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História As Novas Vidas Secretas de Sweet Amoris - Arquivo Secreto: Prima Lynn


Escrita por: CandyBabe

Notas do Autor


SURPRESA!

Esse capítulo tem dois pontos de vista: um do Castiel e o último, bem no final da Lynn. Espero que ninguém se confunda com isso.

E avisando ´TA UM MONSTRO isso aqui.

Capítulo 47 - Arquivo Secreto: Prima Lynn


 Contra todas as expectativas, a Lynn e eu completamos dez anos de casamento. Contra mais expectativas ainda, completamos dez anos e seis meses, a Annette estava com dezesseis anos e o Nathanael com onze. Quando meu filho nasceu, meu pai, com um sorriso escroto na cara, me disse que agora seria a hora de eu pagar por todos os pecados idiotas que um moleque adolescente cometeu. O engraçado é que realmente, a Lynn e eu, enfrentamos os pecados de um adolescente idiota, mas, surpreendentemente, não foi por causa do Nathanael, não, meu filho era uma pessoa bondosa, por algum milagre da natureza.

Enfim, quando eu tive uma filha, todo mundo me avisou que seria uma bela duma guerra criar uma menina, mas ninguém me avisou que eu teria de sair do trabalho porque minha filha abriu a janela da escola, pulou e começou a correr que nem uma maluca.

 Bem... Pelo menos foi isso o que o diretor me falou enquanto nós dois, Annette e eu, estávamos sentados na sala da diretoria, após a Annie ter sido pega tentando fugir da escola, sabe-se lá o motivo.

 Ah, era como voltar a ser um adolescente.

 - Deixa eu ver se entendi. – eu queria repetir a história para ver se alguma coisa daquilo tinha sentido. – Minha filha simplesmente abriu a janela, pulou, e saiu correndo da sala.

- Isso mesmo. – o diretor falou.

- Por que diabos você fez isso?! – falei para a Annie.

- Eu tive meus motivos... – ela disse com os braços cruzados e desviando o olhar para a parede como se estivesse se controlando para não sair quebrando tudo ali dentro.

- Que motivos?! A sala estava pegando fogo?!

- Não...

- Annette, você não é estúpida, nem de longe.

- Tá bem! – ela exclamou e passou o olhar por mim e pelo diretor. – Vocês vão rir de mim!

- Annette, por favor, nós queremos entender. – o diretor explicou. – Você não é dada a esse tipo de comportamento. – a Lynn fazia esse tipo de coisa, até hoje inclusive, mas a Annie não.

- Eu vi o Trevor andando pelo pátio enquanto eu estava na aula.

- Viu quem?!

- O Trevor! – ela me olhava como se eu fosse um idiota do mesmo jeito que a Lynn. – Trevor Chevalier?! O sobrinho do tio Viktor?!

 - Ah sim... – eu e o diretor falamos ao mesmo tempo. Sim, estava tudo explicado.

 Trevor Chevalier era um moleque que, por algum motivo escroto, o Viktor decidiu pegar para cuidar. Ele não era sobrinho do riquinho, já que o Viktor não tinha irmãos, mas na verdade era primo, um primo distante do tipo que vem de novela, só que por algum motivo o moleque chamava o Viktor de “tio” e todos nós acabamos concordando em continuar com a história mesmo sabendo que não era verdade.  

- Isso não explica porque você pulou a janela. – o diretor falou.

- Eu pulei para ir atrás dele.

- Por que você foi atrás dele?

- Porque eu queria mata-lo.

- Quê?!

- Por que nós estamos aqui?! Eu estava em horário extracurricular, eu podia sair da sala quando eu quisesse.

- Então porque você simplesmente não saiu pela porta ao invés de pular a janela?

- Porque iria demorar demais e ele ia ter tempo para esconder minha bicicleta!

- Annette pelo amor de Deus! Você pulou a janela do primeiro andar! – eu exclamei.

- E daí?!

- E daí que você quebrou a perna!

 Ah sim, ela estava com aquelas botas imobilizadoras porque tinha dado um jeito de machucar a perna esquerda quando pulou a janela. É... Ninguém me avisou de que um dia eu iria na escola buscar minha filha porque ela pulou a janela do primeiro andar, quebrou a perna e não conseguiria voltar para casa de bicicleta.

- Eu não quebrei,  eu simplesmente lesionei meu tornozelo. – caralho, era como conversar com a Lynn adolescente, sempre tentando escapar com alguma respostinha esperta.

- Quer saber de uma coisa Annie? Eu não vou falar isso para sua mãe.

- Não?! – o diretor e ela exclamaram ao mesmo tempo.

- Não. – repeti. – Você vai.

- O que?!

- Vamos ver como é que você vai explicar para ela como é que “simplesmente lesionou” o tornozelo pulando da janela para ir atrás de um garoto.

 A Annette estava dois tons mais branca. Sendo completamente sincero, a Annie obedecia a mim e a mãe dela igualmente, mas minha filhinha já tinha aprendido que peitar a Lynn, sozinha, poderia, e era na maioria das vezes, ser uma coisa assustadora e agoniante.

- Bem... – o diretor falou depois de nós três passarmos um tempão calados pensando no destino triste da minha filha. - Acho que podemos, dessa vez, deixar de aplicar uma detenção, a senhorita Annie já vai ser punida o suficiente, eu suponho.

- Pode apostar.

- Eu já estou até escutando... – ela disse. – “Você é maluca Annette!”

X

- Você é maluca Annette! – a Lynn estava andando de um lado para o outro na sala que nem uma maluca. – Você não tem juízo nenhum!

- Mamãe...

- Não vem com “mamãe” pra mim! – minha linda e inofensiva esposinha disse. – Que idiotice é essa?! Pular uma droga de uma janela?!

- Você pulou uma janela na universidade antes de ontem.

- Oh, Annie... – meu filho, Nathanael, que estava sentado ao meu lado no balcão da cozinha, disse de forma dolorosa, temendo pela irmã dele.

- Oh, Annie... – a Lynn disse. – Eu não pulei uma janela do primeiro andar, e no meu caso, eu pulei a janela por que tinha uma bactéria carnívora a solta no laboratório.

- Uma bactéria que seu pupilo deixou... – ela estava falando daquele moleque imbecil para quem a Lynn deu aula em Sweet Amoris. Todo dia minha esposa chegava em casa quebrando alguma coisa por causa desse moleque.

- Annette, se você não quiser passar o dia limpando o banheiro com uma escova de dentes, não continue a falar. – depois de dezesseis anos, a Annie já tinha aprendido que aquelas ameaças não eram reais, mas também aprendeu que não deveria colocar o humor da mãe dela a prova... Uma lição que até hoje eu esquecia.

- Mas mamãe...

- Minha filha, se aquele psicopata mirim escondesse a sua bicicleta, qual era a sua obrigação, como aluna, como filha, como fêmea, como primeira criança dessa família?

- Acertar ele com um taco de baseball?

- Exatamente. – meu Deus, olha com o tipo de pessoa que eu estava criando meus filhos. – E acertar alguém com um taco de baseball não envolve em nada pular do primeiro andar.

- Papai, é verdade que o tio Viktor tem um pino de platina na perna porque a mamãe bateu nele com um taco de baseball? – isso foi o Nathanael me perguntando enquanto me ajudava a fazer o jantar.

- Não seja bobo garoto. – falei prestando atenção no cozimento das vieiras. – Seu tio é rico, ele tem uma placa inteira.

- Ah...

- Agora venha cá... – ele veio para o meu lado com os olhinhos brilhando de esperança e amor filial. – Está vendo como o fogo está baixo? – ele balançou a cabeça alegremente. – Vieiras cozinham rápido então nós temos que ter cuidado com o tempo de cozimento.

- Sim papai.

- Agora... – tampei a panela. – Vá até o nosso esconderijo secreto e pegue a garrafa especial do papai.

 Ele se agachou embaixo da pia e pegou a garrafa de uísque que eu escondia da Lynnette.

- Mamãe disse que se fosse para você usar o esconderijo da pia, era para usar com “uísque que presta”. – céus, como meu filho é inocente.

- Mamãe é uma pessoa muito má de vez em quando... – até parece que é só “de vez em quando”, pelo berreiro que ela estava aprontando com a Annie na sala não era difícil de provar o quanto eu estava certo.

- É por isso que você bebe o suco especial de dia, papai?

- Não... Eu bebo o suco especial de dia porque sua irmã se joga de uma janela. – joguei um pouco na frigideira e tomei um gole. – Além do mais, sua mãe não pode falar nada, essa garrafa fica mais vazia a cada dia...

 Uma brisa maligna, uma sombra ameaçadora, uma presença obscura que engolia toda a luz como um buraco negro se fez presente na cozinha... No exato momento em que a Collette entrou. A irmãzinha tinha crescido para se tornar uma Lynn ainda mais mal-humorada e de cabelo curto, agora ela morava perto de nós porque tinha entrado para a universidade onde a Lynn dava aula. A Coll gostava de animais, mas no lugar de ser veterinária ela preferiu estudar biologia, suponho que porque ela não era maluca que nem a Lynn para ficar metendo a mão em bocas de leões e por aí vai. Apesar de morar no alojamento da universidade, a Collette vivia aqui em casa, não sei o motivo, ela claramente odiava conviver com seres humanos durante mais do que cinco minutos seguidos.

- Boa noite... – ela disse solenemente inclinando a cabeça. – Cunhado, sobrinho...

- Coll. – falei abaixando o fogo. – Vai se juntar a nós essa noite? – eu já sabia que ela iria. Depois que essas crianças cresceram eu passei a fazer comida para dez pessoas porque alguém sempre aparecia sem avisar para comer na nossa casa. Na maioria das vezes era o Viktor ou o primo maligno dele, em todas era a Collette.

- Se não for incomodar... – ela pulou o Dragon deitado na beira da porta. A essa altura da vida ele já tinha conquistado o direito de só dormir e comer, a Lynn cuidava dele com todas as tecnologias disponíveis no mundo veterinário. – Hoje não é um dia propicio para minha presença no dormitório.

- Sua colega de quarto ter um namorado te incomoda tanto assim? – agora eu estava cortando os vegetais.

- Não... – ela tampou os ouvidos do Nathanael. – Mas o único sexo universitário que me interessa é aquele no qual eu estou envolvida.

- É, sua irmã pensava isso também. – a não ser quando envolvia o Dake e a Seraphine... Depois eu é quem era o tarado.

- É verdade que você não quer ficar no seu quarto porque você recebeu uma intimação do Conselho da Universidade?

- Que história é essa?! – me virei para a Collette.

- Não sei... – ela olhou de forma maligna para o Nathanael. – É verdade que você coloca uísque na sua garrafa térmica e vende para os alunos do primeiro ano?

- O que?!

- É verdade que o Conselho da Universidade quer te processar por vender gabaritos de...

- Lynn! – eu gritei para a sala. – Venha aqui gritar com sua irmã!

- E para sua informação, seu pequeno leprechaum, o Conselho está atrás de mim porque eu soquei meu parceiro de laboratório.

- Meu Deus! – olhei para o Nathanael. – Que história é essa de roubar meu uísque e revender?!

- Tio Viktor disse que não tem problemas em conseguir dinheiro desde que não seja nada contra a lei.

- Um: seu “tio Viktor” é um psicopata. – meu filho piscou, a gente repetia aquela palavra tantas vezes por dia que acho que nem tinha mais o efeito desejado. – Dois: vender álcool para crianças é crime.

- Mas eles são do terceiro ano.

- E são crianças do mesmo jeito! – a Lynn entrou na cozinha quando eu terminei a frase. – Você sabia que seu filho está vendendo meu uísque para os alunos do terceiro ano?!

- Todo mundo sabia. – a Annie falou antes da Lynn.

- O que?! – minha esposa exclamou. - Meu Deus, como é que meus filhos ainda não foram expulsos?!

- O diretor nunca conseguiu provar que é ele. – a Annie se sentou ao lado do irmãozinho no balcão. – Ninguém acredita que o “anjinho” aqui seria capaz de traficar uísque na escola.

- Eu não sei o que é mais assustador, meu filho ser um traficante de álcool ou os alunos dessa escola serem burros o suficiente para comprar uísque de um menino de onze anos no lugar de simplesmente tomar dele a força.

- O pagamento é em chocolate mãe. – a Annie falou.

- O que?!

- Ele também pega os seus cigarros escondido de vez em quando.

- Quem bom. – a Collette disse. – Ele já está treinando para quando for para a cadeia. – ela levou um tabefe na orelha da Lynn por isso.

 Deu pra ver que a Lynn segurou um grito e mordeu o punho para não sair matando todo mundo naquela cozinha. Depois ela respirou profundamente, uma dez vezes, fechou os olhos e soltou o ar devagar.

- Ah, meu bom e adorado Senhor, não me dê forças. – ela olhou para a Collette. – Você vá colocar a mesa. – para a Annie. – Você vá ajudar sua tia. – depois para o Nathanael, que estava encolhidinho com medo em um canto da cozinha. – Você, venha até aqui.

 O Nathanael obedeceu, se colocou na frente de nós dois como um condenado a forca, e a Lynn e eu nos ajoelhamos ao mesmo tempo, para podermos encarar nosso filho numa posição “mais ou menos igualitária” segundo a Lynn dizia.

- Então? – ela disse. – O que você tem a dizer sobre isso?

- Eu não sabia que trocar o suco especial do papai por chocolate era errado. – ele disse com aquela carinha inocente.

A Lynn e eu nos olhamos. Acho que ela viu na minha cara que eu ia liberar o nosso filho sem dar uma bronca muito escrota nele, por isso me repreendeu por ser um pai tão “coração-mole” e me mandou, com os olhos, dar um jeito naquilo. Depois ela se levantou e foi gritar mais um pouco com as meninas.

- Filho... – o Nathanael não levantou a cabeça. – Eu acredito em você, eu sei que você não sabia.

- É mesmo, papai?

- Mas isso nós já conversamos. – baguncei o cabelo dele. – O que você tem que fazer quando não sabe se alguma coisa é certa ou errada?

Ele demorou para responder.

- Perguntar para você ou para a mamãe?

- Isso mesmo. – falei. – Sabe o que aconteceria se o diretor conseguisse provar que é você dando uísque para os imbecis da escola? Sua mãe e eu seríamos presos.

 Meu filho arregalou os olhos numa expressão de horror.

- É mesmo papai?!

- Isso mesmo, diriam que nós não servimos para ser seus pais e levariam você e sua irmã para longe de nós. – coloquei uma mão nos ombros do meu garotinho. – É isso o que você quer? Que nossa família seja separada assim?

- Não papai! – ele me abraçou tão forte quanto um garotinho de onze anos podia. – Desculpa, papai! Prometo que nunca mais faço isso! Eu prometo!

 Ninguém me avisou que ser pai ia ser a coisa mais difícil que eu faria na minha vida, mas também ninguém me falou o tanto que era bom abraçar meu garotinho e estar lá para cuidar dele.

- Promete que nunca mais vai fazer isso?

- Prometo, papai.

- Promete também que você nunca mais vai tocar no meu suco especial?

- Prometo, papai.

- Nem mexer na bolsa da sua mãe?

- Sim, papai.

- E me prometa que você vai me contar tudo o que o “tio Viktor” te ensinar quando ele ficar de babá.

- Por que, papai?

- Para ter certeza de que você não interpretou alguma coisa errado.

- Tudo bem, papai.

- Ótimo. – levantei. – Agora me ajude a terminar o jantar.

Ele se posicionou ao meu lado no balcão da cozinha.

- Eu não vou ficar de castigo?

- Ah-há, ninguém disse isso, meu rapaz. – falei terminando de cortar os legumes. – Você vai ficar um mês sem video-game...

- Oh...

- E vai passar um mês lavando a louça depois do jantar.

- Mas...

- Sem a lava-louças.

- Awn... – meu filho era inteligente o suficiente para saber quando aceitar o próprio destino e encarar suas punições de frente. Isso com certeza ele aprendeu comigo.

A campainha da frente tocou. O Nathanael me olhou, perguntando com os olhinhos, olhinhos da mesma cor que os meus, quem poderia ser aquela hora. O Viktor nunca tocava a campainha, assim como a Collette ele simplesmente aparecia pela porta da cozinha, assim como o “sobrinho” maligno dele.

- Tem uma garota na sua porta. – tanto o Nathanael quanto eu pulamos de susto. Quase tive um ataque cardíaco com o moleque primo do Viktor.

- De onde é que foi que você saiu moleque?! – falei para ele largando a faca antes que eu cortasse um dedo fora.

 Como eu já disse, o nome do “primo” que o Viktor decidiu “adotar” era Travis. Ele era muito parecido com o Viktor quando era mais novo, só era menos alto e tinha um sorriso mais... Maléfico por assim dizer. O Dake me contou que aquele moleque talvez fosse um filho secreto que o Viktor teve escondido de todo mundo. A Lynn, na primeira vez que viu o menino, quase teve uma parada cardíaca pensando que tinha voltado no tempo e estava, mais uma vez, convivendo com o “maníaco sequestrador” adolescente.

- Do mesmo lugar que você, tio ruivo. – eu ainda ia matar esse moleque e o Viktor por causa desse apelido. – De dentro da minha mãe.

- Por que você não usou essa esperteza para abrir a porta da frente?! – tirei meu avental de chef, de dono-de-casa como dizia a Lynnette, e lavei as mãos. – Seu primo só te ensinou a emboscar os outros por trás?

- A casa não é minha, tio ruivo, seria rude abrir a porta. – ele estava bagunçando o cabelo do Nathanael. – E aí, Nathan? Pronto para uma revanche no Guitar Hero?

- Papai disse que eu vou ficar um mês sem vídeo-game.

- Ele disse especificamente a partir de quando?

- A PARTIR DE AGORA! – gritei para eles da sala. – Caralho, a Lynn tá certa, nós temos uns cinco filhos... – Annie, Nathanael, Collette, Viktor e Travis. – É como se todo o mundo jogasse tudo de uma... – abri a porta. – PUTA  QUE PARIU.

 A última parte foi porque eu levei um susto quando abri a porta, isso porque eu abri a porta para uma menina, uns dezessete anos, mais ou menos, que era igual a Lynn.

- Ahn... – ela ajeitou os óculos. – Boa noite, aqui é a casa da doutora Lynn?

- Meu Deus... – até me aproximei dela para ver melhor, ela deu um passo para trás com uma expressão de “que porra é essa?”. – Você é uma alucinação?

- Ahn... – de novo ela ajeitou os óculos e só agora notei que ela usava óculos. – Você deve ser o marido dela...

- LYNN! – a Lynn veio correndo da sala de jantar até a entrada da nossa casa. Era como ver o passado e o presente.

- Por Odin! Eu esqueci completamente! – ela me empurrou para entrar na visão da garota. – Castiel, essa é minha prima, Oaklynn.

- Me chame de Lynn, por favor. – a menina corrigiu.

- É, ela também odeia o nome dela. – minha esposa deu um abraço na “prima” dela, a ajudou a pegar uma mala pequena e a trouxe para dentro. – Entra, Lynn.

 Caralho, como era estranho escutar a Lynn dizendo o próprio nome para uma garota que parecia uma xerox  quatro-olhos dela com dezessete anos.

- Castiel, você usou LSD de novo?!

- Você se importa de explicar, Lynnette?

- A O... Lynn, está se formando no final desse ano. – a Lynn que era minha esposa disse. – Então eu disse para minha tia que iriamos hospedá-la enquanto ela faz um tour pela universidade.

- O... O que?! – tive de balançar a cabeça por um momento, para ver se eu realmente não estava delirando... Sim, as duas continuavam idênticas. – Por que você só me avisou isso agora?!

- Porque sua filha pulou de uma janela hoje de manhã. – ela colocou as mãos nos ombros da prima Lynn e a conduziu escada acima. – Vou te mostrar seu quarto, Lynn, Cassy não se esqueça de colocar mais um prato na mesa.

- Tem um garoto chamado Castiel na minha turma também... – escutei a menina falando e a Lynn esposa dando um “A-HÁ” irônico.

Acho que fiquei uns dois dias que nem um retardado olhando na direção que as duas seguiram, ainda em estado de choque com os genes da família da Lynn.

- A prima Lynn é bem bonita não é?

- PUTA MERDA! Moleque! – é sério, dessa vez quase que meu coração parou.

- Tio Viktor disse que também ficou assustado com o tanto que as duas são parecidas. – ele deu um sorrisinho malicioso que eu conhecia muito bem. – Será que ela é solteira?

- Nem comece com essa história. – falei pegando o garoto pelo braço e levando até a sala de jantar, onde meus filhos e a tia deles estavam sentados, esperando pacientemente pela comida. – Duvido que a Lynnette te deixaria chegar perto da prima dela.

- Dezenove e trinta e quatro. – a Collette olhou no relógio. – A prima Oaklynn realmente é bem pontual.

- Você sabia que ela viria?

- Claro que sabia. – a minha “cunhada” deu uma risadinha maligna na minha direção. – Ela é da família, afinal de contas.

- Quem é Oaklynn? – a Annie perguntou.

- Ela odeia esse nome. – a Collette falou.

- Qual de nós não odeia o próprio nome?

- Eu gosto do meu nome. – o Nathanael falou.

- Isso é ótimo, leprechaum, mas a pergunta da sua irmã foi retórica.

Eu servi a comida sobre a mesa e me sentei. O Travis se sentou do lado da minha filha, coisa da qual eu não gostei, a Collette e o Nathanael estavam sentados juntos, como de costume. Uma ponta da mesa era pra mim, uma para a Lynn, o moleque “sobrinho” do Viktor fez questão de se sentar perto do lugar vago que deveria ser para a prima Lynn.

- Vocês estão agindo como seres humanos? – a Lynn esposa entrou na sala de jantar e depois de nos ver sentados puxou a prima Lynn pelos ombros. – Família, esta aqui é a O... Prima Lynn, ela vai passar o final de semana conosco.

- Boa noite. – a menina disse acenando.

- Boa noite. – cada um na mesa respondeu numa intensidade diferente.

- Bem, prima, você já conhece a Collette. – a Collette soltou um pigarro odiando o próprio nome. – Aquele rapazinho adorável é meu filho, Nathanael... – meu filho acenou para a prima dopellganger da mãe alegremente.

- Isso é interessante, tem um menino na minha turma que se chama Nathaniel. – a garota disse.

 A Lynn e eu soltamos um “A-HÁ” irônico ao mesmo tempo.

- Enfim, a linda e para sempre de castigo mocinha ali é a minha primogênita, Annette.

 A Annie acenou sorrindo.

- Annie.

- É, eu entendo. – a Lynn prima disse e olhou para o “sobrinho” do Viktor. – Eu pensei que você só tinha dois filhos...

- Filhos que eu pari só são dois mesmo. – a Lynn esposa resmungou.

- Deus me livre, minha adorada, eu... – isso foi o moleque do Travis se levantando e pegando na mão da Lynn prima. – Sou Travis Chevalier, é um imenso prazer... – ele levou um tabefe na orelha esquerda tão forte que quase caiu. Todas as crianças na mesa riram daquilo, a veia de crueldade era forte ali.

- Fique longe da minha prima, seu aprendiz de sequestrador. – a Lynn esposa falou. – Sente-se, prima, e se esse bípede tentar tocar em você pode esfaqueá-lo.

 Nós nos sentamos, fizemos umas quinze preces, para quinze deuses diferentes, agradecendo pela comida e assim nosso jantar começou.

 Agora, sério, era assustador como essa menina era parecida com a Lynn. A Collette, que era irmã da minha esposa, não era tão parecida como a prima Lynn... Talvez porque a Collette tinha aquele brilho de maldade e assassinato no olhar, mas ainda assim, eu não confundiria a Collette com a Lynnette caso as duas tivessem a mesma idade. A Annie, que era filha, todo mundo dizia ser a cara feita e cuspida da Lynn, a única diferença é que minha filha tinha o cabelo preto como o meu, e mesmo assim...

 Não era a mesma coisa com a prima Lynn. Era como se aquela menina fosse a Lynn retirada de Sweet Amoris quando ela tinha dezessete anos. A única diferença era que a prima Lynn usa óculos, e ela não tem aquela aura de fêmea dominante e violenta da minha esposa... E a Lynnette se vestia melhor quando tinha dezessete anos, digo, ela nunca vestiria moletom para jantar na casa de alguém.

- Você realmente vai prestar para direito, Lynn? – isso foi a Collette perguntando para a prima dela, do outro lado da mesa.

- Sim. – ela ajeitou os óculos. – O professor Boris disse que eu tenho nota para passar na escola preparatória...

- Calma aí... – a Lynn esposa quase enfiou um garfo no meu olho por interromper a menina. – Professor quem?

- Professor Boris. – ela disse com simplicidade. – Ele dá aula de Educação Física na minha escola.

- E onde você estuda?

- Sweet... – a Lynn e eu já tínhamos soltado o “A-HÁ” antes de ela terminar a frase. – Amoris.

Meu Deus, coitada dessa menina.

- Eu não entendi o que tem de engraçado no que eu falei. – ela disse aquilo sem nenhuma gota de raiva, como a Lynn esposa diria, só de curiosidade. Era como se o Lysandre e a Lynn tivessem uma filha... Caralho, não quero nem pensar nisso.

- Não é nada, eles é que são dois idiotas. – a Collette levou um tapa na orelha dado pela Lynn esposa. – Eu vou falar pra mamãe!

- Aproveite e fale para ela dos dois processos administrativos que você está levando na universidade.

- Então, prima Lynn... – a Collette desviou o assunto imediatamente. – Que graduação você vai fazer antes de passar para direito?

- Bem... – ela terminou de mastigar a vieira e suspirou sorrindo. – Nossa, esse peixe está muito bom, senhor Castiel.

- Serve só “Castiel”, prima Lynn. – falei.

- E isso não é um peixe. – a Lynn esposa corrigiu.

- Perdão, eu não sou boa nomeando animais... – definitivamente essa garota não era a Lynn adolescente vinda do passado. – Mas respondendo sua pergunta, Collette...

- Coll.

- Eu entendo. – ela ajeitou os óculos. – Eu estou em dúvida entre filosofia e ciência política.

- Eu aposto que você seria ótima nos dois... – o Travis falou com um sorriso sugestivo na cara.

- Obrigada. – a prima Lynn respondeu, sinceramente, sem parecer entender que o moleque estava flertando com ela.

- O curso é bem competitivo. – a Collette falou admirando as próprias vieiras. – E os alunos são insuportáveis também.

- Isso é verdade. – a Lynn esposa falou tomando um gole imenso do vinho dela. – Os professores são piores ainda.

- Mamãe até socou um deles em uma reunião acadêmica... – a Annie falou divagando, a Collette e o Trevor riram e os dois fingiram que estavam engasgando para disfarçar a crueldade enrustida na alma deles.

- Ele tinha tentado passar a mão em mim. 

- Isso é verdade?! – exclamei.

- Se é ou não, foi no que o Conselheiro Acadêmico acreditou.

- Meu Deus... – a Annie falou. – É essa a grande lição da vida? Socar a cara de alguém e se livrar inventando uma mentira?

- Meu amor, não é mentira se ninguém conseguir provar quem está mentindo. – a minha Lynn disse pegando na mão da minha filha.

- Lynnette, é isso o que você quer que sua filha aprenda? – perguntei para a minha inofensiva esposa.

- Funcionou para mim e para a Coll.

- Lindamente. – a Collette concordou.

- Já é o segundo processo administrativo que você leva em menos de dois meses, Collette. – a Annie falou.

- A nossa filha não é maligna que nem você.

- Ela vai ficar depois de dois meses convivendo com essa criatura. – minha esposa apontou para o Travis com o rosto e mastigou uma vieira.

- Não sei se concordo com a violência, mas eu admiro a prima Lynn. – isso foi a prima Lynn, a que Lynn que não é mãe dos meus filhos, quem falou.

- Meu Deus do céu, garota, você precisa de religião na sua vida. – a Collette disse e levou outro tapa.

- É sério. – a prima Lynn, olha só que novidade, ajeitou os óculos. – Você se formou no exterior, tem um doutorado... – ela olhou para a Lynn. – Já viajou por todo o mundo, é respeitada na sua área e faz um trabalho que realmente contribui para o mundo...

- Nossa, você realmente está falando sério. – a Lynn esposa disse rindo sem jeito. A Lynn esposa só fica sem jeito quando ela finge ser uma camponesa virgem quando nós dois... Enfim.

- E, além disso, você tem uma família gentil, e, com todo respeito. – ela disse olhando para mim. – Um marido bonito e prestativo.

- Essa garota leu algum capítulo das duas últimas temporadas? – a Lynn esposa perguntou para o universo.

- Pode ficar tranquila, garota, você já ganhou o seu autógrafo. – falei para ela.

- Obrigada, mas, sem querer ofender, eu  não escuto muito a sua banda. – dessa vez o “A-HÁ” veio da Collette. - Sou mais adepta de Death Metal.

- Caralho. – quem é que diria que a versão nerd e quatro-olhos da Lynn tem gosto por rock pesado, escroto e satânico?

- Eu também adoro Death Metal. – o moleque falou querendo chamar atenção para si.

- Ah, é? – falei. – Me diga o nome de uma banda de Death Metal.

- O que?

- Ou de uma música, ou de um cantor, qualquer coisa que envolva Death Metal.

O moleque ficou uns cinco minutos olhando pra mim dizendo “porra, cara, para de me ferrar na frente da futura mãe dos meus filhos”.

- Hum... São muitas...

- Só precisamos de uma. – a Lynn esposa falou. A Collette e a Annie estavam rindo tanto que acho que uma delas tinha espirrado água pelo nariz.

- Eu não consigo lembrar de uma assim, do nada.

- Ninguém esperava o contrário. – a Annie disse.

- Eu gosto de Entrails papai. – meu filho respondeu, atraindo todos os olhares da mesa. – Eu gosto daquela música deles chamada Soul Collector.

 Por um minuto a mesa ficou em silêncio, absorvendo o fato de o meu filho, sabe-se lá como, conhecer música que a Lynn descreveria como “toque de despertar no celular do satanás”.

- Isso é culpa sua Lynnette. – falei.

- Aceite, Castiel, nenhum dos seus filhos herdou o seu gosto herege por grunge.

- Eu gosto de grunge. – a Annie falou.

- E você também pula de janelas. – a Collette disse.

- Pelo menos eu não vendo gabaritos para comprar LSD. – a Annie disse.

- COLLETTE! – minha Lynn esposa exclamou.

- O que?! – a irmãzinha disse. – Isso não é crime!

- Claro que é, sua energúmena, mas vendendo gabaritos o mínimo que você deveria comprar era cocaí... – minha esposa olhou para nossos filhos. – Cocada, o que me lembra sobremesa, meu lindo marido?

- Sim! – levantei. – Vamos comer a sobremesa.

- Prima Lynn, o que é LSD? – escutei o Nathanael perguntando.

- Bem... – ela ajeitou os óculos. – Se for o que eu estou pensando...

- NÃO EXPLIQUE! – a minha Lynn e eu berramos ao mesmo tempo.

- LSD é uma sigla para Lysergsäurediethylamid que é um termo alemão para dietilamida do ácido lisérgico...

- Nossa... – o moleque sobrinho do Viktor estava com as duas mãos na mesa encarando a prima Lynn como se ela fosse uma estátua grega de mármore. – É como se o wikipedia reencarnasse numa garota linda...

- Eu não estou acostumada a receber esse tipo de... – prima Lynn o olhou de cima a baixo. – Atenção... Ele está sendo sarcástico?

- Não. – a minha Lynn o pegou pela gola da camisa e o puxou para fora da mesa. – Vá ajudar o tio Ruivo com a sobremesa, e você rapazinho... – para o Nathanael. - Recolha a louça.

 Depois de uns dois minutos nós estávamos todos em volta de uma torta alemã de chocolate da qual eu passei o dia assando a massa. O que? Meus filhos já estão crescidos e eu só trabalho em períodos específicos no ano, eu tenho muito tempo livre dentro de casa... Pode me julgar, um homem não deveria ter vergonha de alimentar sua família com o melhor.

 - Tio ruivo, se você não fosse casado eu com certeza te pediria em casamento. – o moleque falou com a boca cheia de torta.

- Ugh, você parece minhas amigas falando. – a Annie resmungou.

- Bem, Annie, diga para suas amigas que depois que eu morrer o próximo na linha de sucessão para casar com o seu pai é o tio Viktor.

- Segundo as vizinhas é o tio Nathaniel. – a Lynn e a Collette cuspiram a água pelo nariz e começaram a rir ao mesmo tempo do fato de todo mundo pensar que o representante e eu éramos amantes.

- Quem seria esse? – a Lynn prima perguntou.

- Foi um namoradinho da minha mãe na escola. – Annie era a única mulher ali que não estava odiando a conversa, ou rindo demais, para explicar alguma coisa. – Ele e meu pai competiam para ver quem ia ficar com ela.

- É por isso que meu nome é parecido com o do tio Nathaniel, papai? – meu filho perguntou.

- Eu já te expliquei, garoto, seu nome é esse porque sua mãe não queria desagradar Deus. – passei a mão no cabelo dele. Mesmo que o nome do meu filho fosse parecido com o do representante, nenhum ser humano com dois olhos questionaria que fui eu quem fez esse garoto, e, por mais que eu odeie admitir, “Nathanael” combinava com o meu filho, toda a nossa família concordou com isso quando ele nasceu.

 Pelo menos era melhor que Viktor.  

- Isso me lembra uma fanfic que eu li de Doce Amor. – pelo visto a Lynn prima também perdia tempo com aquele jogo idiota.

- É, nem me fala. – a Lynn olhou o relógio no pulso e passou o olhar pela mesa. – Já está ficando tarde, crianças.

- Mas mãe! – os dois protestaram ao mesmo tempo, eles faziam isso direitinho desde que o Nathanael aprendeu a falar. – A prima Lynn!

- A prima Lynn está cansada e não quer aguentar vocês a noite toda – ela se levantou e com isso todos nós nos levantamos. – Além do mais, nós temos um dia longo amanhã no tour pela universidade.

- Nossa que exagero.

- Sem querer parecer rude... – a prima Lynn disse. – Mas a viagem realmente foi cansativa... E vocês falam muito rápido, é difícil manter a atenção na conversa.

- Não se sinta mal, garota, todos os nossos amigos pensam isso. – falei me lembrando do Lysandre.

- Annie, ajude sua prima a se aprontar para dormir. – a Annie sorriu alegre, pegou a prima Lynn pelo pulso e a puxou na direção da sala. Minha filha já disse, mais de uma vez, o quanto ela amava o irmãozinho, mas que ela sempre quis uma irmã, já que o elo entre a Lynn e a Collette era tão forte. Coitada da minha pobre e iludida garotinha.

- Vá escovar os dentes, garotão. – falei quando meu filho pulou da cadeira para ir em direção a cozinha. – Você pode lavar a louça amanhã de manhã.

- Obrigado, papai. – ele ergueu os bracinhos para me abraçar e me dar um beijo de boa noite. Eu e a Lynn aprendemos rápido que crianças crescem e que é melhor aproveitar todas as demonstrações de afeto que o seu filho mostra, porque de uma hora para a outra sua garotinha que te abraçava toda vez que entrava na cozinha virava uma adolescente maluca que pulava da janela do primeiro andar.

 Ele foi até a Lynn e a beijou e abraçou e depois seguiu rumo ao andar de cima. Dava para escutar a algazarra que a Annie estava aprontando lá em cima porque ela sempre deixava a porta aberta. Ah, como era bom ser pais prevenidos.

- Vocês dois. – a Lynn falou para as duas crianças restantes. – Vazem daqui.

- Não se preocupe, irmã, ninguém aqui tem interesse em ver vocês dois fazendo sexo na sala de madrugada. – como é que essa garota sabia disso?!

- Eu não me importaria de... – dessa vez fui eu quem deu um tapa na orelha do moleque. – Realmente, está ficando tarde... – eu juro que ele já tinha levado tanto tabefe na orelha que já nem deveria sentir alguma coisa. – Collette, quer voltar de mãos dadas? Para que ninguém mexa com você?

- Prefiro carregar esse cachorro até o meu dormitório. – ela falou pulando o Dragon, que dormiu durante essa palhaçada toda na porta dos fundos.

- Ah, as mulheres dessa família serão o meu fim. – o Travis falou. – Obrigado pelo jantar, tio ruivo, tia Lynn.

- Cuidado para o seu primo não te sequestrar no caminho. – a Lynn falou.

 Os dois saíram e a Lynn se aproximou de mim para me abraçar. Passei meu braço pelos ombros dela e beijei sua testa delicadamente. Nós dois suspiramos de cansaço ao mesmo tempo.

- É como cuidar de uma creche inteira. – ela falou com a cara escondida no meu peito.

- A diferença é que nenhum bebê de que eu já tenha cuidado vende uísque escondido ou pula de janelas. – lembrei de uma coisa. – Lynn, será que nossa filha vai acabar noiva desse moleque?

- A competição será acirrada, já que os dois surfistinhas das Austrália mantiveram o interesse na Annie depois de crescer. – ela respondeu. Pela bondade de Deus, minha filha tinha um harém quase tão grande quanto o da mãe dela com dezessete anos.

 Lembrando de que eu também já fui parte de um harém, e que eu fui o vencedor, decidi que beijaria a Lynn por conta do meu orgulho. Ela me retribuiu com vontade e em segundos eu já a tinha encurralada entre mim e a mesa apertando meu cabelo e com uma perna pendurada no meu quadril.

- Hum... – ela gemeu quando minha boca passou para o pescoço dela. – Regra número um, senhor Castiel.

- É, eu sei. – falei me afastando dela. – Esperar as crianças dormirem.

A Lynn me mostrou um sorriso irônico e malicioso ao mesmo tempo.

- Tem saudades de quando nós fazíamos isso na hora que queríamos?

- Pra ser sincero, princesa, não. – respondi acariciando o rosto dela. – Foi um preço pequeno a se pagar para que nossos filhos não vejam a gente transando.

- Nossa, meu homem é tão maduro. – dei um beijinho na testa dela.

- Ainda temos tempo de ter o terceiro.

- Nós já temos filhos o suficiente. – ela falou.

- Vou checar as crianças.

- Vou ver a prima Lynn. – a minha Lynn sorriu. – Não demore, senhor Castiel, as algemas novas chegaram essa tarde.

 Até parece que eu iria demorar sabendo que um de nós dois passaria a noite algemado a cabeceira da cama.

X

 Quando minha madrinha me mandou uma mensagem perguntando se eu poderia receber a prima Lynn, demorou um tempo até eu me lembrar quem era a bendita da prima Lynn. Concordo com o Castiel que há muitas coincidências idiotas demais para que esse jantar todo não parecesse uma tentativa fraca e preguiçosa de introduzir um novo personagem e uma nova fanfic de merda, que os deuses tivessem piedade da minha prima, mas ela não era tão parecida comigo. Ela usava óculos, afinal de contas.

 Enfim, a prima Lynn não era como eu, não pelo o que eu pude observar. Ela era gentil e discreta e séria, três coisas que eu nunca fui nem quando era adolescente. Espero que os deuses da fanfic cuidem dessa pobre alma sensível...

 - Prima Lynn? – falei batendo na porta do nosso quarto de hóspedes.

- Pode entrar! – quando abri a porta ela estava secando o cabelo com uma toalha. A bagagem dela estava meticulosamente arrumada e arranjada pelo quarto, ela até tinha separado a muda de roupa que usaria quando visitássemos a universidade, até o livro que ela leria antes de dormir estava simetricamente posicionado sobre o criado-mudo ao lado da cama.

- Só vim checar se você precisa de mais alguma coisa.

- Não, não. – ela disse retirando os óculos e os colocando no estojo com uma precisão milimétrica. – Obrigada por me receber.

- Imagine. – me aproximei, fiz com que ela se sentasse na cama e a cobri com o edredom. Não era culpa minha, era reflexo de mãe ajeitar uma criança na cama. Engraçado, a menina tinha dezessete anos e eu a via como uma criança, acho que isso também era reflexo de mãe. – Animada para amanhã?

Ela demorou um tempo para responder, toda embrulhada e cobertar pelo edredom.

- Sim, mas eu não consigo parar de pensar na minha escola.

- Por que isso?

- Bem, muita coisa aconteceu nos últimos três anos... – ela se remexeu para ficar mais confortável.

- Você vai ter que ser mais específica do que isso.

- Bem, desde que eu entrei em Sweet Amoris... – A-HÁ. – Uma garota vem me fazendo de alvo de chacota... – era muito estranho como ela dizia que sofreu bullying por dois anos sem demonstrar uma gota de emoção.

- Deixa eu adivinhar, ela é a loura bonita e estúpida da turma.

- Como você sabia?

- Não importa. – ajeitei o travesseiro atrás da cabeça dela. – Acabe com essa escrota.

- O que?

- Dê um jeito de acabar com a vida dela. – falei. – De fazê-la pensar duas vezes antes de se meter com uma garota mais inteligente que ela.

- Mas... – ela levou institivamente a mão para o rosto para ajeitar os óculos e esqueceu que não os estava usando. – Não sei se isso seria certo.

- Como assim, criatura?

- Como eu poderia me dar o direito de fazer justiça com as próprias mãos? – ela disse toda reflexiva. – Não é dever de forças maiores do que nós julgar o que é certo e punir o que é errado?

- Os deuses ficam felizes com a sua humildade. – ela balançou a cabeça concordando. – Mas as vezes, minha doce e adorada prima e herdeira de drama... – ela estranhou a parte “herdeira de drama”. – Mas as vezes, Oaklynn, a maior injustiça é não fazer nada por si mesma ou pelas pessoas que você ama.

Minha prima ficou uns segundos numa reflexão filosófica sobre o que eu tinha acabado de levantar.

- Então eu não me defender seria uma injustiça ainda maior do que o tratamento paupérrimo que ela me confere desde que nós começamos a estudar juntas?

- Sim, senhorita. – falei. – E você ainda deve expandir isso, há dois anos ela vem te tratando mal, mais do que seu direito, é um dever seu restaurar o equilíbrio do universo dando o troco para essa garota.

- Faz sentido e você colocar desse jeito... – ela disse com cara de paisagem.

- Só por curiosidade, minha querida prima, e não leve isso a mal... – falei pegando na mão dela. – Você é sempre inexpressiva assim?

- É, eu não tenho muitas habilidades sociais. – era até cômico que ela admitisse isso. – Ou sentimentos, minha melhor amiga diz que na verdade é porque eu sou muito complexa.

- Bem, esperemos que a plateia entenda essa sua complexidade. – dei uns tapinhas tranquilizadores na mão dela.

- Prima Lynn, como é que eu vou me vingar de uma garota que há dois anos tem me feito de idiota na frente de toda a escola?

- Ah não, minha doce padawan, vingança é um caminho que você deve trilhar sozinha. – me levantei e sorri. – Além do mais, eu já tive toda a vingança que eu tinha direito, agora é só você, doçura.  

- Mas... Nem um diálogo enaltecedor ou inspirador? Nenhuma dica sábia ou instrução divina e enigmática, como acontece nos filmes?

- Bem... – refleti um pouco. – O jeito mais fácil de acabar com alguém é tirando tudo que uma pessoa ama dela.

- Eu estou com medo, prima Lynn. – ela disse com o rosto escondido nas cobertas.

- Não tenha medo, doce padawan, só não se esqueça de produzir muitas cenas de comédia ridícula e de dar uma pitada de violência ocasional, mas nunca intencional, a não ser que seja contra um garoto.

- Sim, prima Lynn.

- Lembre-se, minha adorada criatura, nunca compita com outra garota pela atenção de um rapaz, não é essa a nossa mensagem.

- Sim, prima Lynn. 

- E fique a vontade para me referenciar quando você se sentir insegura. – falei. – E não tenha medo de ser irônica, a ironia é a pedra fundamental do humor no século vinte e um.

- Essa parte eu acho que será um problema...

- Não se preocupe, padawan, se você é uma adolescente, se você não faz ironia, a ironia faz você. – estalei a língua. – Ah, e não se esqueça das respostinhas cretinas.

- Jamais me esquecerei.

- E nada de diálogos entre personagens femininos que só envolvam garotos.

- Concordo completamente.

- E o mais importante: sempre seja fiel a si mesma e àqueles que você ama, minha doce padawan, nunca se renda porque está difícil, acredite em mim, vai ficar, mas você deve ser forte por todo mundo e principalmente, forte por si mesma e pelo o que você acredita.  – pausa dramática. – Não importa se a sociedade aprova, o que importa é que você seja verdadeira.

- Obrigada, prima Lynn. – ela respirou profundamente. – Espero não fazer nada de errado.

- Não se preocupe, minha doce e adorada, na pior das hipóteses pelo menos ninguém gastou tempo livre vendendo drogas. – como a Collette.

- Acho que isso é válido. – ela falou.

- Ótimo. – me virei para sair do quarto. – Agora durma porque você ainda tem um longo caminho pela frente amanhã.

- Boa noite prima Lynn.

- Boa noite, prima Lynn. – parei no umbral da porta e me virei, claro, não poderia faltar a frase de efeito final. – Ah sim, e mais uma coisa...

- O que foi? – ela levantou o rosto do edredom para me olhar.

- Bem vinda a Sweet-Amoris.

- Isso não faz sentido... – ah, minha caralha... – Eu já estudo em...

- Para de arruinar minha frase de efeito Oaklynn.

- Mas...

- Shh, Shh... Só fique quieta. – falei e olhei para o universo para ver se os deuses tinham se enfurecido com aquela heresia. – Pelos Deuses da fanfic, você vai precisar de toda ajuda que conseguir...

- É, eu estou começando a sentir isso. – ela suspirou e disse para si mesma: - Boa sorte, Lynn.

...

Essa garota acabou de me roubar a frase de efeito?!

...

É, talvez ela não precise de tanta ajuda assim. 


Notas Finais


'-'...

Alô, alô.
Primeiramente, super feliz com a imagem do evento de dia dos namorados :3
Segundamente, explicações: BUENO, eu não pretendia fazer esse capítulo, mas como aconteceu com o anterior, eu só comecei a escrever e daí saiu esse monstro. Me veio a ideia de no meio do capítulo introduzir a nova protagonista da nossa próxima fanfic de merda, como diria a Lynn palhaça, então foi mais ou menos isso que eu tentei fazer. Minha intenção era só mostrar mais ou menos que os nossos personagens tiveram um final feliz, que as crianças estão crescendo fortes e saudáveis (?) e que o Viktor conseguiu seu herdeiro. Aí veio a ideia de introduzir a protagonista herdeira da Lynn palhaça e então, foi isso o que aconteceu.

Não sei se deu muito certo o.ô, mas eu gosto de pensar que pelo menos ninguém morreu no processo... Ninguém além de um pedaço da minha alma... ENFIM.

MUITO, MUITO, MUITO obrigada por ler :3 nos vemos na próxima fanfic :3


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