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História As palavras que eu nunca disse - Capítulo 14


Escrita por: KatherineHanzen

Notas do Autor


Gente, sei que eu sumi... Mas acontece que as aulas na faculdade voltaram, então já sabem, né?
Mas espero que gostem ♥

Capítulo 15 - Capítulo 14


                Katherine olhou sua imagem no espelho pela décima vez.

                Ela estava bonita. Rosalya havia garantido isso quando praticamente a arrastou até a loja do namorado dizendo algo como: “um encontro é um encontro e você precisa estar sempre preparada, e com preparada eu quero dizer sexy... Você precisa estar sempre 100% sexy.”.

                Vestia um vestido vermelho sangue de alças finas com um decote generoso, deixando todo o seu pescoço à mostra e boa parte do seu colo. Tinha um caimento especial nas costas, deixando-a nua também até quase a cintura. Claro que ela havia relutado quase incansavelmente para vestí-lo, mas Rosalya nem se preocupou em dar ouvidos.

                Ela suspirou.

                - Nath é um cara legal, Kath. É disso que você precisa. E ele vai levar você à um lugar chiquérrimo. Então fisgue ele esta noite!

                Ela dissera.

                E Katherine não disse nada, porque sabia que ela tinha razão. Nathaniel parecia o cara ideal. Mas nem por isso precisava se jogar em cima dele como uma vadi* louca necessitada.

                Sua maquiagem era leve, com exceção do batom vermelho, que era da cor do vestido, e ela usava sandálias de salto pretas. Sentia-se uma paródia desajeitada e branca da Kim Kardashian.

                Riu sozinha e balançou a cabeça, ouvindo o celular vibrar em seguida.

                ”Sei que você está se sentindo poderosa neste momento... Então use esse charme! Se é que você tem um...”

                Katherine girou os olhos ao terminar de ler a mensagem que Rosalya havia mandado. Já temia ter que responder toda a avalanche de perguntas dela e do Alexy no dia seguinte.

                Havia recebido mais algumas mensagens, o que fez seu coração bater com a esperança de que fosse algo em especial. Mas eram apenas mensagens de operadoras de telefone, que ela apagou.

                Olhou para cima, reflexiva.

                Tinha passado a noite passada e o seu dia inteiro pensando se deveria ou não ir a esse encontro. Os acontecimentos do dia anterior bagunçaram os seus pensamentos e machucaram o seu coração, o que lhe deu uma boa lembrança do que significava gostar de alguém e abrir mão da sua armadura por isso.

                Gostar de alguém.

                E também, não conhecia Nathaniel o suficiente para se sentir confortável e tranquila para este encontro. Mas, por outro lado, também não tinha motivos para se preocupar com isso. Ele sempre fora incrível com ela em todos os aspectos, e também era muito bonito. Ele fazia seu coração se encher de esperanças.

            No entanto, não era ele que fazia o seu coração palpitar.

            Pensar nisso fez com que seu entusiasmo desmoronasse, como se um balde de água fria tivesse sido jogado em sua cabeça. E ela sentiu vontade de gritar, e de chutar a parede, e de quebrar coisas.  Por que é que ela simplesmente não podia fazer a escolha certa uma única vez na vida?

            Tocou no peito, segurando o colar dourado que havia ganhado da mãe e que também estava usando naquela noite. Então, olhou no espelho, em seus próprios olhos, tentando compreender o que ela mesma sentia. Mas não entendeu. Seu entusiasmo havia desmoronado e ela sentiu vontade de desistir, mas não podia.

            A campainha tocou, como se previsse seus pensamentos.

            Ela respirou fundo, ajeitou o vestido, pegou suas coisas e foi abrir.

            - Olá, Kath... – Nathaniel que a recebera com um sorriso caloroso de repente ficou estático e sem palavras. – Minha nossa, mas você está...

            Ela sorriu, levemente.

            -...Desculpe. – Ele sorriu, constrangido. – O que eu quero dizer é que você está deslumbrante.

            - Obrigada, Nath. Você também está ótimo.

            - Está pronta? Podemos ir?

            - Estou, só me dê um minuto.

            - É claro.

            Katherine voltou para buscar as chaves a apagar as luzes, e, quando tudo ficou escuro, Nathaniel sorriu na sua frente, parecendo iluminar tudo ao seu redor. Ele a estendeu o braço, em forma de um convite elegante, e ela aceitou, saindo com ele pela porta e tentando não olhar para trás.

           

            ...

 

           

            Durante todo o percurso, Nathaniel fizera perguntas sobre ela. Não que ele entrasse no território proibido, não. Muito pelo contrário, ele parecia entender perfeitamente até onde podia chegar sem que ela precisasse dizer e fazia apenas perguntas sobre curiosidades suas. O que gostava de fazer, músicas favoritas, cor favorita, se gostava de livros, o que a irritava e o que a deixava feliz...

            Ele ouvia com atenção e ria sinceramente de algumas histórias que ela contava sobre a parte alegre da sua vida. Sobre a vida com seu irmão, a antiga cidade... Ele ouvira tudo sem questionar o que a havia levado a se mudar drasticamente para lá. E ela se sentiu imensamente grata por isso.

            Fora como tirar um enorme peso das costas sem se sentir vulnerável ou arrependida depois de falar.

            Nathaniel era um bom ouvinte e companheiro. Ele fazia com que ela se sentisse leve.

            Então, quando ele riu mais uma vez das besteiras que ela dizia, ela parou. Parou para observá-lo, e sorriu. O rosto dele estava iluminado pelas luzes dos postes e prédios conforme atravessavam a cidade. Ele demorou alguns segundos para notas visto que estava com toda a atenção voltada a estrada enquanto dirigia. Mas, quando por fim notou, e os olhos cor de mel a encontraram, ela sentiu algo dentro do seu peito ferver, como se estivesse sendo aquecido.

            Ela só não sabia o que significava.

            Nathaniel sorriu para ela, sem mostrar os dentes. Parecia tentado a dizer alguma coisa, mas evitou de o fazer, como se previsse que ainda não fosse a hora certa, apesar de tudo.

            E Katherine sentiu-se agradecida outra vez.

            Pouco tempo depois, chegaram ao restaurante.

            Apesar de já esperar algo grandioso, Katherine se surpreendeu com o que viu. O lugar era imenso, completamente iluminado. Janelas enormes e cortinas de seda branca davam-lhes as boas vindas e um manobrista ofereceu-se para estacionar o carro. Nathaniel abriu a porta para ela e eles entraram, atravessando um hall enorme com um tapete de veludo vermelho e um enorme “espelho d’água”, todo o ambiente sendo completado por um enorme lustre de cristal pendurado sobre eles.

            Por pouco ela quase esquecera de como respirar. E por sorte havia “aceitado” o conselho de Rosalya e vir preparada, adequadamente vestida.

            Quando entraram no salão, o ambiente não era menos surpreendente. Mesas redondas iluminadas por velas em um ambiente temático, toalhas brancas contrastando com flores vermelhas sobre elas. Para completar, no fundo do salão havia um palco, com um lindo piano e outros instrumentos de um conserto.

            Nathaniel a conduziu até a mesa reservada para eles, e sorriu diante da expressão dela.

            - Vamos, diga alguma coisa ou ainda vou achar que você está odiando...

            Ela balançou a cabeça.

            - Nath... Isso é... Incrível...

            - Eu queria que soubesse o que você significa, por isso não podia pensar em lugar melhor.

            - Deve ser caríssimo, eu não posso aceitar!

            Ele tocou nos lábios dela com o dedo indicador, como um sinal para que ficasse quieta.

            - Não vamos questionar isso, tudo bem?

            Ela suspirou, relutante, e se sentou quando ele puxou a cadeira para ela, sentando-se ao lado dela em seguida.

            - Você não existe. – Ela sorriu. – Não precisava de tudo isto. Eu não... – Ela desviou o olhar, observando a riqueza de detalhes que faziam daquele lugar uma cena de cinema. – Eu não mereço tudo isso...

            Ele segurou o rosto dela, delicadamente fazendo-a olhar para si.

            - Será que você pode simplesmente relaxar e aproveitar? Não está cometendo nenhum crime.

            Ela o encarou, sendo dominada por aquela imensidão que eram aqueles olhos cor de mel. Ele tinha o dom para acalmá-la. O problema, é que cada segundo ela se sentia mais culpada, como se estivesse sim cometendo um crime.

            Era culpada.

            Mas, talvez ele tivesse razão. Ela devia relaxar um pouco e curtir aquele momento, talvez fosse o que faltava para que ela entendesse, e decidisse.

            Nathaniel pediu um vinho tinto suave que ela se recusara a pensar no preço, e que tinha um gosto maravilhoso. Ela bebeu cerca de duas taças até se sentir novamente relaxada e voltar a conversar com ele sobre tudo. Desta vez fazendo perguntas à ele sobre curiosidades suas que talvez não tivesse a coragem de perguntar se estivesse completamente sóbria.

            Ela o observava com atenção e sorria, diante as sinceridade e simplicidade que ele fazia transparecer. É, Nathaniel fazia as coisas parecerem simples demais para ela, mas, no fundo, ela ainda sentia medo.

 

            ...

 

            - Céus, será possível que ninguém viu o Castiel?

            Emilly grunhia muito irritada enquanto falava no telefone. Lysandre estava sentado no sofá enquanto a observava caminhar impacientemente de um lado para o outro em sua sala de estar.

            Ela olhou para ele, e ele teve que controlar o impulso para não sorrir diante da irritação dela. Ele adorava a maneira protetoramente explosiva que ela tinha para lidar com as coisas.

            - Lys, me diga... Você também acha que o meu irmão tem sérios problemas, não acha? - Ela parou e jogou as mãos para cima. – Porque não é normal uma pessoa simplesmente desaparecer durante um dia inteiro. Eu estou exausta! Já liguei para todas as pessoas e todos os lugares em que ele pudesse estar, mas ninguém o viu. É impossível que aquele maldito cabelo tingido de ruivo não sirva para alguma coisa, nem que seja para chamar atenção!

            Ele suspirou. – Emilly, acalme-se, Castiel sabe o que faz.

            Ela se sentou ao lado dele, suspirando derrotada. - Eu sei, mas...

            - Aconteceram coisas demais na vida dele em um dia, você precisa dar um tempo à ele. Ele precisa processar as coisas.

            - Eu não entendo, Lys. Eu voltei por ele, para estar com ele, para que ele não estivesse sozinho. Não entendo porque ele insiste em fazer o contrário...

            - É o jeito dele lidar com as coisas. Desde o que aconteceu ele teve que criar a própria fuga.

            - É isso o que eu quero dizer, Lys! – Ela o encarou, os olhos brilhando em desespero. – Ele não precisa fugir, não precisa de uma fuga, não mais... Viktor voltou, devia ficar tudo bem agora!

            - Mais uma vez, Emilly, você só precisa dar um tempo à ele...

            Ela suspirou outra vez, parecendo realmente exausta e muitos anos mais velha.

            Lysandre não conseguiu resistir ao impulso de envolve-la com seus braços desta vez e trazê-la para perto de si em um abraço, deixando claro que estaria ali caso ela precisasse também.

            - Eu sinto muito, Lys. Deve ser horrível ter que ficar aqui ouvindo tudo isso na própria casa...

            Ele sorriu. – Eu não me importo. Não me importo porque eu gosto de você.

            Emilly o encarou, com o rosto ruborizado. Mas, antes que pudesse dizer mais alguma coisa, foram interrompidos por outra voz.

            - Talvez eu saiba onde ele está.

            Rosalya entrou na sala, acompanhada por Leigh, e Emilly foi até ela em um salto.

            - Onde?

 

            ...

           

            Depois de uma garrafa inteira, Katherine sentia as bochechas rosadas, mas já nem se importava mais.

            A maioria das pessoas já havia ido embora e os ruídos haviam diminuído, o que os possibilitava a ouvir a música que vinha do palco com mais clareza. Uma mulher morena e muito bonita tocava uma melodia emocionante, e ao observá-la, Katherine sentiu a nostalgia a atingir em cheio e inundá-la como uma onda.

            - No que está pensando?

            Ela piscou, tentando afastar as lembranças.

            - O meu irmão me ensinou a tocar quando eu tinha seis anos. – Ela sorriu. – Ele era um prodígio.

            Nathaniel a encarou, surpreso. – Quer dizer que você sabe tocar?

            Ela olhou para ele e riu. – Já faz muito tempo, Nath. – Ela respondeu, enfatizando a palavra “muito”.

            - Isso não é algo que possa ser desaprendido facilmente, Kath. Você vai ter que me mostrar isso! – Ele apontou para o piano, empolgado.

            - O quê?! – Ela acompanhou o olhar dele e ficou apavorada ao entender a intenção. – Só pode estar brincando comigo!

            - Não estou. O que aconteceu com a garota corajosa que estava comigo até minutos atrás?

            Ela riu. – Bem, acho que ela foi embora.

            Ele encolheu os ombros, bebendo mais um gole de vinho. – Bem, é uma pena. Eu duvidava mesmo que você fosse conseguir.

            Ela o encarou. – O que você disse?

            Ele sorriu desafiador. – Que duvidava que você fosse conseguir.

            - Isto é uma aposta?

            - Considere como quiser. Só restamos nós aqui. – Ele olhou ao redor. - Mas, já que pensa assim, aposto 100 dólares que você não faz isso.

            Ele olhou mais uma vez para o piano.

            - Aposte 200. – Ela respondeu e se levantou, com uma súbita onda de coragem que tomou conta de si. Ou talvez fosse o vinho delicioso que havia bebido.

            Caminhou determinada até o piano e se sentou, deslizando os dedos delicadamente e sentindo a vibração que aquele enorme instrumento emanava, mesmo ainda sem ser tocado.

            As lembranças a invadiram novamente, mas desta vez ela sentiu-se em paz. Era quase como se Gabriel estivesse ali, sentado ao lado dela encorajando-a a fazer aquilo.

            Podia sentir ele ali ao seu lado de verdade.

            Então, automaticamente começou a tocar a primeira música que lhe veio à cabeça.

         Trilha Sonora: Ludovico Einaudi – Divenire | Trata-se da música que Katherine está tocando.

            Nathaniel ficou paralisado.

            Não sabia como reagir, e mesmo que soubesse tinha certeza de que não conseguiria.

            Pensava em Katherine tempo demais durante o seu dia só com o que já conhecia dela antes, e aquilo era simplesmente indescritível.

            Todo o resto do mundo deixou de existir quando ela se sentou sob a única luz artificial e a mais brilhante do salão, e começou a tocar. Seu rosto estava tão sereno, tão tranquilo... Ela parecia em paz. Katherine era tão linda, como um anjo. Sua pele refletindo a luz, o vermelho de seu vestido completamente destacado, e as mãos ágeis que deslizavam sobre as teclas com maestria.

            Ela simplesmente incrível.

            Incrível demais para ser real.

            Sabia o quanto parecia um idiota, mas não conseguira fazer mais nada além de observar e ouvir, estupefato, enquanto ela conduzia todas as suas emoções à um estágio que ele não lembrava de ter chegado antes.

            E, quando ela terminou e abaixou o olhar para as próprias mãos no teclado, ele finalmente reuniu forças para se levantar e caminhar até ela.

            Katherine sentiu-se um pouco deslocada quando Nathaniel se levantou e lhe estendeu a mão, convidando-a para dançar ao som da música calma e agradável que voltara a tocar no ambiente quando ela parou. Talvez fosse efeito do álcool também.

            Ela segurou a mão dele e se levantou, ajeitando o vestido no corpo enquanto ele enlaçava uma das mãos em sua cintura e segurava delicadamente a mão dela com a outra. Ela sorriu para ele e segurou em seu braço, tentando não pensar que havia acabado de revelar um de seus maiores segredos.

            Então, ele a conduziu delicadamente, dançando ao som daquela música que aflorava as emoções, e ela deixou-se levar, se entregando por inteira ao momento e perdendo todas as forças de lutar contra alguma coisa.

            E, quando Nathaniel olhou profundamente em seus olhos e aproximou o rosto lentamente do dela, ela não reagiu.

            Os lábios dele eram quentes e macios, e apesar do presente gosto do vinho, eram extremamente doces. Todo o corpo dela se arrepiou com o toque delicado e decidido ao mesmo tempo, e Nathaniel aprofundou o beijo, parando a dança e segurando o rosto dela com as duas mãos, como se com isso quisesse impedi-la de se afastar.

            Quando ele se afastou para pegarem ar, ela o encarou. Procurando algo nos olhos cor de mel que realmente fosse impedir que ela pensasse no que estava do lado de fora daquelas paredes.

            Ela estava realmente descobrindo.

            No entanto, “o que estava do lado de fora das paredes” estava muito mais perto do que eles imaginavam.

            Castiel observara tudo da porta do salão. Estava bêbado, fora de si e pretendia chegar lá e arrancá-la dos braços dele, nem que fosse à força. Mas, quando chegou e a viu diante do piano, não conseguiu fazer mais nada.

            Ficou lá, paralisado. Até mesmo quando o idiota foi até ela e a tocou novamente. Até mesmo quando o instinto mortal dentro de si queria que ele o matasse. Ele não conseguiu se mover.

            Ela era muito mais do que ele podia suportar, muito mais do que podia lidar.

            Muito mais do que merecia.

            Ele admitia ser egoísta, mas não conseguia ser egoísta com ela. Não podia contaminar a vida dela com a sua escuridão e não podia destruí-la com os seus problemas.

            Então, com o coração rasgando no peito, ele se virou e foi embora. Porque sabia que ele estava prestes a beijá-la e também sabia que ela não iria impedir dessa vez.

            E, com isso, ele não conseguiria se controlar.


Notas Finais


Ludovico Einaudi – Divenire: https://www.youtube.com/watch?v=X1DRDcGlSsE


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