Era um facto que Lopo gostava de beber chá.
Aliás, gostava de beber outras bebidas.
Mas quando bebia, nunca tinha sede.
Bebia mais por gostar do que por necessidade.
O lusófono gostava de sentir o liquido –quente ou frio– a passar pela garganta.
Gostava dos sabores das bebidas.
Também, gostava da água, mesmo sem ter um sabor específico. Água sabia a água, ponto final.
Naquele momento, ele e Aleixo caminhavam em direção da casa do Afonso.
Este último tinha aprendido a fazer uma bebida transmontana e convidara os asiáticos a ir provar.
Assim que chegaram à casa do português, a porta estava aberta. Mas ao entrarem, tiveram o maior susto das suas vidas.
Bom, se houvesse um sujeito de capuz preto a exclamar um encantamento, tendo em sua frente um pote com um líquido a arder, em quem vocês iriam pensar? Oh, claro, no Arthur. E todos sabemos o horror de ter o Arthur numa cozinha.
E, bom, os mais novos gritaram de pavor. Eles não queriam consumir algo feito pelo inglês. Não queriam morrer de intoxicação alimentar!
- Eita, o que foi? Porque estão a gritar?- o sujeito perguntou, retirando o capuz.
Era Afonso.
- Oh, meu Deus… Pensei que era o Arthur…-comentou Aleixo, aliviado.
- Que bruxarias estás a praticar, Afonso?!- ralhou Lopo.
- Bruxarias?- perguntou Afonso, confuso.- Ora essa, só estou a fazer uma bebida chamada Queimada. O Júlio ensinou-me, né, filho?
Afonso despenteou os cabelos ruços do Bragança, que até então, não fora notado pelos visitantes.
- Oh, Júlio, desculpa-me, não te tinha visto.- Lopo desculpou-se.
Aleixo também pediu desculpas, fazendo um gesto com a mão esquerda.
- Não faz mal. – murmurou Júlio. Estava habituado, afinal de contas.
Afonso olhou para uma folha, onde estava escrito o encantamento.
- Oh, Júlio, lembraste onde eu ia?
Júlio apontou para a linha, sem dizer nada. O português teve que aguentar para não começar a gargalhar.
- Meu Deus, quem foi o autor do encantamento?
Lopo, curioso, agarrou na folha e leio-a mentalmente. Aleixo também assim o fez. Ambos começaram a rir baixo.
- “Peidos dos infernais cus”?- Aleixo leu, a sua barriga doía devido às risadas.
- Olha para essa linha. - Lopo apontou para uma linha mais abaixo. - “Guedelha porca da cabra mal parida”!
- Não me culpem. Foram os galegos que criaram isso.- Júlio defendeu-se, sem vontade de rir.
Afonso continuou o encantamento, tendo os dois mais novos daquela sala a aguentar para não rir.
E por fim, beberam a bebida.
Lopo adorou-a, apesar de ser muito alcoolizada.
Já Aleixo… Bom, ele ficou bêbado.
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