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História As Novas Vidas Secretas de Sweet Amoris - Leite Esparramado


Escrita por: CandyBabe

Capítulo 22 - Leite Esparramado


"Todas as paixões nos levam a cometer erros, mas o amor faz-nos cometer os mais ridículos." (François La Rochefoucauld)

 

Acordei com meu celular vibrando ao lado da minha cama, pela décima oitava vez, pelo que indicava a tela. Desliguei aquela merda e enfiei minha cabeça embaixo do travesseiro de novo. Eu tinha dormido tão mal aquela noite, tanta raiva, tanto rancor e ódio acumulados, mais o esforço de me controlar pra não chegar em casa quebrando tudo, que acabei desmaiando até as onze da manhã, pelo que mostrava meu relógio.

Sabendo muito bem que eu não ia conseguir dormir de novo, me levantei e fui até a cozinha pegar alguma coisa para saciar o monstro malignos que fazia meu estômago roncar. Na porta da geladeira, minha mãe sempre sabia que era o primeiro lugar que eu ia depois de acordar, tinha um bilhetinho dizendo que ela e a Collette foram a praia, que tentaram me acordar, mas eu tive uma morte cerebral em cima da cama e não respondi. Tirei uma garrafa de leite de dentro da geladeira, bebi direto da garrafa, e fui procurar algo doce. Eu precisava de glicose no sangue, ódio funcionava para dar energia, mas não me ajudava a pensar direito.

Avisando que uma coisa idiota está prestes a acontecer.

Lá estava eu, Lynn palhaça tinha acabado de achar a lata de biscoitos, até hoje minha mãe os escondia de mim, encheu um copo, guardou o leite e fechou a geladeira. Eu tirei meus dedos da porta e dois segundos depois a campainha foi tocada. “Tocar” era um verbo gentil demais, por que a bendita criatura que apertou minha campainha provavelmente estava tentando matar o botão, o som foi tão forte que até o dobermann da vizinha latiu irritado com o barulho. Olhei para o teto, soltei um suspiro cansado, exausto, e fui abrir a porta.

Nem preciso dizer quem era, preciso?

- Lynn... - nem olhei pra ele, só larguei a porta aberta e me virei de volta para dentro de casa.

- Entra, Castiel. - fui até a cozinha, peguei meus biscoitos e meu leite, me sentei no sofá da sala, e beberiquei um pouco do copo. Ele me observou atônito, provavelmente por que esperava que eu jogasse alguma coisa nele, coisa que eu faria, talvez, mais tarde.

- É sério? - ele me olhou da porta e depois olhou para o copo na minha mão. - Você simplesmente está me convidando pra entrar?

- Bem, foi por isso que você quase arrombou a minha campainha não foi? - peguei um biscoito. - Estou curiosa pra saber o que vai ser dessa vez.

Ele entrou, fechou a porta atrás de si.

- Lynn... Eu juro que...

- Deixa eu adivinhar. - bebi outro gole do leite. - Você estava com o pessoal da banda, ficou bêbado e acordou no dia seguinte com a Debrah do lado. - eu encarei o copo por que acho que meu olhar mataria aquele idiota, e eu queria fazê-lo sofrer ainda. - De novo.

- Olha, eu sei...

- Sabe, o que? - voltei meu olhar para a lata de biscoito. - Eu nem sei por que aceitei ir, eu sou uma imbecil.

- Não, Lynn. - ele se sentou ao meu lado no sofá, tive que me controlar pra não meter aquele copo na testa dele. - Eu juro que eu não sei o que aconteceu, eu não planejei nada daquilo...

Fechei os olhos e respirei profundamente, inferno, fiquei sem dormir a noite inteira por causa da raiva, mas justo agora ela tinha de passar.

- Eu nunca mais quero ver você. - eu disse de forma lenta. - Seu cachorro estando doente ou não, eu nunca mais quero saber de você...

- Lynn... - ele ergueu a mão para me tocar, mas eu o afastei.

- Como você consegue ser assim? - eu sabia que meu rosto estava com uma expressão dolorida, e que meus lábios estavam trêmulos por que eu estava me controlando para não chorar, mas, ainda assim, o olhei. - Por que você faz isso?

- Lynn, por favor...

- Vai embora. - minha voz não saiu com uma gota de autoridade. - Me deixa sozinha de uma vez...

- Eu não posso, Lynn. - de novo, ele se aproximou. - Eu não consigo, eu sei que é babaquice minha, mas eu simplesmente não consigo...

O idiota foi rápido, por que mesmo olhando pra ele eu não consegui detectar o movimento antes de o Castiel rodear meu rosto com as mãos dele e pressionar a boca contra a minha. Eu juro por todos os deuses, já tinha até erguido o copo para arrebentar na cara dele, quando uma coisa naquele beijo me chamou a atenção e deu um estalo na minha mente. Isso me fez relaxar a postura, tanto que eu simplesmente larguei o copo de qualquer jeito no chão, por sorte aquela droga era de plástico, exigências de se ter uma irmã pequena em casa, derramando o meu precioso leite, e fazendo o Castiel me soltar com o som da queda.

- Lynn? - ele me olhou de uma forma tão temerosa e cheia de expectativa que era até engraçado. Cassy não está acostumado com minha falta de reação, ele provavelmente já devia ter se preparado para levar uma porrada na cara.

Por séculos eu o encarei num estado catatônico e boquiaberto, ele fez o mesmo comigo, só que com a boca fechada. O meu cérebro maravilhoso estava trabalhando tão rápido que meu centro da fala foi desligado para fins de economia de neurônios, depois olhei de forma mecânica para o leite derramado no chão do meu apartamento como eu fosse um neandertal olhando para o fogo pela primeira vez.

- Lynn fala alguma coisa você está me assustando.

Coloquei a lata de biscoitos no chão e me virei para ele.

- Abre a boca.

- O que?

- Abre a boca. - repeti.

- O que você vai fazer?

- Eu prometo que não vou fazer nada.

- Isso com certeza é alguma maluquice sua. - ele puxou o celular.

- Você pode ligar pro Viktor e perguntar o que significa quando eu peço para abrir a boca mais tarde. - é sério, ele ia fazer isso. - Só... - respirei profundamente. - Por favor, faz o que eu estou pedindo.

Por mais um milênio, ele ficou me encarando, até que por fim desistiu e abriu a boca levemente. Eu me apoiei sobre um joelho e me inclinei sobre ele para sentir o cheiro do hálito dele. Pelo menos ele teve a decência de tomar um banho e se higienizar antes de vir pra minha casa, mas, além do cheiro da pasta de dentes, eu senti algo mais... químico, por assim dizer, era um cheiro meio adocicado misturado a álcool e a cheiro de hospital.

- Você já acabou, Lynn? - Castiel falou e eu me afastei, olhando para ele e sentindo uma dor imensa invadir meu coração.

- Você está sentindo um gosto estranho? - eu perguntei. - E com a boca seca?

- Do que você está falando?

Tudo fazia sentido agora, tudo mesmo e por isso que a dor no meu peito era tão imensa. Tanto, que eu parei de encarar o Castiel e apertei os olhos de forma dolorosa, balançando a cabeça.

- Lynn... - escutei a voz dele depois de um tempo. - O que foi? Por que você está agindo assim?

Passei mais alguns minutos, ou anos pensando e repensando.

- Me conta o que aconteceu. - disse e o encarei. - Noite passada, me conta o que houve.

- Por que você quer saber disso? - ele meio que se afastou. - Agora? Do nada?

Comecei a ficar irritada.

- Eu estou te dando a chance de falar. - respondi de forma ríspida. - Não foi isso que você veio fazer aqui?

- Você não precisa usar esse tom. - a resposta foi no mesmo tom perigoso que eu usei.

- Puta merda, Castiel... - massageei minhas têmporas. - Por que toda conversa com você tem que ser difícil?

- Geralmente quando você quer saber de uma coisa é só pra esfregar isso na minha cara depois.

Ergui minha cabeça para o teto, por que, Odin? Por quê? Fechei os olhos e respirei profundamente.

- Eu mereço uma explicação.

- Que seja. - ele cruzou os braços e se desviou de mim. Cassy ainda respirou profundamente e de forma meio amargurada antes de voltar a falar. - Você não vai acreditar em mim.

Puta que pareo...

- Castiel...

- Olha, a gente só estava bebendo uma cerveja depois dos ensaios. - ele disse. - Eu ia direto pra casa, o Lysandre teve de sair mais cedo, mas a Debrah e os caras das duas bandas ficaram me enchendo o saco pra ficar...

Respiração tântrica pra não morrer de ódio...

- E eu achei que ia ser bom relaxar um pouco. - ele passou a mão atrás da nuca. - Meu agente não largou do meu pé a semana toda e eu estava enlouquecendo pensando no que podia acontecer no nosso jantar. - aposto que o que realmente aconteceu nem passou pela cabeça dele.

- E aí? - ele me olhou com cautela antes de continuar.

- E aí eu tomei uma latinha, vi que ainda dava tempo e tomei mais uma... - ele soprou o ar. - O Lysandre me ligou e foi aí que eu vi que ia me atrasar se...

- O Lysandre te ligou?

- Foi o que eu acabei de falar. - tinha que ter a respostinha cretina.

- Quando você atendeu, você saiu de perto deles?

- O que?

- Castiel, eu não sei como fazer essa pergunta ficar mais simples.

- O que isso tem a ver?

- Só me responde. - antes que eu enfie uma faca na sua testa.

- Sim, eu fui atender fora do ginásio. - olha que surpresa, ele cruzou os braços. - E daí?

Provavelmente a lata de cerveja dele ficou.

- Continua a história.

- Lynn, o que é...

- Pelo amor de todos os deuses. - eu implorei. - Continua logo essa merda...

- Você é maluca, sabia? - nossa, ele descobriu agora? - E daí você já deve saber como foi...

- Não eu não sei.

- Isso é tortura, Lynnette?! - agora Cassy levantou o tom de voz. - Você sabe muito bem que eu não tenho orgulho nenhum de nada disso.

- É mesmo, é? Senhor machão? - reação natural a elevação de voz dele. - Dormir com uma garota enquanto outra imbecil te espera num restaurante não é motivo de orgulho pra qualquer imbecil portador do cromossomo “Y”?

- Ah, vai se ferrar Lynn. - opa, opa, vou arranhar a cara de alguém aqui. - Você sabe muito bem que a única garota com quem eu queria dormir ontem é você. - jantar amigável é o caralho.

Balancei a cabeça com raiva e remoendo um monte de coisas. É engraçado como a raiva faz a gente perder completamente o fio do pensamento. A minha intenção em escutar a história do Castiel era saber se a bendita teve espaço para alterar a cerveja dele, o que pelo visto teve, mas ainda não provava nada. Porém, a raiva foi aumentando até ela precisar ser direcionada para alguém e o único ser vivo ali era o princeso.

Isso também por que a última frase meio que engatilhou uma ironia minha baseada no que o Nathaniel me contou na viagem pro acampamento.

- Eu não acredito em você.

- Como é que é?

- Você é inacreditável, Castiel. - eu falei. - A primeira coisa que eu vejo quando volto pra cidade é você namorando com a Ambre, a segunda é que você é um idiota com ela.

- Onde você ouviu isso?

- É mentira por um acaso?!

Aposto que a pausa que o princeso fez foi só para imaginar como é que ele mataria o Nathaniel.

- Aposto que foi aquele idiota do representante. - ele balançou a cabeça. - É muito fácil pra ele falar isso sendo que ele não tinha que aguentar a Ambre no ouvido dele todo dia.

- Sabe um jeito de evitar isso? Não namorando com a pessoa.

- Você quer saber de uma coisa, Lynn? - ele se levantou e me encarou. - Quer saber por que eu fiquei com a Ambre? Quer saber por que eu continuei tendo um caso com a Debrah mesmo depois do que aconteceu em Sweet Amoris?

- Por que você é um idiota?

- Não. - ele me pegou pelos ombros, com firmeza, mas sem força e me fez encará-lo. - É por que eu nunca consegui esquecer você.

- Não foi por falta de tentativa. - ah, doce ironia.

- Pra você é muito fácil esfregar isso na minha cara. - epa, epa, epa, epa. - Você se enterra dentro de uma caverna e esquece o mundo ao seu redor.

- Como é que é? - me livrei dele e me levantei para encará-lo. - Você sai por aí se enfiando dentro de qualquer garota dessa cidade e eu tenho que me sentir mal por simplesmente me isolar?!

- Você não sabe o que é fazer uma coisa por que está solitária, Lynn, você nunca gostou de contato humano mesmo. - e olha como isso só me beneficiou.

- Realmente, eu não sei o que é ser idiota com alguém que sempre gostou de mim só porque eu estou solitária.

- Você tem noção do que é olhar pra uma pessoa e desejar que ela seja outra? - idiota. - Você sabe o que é ter que se controlar pra não trocar o nome da garota com quem você está pelo da que você não para de pensar?

- Nossa, você quer um prêmio por isso?!

- Eu sou um idiota, tá legal? É isso o que eu sou, um imbecil! - nossa, só precisou de duas temporadas pra ele perceber isso. - Eu admito isso, eu sou um imbecil... - ele suspirou e abaixou a cabeça de um jeito triste. - Quando eu vi que não tinha como voltar atrás eu simplesmente tentei me obrigar a te esquecer e...

- Chega. - aquela conversa estava doendo em mim também. - Não foi por isso que eu quis escutar você...

- Então o que foi?

O olhar que o Castiel me deu, aquele olhar de tristeza e amargura com uma leve centelha de raiva e autoflagelação... Eu não aguentava aquilo. Eu não gostava de ter que lidar com ele irritado, mas eu odiava vê-lo triste, não conseguia ver sentido em nada quando ele ficava triste, a vontade que eu tinha era de segurá-lo perto de mim até que a tristeza passasse. Além do mais, era frustrante que ele se sentisse mal e se autoflagelasse por causa de uma coisa que talvez nem tenha feito...

Por um segundo eu esqueci o motivo de ele estar triste e tive de me segurar para não abraçá-lo. Cassy notou que eu dei um passo em direção a ele e depois parei.

- O que foi?

- Não é nada. - respirei cansada e me sentei, ele me imitou logo depois. - Não precisa mais se desculpar por não ter aparecido no restaurante.

- O que?! - o tom dele até saiu um pouco do nível normal.

- É sério.

- Você está falando sério? - eu acabei de responder essa pergunta.

- Estou. - eu o olhei. - Você é um imbecil, age sem pensar, escuta uma música horrorosa, vive reclamando e quase me mata de raiva por causa da pose de “indiferentão”. - eu consegui sorrir pra ele, mas de forma fraca. - Eu entendo que você enlouqueça por causa de uma coisa e acabe fazendo merda...

Foi a vez dele olhar para o leite esparramado pelo chão.

- Cara, você está bêbada? - bêbada de sede, sede por vingança.

- Não é só que... - respirei profundamente. - Descobri uma coisa que faz toda a diferença agora.

- E você se importaria de dividir isso comigo? - ele falou com ironia. É exatamente sobre isso que eu estou pensando.

Contar, ou não contar que a Debrah deve ter dado um “boa-noite Cinderela” para o senhor Castiel? Era só uma teoria, mas era a única coisa que explicava o gosto e o cheiro estranho de remédio adocicado que saía da boca dele. Além do mais, as circunstâncias, seis anos atrás ele me contou a mesma história, só estava bebendo com uns amigos quando de repente acorda do nada com a escrota deitada na cama dele, sem se lembrar de nada do que aconteceu antes ou depois de eles acabarem juntos. E o que ela deve ter dado pra fazer ele apagar deve ter sido forte para derrubar um elefante, por que se até agora eu conseguia sentir o cheiro na boca dele...

Ah, o ódio... A raiva, o rancor, a irritação, o furor, a frustração, a indignação, a sanha, a exasperação, a cólera a ira. Nenhum desses sinônimos servia para descrever o vermelho maligno e assassino que assumiu minha visão, ódio pela Debrah, pelo que ela fez, pelo que ela estava fazendo... Ódio por ter passado dois anos da minha vida odiando o Castiel, e me mutilando no processo, por causa de uma mentira daquelas. No fim das contas ele era tão vítima quanto eu naquela história...

Ah, o ódio de mim mesma por não ter conseguido protegê-lo da Debrah.

- Lynn? É sério, você está me assustando. - ele disse. - E você vai furar o sofá se continuar apertando a beirada desse jeito. - olhei para minhas próprias mãos e soltei o pobre do sofá das minhas garras.

- Eu preciso de um balde de cerveja. - eu disse massageando minhas têmporas. - E de terapia.

- Agora você se importa de me explicar alguma coisa do que aconteceu nos últimos cinco minutos?

Eu o olhei de cima a baixo, se eu, que era controladora e maluca, já queria pegar a primeira coisa que eu via para esfregar na cara da Debrah, imagine o que senhor Cassy faria? Além do mais, era só uma teoria, eu tinha que ser cuidadosa com aquela informação.

Não sei quando foi que eu parei de pensar nisso e passei a só olhar o Castiel, a encarar aquele rosto bonito e mal-humorado de garoto birrento, e me lembrar de tudo, tudo, que a gente passou junto. Das brigas, da gritaria, das discussões, das farpas que a gente lançava um contra o outro... Depois me lembrei do carinho, das tardes de domingo que a gente passava dormindo em cima de um sofá, de quando ele me arrastava para ver algum filme horroroso de ação, de como, quando era sábado de manhã e eu dormia no alojamento dele, ele ia sentir a brisa na janela e tocava o violão enquanto eu lia um livro. Entre uma música e outra ele me olhava como se fosse a criatura mais feliz da face da terra, e como se aquilo, aquele momento, bastasse para ele, como se eu na vida dele era tudo que ele precisava, nada mais importava.

AH, saudade maldita.

Eu me inclinei sobre ele, pousei minha cabeça eu seu peito, rodeei o seu quadril com os braços, apertando ele com força. Por um momento ele ficou tão assustado com o abraço que não fez nada, depois só colocou, cautelosamente as mãos nos meus ombros. Era uma péssima ideia fazer isso, mesmo que nada daquilo fosse culpa dele, nós ainda passamos dias e dias das nossas vidas como um casal brigando pelas coisas mais imbecis, como o ciume maldito dele, até coisas sérias, como o fato de ele não gostar da profissão que eu escolhi. Além disso, ele era um músico em ascensão, cedo ou tarde começariam as viagens de mais de um mês, o assédio das groupies, as noites de festa que ele seria obrigado a ir só para fazer contatos... Tudo aquilo me irritava antes e era o mesmo agora, eu não queria uma vida badalada e pública como a de um guitarrista de banda famosa, muito pelo contrário, o que eu mais sonhava era me enfiar dentro de uma cabana na selva e manter o mínimo de contato possível com seres humanos.

Claro que, na hora, eu não pensei em nada daquilo. Eu estava cansada, exausta, da Debrah, da Melody, dos esquemas meticulosos, cheia de coisa na cabeça e farta daquele inferno emocional que me invadiu desde que eu voltei pra cidade. Eu só queria, por um momento, escutar o coração dele batendo, sentir o cheiro, o corpo dele, o conforto da presença do Castiel perto de mim sem que uma escrota envenenadora de animais se enfiasse entre nós dois e tentasse arruinar nossas vidas, mesmo que ainda fosse uma má ideia.

Eu sentia tantas saudades desse idiota...

- Lynn, se isso for um tipo de tortura para me castigar... - ele meio que engoliu em seco. - Eu vou cair que nem um patinho e não vou nem pensar duas vezes...

- Por que isso seria um tipo de tortura? - eu levantei o rosto para encará-lo.

- Você viu a sua camisola? - ah, sim, vermelha, de seda e detalhes de renda preta, escolha da Rosalya, por um acaso. - E depois, tudo o que aconteceu só nesse tempo...

- Nossa, você sendo cauteloso, Cassy? - haveria um eclipse em algum lugar do mundo.

- Não. - ele respondeu de forma firme. - Eu não quero ser cauteloso, mas eu sei como você pensa e sei o inferno que você mesma faz na sua cabeça. - HÁ, ele não tinha ideia nem da metade.

- É mesmo?

- Mas eu quero esquecer tudo por um momento e agir como se nada tivesse acontecido e a gente ainda fosse feliz, eu quero ser egoísta com você, Lynn, nem que seja só mais uma vez, quero te apertar, quero beijar você, te tocar... - senti as mãos dele descendo carinhosamente pelos meus braços. Os olhos dele passearam pela minha boca, pelo meu colo e depois de volta para os meus olhos, minha respiração estava pesada, mas eu também senti a dele descompassada, a essa altura tanto o rosto dele, quanto o meu eu aposto, estavam corados. - Você vai me deixar fazer isso, Lynn? - a voz dele saiu mais pesada que o normal.

Pousei minha mão na face esquerda dele e acariciei gentilmente.

- Você ainda pensa em mim? - perguntei baixinho.

- O tempo todo.

Em um centésimo de segundo todo o mundo deixou de existir e de ter importância, no exato momento em que nós dois nos beijamos. Por um segundo eu consegui esquecer tudo, e só deixar todo o calor e a saudade me invadirem e me fazerem acariciar a língua dele com a minha. Castiel gemeu, meio aliviado até, quando eu o retribui, e depois me puxou para si, fazendo com que eu me sentasse em seu colo e rodeasse seu quadril com as pernas. Céus, me assustei com o quanto eu senti falta dele, de sua boca, de suas mãos acariciando minha cintura, dele como um todo. Ele desceu as mãos para acariciar minhas coxas, e pude sentir, pelo toque trêmulo dos dedos dele, que senhor Castiel estava ansioso para tornar a carícia mais intima, mas estava com receio. Sem nem pensar duas vezes soltei o rosto dele e puxei para longe aquela jaqueta maldita, e quando ele terminou de se livrar dela, puxei a barra de sua blusa e o princeso só levantou os braços para deixar a roupa passar.

Meu coração parou por um segundo, eu já tinha visto o Castiel sem camisa um milhão de vezes, mas a distância e a saudades me fizeram bloquear a imagem na minha cabeça. Por um longo momento eu passei as mãos pelo peito dele, por seus ombros, pelo seu abdômen, sentindo a pele dele quente nas minhas mãos. Cassy me deixou acariciá-lo da forma que eu quisesse, só fechou os olhos e me recompensou com um ou dois suspiros que ele deixava escapar. Depois um impulso maligno me fez descer a mão direita até o meio das pernas dele, isso o fez apertar minhas coxas com força, e senti um tremor luxurioso dentro dele quando eu o toquei por debaixo da cueca.

- Castiel... - eu gemi quando senti a excitação dele entre meus dedos. - Nós não podemos fazer isso...

- Podemos sim, Lynn. - ele respondeu com a voz abafada. - Você está indo muito bem, não se preocupa.

- Não podemos fazer isso aqui, na sala, seu idiota. - eu disse e mordi devagar o lábio inferior dele. - Minha mãe pode chegar a qualquer momento...

Ele acenou fracamente com a cabeça, apertou minha cintura com um braço, passou o outro por debaixo das minhas pernas e me ergueu como se eu fosse uma menininha. Nós quase nos matamos sufocados por causa dos beijos que trocamos entre a sala e o meu quarto. O Castiel nem abriu os olhos, ele conseguiu alcançar a porta e bater ela de qualquer jeito atrás de nós. Quando chegamos na minha cama eu tive que desviar minha boca da dele, senão eu desmaiaria. Cassy aproveitou para atacar meu pescoço e apertar meus seios entre as mãos, e ele o fez com tanta força que até doeu um pouco, mas eu não me importei, eu estava ocupada demais tentando desprender aquela calça desgraçada do quadril dele. Quando finalmente consegui tirar a calça dele do caminho, só o suficiente para os objetivos do momento, ele voltou a me beijar e, sem cerimônia nenhuma, afastou minha calcinha e se guiou pra dentro de mim.

Tanto ele quanto eu, precisou de um momento para assimilar a situação. Depois de tanto tempo quase doeu ter o Castiel dentro de mim de novo, mas acho que foi o prazer que sentimos que nos roubou a respiração e nos parar um pouco com as carícias e os beijos para nos olharmos. O rosto do Castiel imprimia desejo e fome ao mesmo tempo, ele estava com os olhos brilhando, a boca entreaberta, a respiração lenta e descompassada, e seu rosto completamente corado. Ele colocou a mão no meu rosto e acariciou minha bochecha com o polegar.

- Eu te amo, Lynn. - ele disse meio sofregamente.

- Eu também te amo... - no mesmo segundo ele começou a mover o quadril contra minha cintura. - Castiel...

Primeiro o movimento foi lento e prazeroso de um jeito torturante, se é que isso faz sentido. Ele se deitou sobre mim e puxou minha coxa direita para que ficasse mais confortável. Eu não pude fazer nada além de desviar meu rosto para a direita, apertar os olhos e abraçá-lo pelas costas. É quase indescritível a quantidade de prazer que eu senti, aquela sensação maravilhosa que me invadia junto com os movimentos dele, que fazia todo o meu corpo formigar, minha pele ficar quente, e minhas mãos trêmulas... É impossível dizer o quanto era delicioso sentir o Castiel dentro de mim, e acho que é um tanto inútil também. Digamos que eu apenas abri as pernas o máximo que pude, apertei o cabelo dele, e deixei que meus gemidos saíssem da minha garganta sem nenhum pudor.

Séculos, ou segundos depois, ele começou a ser mais brusco no movimento, a impulsionar o quadril com mais força e a me apertar de forma trêmula e sem controle. Mordi meus lábios arqueando minha cintura para me movimentar junto com ele, isso o fez passar um braço pelas minhas costas e me erguer da cama levemente. Tive que abraçá-lo de novo para consegui me manter naquela posição. Então veio aquele desespero por satisfação, aquela vibração deliciosa pressionando aos poucos o meu ventre e fazendo todo meu corpo pulsar, prendi a respiração e na mesma hora o Castiel forçou a língua dentro da minha boca.

Foi como uma explosão nuclear de luxúria e lascívia, Castiel me apertou e estocou com força dentro de mim, nós dois gememos ao mesmo tempo, um sentindo a pulsação do outro, nossas respirações quentes e nossos corpos trêmulos. Ele se deixou cair sobre mim, mas não se mexeu, por um momento ficamos assim, o ar estava escaldante e eu senti minha franja úmida grudando contra minha testa.

Ele se retirou de dentro de mim, mas continuou deitado sobre meu corpo, não me importei, eu gostava de senti-lo me pressionando. Eu passei um braço pelos ombros dele e com a mão esquerda acariciei o cabelo dele, também estava úmido de suor.

- Lynn... - ele se virou para ficar deitado virado pra mim. - Eu não estou reclamando, mas...

- Mas... - eu repeti.

- Mas eu pensava que a discussão de hoje teria um fim completamente diferente...

Eu soltei um risinho, respirei profundamente e me virei pra ele.

- Pra ser sincera eu também pensei isso...

- Então... - ele esperou um momento. - O que mudou?

Eu pensei naquela pergunta por um tempo, mas não foi um período muito longo, o calor do corpo do Castiel, os olhos dele em encarando com perspectiva somados a quantidade monstruosa de endorfina que havia no meu sangue agora tiraram minha mente de lá. Minha memória foi visitar um dia ensolarado seis anos atrás, no jardim de Sweet Amoris, na primeira vez que eu disse que amava o Castiel.

- Você não mudou. - eu acariciei o rosto dele com as costas da minha mão. - Você continua sendo aquele garoto que me faz escutar The Lark Ascending... Você não se tornou outra pessoa, não como eu tinha pensado, e isso é o que mudou as coisas agora...


Notas Finais


NÃO me aguentei e tive que postar hoje, tô boladérrima '-'

Agora eu preciso admitir uma coisa, eu sei que o capítulo de ontem maltratou o coraçãozinho de muita gente, mas eu estou feliz por terem tantas reações... Vívidas nos comentários, quer dizer que pelo menos a escrita da fic consegue despertar os sentimentos de quem está lendo e comover as pessoas :3 (minha prof sempre me dizia que livro bom é aquele que te faz passar raiva por causa do enredo, e não por que é ruim... é o caso da fic né? D:) enfim '-' cá está, ainda bem que só quiseram matar a Debrah e enfim '-'

Acho que é só isso que eu tenho pra falar o.ô quem quiser discutir alguma coisa, caso tenha achado forçado ou sem noção e etc, eu estou sempre a disposição :3

Não vou poder responder os comentários hoje D: (meu tempo é curto aqui), mas como sempre, muito obrigada por todo o carinho e...

Obrigada por ler :3


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