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História As palavras que eu nunca disse - Capítulo 08


Escrita por: KatherineHanzen

Capítulo 9 - Capítulo 08


            Castiel não teve tempo de entender o que estava acontecendo, quando o rosto de Katherine perdeu a cor e ela despencou sobre seus pés. Por sorte, ele conseguiu segurá-la antes que atingisse o chão.

            Ele a segurou nos braços e afastou o cabelo do rosto dela.

            Ela era tão bonita.

            Rosalya abriu espaço na multidão, correndo de encontro à eles.

            - O que foi que VOCÊ fez?! – Ela ralhou, o acusando e se ajoelhando ao lado da amiga.          

            - Eu não fiz nada, ela desmaiou. Por um acaso será que bebeu demais? – Ele olhou de lado para Rosalya, que ficou em silêncio, confirmando assim sua suposição. – Ela precisa descansar.

            Castiel se levantou, com ela no colo. O vestido vermelho que ele mal tivera tempo de apreciar ficava perfeito em seu corpo, era uma pena que tudo tivesse acontecido tão rápido.

            Ele sentiu a cabeça pulsar.

            Não sabia o motivo que o levara a agir daquela maneira. Não entendia o que fazia com que ele voltasse à seus instintos mais primitivos, resolvendo as coisas impulsivamente e deixando a raiva tomar conta de todo o seu pensamento.

            Mas uma coisa ele sabia, a culpa era daquela garota.

            Em seus braços, agora, ela parecia um anjo. Tão angelical e vulnerável que ele se perguntava como é que era possível ela conseguir criar uma postura tão irritante durante o tempo todo.

            Irritante.

            Ela mexia com a cabeça dele. Deixava-o com raiva, com vontade de jogar e com sede de vencer. De alcança-la, de atingí-la... De tê-la para si.

            Tê-la para si.

            Aquela sensação poderosa e perigosa que quando não impedida, em pouco tempo passa a ser impossível de reverter. Ele sentia-se em um avião, prestes a saltar sem paraquedas. Sem volta. Sem chances de sobreviver.

            Ele precisava acabar com isso.       

            Precisava lutar contra o desejo crescente dentro de si.

            Mas simplesmente não podia. E aquela garota também não facilitava as coisas, como se soubesse.

            Quando a vira com Nathaniel, enlouquecera.

            Não queria que ele chegasse perto dela. Não queria que ele a tocasse. Não queria que a machucasse. E, acima de tudo, não queria nem de longe que ela gostasse da companhia dele.

            - Mas o que diabos você está fazendo, Castiel?! – A voz estridente que há muito tempo ele não ouvia ficou mais próxima.

            Ele olhou na direção dela.

            Emilly não havia mudado muito, afinal.

            O cabelo de um azul tão escuro que quase se assimilava ao preto estava muito abaixo de seus ombros. O rosto era suave, mesmo com ela tentando parecer brava. Sua estatura não era muito vantajosa, considerando que ele era alto e ela, não muito.

            Ela caminhava na direção dele com os punhos cerrados. Ele sentiu vontade de rir da cena.

            Ela realmente pensava que parecia ameaçadora?

            - Você não me respondeu! – Ela colocou as mãos na cintura assim que o alcançou.

            - Você não estava assistindo? – Ele girou os olhos e olhou para Katherine, como se fosse óbvio.

            - Eu fico um tempinho longe e você já começa a fazer besteiras? Francamente, hein!

            Ele sorriu de lado. – Senti sua falta também, irmãzinha.

            Ela suspirou e relaxou os músculos.

            - Vejo que a sua pontaria continua ótima, Emilly.

            Ela sorriu e abraçou Rosalya. – É, eu sei. Senti sua falta, Rosa.

            - Senti sua falta também, amiga.

            Emilly sorriu e voltou sua atenção para Castiel. – Continuo sem resposta. – Ela cruzou os braços em frente ao peito.

            A cena era no mínimo... Engraçada.

            - Parece que tenho coisas mais importantes a fazer agora.

Emilly olhou para Katherine, suspirando.  – Tudo bem, tem razão. Quem é ela?

            - Uma garota.

            – Ah, jura? - Emilly girou os olhos como se fosse óbvio. – Mas que tipo de garota ela é pra te fazer armar esse showzinho?

            Castiel a encarou.

            Se ela tinha voltado para afrontá-lo e deixa-lo ainda mais irritado, eles teriam problemas.

            - Não importa.

            Ele respondeu ríspido, virando as costas e caminhando em direção ao seu carro.

            Emilly o seguiu.

            - Castiel, eu sou sua irmã. – Ela continuou, dando ênfase, quase como se com isso suplicasse alguma coisa. – Voltei por você, pra ficar com você. Você precisa me deixar entrar. – Ela agarrou o braço dele quando ele não parou e nem olhou para trás por nenhum momento.

            - Eu não te pedi nada! – Ele grunhiu, entredentes, puxando os braços sem que Katherine sofresse o impacto.

            Emilly parou.

            Os olhos transbordavam mágoa. – Eu só... Eu só não queria que você ficasse sozinho... Você não tem culpa...

            Ele soltou um grunhido, quase um rosnado baixo.

            - Eu me adaptei bem. Você não precisa bancar a boa irmã pra tentar fazer a minha imagem parecer menos ruim. Eu não te pedi isso, e você devia dar ouvidos aos nossos pais.

            - Eu não penso como eles, Cast. Eu só quero o meu irmão de volta.

            Ele olhou para ela, em silêncio.

            Emilly esperou uma resposta, com esperança, mesmo sabendo que não viria. Ela só queria enxergar alguma luz nos olhos do irmão.

            Ele estava destruído, ela sabia. Havia se autodestruído e não sabia se realmente havia chances de trazê-lo de volta, mas, se não houvesse, ela transformaria ele no melhor com aquilo que restara e o reconstruiria.

            Castiel suspirou. – Ok.

            Ele abriu a porta do carro, e colocou Katherine cuidadosamente sobre o banco do carona.

            Rosalya se aproximou. – Para onde você acha que vai levar ela?

            Castiel a encarou pelo canto dos olhos, não estava com disposição para discutir. Não mais.

            - Para a casa dela, não é óbvio? E você, como uma boa amiga, deveria acompanha-la.

            Rosalya olhou para ele. Castiel estava sendo... Gentil? Sarcástico, é claro, mas não deixava de ser uma boa intenção.

            Ela assentiu. – Sim.

            - Ótimo, entrem no carro. – Ele referiu-se à Rosalya e Emilly, e entrou no carro, seguido por elas.

                Castiel deu partida no carro, já conhecia o percurso pela vez que a havia deixado em casa.

                Rosalya e Emilly permaneceram em um silêncio mortal no banco de trás, e ele preferia assim. Mas podia sentir os olhos delas sobre suas costas, analisando-o. Que fizessem o que quisessem, ele já estava acostumado com todo e qualquer tipo de julgamento. Não se preocupou em tentar saber o que elas pensavam. Dependendo do que fosse, poderia piorar o seu nível de irritação ainda mais.

                Olhou de relance o corpo fino ao seu lado.

                A cabeça caia encostada lateralmente à porta, e as mãos estavam pousadas no colo da mesma maneira como ele havia deixado. O cabelo cobria-lhe os ombros e parte do rosto, deixando o pescoço e busto nus, parecendo um convite tentador para os seus lábios.

                Ela ainda não havia acordado.

                Devia mesmo ter exagerado e ele ficou com raiva por isso também.

                Ela gostava de ser taxada como uma mulher forte, porém ainda assim era muito ingênua com muitas coisas.

                Tola.

                Ele sentia uma vontade estranha de protegê-la, porque toda a vez em que olhava nos olhos dela via algo familiar ali. Como se ela compartilhasse da mesma dor e de alguma maneira pudesse compreender o que ele sentia. Ainda que fosse uma loucura.

                Aquele vestido vermelho também não estava ajudando.

                A saia subira um pouco quando ele a colocou sentada no banco, deixando à mostra um pedaço a mais de suas pernas bem delineadas. Não que tenha sido intencional, não. Ele não tentaria torturar o próprio desejo nem se tivesse a chance. Mas parece que o destino conspirava à favor disso. De enlouquece-lo, de tortura-lo. 

                Ele tentou não olhar, não reparar.

                Mas até chegarem em frente ao prédio dela, ele sentia-se quase sufocado de tão difícil que tenha sido.

            Castiel pegou Katherine no colo e acompanhou Rosalya, seguida por Emilly, cruzar o saguão do prédio, após explicar para o porteiro que eles não eram assassinos.

            Subiram de elevador, em um silêncio agoniante. Castiel continuava com o olhar indecifrável, que não deixava transparecer o que estava pensando. Emilly se pegou olhando para ele discretamente muitas vezes.

            Ela amava o irmão, apesar de tudo.

            Por muito tempo ele fora seu melhor amigo e protetor, mas o destino o levara para longe dela e o jogou em um abismo sombrio onde ela não estava conseguindo alcançá-lo. Mas ela voltara justamente por isso. Porque sabia que por mais que ele nunca fosse admitir, ele precisava dela. Precisava de alguém que ainda acreditasse nele, que fosse seu apoio. E ela seria essa pessoa.

            Olhou para Katherine, ainda desacordada. O corpo fino nos braços de Castiel parecia muito leve, como se ele nem precisasse fazer esforço. Emilly não se lembrava dela, de lugar nenhum. Concluiu que ela deveria ter se mudado e entrado recentemente na vida dele.

            O que ela estanhou, levando também em consideração a fúria do irmão no bar. Ele não faria isso nem mesmo pela antiga namorada, a quem ele amara intensamente. Havia com certeza algo diferente nela que estava mexendo com ele, ela só precisava de um pouco de tempo para descobrir.

            De qualquer maneira, não poderia deixar que alguém se aproximasse de Castiel para magoá-lo. Ele não saberia lidar com mais decepções. Por outro lado, as decepções dele o preparam e o tornaram mais crítico quanto à pessoas, então talvez ela realmente tivesse algo que a ajudasse a salvá-lo.

            Esperava desesperadamente que sim.

            Castiel olhou para seu reflexo no espelho.

            Adorou o contraste que a roupa dela fez com a sua roupa negra. Ela parecia ter sido projetada para se encaixar ali, em seus braços. E, quando a porta do elevador se abriu e ele se deu conta que muito em breve teria que deixa-la, sentiu a raiva se apossar de si novamente.

            Ele era perigoso para ela, sabia disso. Ela já tinha os seus fantasmas, então não merecia lidar com a sua complexidade e com o passado que o assombrava em cada lugar para onde fosse.

            Ela ainda não sabe, pensou.

            Se soubesse, talvez se afastasse de vez, e ele achava que seria melhor assim. Mas ele não seria a pessoa que contaria tudo, nem de longe.

            Porque, apesar de tudo, algo dentro dele, bem no fundo de seu coração frio, a queria por perto.

            E isso destruía todas as suas defesas.

            Rosalya abriu a porta do apartamento e conduziu Castiel até o quarto de Katherine, enquanto Emilly esperava na sala. Ele tentou não reparar muito em nada no lugar, não queria mais lembranças ou coisas que o fizessem se lembrar dela, ele já tinha o suficiente. Mas, quando entrou no quarto, foi como se um golpe o tivesse deixado de joelhos.

            O cheiro dela estava em toda parte.

            Castiel se sentiu atordoado enquanto o perfume impregnava em suas narinas. Sufocante, extasiante, avassalador. Sentiu-se um como um viciado naquele exato momento, não queria ir embora, só queria mais, e mais.

            Ele ainda tentava se concentrar quando Rosalya parou para encará-lo, ao lado da cama. Sentiu-se flagrado, na cena do crime. Então, caminhou até lá e deitou o corpo frágil e imóvel na cama, debruçando-se sobre ela e sentindo seu calor como um castigo.

            Devia ter ficado mais tempo do que deveria próximo ao rosto dela, pois Rosalya limpou a garanta, fazendo com que ele se afastasse relutantemente.

            Ela ficou olhando para ele, analítica, como se tentasse tirar conclusões. Ele a encarou de volta.

            - O que é?

            - Eu não sei o que há entre vocês dois, mas saiba que são estranhos.

            Castiel sorriu de lado. – Obrigado.

            Rosalya girou os olhos. – Você não vai machucar a minha amiga.

            O sorriso dele se alargou. – Fique calma, não é [i]tão grande[/i] assim.

            - Seu escroto!

            Ele riu pelo nariz e colocou as mãos nos bolsos, fechando a expressão em seguida. – Não diga a ela que estive aqui. Ela não precisa saber. Diga qualquer coisa, até que foi o babaca que a trouxe.

            Rosalya olhou para ele confusa. Definitivamente não entendia o que se passava na cabeça daqueles dois. Devia ser algo muito além da compreensão comum.

            Deu de ombros. – Como preferir.

...

            O uísque desceu queimando a garganta de Castiel quando ele tomou em um só gole o terceiro copo, seguidamente. Ele precisava daquela sensação inebriante, que disfarçava os sentidos. Precisava sentir outro gosto, outro cheiro, algo forte que camuflasse o que ele sentia por dentro e estava se espalhando por suas veias.

            O seu pensamento voava, pra longe. Até o céu estrelado trazia a imagem dela à sua cabeça, com o brilho prateado da lua e das estrelas que se assimilavam ao cabelo dela. Sentiu o vento soprar seu cabelo e xingou baixinho, apertando as mãos, pelo que estava acontecendo consigo.

            Ele estava em um beco sem saída, não sabia para onde correr.

            Mas não podia se aproximar, não tinha direito.

            Porque todas as pessoas de quem se aproximava, eram arrancadas de si. Levadas pra longe, ironicamente, por culpa sua, em todas as vezes. Isso marcava sua alma, seu sangue, sua existência. Ele era um imã natural para tragédias, e sempre o vilão.

            Isso nunca iria mudar.

            A sensação de impotência fora tão forte que ele quebrou o copo de tanto apertá-lo em suas mãos, o que trouxe Emilly de volta à sala, assustada.

            - Mas o que você fez?

            Ela perguntou, se aproximando.

            - Eu sou sádico.

            Ela o encarou, sem achar graça, e pegou nas mãos dele assim que ele grunhiu de dor. – Céus, Cass... Você é um idiota!

            Ela o puxou para a sala, obrigando-o a se sentar no sofá. Ele não relutou. Talvez já estivesse de certa forma embriagado, cansado demais para discutir.

            Emilly voltou com uma caixa de primeiros socorros, que deixou ao lado dela no sofá assim que ela se sentou ao lado dele. Ela estava com o semblante de quem estava muito irritada, e Castiel não conseguiu segurar o riso.

            Ela o encarou pelo canto dos olhos. – Qual é a graça?

            - Você. Acha mesmo que parece ameaçadora?

            Ela pegou a mão dele e apertou, ele resmungou de dor e puxou a mão, o que fez com que ela sorrisse vitoriosa.

            - O que estava dizendo?

            Ele estreitou os olhos para ela e estendeu a mão outra vez. – Faça o seu trabalho.

            - Cale a boca. Eu podia deixar isso infeccionando bem fácil.

            - Ai, Emilly! – Ele rosnou, olhando-a feio. Ela riu em resposta.

            - Quem mandou você fazer essa besteira, agora aguenta, bonitão.

            Ele girou os olhos. – Eu não quis fazer isso. Não sou idiota. – Ela parou para encará-lo com a sobrancelha arqueada e ele sorriu de lado. – Não comigo mesmo.

            - Aliás... – Ela voltou atenção para a mão dele, onde terminava de limpar e começava a fazer o curativo. – O que te levou a fazer isso? Outro excesso de raiva? E me diga...

            Ela começou a falar, sem parar.

            - Emilly... – Ele chamou, como um aviso. Ela não ligou.

            - O motivo foi o mesmo do que te fez ter um excesso de fúria no bar? – Ela nem se quer o dava tempo para responder, apenas lançava as perguntas como se já tivesse as respostas. E irritantemente eram todas afirmativas. – Foi ela, né? Eu sei que foi. Quem ela é?

            Emilly sorriu, irritantemente.

            Ele ficou olhando para ela. Não tinha motivos pra falar dela, e não queria falar dela. Mas, por outro lado, talvez aliviasse o sufoco dentro de si. – O nome dela é Katherine. Ela é irritante e metida. É tudo o que sei.

            Emilly absorveu a informação por alguns segundos. – Com irritante você quer dizer atraente e divertida e que mexe com você?

            Ele a encarou irritado outra vez. Maldita fosse Emilly.

            - Com irritante eu quero dizer irritante.

            Ela riu. – Tudo bem, tudo bem... Vou te dar um tempo para me contar. Preciso mesmo terminar de arrumar as minhas coisas.

            Ela terminou o curativo e se levantou, pegando na caixa de primeiros socorros e caminhando para a cozinha.

            - Emilly... – Ele a chamou e ela se virou para ele com um sorriso nos lábios. – Por que você foi contra eles e voltou?

            - Porque você é pior do que um bebezinho, e não sabe se cuidar sozinho.



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