Helena acordou, espreguiçando-se na cama. Sorriu ao ver Afrodite acordado, com a cabeça apoiada na palma da mão e o cotovelo no travesseiro, admirando-a, com um sorriso.
—Bom dia. -ele lhe disse.
—Bom dia. -ela lhe respondeu, dando-lhe um beijo em seus lábios. -Dormiu bem?
—Muito bem. -sorriu.
—Bem, eu vou descer e preparar um café da manhã para nós dois. -disse a jovem, mas ele fez um gesto negativo com o dedo em riste.
—Não. Eu irei descer e fazer o nosso café.
—Nossa! Não sabia que era tão cavalheiro!
Afrodite a beijou mais uma vez e levantou-se da cama. Helena assobiou admirando a visão do seu corpo nu de costas. Ele se cobriu imediatamente com a calça.
Vestiu-se e saiu do quarto acenando. Helena suspirou e deitou na cama, olhando os cachorrinhos que dormiam em cima da poltrona. Hank acordou e olhou para a dona, balançando a cauda.
—Acha que é ele, Hank? -o cãozinho resmungou. -Eu também acho que é.
O modelo desceu até a cozinha, assobiando feliz e estancou diante da senhora Murray, que estava com uma vassoura e balde nas mãos. Ela o encarou, séria. Olhou-o dos pés à cabeça e saiu sem dizer nada.
—Ela ainda está se recuperando do susto. -disse Maddie, e somente agora ele reparava que ela estava ali.
—Sobre ontem à noite... -tentava se explicar, sem graça.
—Tudo bem. -disse se servindo de uma caneca de café com creme. -E aí? Quais as suas intenções com minha irmãzinha?
Ele sorriu, arrumando uma bandeja com o café prometido a Helena.
—Sua irmã entrou em minha vida como se fosse um furacão!
—Ela causa este efeito. -riu enquanto sorvia o café. -Gosta dela?
—Acredito que sim...Sim!
—Bom saber.
Afrodite pegou a bandeja e subiu de volta ao quarto, assobiando. Maddie esperou que ele sumisse da sua visão e pegou o celular, discando um número.
—Alô? Mamãe!
Helena entrou no chuveiro cantarolando e começou a lavar os cabelos. E então, lembrou: "Oh, meu Deus! Como foi que deixei isso acontecer?"
Não era de seu feitio se entregar a um homem desta maneira, mal conhecia seu charmoso vizinho. Ela não era a criatura mais responsável do planeta, mas o que fez foi o ato mais excitante e também o mais impulsivo de sua vida.
Talvez seu pai estivesse certo. No dia que anunciou que iria sair de casa e cuidar da própria vida, seu pai foi taxativo em afirmar que ela não era capaz de cuidar de si mesma. Mal saiu de casa e se envolveu com um tipo encrenqueiro e brigão, depois que terminou o relacionamento passou algum tempo solteira e sem namoricos, até a chegada de Afrodite.
Outro pensamento veio a sua mente. Foram tão inconsequentes! Não se lembraram de nenhum tipo de proteção! E se aquela noite tivesse consequências indesejadas? Gemeu...por pelo menos vinte minutos ficou se lamentando.
Saiu do banho e viu Afrodite esperando-a na cama, com a bandeja de café da manhã, apenas de cueca. Ele a brindou com um belo sorriso ao vê-la. Mas ao ver a palidez de Helena, percebeu que algo poderia estar errado.
—Vem cá. Sua expressão me diz que precisamos ter uma conversa.
—Acho que... Sabe o que esquecemos? -e sentou-se ao lado dele.
Afrodite tomou-lhe a mão e beijou as pontas dos seus dedos.
—Eu sei que fomos imprudentes, mas lhe asseguro que sou perfeitamente saudável.
—Eu também. Mas não é este o problema...
—Quer dizer...você não tem nenhuma proteção contra gravidez?
—Nenhuma. Eu não tenho um namorado, não estava saindo com ninguém. Não via motivos para usar, entende?
O orgulho masculino de Afrodite aflorou quando percebeu que Helena não costumava ter amantes, mas a preocupação logo apareceu. Apertando a mão dela, olhou-a de modo significativo.
—Helena, acho que é cedo para nos preocuparmos com isso. Se acontecer o que você teme, prometo que lidaremos com isso juntos.
Ao ver que ela não respondia, Afrodite insistiu:
—Ei... Já admitimos que sentimos algo especial um pelo outro, não é? Nossos cachorros se amam, são almas gêmeas. Não pode ser tão ruim assim, não é mesmo?
Helena olhou para os cachorrinhos confortavelmente aconchegados na poltrona e sorriu.
—Talvez não seja.
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Já era meio dia quando Helena e Maddie chegaram ao centro da cidade de Drasmoor para fazer algumas compras para casa. Afrodite ficou em casa tentando provar à senhora Murray que não era um tarado.
Estava na fila do caixa do pequeno supermercado quando notou diante da loja uma aglomeração de câmeras e repórteres diante da entrada do estabelecimento. Meio distraída imaginou o que estaria acontecendo e perguntou a uma cliente que conseguiu passar pelos repórteres e entrar.
—Parece que a namorada de uma celebridade está aqui. -comentou a moça.
—Srta Frost! Srta Frost! -um dos repórteres gritou, quando a avistou do lado de fora.- É verdade que mantêm um tórrido romance com o top model Afrodite há meses?
—Está grávida? Quando nascerá o bebê?
—É verdade que irão se casar em Barbados?
—Ele sabe quem é seu pai?
—O Secretário Frost aprova o seu namoro com um modelo?
—É verdade que foi seu pai quem ordenou a prisão de seu ex-namorado?
—O que? Não! De onde tiraram isso? -ela ficou atordoada ao ser cercada pelos repórteres e paparazzis, que tiraram fotos sem parar. -Me deixem passar! Maddie!
—OW! Afastem da minha irmãzinha! -a outra empurrava os repórteres, arrastando Helen pela mão para o carro. -Não é da conta de vocês!
—Srta Helena Frost! Então não está morando com Afrodite, o rosto de beleza masculina perfeita que representa uma das maiores marcas da moda mundial? Dizem que o romance começou graças aos seus cachorros! É verdade que a cadelinha premiada de Afrodite está fazendo greve de fome por que ele não deixou que visse Hank? Acha que o seu passado é impedimento para que possam se casar?
—Sem comentários! -Helena fechou o vidro do carro e Maddie acelerou saindo de lá rapidamente. -Meu Deus! O que é isso?
—Seu namorado é uma celebridade do mundo da moda. Claro que a imprensa de fofoca ia cair em cima quando soubessem!
—Mas como sabiam?
—Não era para ele estar fotografando uma nova campanha? Aposto que alguém de dentro da agência informou estes abutres onde ele estava escondido e do porquê dele ainda não ter voltado a Londres.
—Papai vai surtar! -escondendo o rosto entre as mãos, ela gemeu.
—Ora, papai não é nenhum monstro! Ele não acha nada demais você namorar um modelo. Mas quando a mamãe soube... -respondeu Maddie que se calou quando percebeu que falou demais.
—Você ligou para os nossos pais para fofocar!
—Eles estavam preocupados com você achando que estava solitária demais desde que o delinquente do seu ex namorado foi embora.
—E agora?
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Naquele momento, Afrodite estava nos jardins de sua casa tendo os cachorrinhos por perto, andando a sua frente. Seu celular tocou naquele instante e ele o atendeu.
—Sim?
—Que história é esta de que está namorando uma artista plástica e ela estar grávida? -uma voz feminina e alterada foi logo indagando. -Como pode ser tão irresponsável!
—Saori? Não é bem isso. Helena não está grávida e... quem te contou tudo isso?
—Toda a imprensa de fofoca está se indagando quem é a mulher que laçou um dos solteiros mais cobiçados da Europa? Se ele já tem um herdeiro a caminho. Que contas são essas que eu recebi em seu nome? Bercinho? Carrinho de bebê? Uma agência de babysitter me ligou para marcar entrevistas com candidatas a babás. E não quer que especulem que sua namorada não esteja grávida?
—Isso tudo é para a Duquesa e seus filhotes. -explicou Afrodite.
—Uma babá? Nem eu contrato babás para o meu gato! -Saori exasperou-se.
—Você não tem um gato!
—Por isso não contrato babás!
Nisso, Afrodite viu uma moto se aproximando e reconheceu seu ocupante, que o fitava com extrema raiva. Giovanni.
—Saori querida, tenho que desligar. Estão querendo me assassinar. -desligou o celular e sorriu para o italiano, que estacionava a moto e se aproximava perigosamente. -Como foi a sua viagem a Londres?
—Seu almofadinha mentiroso! Não havia nenhuma flor especial encomendada para a Helena! Você me queria longe daqui!
Começou a correr atrás do modelo, que não quis esperar e tratou de desviar dele. Uma caçada no estilo gato e rato teve início entre os canteiros do jardim. Giovanni "Máscara da Morte" perseguia implacavelmente Afrodite.
—MALDITO! VOLTE AQUI E ME ENFRENTE COMO UM HOMEM!
—SOCORRO!
Hank e Duquesa olhavam a cena, movendo as cabecinhas, sem entender muito bem o que acontecia. A atenção dos cãezinhos desviou-se com a chegada de um automóvel, onde estavam Helena e Maddie, que olhavam boquiabertas a "perseguição".
—A sorte dele é que ele é bonito...- murmurou Helena sem acreditar no que via.
—Puxa! Como eles correm!
Helena desceu do carro imediatamente, colocando as mãos na cintura, observando melhor a bagunça instaurada nos jardins. Respirou fundo.
—Parem com isso imediatamente! -gritou a plenos pulmões, fazendo os dois homens estancarem. -O que está havendo?
—Ele quer me matar! -Afrodite aponta para o Máscara.
—EU vou matá-lo! -confirmou Máscara, olhando Afrodite com ódio mortal.
Maddie desceu do carro apressada, ficando ao lado da irmã.
—Hellie...
—Não sejam infantis! -Helena suspirou, ignorando a irmã que tentava chamar sua atenção.
—Este almofadinha te roubou de mim!
—Não... -Helena ia protestar.
—Não posso ter roubado algo que nunca foi seu! -todos se espantaram com a declaração de Afrodite. -Helena não é um objeto para pertencer a uma ou outra pessoa.
—Ela é ...
—É a Minha Namorada! -responde Afrodite zangado. -Até o cachorro dela gosta mais de mim do que de você!
—Seu... -Máscara avançou contra ele, que se colocou em posição de lutador de boxe. -Mas o que é isso?
—Fui campeão quatro anos seguidos na Universidade de Oxford de boxe peso pena! -avisou o modelo. -Como acha que eu ganhei estes músculos bem definidos e perfeitos?
—Ele lutou boxe? -Helena surpresa.
—Hellie, olhe no portão.
—Sua...bichinha! -Máscara ia agredi-lo, mas Afrodite desvia do primeiro soco com elegância e desfere um soco no nariz do italiano, fazendo-o recuar com a mão sobre o mesmo. Ele retira a mão e a vê ensanguentada. -Bocê quebrou beu bariz!
Um flash de uma máquina fotográfica atraiu a atenção de todos, onde um fotógrafo paparazzi acabava de registrar o ocorrido, e ao seu lado um câmera man e uma repórter.
—Tentei avisar. -suspirou Maddie, resignada, olhando os rostos espantados de Helena e a confusão no rosto de Afrodite.
—Que furo! Afrodite brigando por amor! -disse eufórica a repórter.
—Modelo dito como sendo frágil e delicado derrota com um soco certeiro um ex-líder de gangue por uma mulher! -o fotógrafo continuava a tirar fotos. -Não ficava entusiasmado com modelos desde que filmaram aquela modelo latina com o namorado na praia transando ao ar livre!
—O que? -Afrodite olhava para Helena. -Droga! Odeio paparazzis!
—Fomos seguidas! -lamentou-se a artista plástica.
—Beu dariz...
—O lugar está abarrotado de repórteres! -Maddie avisou, vendo mais carros chegarem.
Helena olhou para a moto de Máscara da Morte e em seguida para Afrodite, que sorriu compreendendo o que ela queria.
—Então, o que vamos fazer?
—Você quem decide, Helena.
Ela sorriu e Afrodite subiu na moto, ligando-a. Helena suspendeu a saia e subiu na garupa, como se fosse a coisa mais natural que já havia feito em sua vida.
—Vamos sair daqui! -ela pediu e o enlaçou pela cintura. -Eu ensino o caminho que vai tomar.
—Sim senhorita. Segure-se.
—HEI! Binha bóto! -protestou Máscara da Morte.
O portão elétrico abriu quando Maddie o acionou, Afrodite acelerou e atravessou o grupo de repórteres, forçados a se afastarem, sumindo a alta velocidade pela rua.
—Binha Boto... -lamentou Máscara da Morte e Maddie o empurrou para dentro da casa.
—Vamos cuidar deste nariz...Hank, Duquesa! -ela chamou os cachorrinhos, que ergueram as orelhinhas, olhando para ela. -Pega!
Imediatamente, avançaram contra os repórteres latindo furiosos, forçando-os a saírem dos jardins. Voltaram imponentes para dentro da propriedade e o portão fechou-se por controle remoto. Os dois se colocaram em guarda, rosnando e bufando para o grupo no portão.
Continua...
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