História As letras do Destino - Piloto

A vida nem sempre é justa, com algumas pessoas ela pode ser bem perversa. Neste mundo, todas as criaturas estão divididas em três grupos: Sobrenaturais, Extraordinários, Comuns. Os comuns, sendo os mais fracos, os humanos comuns, animais, fungos, bactérias, etc.... Os extraordinários sendo mais fortes que humanos, mas mais fracos que sobrenaturais, eles são os licantropos e magos-lunares, sereias. Os seres sobrenaturais são os mais fortes, sendo eles: feiticeiros, vampiros, lobisomens... 

Os Comuns não sabem sobre essas classes. Para eles, todos os seres não comuns são só lendas e mitos.
Eu sou uma feiticeira, assim como a minha família, nós somos uma das famílias fundadoras de nossa raça, a segunda, a mais temida...

Nesse mundo os seres sobrenaturais governam em segredo, os extraordinários sabem que somos mais fortes então não nos questionam. Travar uma guerra conosco é uma missão suicida. A não ser que seja uma guerra interna, essas são perigosas... 

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— Vamos lá Crystal, tem que ir, fingir que é simplesmente uma garota normal, só um pouco de maquiagem e escola, é isso que precisa para este ano — repreendi a mim mesma, era o primeiro ano da faculdade que faria, literatura, adorava escrever histórias, era... Relaxante.
 

Com muito esforço tomei um banho rápido e fiz uma maquiagem básica, as aulas desta faculdade começavam no inverno, então peguei um casaco bem quente e vesti com uma calça segunda pele e um jeans branco por cima. Estava nevando, então coloquei o capuz cobrindo parcialmente meu rosto com sombras, deixando um pouco do meu cabelo ruivo para fora do casaco. Minha bolsa estava na sala, então desci as escadas e peguei-a, indo em direção à porta, já estava atrasada, não queria ficar mais ainda...
 

Cheguei bem rápido na faculdade, mais rápido do que esperava, mais devagar do que gostaria. Minha sala era a 1-1, onde teríamos as aulas de redação e gramática, as outras aulas eram dadas em outras salas.
      
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A primeira semana de aula chegara ao fim, já me acostumava com a ideia de uma vida normal, só com as preocupações de uma adolescente normal, mas devia saber que aquilo duraria pouco, não tinha como durar muito.
Foi no caminho de volta para casa que a primeira coisa estranha do dia aconteceu... Era hora do almoço e eu já voltava, não tinha pressa, não tinha nada para fazer, então fui andando normalmente com minha nova amiga Ema.

— Por que decidiu fazer literatura, Crysty?

— Ah... Escrever sempre foi meu passatempo, me relaxa, só quis me aprofundar no assunto...
Caminhávamos entre as árvores de um bosque pouco conhecido, árvores altas e finas, mas com poucas folhas devido ao inverno rigoroso do Canadá, era uma paisagem que me fascinava, mas que nunca tinha parado para prestar atenção é que nunca mais usaria só como atalho. Ainda estava muito distraída com a paisagem quando Ema resolveu me responder.

— Entendo... Não acha perigoso pegar um atalho?

— Não, ainda está claro, não tem perigo nenhum, quer dizer o que pode acontecer... — fui bruscamente interrompida por um som vindo de algumas árvores atrás de nós, o som de um galho quebrando. — Ou talvez tenha... Corre!

— Que?!

— Só corre! Eu vou logo atrás.

Sabia que não poderia fazer muito com Ema em minha cola, não poderia fazer muito sozinha, imagina com uma comum me seguindo e me enchendo de perguntas! Não tive muito tempo para pensar sobre o que fazer pois um outro estalo, ainda mais perto,  soou atrás de mim. 

Caminhei lentamente para trás, um passo de cada vez, mas o que quer que fosse que estava ali não era um mero animalzinho, de trás de uma das árvores saiu uma enorme árvore que parecia estranhamente mais larga que as outras.

—Ora, Ora, Ora, veja quem eu encontrei... Cristal Bourbon Lendoir, filha de Emerald Bourbon e Henry Lendoir. Creio que os lobisomens ficariam mais do que felizes em tê-la como um acordo de paz, mas só se seus queridos pais resolverem pagar o resgate.

Seus olhos amarelos brilhavam de forma amedrontadora, mas não me abalou, pelo contrário, só me fez ficar mais confiante. Praticar magia não era nem de longe um passatempo para mim, o que significa que não tenho muitas habilidades, nada que não possa dar um jeito.
Peguei uma pequena quantidade de folhas na mão e me preparei para o que viria a seguir.

— Folhas secas? Vai fazer o que com isso, aspirante a bruxinha? — Não, você não disse isso.

— Ninguém me chama de aspirante a bruxinha!

Em um movimento rápido todas as folhas estavam no ar, mais um movimento e as folhas se tornaram um líquido branco e pegajoso.

— Acho que isso dá conta do recado, — de repente todo aquele líquido estava cobrindo o lobisomem que me encarava— só para você aprender a não mexer com uma bruxa, ok? E me desculpa se estava quente.
Saí deixando o lobisomem com o coro em chamas, sabia que não adiantaria muito, já que a única coisa que mata lobisomens é uma erva rara, que por sorte eu possuía, graças a minha querida mãe, que um dia já me amou o suficiente para me proteger.

Dei um suspiro profundo e me virei na direção contrária e olhei uma última vez à criatura queimando.

— Diga à quem te mandou para não ficar no meu caminho, você não viu nem metade do que posso fazer.

"Eu cansei de viver em perigo, e vou fazer o que for para ter a vida que eu quero, nem que isso signifique aceitar meus poderes e me tornar a bruxa mais poderosa que já existiu! - pensei comigo. Por que não percebi isso antes, quer dizer, negar quem eu sou não vai me fazer feliz, tenho que aceitar, a partir de agora, eu sou uma feiticeira, sou uma feiticeira completa.

Esse é meu destino, e cabe a mim escrevê-lo da melhor maneira possível.