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História As Novas Vidas Secretas de Sweet Amoris - História Ancestral


Escrita por: CandyBabe

Capítulo 4 - História Ancestral


"Please don't go, I'll eat you whole
                  I love you so, I love you, so I love you so"
(Alt J - Breezeblocks)

 

Uma hora eu vou ter que dar um monte de explicações. Como por exemplo, por que a palhaça aqui está sendo tão arisca com o Castiel, sendo que, até onde se tem escrito, meu final feliz de fanfic de merda foi com ele? E como assim agora eu cuido de uma menina de dois anos junto com o Viktor? E por que diabos eu odeio tanto a Melody agora sendo que, há seis anos, eu mal considerava a existência dela?

Um dia eu vou ter que explicar tudo isso, mas não agora. Não depois de só um mês encarando Sweet Amoris de novo, lembranças dolorosas demais voltando à tona.

- Professora Lynn!

E alunos idiotas demais me perseguindo pelos corredores durante o intervalo.

- Erik, eu já te falei mil vezes que os alunos devem ficar no pátio durante o intervalo.

- Ontem eu vi na internet o video de um cara... - ele parou para recuperar o fôlego que gastou enquanto vinha correndo desde o pátio até o fim do corredor para me encontrar saindo da sala dos professores. - Robert Williams...

- John Williams, idiota.

- Isso! - ele disse alegremente ignorando o insulto. - Cara! Como é que aquele homem consegue fazer aquilo com um violão?! É diferente de todos os guitarristas que eu já vi na vida!

- Pelo visto todos os guitarristas que você viu na vida são um insulto à arte da música. - eu disse checando umas pastas. - Agora volte para o pátio.

- Eu pensava que música clássica era só uma chatice sem fim. - ele falou me perseguindo enquanto eu ia até a sala onde seria minha próxima aula. - Mas na verdade é tudo completamente diferente! Os caras fazem coisas que nunca na minha vida eu sonharia em conseguir repetir!

“Os caras”, é assim que os adolescentes de hoje em dia se referem a um dos melhores guitarristas da face da terra como o John Williams, tenho pena do futuro.

- Eu nunca pensei que teria tanto cara bom em música clássica. - os imortais da história da música humana, os “caras” realmente “bons” saíram da música clássica seu idiota. Meu Deus, pobre criatura tapada, eu tenho que cuidar desse menino.

- Erik, volte para o pátio.

- Quando a senhora namorava o Castiel. - não, ele não criou um nome artístico para ele. - Você o fez escutar o John Williams? - só até os ouvidos dele sangrarem.

- Pelo menos você fez a tarefa que eu passei para a sua classe?

A esta altura nós dois já estávamos em sala de aula, eu estava sentada à mesa do professor com o Erik sentado à minha frente como um cachorrinho bem adestrado abanando apaixonadamente a cauda para o seu dono.

- Claro! - ele puxou um amontoado de folhas de dentro da mochila. - Não sei se acertei tudo, quem é que poderia adivinhar que o coração tem quatro câmaras? - ninguém, seu imbecil, por isso que eu ensinei isso em sala de aula.

- Meu Deus, garoto, você precisa de toda a ajuda que eu puder te dar. - eu falei revisando as folhas que ele me deu.

- Tem mais algum guitarrista que a senhora conheça que valha a pena escutar?

- Depende, você já conhece o Peter Townshend?

- Não.

Meu Deus, quem foi o responsável pela educação desse menino antes de mim?!

- Pois agora você vai conhecer. - eu anotei o nome num papel. - Aproveite e pesquise sobre Ana Vidovic também, e me traga um esquema escrito do funcionamento do sistema circulatório para aula que vem.

- Pode deixar! - ele pegou o papel e pulou alegremente da cadeira no mesmo segundo em que o sinal do fim do intervalo tocou. - Tenho que ir professora! Até mais!

- Até.

Esperei ele sair para enfiar minha cara entre minhas mãos e suspirar profundamente. Era até bonitinho que o herdeiro do Castiel no posto de “rockeiro clichê” da escola estivesse interessado em música clássica, mas eu precisava de nicotina no meu sangue, ser professora era muito mais estressante do que eu imaginava, e o único momento em que eu podia ter isso era durante o intervalo. Eu não tinha coragem de fumar em casa, perto da Collette.

- Como sempre, você está trabalhando duro, professora Lynn.

Ah, é mesmo, eu esqueci que hoje era quarta-feira.

- Olá, senhor representante. - eu disse sorrindo para o senhor Nathaniel entrando na sala. - Veio pedir crédito extra antes das provas?

- Jamais faria isso. - ele disse de bom humor. - Não quero te dar mais trabalho do que você está tendo, a Melody me contou de toda a atenção extra que você tem dado ao Erik. - a Melody podia ir direto pro inferno.

- Ah, é mesmo? - eu falei me espreguiçando.

- O Erik é um dos alunos mais problemáticos da escola, a diretora está feliz que você tenha conseguido manter a mente dele interessada na sua aula. - ele se sentou na mesma cadeira onde o meu aluno imbecil estava sentado antes.

- Eu não posso tomar crédito por isso, eu praticamente ameacei esse garoto de morte e mesmo assim ele me tomou como a nova figura materna na vida dele. - o Nathaniel arregalou os olhos com aquilo.

- Você ameaçou um dos alunos de morte?

- Ameacei trancar ele num banheiro com um monte de cigarros acesos. - dei de ombros. - Coisa que, para um estudante, é o mesmo que a morte.

Ao contrário do que eu pensava, imaginei um sermão de qual postura uma professora deveria adotar, o ex-representante riu.

- Eu acho que isso vindo de você é normal, Lynn. - ele falou depois de umas duas risadinhas. - Não acredito que senti falta desse seu lado.

E eu não acredito que você vai cumprir o clichê da classe média ocidental e vai se casar com a Melody.

- Um professor deve sempre se preocupar com os seus alunos. - eu disse com ironia.

- Claro. - o ex-representante concordou. - Lynn, a Melody gostaria de tirar um final de semana para fazer uma trilha nas montanhas à leste da cidade. - e eu com isso? - Você não gostaria de se juntar à nós?

Prefiro levar um tiro na cara.

- Perdão, Nath, eu tenho muito trabalho para fazer. - pela cara dele deu pra perceber que ele sabia que eu estava mentindo, mas a culpa era minha, eu só o chamava de “Nath” quando eu queria ser maldosa. Ah, Lynn palhaça, você está ficando velha.

- Lynn, já é o terceiro convite que você recusa. - e a terceira vez que você não percebe que eu odeio sua noiva. - E você mal fala com a Melody, não me diga que é porque nós dois vamos nos casar.

- Eu não acredito que você pensa esse tipo de coisa de mim. - foi a resposta.

- Ajudaria se você explicasse o que aconteceu para que você destratasse a Melody assim. - ah, Nathaniel, como sempre usando a mesma tática de conversa: dê voltas e voltas antes de chegar ao ponto principal. Acho que era por isso que ele era sempre tão difícil de achar quando nós éramos adolescentes.

- Isso é história ancestral, senhor representante. - eu falei.

- Então por que você continua brava com ela pelo que quer que seja?

- Você sabe muito bem que eu adoro odiar alguma coisa. - Deus sabe como ele sabia.

- Lynn...

- Boa tarde! - eu falei me levantando repentinamente. - Já pros seus lugares, todos abram os livros nas páginas 47... - isso foi para os alunos que começaram a entrar. Aquela era a deixa do Nathaniel de que aquela conversa estava terminada.

O senhor ex-representante, como o exemplo de elegância ponderação que ele era, se levantou calmamente, acenou para mim e saiu da sala. Porém, para o meu desgosto e azar, eu vi na expressão dele que o Nathaniel não me deixaria em paz com aquilo. O que é perigoso e estúpido. Por mais que eu gostasse de odiar a Melody, eu não queria ser a culpada por causa de uma briga e uma eventual separação, coisa que com certeza aconteceria se o Nathaniel soubesse o que aconteceu para que eu “destratasse” a Melody.

X

Os alunos pensam que a escola e as aulas são uma tortura para eles, tortura esta que tem fim quando o sinal indicando o final da última aula toca. Mal sabem esses idiotas que esse sinal não é o símbolo sonoro da libertação deles, mas sim a nossa: a dos professores. Os professores odeiam acordar cedo e ir para a escola tanto quanto os alunos, é ingenuidade acreditar no contrário, e nós só não saímos correndo quando o último sinal toca por que supostamente somos adultos demais pra isso.

Enfim, lá estava eu, linda e maravilhosa, checando a minha bolsa para ver se eu não tinha esquecido nada na sala dos professores e atravessando o pátio da forma mais rápida e elegante que eu conseguia. Quinze minutos depois do último sinal já não havia quase mais nenhum idiota naquela escola, não sei como é que eu conseguia passar tanto tempo em Sweet Amoris.

De toda forma, quando alcancei minhas chaves eu vi o reflexo vermelho brilhando no portão da escola. Não precisei olhar duas vezes para saber o que aquilo significava: ódio e assassinato em massa. Meu Deus, não era possível que eu tivesse sido uma pessoa tão cruel na minha vida passada para ter que passar por isso na minha vida atual.

- Puta que pariu. - eu falei suspirando e continuei andando, sabia muito bem que, se eu não saísse da escola, o idiota ia entrar e a cena ia ficar ainda mais vistosa.

- Lynn... - eu nem me dignifiquei a desviar o olhar quando passei por ele. - Puta que pariu, tem como você me escutar por dois segundos?

Eu parei de andar para esperar o semáforo de pedestres se abrir. Foi assim que ele me alcançou e assim que ele conseguiu os dois segundos dele.

- Escuta, eu pensei que estava fazendo a coisa certa na época. - ele disse. O sinal abriu, continuei meu caminho e ele continuou me seguindo e gesticulando enquanto falava para chamar minha atenção. - Eu sei que fui um idiota e que eu não mereço o seu perdão...

Mas mesmo assim veio aqui exigir que eu o perdoasse.

- E eu sei que o caso com a Ambre não me ajudou em nada. - em nada mesmo. - Mas eu não fiz aquilo pra te magoar, eu juro eu só estava...

Suspirei de forma pesada e cansada e parei de andar. Ele quase tombou comigo com aquilo. A essa altura já estávamos no parque. Se eu continuasse andando com esse idiota ao meu lado a cena seria na frente da minha casa, e eu não queria arriscar que o Viktor chegasse em casa com a Collette e me visse batendo boca com o Castiel.

- O que você quer? - eu falei, pela primeira vez em dois anos, olhando-o nos olhos.

Aquilo pareceu desorientá-lo.

- O que?

- O que você quer? - repeti. - Eu passei o dia todo em pé e falando alto, eu estou cansada e não tenho mais energia pra brigar. - mentira, ele que apertasse o botão errado naquela conversa para ver o que acontecia. - Seja direto e fala logo de uma vez o que você quer.

- Olha... - ele engoliu em seco. - Lynn, eu não quero brigar com você eu só quero... - ele balançou a cabeça. - Eu só quero que você me escute.

- Eu estou escutando, Castiel. - falei cruzando os braços.

- Eu sei que eu fui um imbecil com você. - todos nós sabemos, isso deveria ser conhecimento de domínio público. - Eu sei que... Que você nunca vai me perdoar, mas Lynn... - ele suspirou. - Acredite em mim, eu não teria feito aquilo se eu não acreditasse que era a coisa certa...

- Talvez fosse na época. - falei. - O errado foi a “coisa” que você fez antes.

- É, eu sei... - pela postura dele eu vi que ele estava se preparando para escutar o sermão de ódio da Lynn palhaça.

- Mais alguma coisa, Castiel?

- O que?

- Você disse que queria que eu te escutasse, eu escutei. - eu disse. - Você falou que eu nunca vou te perdoar e está certo, eu nunca vou te perdoar.

- Lynn...

- Tem mais alguma coisa que você quer de mim? Só pra evitar que você arme uma cena para chamar minha atenção e me faça passar por uma situação ridícula na frente dos meus alunos ou da minha família.

O que o assustou, e causou o seu silêncio, não foram as palavras, foi o tom que eu usei. Eu disse que estava cansada, e estava mesmo. Cansada daquela merda toda. Eu era uma adulta agora, amanhã eu teria que acordar cedo para dar banho na Collette, isso não antes de acordar umas duas vezes durante a noite por que ela andava com cólicas ultimamente, alimentá-la e vesti-la para a creche. Depois eu teria que sair para trabalhar o dia todo em pé, falando alto. Depois eu ia voltar para casa para corrigir uma tonelada de trabalhos, mas isso eu faria de madrugada, depois de dar banho, alimentar e brincar com a Collette e colocá-la para dormir segura e quentinha. Eu só iria dormir duas horas da manhã para acordar às seis. Havia pessoas que contavam comigo e eu não tinha tempo para perder com o Castiel agora.

- Você nem tem forças para gritar comigo, não é? - ele disse finalmente.

- Você veio pra casa visitar seus pais. - eu disse bem devagar. - E duas semanas depois eu descubro que você transou com sua ex. - tive de pausar com o monólogo, aquilo ainda doía bastante. - O que mais eu posso fazer com isso? Gritar com você? Nós dois sabemos que eu já gritei o suficiente.

- Lynn...

- Eu não vou te perdoar. - eu disse. - Agora que nós deixamos isso claro, Castiel, tem mais alguma coisa inútil e completamente desinteressante que você quer que eu escute sair da sua boca antes de eu voltar para a minha vida da qual você sumiu para sempre?! Logo depois de ter me jurado completamente o contrário?

Sem resposta. Ótimo.

Segui meu caminho e não olhei para trás. Castiel não veio atrás de mim. A jovem universitária em mim que o amava mais do que qualquer coisa quis chorar por isso, mas a professora adulta não permitiu. Meu dia não havia acabado ainda. Foram dois anos sem lágrimas, desde que a Collette nasceu, e assim ficaria.


Notas Finais


Alô, Alô graças a Deus

Cá estamos nós, quarto capítulo das Novas Vidas Secretas.
Bein, acho que não tenho muita coisa para falar, a história, tipo toda a cadeia de eventos que vão ter influência no futuro, vai começar no próximo capítulo, creio eu.

Bem, muito obrigada pela atenção, pelos comentários e por ler :3


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