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História As (Des)vantagens de Ser Visível - Extra


Escrita por: jiwont

Notas do Autor


PRIMEIRO DE TUDO dedico esse extra a minha bebê @irongukk que sofreu bastante comigo enquanto eu escrevia essa trama tão amor. Ti amo <3
Eu tava aqui pensando nessa fic, e que vocês falaram bastante sobre como eles estariam dps de tudo, e eu acabei escrevendo algo dps de repensar muito como tudo ficaria.
Não ta um extra gigante e cheio de coisas, mas eu curti escrever, achei fofo.
Já peço desculpas pelos erros eu revisei rapidinho

Capítulo 2 - Extra


As vezes, quando estou sozinho, distante do mundo, das vozes alheias, daquele perfume amadeirado, dos resmungos da minha irmã, da gritaria insistente da minha mãe por qualquer coisa, dos bufares impacientes e cansados do meu pai; eu me pergunto se vou me acostumar com esse silêncio, com essa calmaria que sempre desejei desde muito pequeno. Eu sempre tive senso de independência, assim passei minha adolescência inteirinha desejando que o ensino médio terminasse para que eu pudesse continuar invisível na faculdade, em alguma cidade por aí, longe daqui, talvez em Seul.

 

Mas agora, com a Independência batendo em minha porta, a maior idade completada e o ensino médio terminado eu não sei se é realmente isso que quero. Se a vida em Seul vai ser melhor, se a faculdade de lá é realmente a que quero cursar, se eu vou conseguir manter a saudade bem guardadinha, ou se vou conseguir me virar sozinho. É meio estranho, eu não quero realmente ir. Mas eu sempre planejei isso, almejei tanto que esse dia chegasse que até meus pais já tinham grana suficiente para me mandar pelos próximos meses até que eu conseguisse um emprego, e até, conseguiram um lugar para que eu pudesse morar na companhia de um primo de papai até que eu pudesse pagar um aluguel baratinho perto da Universidade.

 

Enfim, todos estavam prontos para que eu partisse, deixasse aquela cidadezinha pequena que cheirava a velhice e embarcasse numa nova vida na cidade grande.

 

Bom, só eu que não estava pronto, especialmente para deixar meu loirinho verde musgo, que parecia se esforçar bastante para me passar a confiança de que ele ficaria bem se eu partisse.

 

Dali há algumas semanas completaria oito meses que havíamos oficializado esse lance meio estranho que temos, e nos formamos no ensino médio dois meses após sua manha para que usássemos um anelzinho bizarro e fofo de prata juntos. Desde então passamos esse tempo procurando uma faculdade, no mínimo, boa que o aceitassem sem se importarem com seu péssimo histórico escolar. E apesar de recebermos muitas negações, no fim, ele foi admitido em uma, não era o que estávamos procurando, mas servia e ele podia fazer o curso de artes visuais que tanto desejava.

 

Por meses usei a desculpa de ajudá-lo para não começar a mandar cartas para a universidade de Seul, eu não queria ser admitido, muito menos ter a responsabilidade de decidir ou não se continuaria ali ou partiria de uma vez. Porque, eu ainda me sentia indeciso, meio sem coragem. A ideia de um relacionamento a distância era de apavorar.

 

Eu passei a ser um cara muito mimado, Taehyung era um namorado horrível, impossível! Era difícil acordar sem ele em minha cama, porque todas as noites ele era a última pessoa que eu via e todas as manhãs sua voz era a primeira que ressonava em meus ouvidos.

 

Ele tinha saído da casa da mãe a algumas semanas, acho que completou um mês um dia desses, e eu quase não dormia em casa mais. Sempre queria me esgueirar para sua cama estreita e quentinha, sentir seu peso sobre mim, seus beijinhos de boa noite, seu sorriso tão bonito pela manhã.

 

Porque eu sei que demorei um tempão, passei muito tempo cego, meio míope, e nunca notei como aquele sorriso era lindo, mas não um lindo normal, era um lindo meio que inadmissível para um mero humano. Taehyung por inteiro era daquele jeitinho, todo inacreditável.

 

Me sinto meio bobo quando me lembro de quando tudo começou, da minha ingratidão, do meu egoísmo e por não ter visto aquilo que sempre esteve tão visível para mim. Talvez, se eu tivesse sido um pouco menos infantil e estúpido eu poderia ter aproveitado mais de Kim, poderia ter lotado meu diário de incontáveis qualidades suas e efeitos que ele me causa. E por mencionar meu caro e odiado diário, ha alguns dias atrás Taehyung me presenteou com outro, também feito a mão, e dessa vez ele colou uma foto minha na capa, deixando tudo muito brega quando colou adesivos bem gays de corações rosas por toda a capa.

 

O primeiro que me deu, não coube os sentimentos que transbordavam de mim todo os dias que eu passava com ele. E é até engraçado tudo isso, nunca imaginei que pudesse ter tanto o que escrever sobre ele, quando nem mesmo Jimin me tomou tantas páginas em dois anos e meio.

 

Por falar em Jimin, eu não o vi mais desde a formatura, ouvi dizer que ele havia voltado para sua cidade natal, para cursar direito na mesma Universidade que os pais. Da última vez que o vi, algo em mim se agitou, era uma sensação meio boba, estranha. Eu não sentia mais nada.

 

Não me importei quando ele me chamou de Hosook novamente e me desejou boa sorte com a vida adulta. Porque era assim que tinha que ser, eu seria sempre o Hosook para ele, e ele seria sempre o cara que eu não amava mais.

 

As coisas mudaram bastante nesses meses, na verdade, saber que tudo foi uma mentira durante todos esses anos me fez repensar um pouco sobre esse lance de querer ser invisível. Confessei a mim mesmo que tudo era só medo, medo daquela selva, medo dos animais selvagens. E depois que todos da escola puseram os olhos nos dedos do Kim entrelaçados aos meus; foi um verdadeiro martírio. Ele nunca daria conta de quatro marmanjos homofóbicos, muito menos eu.

 

Mas de alguma forma eu achei que foi necessário passarmos por toda essa merda, porque me fez perceber que não havia como ser invisível para sempre, as pessoas notariam você, notariam seu corte de cabelo, seu perfume, sua camisa brega, e quem você deseja amar e gostar. Sempre notariam, e tornariam disso uma piada, uma piada tosca e abominável.

 

Mas, acredito que encerramos bem o ensino médio, deixamos tanta coisa para trás. Taehyung não era mais um babaca, ogro, chato. Ele era gentil, todo doce, nunca aumentou a voz para ninguém nem mesmo quando nos destratavam na rua, prometeu para mim que daria um jeito na vida e no senso bobo de proteção sobre mim. E vinha cumprindo essa promessa, eu não via mais nenhum mero arranhão naquele rosto estupidamente bonito. Ele parecia um novo Kim Taehyung, versão amadurecida, menos cabeça dura.

 

Mas apesar disso ele continuava aquele tipo de pessoa insistente, que não ouve o que eu digo e quer o quer a hora que quer. Continuava meio idiota e fazia coisas só para me irritar ou para fazer com que eu me sentisse um imbecil. Porque era uma característica dele, afinal, se mudasse, não seria o cara por quem eu me apaixonei.

 

[...]


 

“Não… Mickey… Não pode, vai rasgar tudo” Aquele cachorro nunca me ouvia, nem mesmo quando eu berrava como a minha mãe, ele sempre pulava em cima de mim, querendo atenção, todo insistente. Parecia até com Taehyung.

 

Ergui meus braços, deixando as sacolas fora da altura que Mickey pudesse pular para rasgá-las, mas ele começou a focar em minhas pernas - me lembrando de que era hora de levá-lo ao pet shop e cortar as unhas.

 

“Mickey, não, não. Para!” Ralhei, mas ele continuava todo animadinho pulando em cima de mim.

 

Consegui chegar sem muitos arranhões nas pernas até a cozinha, deixei as sacolas encima da mesa, e me lembrei de que havia comprado sua ração. Vasculhei as sacolas sem muito ânimo, mas rapidamente encontrei o saco fechado. Ele latiu, agitando o rabinho todo serelepe.

 

“Então é por isso que você está assim, né?” Falei retoricamente, e ele como se me respondesse voltou a latir.

 

Peguei sua vasilha alaranjada e despejei sua ração ali. Taehyung havia me dado Mickey dois meses atrás, ele ainda era só um filhotinho arteiro. Ele também era algo que eu não queria ter que escolher em deixar aqui ou levar comigo. Ainda que o Kim sempre me diga que eu posso levá-lo não acho que eu consiga dar conta dele quando eu estiver la, se eu conseguir tempo para comer vai ser muito, quase não iria parar em casa, e o Mickey precisa de alguém presente em casa, que cuide, leve para passear, de comida e banho toda semana.

 

Ele não poderia ir comigo, e eu nem mesmo tinha mais vontade de ir.

 

“Hoseok? Tá fazendo o que aqui? Achei que ficaria em casa resolvendo as coisas da faculdade hoje”

 

Eu estava sentado no chão da cozinha com o Mickey, acarinhando seu pêlo felpudo e macio enquanto vagava em pensamentos longínquos observando-o devorar todo alimento. Não olhei para Taehyung, sei la, eu estava me sentindo mal com tudo que acontecia.

 

“Você não quer mais que eu venha te ver?” perguntei, baixinho, sem ânimo.

 

“Claro que não é isso. É só que você tá adiando tanto isso que não vai conseguir mais nada pra esse ano assim”

 

Suspirei alto, forte, em tristeza, me afastando de Mickey e deixando que ele comesse em paz. Queria chorar, me sentia sufocado, a indecisão me tirava o ar dos pulmões e eu sentia que me afogaria. Fazia um tempão que eu não chorava, que eu me fazia de forte decidido e queria mostrar para todo mundo como eu havia amadurecido e que a vida a adulta não me assustava. E guardar tudo isso me fez ficar ainda pior, porque tudo que eu queria era um colo pra chorar, um peito pra deitar e ouvidos que estivessem dispostos a ouvir minhas frustrações, inseguranças, e lamentações.

 

Naquele momento me deixei levar, chorei mesmo, chorei com vontade, sem ao menos perceber. Taehyung foi rápido ao se ajoelhar ao meu lado, tomou-me nos braços, apertando-me contra si e eu abracei sua cintura, afundando o rosto em seu peito magricela, molhando sua camiseta cheirosa.

 

Eu não queria ficar longe daqueles braços, daquele aconchego, daquele amor meio louco e puro.

 

“Eu gosto tanto de você” Solucei, apertando meus dedos contra sua camisa, meu tom se abafando a cada momento que eu me apertava mais a ele.

 

“Eu sei…” Ele respondeu, seu queixo repousando no topo da minha cabeça, seus dedos e palma acarinhando minhas costas.

 

Porque tinha que ser tão intenso? Por que eu não podia só namorar esse loiro e depois terminar como todo namoro de colegial? Por que eu tinha que querer largar tudo para ficar naquele apartamento pequeno com ele, Mickey, e cursando uma Universidade meia boca na cidade? Droga, o amor era tão estúpido.

 

“Ei…” Afastou-se minimamente, e segurou meu rosto com suas mãos grandes e meio ásperas, seu polegar direito fazendo um carinho gostoso em minha bochecha. “Qualquer decisão que você tomar eu vou estar aqui”

 

“Esse é o problema, você vai estar aqui e eu lá. E se você se apaixonar? E se você se cansar de me esperar? E se não der certo? E se eu me tornar um paranoico e terminar tudo por insegurança? E como eu vou dormir longe de você? Do seu cheiro? Do seu sorriso? Taehyung eu não to pronto pra te perder agora, me deixa perturbar sua cabeça só mais um pouco, depois você pode terminar comigo” Aquilo foi foi uma mistura de soluços, choramingos, gaguejar, fungar vergonhosa.

 

Eu estava tão preso a aquele sentimento que talvez Taehyung se assustasse que logo eu, tivesse tanta necessidade em tê-lo por perto.

 

“Quem disse que você vai me perder, Hoseok?” Ele tirou os fios que despontavam em meu rosto, cobrindo meus olhos, beijou-me a testa, e depois secou minha bochecha úmida, com toda calma do tudo, terminando ao beijar-me as pálpebras com carinho. “Eu não desisti de você, nem você sendo o cara mais estúpido do mundo, como você acha que uma distância tão mínima dessa vai me fazer desistir? Eu vou dar duro para te visitar ao menos uma vez no mês, e quando eu me formar quero ir para Seul também, de uma forma ou de outra nós podemos continuar insistindo nisso”

 

Taehyung fazia com que eu me sentisse infantil as vezes, ele estava tão calmo, convicto de que nada nos separaria que era estúpido da minha parte estar tão inseguro e desesperado.

 

“É que… Eu não quero ficar longe de você”

 

“Não posso pedir para que fique, Hoseok, você sempre desejou isso” Selou-me a testa, e eu suspirei, o abraçando novamente.

 

“Eu sou um bebê chorão mimado” Solucei, ouvi sua risadinha enfraquecida.

 

“Você é o bebê chorão mimado mais lindo que já vi”

 

“Ta vendo?” Me afastei, para encará-lo “É isso que eu não quero perder; eu não vou suportar ficar longe de você concordando de que sou um babaca, dos seus carinhos e esse seu jeito… arg, Tae por favor eu não quero ir”

 

“Eu não quero que no futuro você se arrependa, amor”

 

“Eu não vou me arrepender, meu lugar, é aqui, com você, o Mickey, a mamãe gritando, minha irmã estragando meu cabelo, e o papai bufando o tempo inteiro. É só isso que eu quero, quero estar onde quem eu amo está”

 

“Você está sendo bobo” Ele se sentou melhor no chão, e me puxou para seu colo.

 

Aquele era um hábito que eu nunca iria me acostumar a viver sem, eu amava demais aquele colo, aquele seu jeitinho gostoso de me puxar, a forma como nossos corpos se complementavam tão bem.

 

“Agora que você notou que eu sou bobo, idiota, e impulsivo?” Afundei meu rosto em seu pescoço, abraçando-o de novo.

 

“Então você quer ficar porque é impulsivo?”

 

“Quero ficar porque te amo, aqui tem umas universidades legais, eu consigo um bom emprego, depois a gente vê no que da, se mora ou junto ou aluga um lugar separado, se vai pros estados unidos casar ou só fica aqui curtindo um ao outro pra sempre”

 

Ouvi sua risada meio alta, gostosa, boba, enquanto ele serpenteava os dedos quentes para dentro do meu moletom e fazia um carinho aconchegante.

 

“Você me faz sonhar tanto, Hoseok”

 

“Mas você não vê nosso futuro com algo assim?”

 

“Eu vejo desde o primeiro ano, tipo, não assim, mas eu meio que sempre me imaginei contigo um dia, alugando um lugar junto, tendo uns cachorros fofos e tal”

 

“Então, Tae. Não vamos estragar nossos planos, eu não preciso ir pra Seul”

 

“Você que sabe…”

 

“Eu preciso ficar aqui, com você” O encarei, e coloquei meus braços em volta de seu pescoço, gravando seus traços marcantes, a pintinha do nariz, os olhos bonitinhos que hoje dava para notar a pálpebra dupla, os lábios rosados, o nariz a sua medida, a pele em melanina. Tão bonito e tão meu.

 

Pressionei meus lábios aos seus, num beijo vagaroso, sua língua macia passeou por meus lábios, transpondo caminho para dentro da minha boca. O beijo era tão lento, como se nunca mais fôssemos nos beijar, como se aquela fosse a última vez e não queríamos que tivesse um final.

 

Seus braços se apertavam firmemente em volta da minha cintura, ele queria que eu ficasse. Podia até fingir-se de cara maduro que desejava que eu seguisse um querer de infância sem me interferir, mas ele implorava para que eu permanecesse consigo daquele jeitinho ali, naqueles beijos, naqueles abraços, apertos, afagos.

 

E eu ficaria, eu ficaria com ele onde quer que ele estivesse. Afinal um dia alugariamos um lugar juntos, adotaríamos mais um cachorro, e seríamos quase invisíveis juntos, com a possibilidade de um dia ir para os Estados Unidos nos casar..


Notas Finais


O Hoseok é um garoto sonhador, percebe-se isso desde quando ele amava loucamente o Jimin, então não se assustem com ele já estar pensando num futuro onde ele se casa com o Tae kkk
Enfim, espero que tenham gostado desse extra


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