História As Voltas que a Vida Dá - Capítulo 4:

Dormir...era o que queria. Mas um som irritante e alto não o deixava dormir. E vinha da sua igualmente irritante vizinha. Alguém estava acelerando o motor de uma moto, provavelmente tentando consertá-la, mas...Helena não tinha moto!

Afrodite sentou-se na cama e tentou se lembrar do que estava havendo. Gemeu ao lembrar no que Helena o havia colocado. Fingir ser seu namorado, apenas para se livrar do ex-detento.

—Por que não foi um pesadelo? -murmurou e deitou na cama de novo, levando um susto ao perceber que Hank e Duquesa estavam deitados ao seu lado. -Quem te convidou a entrar em meu quarto, pulguento?

Levantou-se rapidamente, apenas usando um boxer branco, quando a porta abriu-se de repente Helena entrou com uma caneca fumegante na mão.

—Bom dia, amor! -falou com um sorriso, que sumiu ao vê-lo em trajes sumários, e depois deu um sorriso malicioso. -Nossa! Um bom dia mesmo!

—HELENA! -puxou o lençol da cama pra se cobrir, até o queixo como se quisesse proteger o peito desnudo. -Não sabe bater na porta não? E o que faz aqui? E por que me chamou de amor?

—Ora...eu ouvi que já tinha acordado, vim trazer seu café e é costume chamar um noivo de um apelido carinhoso...Amor combina tanto com você!

—Não somos noivos de verdade!

—Eu sei...mas o Mask não sabe. -entrega a caneca. -Não use tanto branco, não combina com você...já é tão clarinho! Uma boxer preta ficaria mais sexy!

—Virou minha consultora de moda?  -pegou a caneca. -Preciso me trocar.

—Tá. -sentou-se na cama, olhando para ele. Afrodite estreitou o olhar. -Ops...quer que eu saia? Até ontem você teria adorado eu estar aqui em seu quarto...

—Helena... -ele coloca a caneca em uma mesinha. -Isso era antes de seu ex-namorado que fugiu da Penitenciária aparecer.

—Ah...este detalhe.

—Não me agrada em nada a possibilidade dele querer me bater por sua causa! -sentou-se ao lado dela.

—Tá com medo?

—Não estou com medo! Sei artes marciais e me defender muito bem! -ela arqueou a sobrancelha e Afrodite apontou para o rosto. -Sabe o que é isso? Meu rosto! Meu ganha pão! E ele não combina com hematomas e escoriações!

—Nem com um provável dente quebrado! -ela completou, irritando-o. -Ah, o Mask não ia te bater a traição, não se preocupe. Ele avisará pra você quando e onde quer brigar.

—Você me ouviu?

Passos na escada indicavam que alguém estava subindo para os quartos, Helena segura o rosto de Afrodite entre as mãos e o beija ardorosamente. Máscara da Morte aparece, olha a cena e se retira.

Assim que percebeu que ele se foi, Helena se afasta de Afrodite...hesitante.

—Me conte a verdade...está querendo me punir quando eu disse que você teria que pagar uma babá para Duquesa, não é? -mantendo-a presa em seus braços.

—Hum... -pensativa. -Inclua o fato de todos na cidade estarem comentando que estou grávida de você agora. Minha empregada me contou hoje cedo.

Afrodite gemeu e a soltou.

—Sinto muito...queria apenas te irritar.

—E conseguiu. –sorrindo com meiguice para ele.

—Era brincadeira! -suspirou. -E agora?

—Agora...vamos manter as aparências. Eu conheço Máscara da Morte, ele vai se tocar que está sobrando e vai embora. E tem mais uma coisa...minha irmã me telefonou hoje cedo...aparentemente falaram para ela que estou para lhe dar um sobrinho e ela está chegando para te conhecer! -sorrindo.

—O QUE? -levantou-se e o lençol caiu, dando a Helena uma visão privilegiada.

—É só manter as aparências. Sabe que esta história veio a calhar? Minha mãe e minha irmã vão parar de me encher para arranjar um pretendente se acharem que tenho um!

—Não senhora! -foi direto, se cobrindo de novo. -Uma coisa é mentir para se livrar do...olha o apelido do delinquente...Máscara da Morte...outra é mentir para a sua família!

—Por favor! Você me deve por arruinar minha reputação na cidade! -apontou o dedo para ele.

—Que reputação? Não te devo nada! Seu cachorro arruinou a reputação da minha Duquesa...e você quer me enlouquecer!

—são só alguns dias! Depois desmentimos, cuidamos dos nossos cachorros e fim de papo! -declarou a jovem.

—Fim de papo?

—Sim. -ela estende a mão para selar o acordo com um aperto. -Então?

Afrodite olha para a mão estendida, a segura e puxa Helena para um abraço, fazendo-a arregalar os olhos com o gesto.

—Se não cumprir sua parte no acordo...eu que vou enlouquecê-la. -avisou, sorrindo malicioso.

—Não se preocupe...não vou fazer nada de que se arrependa. -entorpecida pelo calor dele.

—Já me arrependi de te conhecer...tomando sol em meu quintal, com aquele biquíni minúsculo, depois de ter invadido minha casa. -se inclina, aproximando-se dos lábios dela.

—E eu me arrependo de tentando ser gentil com você só porque tem belos olhos...

—Usando aquele shorts minúsculos perto de mim... -tocando os lábios dela.

—Com coisa que não gostou da visão. -beijando-o.

Enquanto se beijavam, o lençol que Afrodite mantinha preso ao seu corpo caiu, e Helena pode sentir todo o calor da pele daquele homem em contato com suas mãos. Ele a mantinha presa em seus braços, que afrouxaram um pouco para melhor explorar com as mãos o corpo delgado de Helena.

Quando perceberam, Afrodite a deitou em sua cama, pressionando o corpo de Helena por sob o seu, uma mão a segurava pela nuca, intensificando o beijo que a cada momento era mais quente e apaixonado. Com a outra mão, deslizou da cintura dela para os quadris, e em seguida para a coxa, mal coberta pelas saias.

—Hum...Hum... -alguém pigarreou na porta. Era Giovanni “Máscara da Morte”. -Helena...a Monstrenga chegou!

—Quem? -Afrodite levantou-se e percebeu constrangido que o beijo de Helena surtiu um certo efeito em seu corpo. Cobriu-se com um travesseiro.

—Maddie chegou? -ela levantou-se rapidamente, saindo pela porta. -Minha irmã! -volta e olha para Afrodite. -Amor...toma um banho frio, tá? Disfarça isso!

Ficaram os dois homens parados para trás, um dentro do quarto e o outro na porta. Afrodite segurava o travesseiro como se fosse um escudo protetor, e Giovanni o olhava como se não fosse nada.

—Poderia fechar a porta para que eu possa me vestir? -perguntou Afrodite polidamente.

—Não sei qual é a sua. -falou friamente. -Mas você não é o tipo de pessoa com que Helena se envolveria. Se estiver aprontando alguma...acabo com você!

—Hã...que... -engole seco. -O que disse?

—Estou de olho em você! -avisou, saindo em seguida.

—Era o que me faltava...Um fã de Robert de Niro, versão mafioso malvado! -suspirou e percebeu que os cachorros estavam o tempo todo no quarto, presenciando tudo. -O que estão olhando? É tudo culpa de vocês e seus hormônios descontrolados!

Hank respondeu com um latido, abanando o rabo.

—Calado! -resmungou se dirigindo ao banheiro.

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Cerca de meia hora depois, estava devidamente vestido e desceu para tomar um desjejum, esperando não encontrar o tal Máscara ao menos em sua cozinha. Ouviu vozes femininas, risadas e reconheceu entre elas Helena. Chegou à cozinha e ela conversava com uma garota parecida com ela, com exceção de ter cabelos mais curtos, e vestir-se formalmente.

—Amor! -Helena o chama, levantando-se e o abraçando. -Maddie, este é o Afrodite!

—Prazer! -ele estende a mão e a garota o cumprimenta com um sorriso.

—Minha irmã fisgou um modelo! Nossa! -ela ri. -Ainda bem que se livrou daquele traste do Giovanni!

—Ele não é tão mal assim, Maddie!

—Hellie...ele foi preso por assalto a mão armada aos quatorze anos, aos treze mandou dez garotos do reformatório para o hospital e liderou uma gangue de rua aos quinze! Ele mandava em garotos maiores que ele! -dizia Maddie.

—E-ele fez isso?! -Afrodite espantou-se.

—Foi um período de rebeldia. Todo adolescente passa por isso. -dizia Helena.

Todo adolescente com tendências homicidas, pensou Afrodite engolindo em seco, depois reparou que o tal delinquente estava em seu jardim.

—O que ele está fazendo? -perguntou.

—Eu o contratei para ser seu jardineiro, Amor. Mask precisava de trabalho pra ficar na cidade, juntar um dinheiro pra ir embora. -respondeu inocente.

—Vem cá...não era para ele ir embora o mais rápido possível? E você contrata um cara que me odeia para cuidar de meu jardim? Ele tem objetos afiados em seu poder agora! -aflito.

—Sim...mas como ele pode ir embora sem dinheiro?

—Eu empresto para ele...aliás, eu dou o dinheiro para ele! -falou o modelo.

—Ele é orgulhoso demais pra aceitar sua generosidade, Amor. -apertando as bochechas dele e lhe dando uma bitoquinha.

—Acho que seu namorado está certo, Hellie. Manter seu ex perto não é legal! -comentou a irmã.

—Eu sei que deveria estar odiando o Mask...mas não consigo! A gente passou por tanta coisa legal juntos. Apesar dos pesares...

—E eu tenho que aguentar ele? –Afrodite apontando para o homem no jardim.

—Por que não? -Helena pergunta colocando as mãos na cintura. -Maddie, o que acha realmente? Maddie?

—Hã? -Maddie foi "acordada", estava absorta olhando Giovanni cuidando dos jardins sem camisa, apenas de calça jeans surrada. -Acho que ficarei em sua casa alguns dias.

—Que? -os dois disseram ao mesmo tempo.

—Mamãe pediu que eu cuidasse de você, achava que estava grávida mesmo! -riu da cara de espanto de Afrodite. -Minha irmã já me esclareceu que a grávida é a sua cachorra e não ela. Por isso estávamos rindo.

—Se tudo foi resolvido, então é melhor a gente contar também que... -Afrodite ia dizer que o namoro também era falso, mas Helena o chutou, aproveitando que Maddie "admirava" o jardim mais uma vez. -AAAAaaaaaaaiiiiiiiiiiiii!

—Que foi? -Maddie assustou-se.

—Câimbras! -respondeu Helena. -Não comeu banana hoje, Amor? Sabe que deve comer bananas todas as manhãs!

—Com licença! -ele pede entre os dentes, arrastando Helena para a outra sala. -Que diabos você pensa que está fazendo?

—Não falei que não éramos namorados. Ela acha que somos!

—Se não está grávida, então não precisamos mentir mais!

—Hum...com coisa que não gostaria de que fossemos realmente namorados. -falou maliciosa, enlaçando-o pelo pescoço.

—Está me pedindo em namoro? -perguntou desconfiado.

—Eu? Pfftttt!!! –faz uma careta e depois fica pensativa. -Por que não? Somos adultos, nos sentimos bem um ao lado do outro...nossos cachorros se amam e terão uma família juntos.

—Você é maluca! -segurando-a pela cintura. –Por que não consigo ficar com muita raiva de você?

—Faremos o seguinte, vou sair com a Maddie, fazer compras...e a deixo em casa com o Giovanni...e venho para cá para lhe fazer uma surpresa a noite. Que tal? -beijando-o levemente.

—Sério?

—Sim...quero que fique aqui e se prepare para mim, para mais tarde a noite.

—Com uma condição...

—Qual?

—Para de me chamar de Amor.

—Tá. -ele a beija e volta para a cozinha. -Amoooooooorrrrrr! Vou sair com a Maddie!

Afrodite a vê saindo com a irmã, não teve tempo de ficar bravo com ela. Vai para fora e dá de cara com Giovanni, olhando-o friamente.

—Lindo dia, não?

Ele faz um gesto com os dedos, bem ao estilo de Niro: "Estou de olho em você.", e sai.

—Quero voltar para Londres. -murmura, entrando na casa e trancando a porta.

Continua...