamos curiosos por conhecer o amigo que o nosso filho vez ou outra saía para visitar. — Beto o encarou confuso e eu logo me toquei do motivo.

Por muitas vezes eu havia usado a desculpa de ir até casa do Beto para sair mais frequentemente. Estar em casa era cada vez mais agonizante para mim e com a chegada do recesso escolar parecia cada vez pior.

— Visit-

— Vamos logo Beto, você ficou de me contar detalhes sobre aquilo, se lembra?

O Sr. Morgenstein me lançou um olhar desconfiado enquanto eu tirava Roberto do encalço da minha mãe adotiva.

— Aquilo?

— Sim, aquilo que envolve a filha do amigo do seu pai! — a Sra. Morgenstein me olhou curiosa enquanto meu pai mudou sua expressão para um olhar malicioso.

— Ah, aquilo! — Beto pareceu entender o meu jogo e afirmou fazendo minha vontade de soca-lo diminuir.

— Como? — A mulher continuou me encarando aturdida.

— Deixe os meninos, Kate — ele me lançou um olhar cúmplice arrastando-a para a cozinha — Você sabe como são os jovens nessa idade.

— Obrigado pai, estaremos lá em cima. — disse subindo as escadarias com Beto atrás de mim.

— Você anda me usando como desculpa pra sair não é, seu filho da mãe? — ele sussurra enquanto seguimos para a última porta do corredor á direita, onde ficava o meu quarto.

— Olha, não é por que você é virgem que eu tenho que ser também, eu tenho minhas necessidades. — eu disse finalmente entrando e me jogando na cama.

— Então por que não me leva com você? Qual é, você bem que podia me apresentar alguém, eu tenho que sair dessa seca logo! — ele disse sentando na cadeira do meu computador.

— Quem sabe um dia? Afinal, o que aconteceu mesmo com a filha do chefe do seu pai?

— A piranha tinha namorado.

— Oh...

— E você nem ouviu o pior! Em um belo dia dessas férias curtas, os pais dela não estavam em casa e ela me chamou pra passar a tarde com ela.

— Isso é ruim? — perguntei mesmo sabendo que logo uma história bem decepcionante, para ele, iria aparecer.

— Não seria, se no meio dos nossos amassos na sala o cara não tivesse aparecido e encarnado o capeta andante. Aquela vadia fingiu que eu estava a forçando e o corno lá acreditou, eu quase morri!

Soltei uma gargalhada exagerada.

— E como você tá vivo?

— Primeiro de tudo, obrigado pelo apoio! — revirou os olhos — Agora respondendo a sua pergunta, eu sai correndo dois quarteirões até conseguir despistar o cara e sabe o pior? Quando eu liguei pedindo explicações ela teve a cara de pau de dizer que... — ele ponderou sobre o que diria a seguir, adivinhando que eu ia rir muito — dizer que...

— O que ela disse, Roberto?

— Que eu tenho pinto pequeno — ele disse em um tom quase inaudível, mas alto o suficiente pra me fazer segurar o riso.

— Pode repetir? Eu não ouvi direito.

— ELA DISSE QUE EU TENHO PINTO PEQUENO!

E então eu explodi, deixei escapar o riso contido e em resposta levei uma surra com o meu próprio travesseiro.

— Mas ela viu? — perguntei ainda rindo.

— Não, mas sentiu né.

Voltei a rir exageradamente enquanto ele me olhava com um semblante derrotado e entediado. Após alguns segundos zoando o mesmo pela sua maravilhosa experiência, finalmente as gargalhadas sessaram e novamente me caiu a ficha de que seria uma longa noite de natal e Beto era o de menos no meio daquilo tudo. O que me preocupava um pouco eram as perguntas que seriam direcionadas a ele e eu sabia que não seriam poucas. O senhor e a senhora Morgenstein não o convidaram a troco de nada, isso era uma certeza. Além de querer saber se a minha tão famosa desculpa para sair de casa mais vezes desde as férias era verídica, não perderiam tempo na hora de questionar se Roberto era uma boa pessoa. Por sorte ele era tão patético e inofensivo que eu tinha certeza que depois daquele dia eles confiariam ainda mais em mim, um ponto positivo ao meu favor.

Quando a hora do jantar chegou, Beto parecia não comer há dias, sem contar que antes do banquete começar, o garoto já encarava a comida de uma maneira nada sútil. Quase deixei a risada escapar quando meus pais vez ou outra interrompiam sua degustação aos Cogumelos recheados fazendo perguntas sobre a sua família.

— Eles não hesitaram em te deixar passar o Natal conosco, Beto? — a Sra.Morgenstein perguntou sorridente enquanto esperava o garoto terminar de engolir a refeição.

— Não, eles tinham mesmo que viajar para visitar uns parentes distantes. O convite de vocês na verdade foi a minha salvação.

— Por que? Não queria visitar seus parentes? — questionou meu pai adotivo com um semblante curioso.

— É que eu não conheço muito bem esse lado da família, eu ia acabar me sentindo meio acanhado, ainda mais levando em conta que alguém por lá está doente. Eu não tinha muitas expectativas de que o natal por lá fosse bom e meus pais sabiam disso, por isso até acharam que o convite veio em boa hora.

— Entendemos.

As perguntas não pararam por aí e eu sentia que não era o único incomodado com o excesso delas. Roberto lutava internamente — mais uma vez, de uma forma nada sútil — para não comer a Costela de porco de forma afobada. Eu tenho que admitir, a Sra. Morgenstein cozinha muito bem. Acho que hoje, essa é a única coisa referente a ela que eu tenho uma imensa... saudade?

— Então, resolveram aquilo lá em cima? — ela pergunta de uma forma nada sútil fazendo Beto me lançar um olhar perdido enquanto eu dei de ombros.

— São coisas de menino, Kate, não seja imprudente. — o Sr. Morgenstein se pronunciou olhando para Beto que se encolheu envergonhado.

— Mas eu não disse nada de mais, Edgar.

— Resolvemos sim, não se preocupe — respondi meio indiferente, lançando-a um sorriso logo em seguida. Beto permanecia calado, seu semblante entregava o seu constrangimento.

— Não fique acanhado Beto, na idade de vocês é normal — ela solta uma risadinha pessoalmente irritante — Já faz um bom tempo que o Connor não se relaciona com ninguém. Digo, tanto em relação a amigos quanto a namoradas.

— Só para esclarecer, eu não estou namorando com ninguém. — afirmei.

— Eu não disse que estava, mas nada te impede de ter uns lances por aí, não é mesmo?

— Por favor, mãe, pessoas da sua idade não falam "lances".

Meu pai quase engasgou com a comida e ela o lançou um olhar indignado. Mesmo Beto, que estava tão concentrado em sua comida, havia soltado uma risadinha quase inaudível.

O resto do jantar se passou com uma discussão ridícula do casal sobre a idade da Sra. Morgenstein. Beto parecia estar se divertindo, mas eu rezava interiormente para que tudo acabasse logo, e olha que eu não sou de rezar.

No final da noite, minha mãe parecia satisfeita, o que me levou a concluir que Beto havia passado no seu teste disfarçado. Seria mentira se ela dissesse que não tinha medo de que eu arrumasse amizades erradas. Eu já era todo errado, más influencias eram tudo o que eu precisava para desandar de vez, mas claro, eu não precisei delas para que isso acontecesse. Quando se nasce errado, não existem boas influencias que consertem.

— Muito obrigada pelo jantar Sr. e Sra. Morgenstein. Desculpem o incomodo, a comida estava ótima! — Beto disse levantando-se.

— Não é incomodo nenhum, querido. — a mulher falou em um tom demasiado atencioso, um tom que só usava para me perguntar se eu estava tomando os remédios direitinho.

— Volte sempre que quiser, não é sempre que o Connor traz amigos para cá. — meu pai adotivo completou me dando dois tapinhas nas costas e Beto assentiu silenciosamente. Agora sim eu parecia um idiota anti-social.

O acompanhei até a porta, afinal, eu sou doente, mas fui bem educado.

— Então quer dizer que além de ser misterioso e esquisitão igual aos vampiros emos daqueles filmes adolescentes você também não tem amigos, Connor? — ele sussurrou em um tom de divertimento, já do lado de fora.

— Cala essa boca.

— É assim que a gente descobre os podres, 'tá vendo? Me convide mais vezes para esses jantares em família!

— Mesmo sem amigos eu já comi mais meninas do que você.

Um muxoxo de indignação.

— Você não sabe brincar, porra.

Ele se despediu com uma expressão birrenta e logo atravessou a porta de entrada, coberta por neve, mais a frente. E assim terminou um natal que poderia ter sido ainda mais desastroso. Eu só não sabia que o universo, sendo filho da mãe como era, estava apenas me preparando para um dia ainda pior. Um dia que estragou toda a minha vida, essa que já era meio estragada.


Notas Finais


Alguém ficou curioso pra saber por que o último relacionamento do Connor terminou? Ou o que aconteceu de tão traumatizante no orfanato para o Connor criança chorar escondido?
Quem acha que a Senhora Morgenstein tem que parar de tentar ser legalzona? Haushaushe

Muito obrigada pelos novos favoritos e pelos comentários no capítulo anterior, amo vocês mais que pão com ovo, sério :')
Sabemos que fanfics Originais não são tão valorizadas no Ss, mas ainda sim estou feliz com o retorno que estão dando á ACDUP.

O próximo capítulo, como vocês já devem saber, sai no final desse mês. Como eu atrasei esse aqui, vou ter menos tempo para terminar o próximo, mas eu acredito que o mesmo não vai ficar tão grande como os capítulos normalmente são então o tempo não vai ser um problema. Apenas saibam que o próximo vai se passar no ano novo :3

Muitos de vocês gostaram do capítulo narrado em terceira pessoa, onde vocês acompanharam um pouco os pontos de vista da Alicia e da Rebecca e eu fiquei muito contente por saber que vocês tem sim interesse de acompanhar outros pontos de vista além do Connor na história, por que a cada três/quatro capítulos narrados pelo principal vai ter um capítulo narrado em terceira pessoa. Eu sinceramente achei que vocês não iam gostar muito e eu fiquei um pouco tensa por que desde o inicio da fic eu tinha idealizado as coisas assim, mas vocês acabaram me surpreendendo.

Nos vemos no próximo, um beijão <3


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