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História As palavras que eu nunca disse - Capítulo 06


Escrita por: KatherineHanzen

Capítulo 7 - Capítulo 06


           - Já vai embora? – Uma terceira voz ecoou no cômodo e fez com que as duas garotas olhassem naquela direção abruptamente. 

                - Já, decidi no momento em que descobri que você estava aqui.

                Castiel sorriu de lado e bebeu um gole de sua cerveja. Vestia preto da cabeça aos pés. Katherine achou que ele estava lindo com a camisa gola V praticamente aderindo ao seu corpo, tudo contrastava com sua pele alva.

                Ela odiou ter que vagar seus olhos por ele para constatar isso, pois sempre se sentia vulnerável, como se ele pudesse perceber. Algo dentro dela dizia que sim, que ele sabia muito bem o que estava acontecendo na cabeça dela.

                Ele se escorou no batente de uma porta.

            - Eu pensei que você não fosse do tipo que fugisse.

                Desgraçado.

                Ela o encarou. – E não sou.

                - Então o que é que está fazendo agora? – Outro gole. Ele a encarava como se estivesse tentando atravessar a sua alma com os olhos. Cínico.

                - Indo pra casa.

                Ele encolheu os ombros e se desescorou, virando de costas para ela e voltando para onde veio. Katherine podia jurar que era do infern0.

                - Que decepção. Esperava mais de você.

                Ela podia decapitá-lo neste exato momento. Estreitou os olhos, irritada, com o sangue correndo mais rápido nas veias. Se ele pensava que sairia vitorioso em alguma das vezes, estava muito enganado. Ela não deixaria, não mesmo.

                - Vamos ver o que podemos esperar de você em uma banda.

            Rosalya a encarou confusa. Não parecia entender o real problema que ocasionava a disputa entre os dois. Achou que era apenas uma brincadeira, mas não, era pessoal. A amiga estava entrando em uma batalha que dificilmente podia vencer, ela sabia. Mas ela também sabia que Katherine tinha plena consciência de onde estava se metendo.

            E, se ela tinha certeza, Rosalya estaria lá quando ela precisasse. Sabia que ela ia precisar

            Respirou fundo e sorriu em seguida. – Então isso quer dizer que você fica?

            Katherine assentiu. – Parece que sim, não vou dar à ele o gostinho.

           - Kath, você sabe mesmo onde está se metendo?

                Katherine olhou pra ela, depois de piscar lentamente e sorriu. – Acredite, Rosa, não estou me metendo em nada.

                - Se você diz... Então vamos. O ensaio é na garagem lá atrás, os meninos adaptaram com isolação acústica e ainda por cima fizeram uma decoração temática. Tenho que admitir, para homens até que eles se saíram bem.

                - Vamos então.

...

                A garagem era um ambiente realmente muito agradável.

                As paredes pintadas de branco estavam carregadas com posters de bandas de rock, símbolos e acessórios musicais. Alguns sofás escuros deixavam o ambiente aconchegante, enquanto toda a aparelhagem necessária para ensaios e gravações ficava no lado oposto

            A iluminação era o toque especial, a luz escura – um misto de vermelho, preto, e roxo - completava o local com maestria. Katherine teve que admitir também, que eles haviam caprichado. Aquele lugar era demais! Sentia-se em um bar de rock, tentada a dançar e cantar e beber e, se divertir.

            - Você já pode fechar essa boca. – Rosalya riu, seguida por Katherine.

            - Isso aqui é demais!

            - Eu não disse? Eles são bons no que fazem. Todo mundo precisa ter um lado positivo.

            - Não vamos elogiar tanto, isso não conta como uma qualidade.

            Rosalya estreitou os olhos, pensativa. – É, tem razão.

            Castiel e Lysandre bebiam e conversavam ao lado dos instrumentos, e junto com eles estava um rapaz de cabelos castanhos que Katherine não conhecia, então julgou ser o baterista, Charli.

            Eles riam amistosamente – tão alto que podia-se ouvir considerando a música alta que saia das caixas de som -, e ninguém ligou para elas que haviam acabado de chegar. Castiel, porém, encarou Katherine pelo canto dos olhos enquanto dava mais um gole em sua cerveja.

            Ela reparou, mas virou-se de costas para ele, começando a analisar cada um dos pôsteres e fotografias pendurados na parede. Haviam pôsteres de bandas clássicas, como Guns and Roses, AC/DC, Nirvana, Metallica, Red Hot Chilli Peppers e Iron Maiden, e também estilos alternativos, como Avenged Sevenfold, Green Day, System of a Down e 30 seconds to mars. Ela gostou. O gosto musical deles se parecia muito com o seu.

            Viu algumas fotografias, que até então não havia reparado. Elas estavam espalhadas desordenadamente em um canto da parede. Havia fotografias da banda em situações diversas. Em ensaios na garagem, onde em algumas estavam concentrados e em outras conversavam e riam descontraídos. Em shows, com os semblantes sérios e realizados, que Katherine sorriu ao analisar.

            E, bem em cima, havia uma fotografia isolada que a deixou confusa.

            Reconheceu Castiel, mas ele estava com os cabelos pretos, e não escarlates como ela conhecia. A fotografia foi tirada em um show, onde Castiel sorria abertamente tocando a mesma guitarra que estava ali na garagem. Porém, o que mais lhe chamou atenção foi os outros integrantes.

            Na outra guitarra, e no vocal, havia um rapaz de cabelos negros desalinhados. Ele cantava, sorrindo com os olhos, olhando para Castiel. Eles pareciam ter algum tipo de conexão, pois Castiel sorria pra ele também. Ela parou pra pensar, mas não lembrava de ter visto este rapaz em nenhum lugar da escola.

            No lado oposto ao de Castiel na foto, porém, havia rasuras, mostrando que uma parte da foto havia sido rasgada. Ela viu uma parte da bateria e os braços do baterista, então constatou que alguém não queria que ele aparecesse na foto.

                - Quem é? - Ela perguntou à Rosalya, que acompanhou o seu olhar até a fotografia misteriosa.

                Rosalya pareceu confusa. – Isto não estava ai antes... Eu não sei.

                - É o Castiel...

                Rosalya se aproximou mais. – Sim, é, mas quem...

                Elas foram interrompidas pela voz de Lysandre. – Olá, meninas. Como vocês estão hoje?

                Rosalya desviou a atenção para o cunhado, mas Katherine continuou fixa na fotografia.

                - Estamos ótimas e com vontade de ouvir música. Comecem isso de uma vez!

                - Algum problema, garota? – Castiel se aproximou. Sua voz saiu cortante, como se estivesse irritado. Os punhos estavam cerrados e o maxilar tensionado.

                Ela se voltou pra ele. – É uma banda antiga sua?

                - Isso não é algo que te diga respeito. – Ríspido e autoritário, como se tivesse dado um comando à ela que significasse “Esqueça isso agora ou teremos problemas”.

            Ela o encarou após a resposta, em silêncio por um breve momento. Tinha ela tocado em alguma ferida que o incomodasse ao ponto de deixá-lo tão irritado? Refletiu durante um breve momento se a melhor opção seria ou não afrontá-lo. Por um lado, era uma pista e talvez conseguisse arrancar alguma coisa dele sobre seu passado. Mas por outro, duvidava que ele tivesse a intenção de lhe contar qualquer coisa, o que só o deixaria ainda mais irritado.

            Por mais que ela estivesse tentada a irritá-lo para se vingar do que fazia consigo, resolveu entrar no jogo. Disposta a vencer, descobrindo tudo do seu jeito.

            Ela encolheu os ombros, encerrando a discussão e fingindo desinteresse quanto à isso. – Eu só acho que você de cabelo preto ficava bonitinho.

            Castiel a encarou por um tempo, processando a resposta. Qual era o problema daquela garota? Ela estava jogando com ele? Se estava, ele precisava lembra-la de quem é que sempre vencia.

            Sorriu de lado. – Então é por isso que você ficou me olhando com tanta atenção? Pra comparar?

            Ela girou os olhos. – Não conte com isso.

            Ele encolheu os ombros e a ofereceu a sua cerveja, que ela aceitou. – Bem, é realmente uma pena. Adoraria te mostrar algumas das minhas qualidades.

            Seu sorriso era sexy, perigoso e encantador. Por essa razão, ela optou por não responder, tinha medo que seu impulso selvagem e irresponsável a fizesse dizer alguma besteira da qual se arrependeria por muito tempo. Então, apenas o encarou, tentando desvendá-lo, afrontá-lo, entende-lo, da mesma maneira como ele fazia com ela, e bebeu um gole da cerveja oferecida por ele.

            O que também não foi uma boa ideia.

            Seu cérebro automaticamente assimilou o ato como tocar onde ele tocou. A boca de Castiel havia tocado a mesma garrafa. E agora, seus lábios tocavam a garrafa, deliciando-se com o gosto amargo que descia pela garganta em seguida, sentindo o mesmo gosto que ele. Quase como se fosse ao mesmo tempo.

            Ele a encarava como se estivesse faminto, como um caçador espreitando sua presa. Observou atentamente ela levar a garrafa à boca, e depois a garganta movimentar-se sob a pele alva. Mordeu os lábios quase imperceptivelmente. Ele queria que ela soubesse o que estava pensando, e ela compreendeu isso.

            A cabeça dela deu voltas.

            Um passo mais perto do abismo, pensou.

            Os olhos ainda estavam conectados quando um som agudo fez com que ambos voltassem à realidade. Lysandre terminava os ajustes no microfone, e Castiel piscou lentamente, se dirigindo ao seu instrumento em seguida, sem dizer nada.

            Katherine ficou atordoada.

            Céus, quando é que Lysandre tinha se afastado que ela nem se quer havia reparado? Estava mesmo enlouquecendo, fora da realidade. Só esperava desesperadamente que ninguém estivesse percebendo.

            Mas a maneira como Rosalya a olhou assim que todos se posicionaram a disse o contrário. Porém, felizmente a amiga preferiu deixar o assunto pra outra hora, o que Katherine agradeceu mentalmente.

            Alguns segundos depois, a introdução com a bateria começou, seguida pelo som da guitarra que Castiel tocava, e os meninos pareceram partir para um outro mundo. Eles olhavam fixamente para alguns pontos, como se estivessem em um lugar diferente daquele. Talvez estivessem.

            Todos estavam definitivamente concentrados. Charli movia os braços graciosamente, quase como se dançasse com a bateria. Ele sorria e mexia a cabeça conforme batia nos tambores, ritmicamente. Lysandre cantava vezes com os olhos fechados, vezes olhando para o nada com o olhar carregado de emoção. Ele cantava com a alma e com o coração, era fácil de ver.

            Castiel era o mais sério e focado entre eles. Permanecia quase o tempo todo olhando para a guitarra, como se não houvesse mais ninguém ali ou o mundo lá fora não existisse. Como se a única presença fosse a dele.

            Por um momento, Katherine pensou o mesmo.

            Ele parecia mesmo a presença principal. Era simplesmente incrível. Conhecera muitas bandas e guitarristas ainda não famosos, mas nenhum como ele. Os dedos longos e finos eram ágeis e precisos. Dedilhavam as cordas com maestria, como se a vida dependesse daquilo.

            Lembrou dos mesmos dedos apertando sua cintura, e fechou os olhos por um momento. Imaginou os mesmos dedos ágeis, passeando por sua pele, na extensão de todo o seu corpo. Causando um arrepio mais forte até do que o que a música estava causando.

            Ela abriu os olhos e o encarou, no exato momento em que ele olhou pra ela.

            Instintivamente, um sorriso quase imperceptível se desenhou nos lábios dela. O que talvez ele nem tenha percebido. Ela agradeceu por isso também. As reações automáticas causadas por ele a estavam deixando frustrada.

            A música era ótima. Agradável, cheia de significado e muito bem tocada. Ela não conhecia as primeiras músicas, então julgou ser de autoria própria e muita qualidade. Tocaram também algumas conhecidas em seguida, e ela e Rosalya cantaram e beberam e conversaram ao longo de todo o ensaio.

            No final do ensaio, Charli e Lysandre saíram da garagem dizendo que precisavam buscar alguns equipamentos para preparação do show à noite, e Rosalya foi ao banheiro, deixando a garagem com um clima pesado que fez o coração de Katherine palpitar.

            Trilha sonora: Already Over – Red

            Ela tentou não olhar pra ele e ignorar sua presença. Mas infelizmente Castiel parecia não querer compartilhar da mesma segurança, e se aproximou. Ela não precisou o olhar para saber que estava perto. Ouvia seus passos sob a música de fundo e seu corpo começava a reagir, como um imã.

            - [i]Garota[/i], se você me olhar daquele jeito outra vez, eu juro que não vou me segurar.

            Saiu cortante, em um misto de sarcasmo e irritação.

            Ela olhou para ele, o analisando e tentando se concentrar antes de responder. Castiel não sorria ironicamente ou sarcasticamente ou de qualquer outra maneira que condissesse com o seu comentário. Ele estava sério, a encarando ferozmente, como se estivesse sendo mais sincero do que nunca.

            Seus olhos transbordavam desejo, curiosidade e irritação.

            Ela o deixava confuso. Confuso pelas suas reações, pelo mistério e pelo que ela o causava. Fazia seu corpo querer mais, desejar que a distância entre eles fosse nula. Ela o tentava a desafiá-la para ver onde era capaz de chegar. Mas apesar de às vezes Katherine deixar muito evidente que seu corpo também reagia à ele, ela parecia lutar contra unhas e dentes contra isso.

            Isso era o que o deixava mais curioso.

            E, também o que fazia as coisas parecerem ainda mais interessantes.

            - Se você não sabe lidar com atenção, sinto lhe dizer que está no caminho errado.

            Ele sorriu de lado dessa vez, gostava da ferocidade das respostas dela. – Eu sei lidar com atenção. Não sei é lidar com a [i]sua[/i], em especial. – Ele se aproximou mais, já encostando as pernas no sofá onde ela estava sentada, e a respiração dela se alterou. – O que, aliás, eu não consigo entender. - Ela levantou os olhos para ele quando ele tocou o rosto dela, os dedos massageando seu maxilar, acariciando sua pele e fazendo aquele local queimar. – O que é que você tem, que me faz ficar assim, desse jeito? Querendo fazer coisas que posso fazer com qualquer outra mas que parecem ser muito mais interessantes com você?

            Ela quis empurrá-lo para longe e fugir, mas a parte que o queria por perto parecia ser muito mais forte. – Me diga você. – A voz saiu quase como um sussurro, uma súplica oculta de que ele explicasse o que estava acontecendo.

            - Não tenho a resposta... E nem sei se quero descobrir. Esse jogo é perigoso, garota, e você está brincando demais. – Ele se aproximou mais. Cada milímetro foi ultrapassado e ela quase pode sentir os lábios sobre os seus, mas o caminho que ele fez foi outro. Castiel aproximou a boca e sussurrou muito próximo à seu ouvido. – Mas, você não sabe o quanto eu estou com vontade de jogar você contra a parede mais próxima e te fazer implorar para ser tocada.

            Então, ela parou de respirar. Uma descarga elétrica subiu por toda a extensão de seu corpo e o acendeu, o religou. Era uma sensação completamente insana e desesperadamente perigosa, ela sabia. De repente, as mãos dele estavam novamente em sua cintura, os dedos fazendo movimentos circulares. Ela quis tocá-lo, mostrar que não era somente ele que a tinha nas mãos, mas que ela também tinha vantagens. Mas não conseguiu.

            Seu subconsciente gritou.

            Pare.

            Antes que seja tarde.

            Então, ela parou.

            Parou e o afastou tão rapidamente que ele ficou confuso no início. Katherine o afastou e saltou do sofá, para uma distância que fosse segura.

            - Eu também não sei a resposta. Por isso, prefiro que você fique distante, e muito.

            Ele a encarou, irritado. Parecia ser tão instável quanto ela, e suas mudanças de humor realmente pareciam um furacão. Ele levantou do sofá a encarando ferozmente e saiu pela garagem, batendo a porta.

            - Nossa, o que foi que aconteceu? – Rosalya voltou, alheia a situação.

            Katherine desviou o olhar, aquilo também a havia irritado profundamente.

            - Nada. Eu e aquele idiota não somos compatíveis. – Sua voz saíra cortante e ríspida.

            Rosalya a encarou, cruzando os braços. – Você está tentando ME convencer ou convencer à si mesma disso?

            Ela a encarou, ainda mais irritada. Irritada porque Rosalya tinha razão, tinha que admitir lá no fundo, embora odiasse isso.

            - Não estou tentando convencer ninguém, só estou dizendo que não consigo conviver com ele.

            Rosalya suspirou. – Eu pensei que ainda tivesse volta, mas no final das contas acho que não.

            - Será que você pode, por favor, parar de insinuar coisas? – Katherine grunhiu, entredentes, a frustração pulsando no peito. – Eu só não quero falar dele ou qualquer coisa relacionada porque não me importa e não faz diferença, entendeu?

            Rosalya a encarou outra vez. A reação da amiga não a assustara, muito pelo contrário. Ela já previa isso e sabia muito bem o que estava acontecendo, por isso resolveu deixar assuntos delicados para um momento mais apropriado.

            - Tá, tudo bem, como você preferir.

            - Agradeço.

            - Vamos para a minha casa e depois nos arrumamos na sua para o show, o que acha?

            - Rosa, eu não...

            - Shh, já tivemos essa discussão antes. Além do mais, lá vai ter muita gente pra você conversar, não vai nem precisar olhar pra ele

            Katherine suspirou. – Tudo bem, vamos.



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