História As Novas Vidas Secretas de Sweet Amoris - Lynn Palhaça até com as cobras

"O trabalho só dignifica o homem, quando não o priva da vida." (João Antonio N. Palmeira)

Eu já encarei uns empregos bem... Exóticos, depois que entrei para a universidade. Claro, sem contar as vezes que eu trabalhei como assistente de professores, esses eram chatos e de vez em quando eu implorava para o Viktor enfiar um cabo de vassoura no meu coração, mas não havia nada de exótico nisso.

Primeiro trabalhei no laboratório de répteis da Universidade de Sydney. Depois passei três meses em uma fazenda enfiando até meus cotovelos numa vaca pra puxar o bezerrinho, e agarrando touros pelos chifres para dar as vacinas. No meu quinto semestre eu passei seis meses com uma comunidade indígena do deserto do interior da Austrália dormindo em cavernas observando a fauna do deserto e fui picada, de novo, por uma Taipan do Interior, dessa vez eu não sei por que, acho que ela só era malvada mesmo. Teve um trabalho de verão em que eu passei como assistente de uma mulher que resgatava cobras que apareciam em áreas urbanas de Brisbane. Eu fui picada, estrangulada e mordida tantas vezes que não sei como morri.

Um dos meus favoritos foi no meu nono semestre, onde eu fui para um orfanato de elefantes no Quênia, eu passava o dia aprendendo e ajudando os veterinários a cuidarem dos bebês elefantes até que eles crescessem o suficiente para voltarem ao habitat natural sendo independentes, ou até que uma manada os adotassem. Eu fui chamada para trabalhar lá depois eu me formasse, mas sugeriram que eu fizesse uma especialização e adquirisse mais experiência na fauna africana, já que a da Austrália era louca demais e eles não podiam contratar uma recém-formada para ganhar o mesmo que veterinários e biólogos que passaram a vida toda estudando. E assim eu entrei no mestrado.

Meu último emprego foi com um cara que, por trinta dólares, resgatava cobras em áreas urbanas na África do Sul. Foi bom que eu tenha tido experiência nesse tipo de trabalho antes, mas a diferença é que as cobras da África são malignas. Elas te odeiam, cospem em você, correm atrás de você e não é só para se defender. Eu fui desviar do bote de uma maldita de uma Mamba Negra e acabei caindo de um barranco quando estávamos tentando tirá-la de dentro de uma fazenda, a desgraçada ainda veio atrás de mim pra terminar de me matar. Ficamos nós duas rolando no chão que nem duas idiotas até conseguirem pôr a maldita da cobra num saco.

Ah... Lynn, palhaça até com as cobras mais venenosas do mundo...

Enfim, Mambas Negra a parte, mesmo levando picadas, coices, chifradas e sendo sufocada por tudo quanto é tipo de animal durante minha vida acadêmica, nenhum dos empregos malucos e perigosos se comparava ao que eu tinha de enfrentar agora.

Depois de terminar meu mestrado, mandei uma carta para o orfanato de elefantes e eles disseram que ficariam felizes em me receber de volta, porém eu teria que esperar que um dos veterinários se aposentasse, para que eu pudesse trabalhar e ser paga como veterinária, felizmente um deles iria se aposentar no fim do ano. Infelizmente eu teria de esperar mais um ano para finalmente ter o emprego dos meus sonhos.

Aí que vem a questão, eu precisava arrumar um emprego para, pelo menos, conseguir comer por um ano. Depois da décima quarta vez que eu levei uma picada de uma Mamba Negra, o número não é meramente ilustrativo, meus pais, o Viktor, a Seraphine, a Rosalya e até o Khan me proibiram de voltar a trabalhar resgatando cobras. Era divertido, apesar de tudo, Mambas Negra sempre eram boas de briga. Meus pais inclusive disseram que iriam me trancar num quarto se eu inventasse de trabalhar alimentando tubarões ou coisa parecida, então eu fui obrigada a voltar para a minha antiga cidade e arrumar um emprego normal.

O problema é que minha antiga cidade já estava indo muito bem com as duas clínicas veterinárias que já tinha, e a nossa universidade já tinha veterinários o suficiente, mas havia uma vaga sobrando para ensinar biologia.

Adivinha onde?

- Como é bom vê-la já adulta, senhorita Lynn! - o titio Boris me falou alegremente. Seis anos depois e ele não tinha envelhecido um dia. - Acredito que podemos pular a parte de visita a escola não é? Nada mudou desde que a senhorita estudou aqui...

Au contraire, meu lindo e adorado professor, muita coisa mudou.

- Bem vinda a Sweet Amoris, professora Lynn.