CAPITULO 30 – VILAREJO NO DESERTO
Aaron acordou lentamente, fez um leve movimento ao se espreguiçar. Trocou suas roupas e foi até o banheiro lavar seu rosto. Estava seguindo pelos corredores do prédio, quando Zack abriu a porta e saiu de dentro de um dos quartos.
- Bom dia, Aaron! – saudou Zack sorridente. – Achei que fosse dormir mais.
- Esse não é o quarto da Jasmine? – perguntou Aaron confuso.
- Ah sim! Eu vim ver se a princesa estava bem – respondeu Zack de prontidão. – Logo eles irão recomeçar a construir o novo castelo.
- Entendo. Todos já estão acordados? – perguntou Aaron ainda sonolento.
- Sim! Estão lá embaixo tomando café. Vamos nos juntar a eles – respondeu Zack seguindo em direção as escadas. Ao ouvir aquilo, Jones percebeu o quanto estava com fome.
Depois da queda do castelo, os soldados do Rei se renderam a Princesa e, agora, nova governante Jasmine. Assim que a batalha parecia está vencida e a missão havia sido cumprida todos vieram para uma pousada na cidade para em fim descansar.
Jones continuou com Zack pelas escadas até o salão principal da pousada; havia uma mesa enorme repleta de refeições bem servidas. Aaron e sua equipe agora eram heróis na cidade por terem derrotado o tirano Rei Havery. Aaron se sentou à mesa e começou a beliscar alguns bolinhos. Zack o acompanhou com mais vigor e pressa. Logo Gale entrou acompanhado de uma jovem ruiva e muito formosa; seus olhos eram de um verde intenso e brilhante. Usava um vestido azul emprestado de Jasmine e aparentava ser muito meiga e doce. Ela vinha agarrada no braço de Gale e esboçava um leve sorriso enquanto conversavam. Ambos se juntaram ao restante do grupo. Aaron parou imediatamente o que estava fazendo, estava com um pão a meio caminho da boca.
- Está é Agatha – apresentou Gale.
- Muito prazer! Eu sou Zack Moria – respondeu o loiro rapidamente. – E esse ao meu lado é Aaron Jones!
- Prazer! – respondeu Aaron um pouco tímido.
- Ora! Ora! Vejo que já está melhor – disse Gale olhando para o lado e vendo Orion se aproximando. Orion se sentou à mesa.
- Só precisava descansar – respondeu Orion calmamente.
Com a chegada de Jasmine, e seu tio, finalmente todo o grupo estava reunido e comemorando a vitória. Alguns riam e outros faziam graça. Gale havia entregado a espada de Havery para o tio de Jasmine que se tornara o conselheiro dela. Todos estavam se divertindo naquele breve momento de paz. E assim a manhã passou. E pela primeira vez em anos, fazia sol nas terras gélidas da Nação do Lobo.
Após o café Aaron foi até o jardim, e avistou Orion com um falcão em seu braço; ele retirou o pequeno pedaço de papel de uma das patas da ave. Aaron se aproximou para ver o que estava acontecendo, e ficou esperando a reação do amigo.
- Droga! Parece que nosso descanso acabou – disse Orion em tom triste, mas com um leve sorriso.
- Numb? – perguntou Aaron curioso. – Eles estão com problemas?
- Alguns. Devo retornar imediatamente – explicou Orion. – Mas você deve seguir com Zack.
- Então iremos nos ver em breve – disse Aaron esticando a mão para cumprimentar Orion.
Orion arrumou suas coisas, e vestiu seu manto vermelho. Despediu-se de todos e foi o primeiro a partir. Enquanto isso Aaron continuou na pousada descansando. Resolveu procurar Zack à tarde, e acabou encontrando Gale sozinho em uma das sacadas.
- Gale! Você viu o Zack? – perguntou Aaron.
- Ele deve estar com a Jasmine. Eles passaram quase o dia todo conversando – Respondeu Gale. Aaron então começou a se retirar, mas Gale o chamou novamente. – Hey, Aaron!
- Pode falar – respondeu Aaron com as mãos atrás da cabeça.
- A Numb virá atrás de mim ou da Agatha? – perguntou o jovem quase que num sussurro. Aaron encostou-se à grade da sacada, tendo em vista que era uma pergunta mais séria.
- Por enquanto não! Vocês estarão mais seguros aqui por enquanto – respondeu Aaron pensativo. – Mas você sabe da importância de ambos.
- Entendo. Eu só não quero que ela corra riscos – disse Gale apreensivo.
- Não se preocupe! Além de mim, ela tem outro pilar protegendo-a – respondeu Aaron em meio a um sorriso.
Zack apareceu ao anoitecer no quarto de Aaron; ele bateu na porta e entrou. Aaron estava lendo um livro velho que estava em uma das mesas. Ao ver seu amigo chegar, olhou para Zack com um ar de provocação.
- Então como foi o encontro com a princesa? – perguntou Aaron o fuzilando com o olhar.
- Foi legal – respondeu Zack com o rosto um pouco corado e se apressou em mudar de assunto. – Mas temos assuntos a resolver agora.
- Partiremos amanhã? – perguntou Aaron deixando de lado a brincadeira.
- Sim! Será uma longa viagem – respondeu Zack.
Mary acordou assustada, assustando também o jovem que estava cuidando dela. Ela o olhou, estava em uma cama, coberta. O pano úmido que estava em sua testa caiu em seu colo.
- Quem é você? Onde eu estou? – perguntou Mary um pouco ofegante.
- Meu nome é Agnus, fique sossegada não irei te machucar – acalmou o rapaz que rapidamente pegou o pano úmido e colocou na testa da moça, enquanto a colocava novamente deitada. Mary reparou no punho do rapaz, havia um tipo de pulseira com uma pequena pedra de cristal; lembrou-se vagamente do que era aquele artefato - um tipo de pulseira que restringia um limite ao qual a pessoa poderia ir. Em outras palavras ele era um escravo.
Mary cochilou por mais algumas horas. E depois se levantou, ao sair da casa viu um vilarejo totalmente destruído. Agnus se aproximou da jovem garota:
- A visão não é muito boa, mas um dia já fomos livres – disse Agnus com um pesar na voz.
- O que aconteceu aqui? – quis saber Mary.
- Aqui era um vilarejo base da resistência contra o líder da nação do Urso. Um dia esse vilarejo foi atacado e dizimado. Nosso líder e mais um garoto seguraram os inimigos para que pudéssemos fugir. Porém o pior veio depois com a coroação do General Ryan. Aquele lunático criou uma enorme prisão, e vagou por cada parte desse deserto procurando por aqueles que faziam parte da resistência – contou Agnus, Mary olhava o sofrimento das pessoas locais, todas eram escravas. – Depois que nos encontrou, nos trouxe para esse vilarejo que agora é uma mina de escavação, todos nós viramos escravos, e não há maneira de sair daqui.
- Estão presos na barreira de cristal – disse Mary mostrando conhecimento do sistema.
- Sim, quatro cristais, norte, sul, leste e oeste – explicou Agnus enquanto apontava as direções. – Os cristais maiores formam uma barreira da qual nós, que temos essa pulseira, não conseguimos sair.
- Já ouvi falar disso antes. São bem protegidos? – perguntou Mary.
- Sim. Estamos fadados a morrer aqui. Mas você pode fugir – disse Agnus com um leve ar de esperança.
- Há quanto tempo eu estou dormindo? – perguntou Mary com uma leve dor de cabeça.
- Há dois dias, você chegou do deserto, estava muito desnutrida, e acabou desmaiando na fronteira do vilarejo. Teve sorte de eu tê-la encontrado a tempo – explicou Agnus.
- Eu preciso voltar para a prisão. Tem alguém que preciso salvar – lembrou Mary.
- Está maluca! Aquele lugar é um inferno. As torturas são constantes, e as pessoas dificilmente sobrevivem – alertou Agnus indignado com a ideia da jovem moça.
“Droga! Eu preciso fazer algo”. Pensou Mary preocupada.
Solari estava preso a uma mesa de tortura vertical, ele estava com o corpo totalmente a mostra e esticado. Ryan entrou na sala que estava escura e muito quente; ele se aproximou da mesa com os instrumentos e colocou as luvas. Pegou um pote que tinha um escorpião, e se aproximou de Solari.
- Conhece os escorpiões de areia da Nação do Urso? – perguntou Ryan com um sorriso.
- Sim. Fazem parte do meu café da manhã – respondeu Solari ironicamente.
- Veremos se irá manter esse tom piadista – disse Ryan que não gostava nenhum pouco daquilo, vítimas que imploravam por misericórdia eram mais divertidas. - Sabe, o veneno deles não mata, mas se mantém durante quinze dias no organismo da sua vítima. Dores, alucinações, entre outras coisas – esclareceu Ryan enquanto tirava o escorpião do pote e colocava na roupa de Solari.
- Desde quando o clã está na nação do Urso? – perguntou Solari com um sorriso. Que rapidamente deu lugar a um leve dor vinda da picada. Ryan pegou o escorpião que caiu da camiseta de Solari e o colocou de novo no pote, em seguida colocou o pote na mesa e se voltou para Solari.
- Você é mais esperto do que aparenta. Lembre-se Solari o clã está em todo lugar – respondeu Ryan.
- Mentira! – gritou Solari, começava a transpirar devido aos efeitos do veneno. – Calleri está indo longe demais.
- Você acha que isso tem a ver com Calleri? Está muito enganado, meu caro – contou Ryan. – Nosso líder é muito maior que isso. O clã só morre quando nosso líder morrer.
- Ducan? Sempre achei que ele fosse um cachorro de Calleri – respondeu Solari com dificuldade sentia a dor se espalhar pelo seu corpo.
- Calleri é um fraco. Ele achou que Ducan se curvaria perante ele, após ter o libertado da prisão em Orasul de aur. Mal sabia ele que Ducan comandava o Clã de dentro da prisão. Depois de Pământ, retornaremos a Orasul de Aur, e em seguida todos os continentes pertencerão ao clã – explanou Ryan com um sorriso cínico.
- Malditos! Como ousam? – vociferou Solari em meio às dores.
- É assim que as coisas funcionam – disse Ryan sorridente ao ver o sofrimento da sua vítima. – Mas me reconhecer como um membro do clã somente pelos meus métodos de tortura. Isso é realmente impressionante.
- Na verdade somente o clã sabia dos pais de Mary – aclarou Solari.
- Entendo. Então a falha foi minha – reconheceu Ryan deixando de lado o sorriso. – Aproveite sua estadia Solari, ela será bem dolorosa.
Ryan foi em direção à saída, e fechou a porta deixando Solari gritando de dor sozinho.
Mary subiu até a colina onde Solari e ela havia deixado os cavalos. Os animais abandonaram o lugar em busca de água e pasto, coisas que não havia ali. Mary desenterrou os pertences. Colocou a roupa de combate da Numb. E pegou um apito que era utilizado para chamar um falcão. Ela apitou com todas as forças que tinha, e esperou por horas na sombra da árvore até que finalmente ouviu os bramidos do falcão no céu. Ela chamou o pássaro que pousou em seu antebraço. Ela deu as coordenadas ao animal, e colocou a mensagem no pocket. E lançou o pássaro aos céus, na esperança de conseguir alguma ajuda. Era tudo que podia fazer no momento.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.