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História Asas Negras - O Passado.


Escrita por: Choi-Cherry

Notas do Autor


Oe!
Baum, olha eu de novo com fic do OTP, não dá né gente, essa coisa vicia!
Essa é bem curta, escrevi pra primeira edição do SHINee Fic Fest e a pedido de uma pessoa linda, maravilhosa e incrível que me surpreendeu com uma mensagem, vou postar aqui.


AVISO: O conteúdo foi criado a partir do plot que eu recebi, de acordo com as regras do SHINee Fic Fest, então, seguindo a minha interpretação sobre o que foi pedido no plot que escrevi os capítulos.

Capítulo 1 - O Passado.


Podia-se ouvir noite adentro gritos extremamente altos, gritos sofridos, esganiçados e horríveis. Barulhos que poderiam assustar até o mais corajoso dos homens, capazes de criar pensamentos e passar impressões maquiavélicas aqueles que os ouvissem e era certo de que qualquer louco que ao menos ousasse sair naquela madrugada chuvosa, atravessar o bosque e chegar perto dali, sairia em disparada para o lugar de onde viera como um gatinho assustado.

Mas aquele que agora corria, querendo se jogar nos braços da morte não foi intimidado por esses gritos. Pois esperava ir ao encontro de algo que pudesse finalmente mata-lo, já que não tinha coragem para dar fim ao próprio sofrimento. Era estranho pensar em alguém correndo para o próprio fim daquela forma, ainda mais se tal pessoa fosse apenas um menino. Treze anos, com apenas tão pouco tempo vivo ele já tinha visto coisas demais para a sua mente infantil. Depois da cena assustadora que presenciou, tal que fez o corpo quase entrar em colapso assim como a mente que mesmo ali repetia todo o ato grotesco muitas vezes, se sentia horrível e havia motivos para que estivesse ali, correndo agora na direção dos gritos horripilantes. Não fazia ideia do que poderia encontrar, os olhos inchados e sensíveis pela quantidade de lágrimas que soltou deixavam a vista embaçada, o seu pequeno corpo todo já doía, mas a força de vontade de parar a dor que sentia ainda o mantinha a toda velocidade.

O olhar da primeira o atormentou durante os primeiros anos depois do acidente, o da segunda juntou-se a essa tormenta, lhe intensificando a insônia e a dor, a imagem dos olhos da terceira foi o fim. O fim de sua alma, que havia morrido três vezes com apenas alguns anos de vida. Agora os olhos castanhos dele estavam opacos, foram perdendo o brilho da infância drasticamente três vezes. Três foi o número de vezes que aquela mesma brutalidade aconteceu, três foi o número de vezes em que ele viu, três foi o número de vezes que algo lhe foi bruscamente tirado por um monstro.

Três foi o número de pessoas que mais amou. Três foi o número de pessoas que perdeu.

Eis que por um momento os gritos cessaram, e aquele que os perseguia valendo-se da audição ficou sem um rumo, mesmo assim seguiu em frente na esperança de que poderia voltar a ouvi-los. Porém o fato de que estava decidido a entregar-se a escuridão o levava a correr mais e mais, só queria que a sua miserável existência se apagasse do universo como a de um besouro ao ser esmagado pela pata de um animal maior, como se fosse nada.

O lugar de origem dos gritos era uma grande jaula, velha, enferrujada, suja e jogada de qualquer jeito em cima de um caixote de madeira atrás de uma das tendas do circo. Ali, na parte mais nojenta, onde a lama que se fazia na terra diante da chuva forte respingava dentro da base de ferro e se misturava aos restos apodrecidos de carne, os restos que já haviam sido rejeitados até mesmo pelos decompositores, os restos duros e enegrecidos que incrivelmente serviam de comida. Ali tudo estava molhado, pegajoso e exalava um dos cheiros mais terríveis que se podia imaginar. Ninguém poderia viver naquela situação, mas vivia. Algumas penas negras e sujas estavam espalhadas por ali e até mesmo no chão, a mão coberta de escamas e com longas garras chacoalhava as grades com toda a força e derrubariam a gaiola inteira se continuassem a fazer movimentos tão bruscos como aqueles.

O garoto que gritava com tudo o que podia vivia em condições deploráveis na parte mais feia do circo, era exibido como uma aberração. Mas o que esperar? Era isso o que realmente era. Uma aberração. Metade humano, metade abutre. Quem no mundo veria aquilo com olhos diferentes?

As asas negras saíam das costas, onde dois cortes profundos na pele abriam espaço para elas, algumas penas negras espalhadas pelo corpo e as mãos e pés cobertos de escamas, assim como os pés das aves, o pescoço já não tinha essa característica ele apresentava uma pele branca, porém maltratada pela corda que lhe servia de coleira, aquilo já estava apodrecendo e cheio de sangue seco daquele que a usava. Mas ninguém no mundo ligaria para aquilo, ninguém cuidaria da coisa nojenta que só sabia gritar assim que a noite chegava.

Durante o dia era exposto ao público como prêmio, assim como os outros híbridos que os seres humanos rejeitavam, os outros ficavam em uma parte coberta e mais limpa, justamente por se comportarem melhor do que ele. Assim o garoto era jogado às traças, sem qualquer cuidado porque era o pior. Por que era o odiado por todos e também o mais feio, se não fosse por atrair tantas pessoas que lhe quisessem fazer o mal já teria sido morto, se não fosse pelo dinheiro que tais pessoas ofereciam para apenas lhe maltratarem já teriam no mínimo lhe arrancado a cabeça como já fizeram com muitos que eram impopulares.

Porém aquele dia foi o que mais correu risco de vida. Aquela aberração não costumava a reagir quando lhe atiravam frutas podres ou até mesmo pedras, mas aquela submissão se esvaiu especialmente aquele dia. A vítima de toda a sua ferocidade como animal e não como humano foi um garoto, esse tal menino de apenas cinco anos trazia um bolo de dinheiro em mãos toda vez que vinha, e esse bolo de papel tão comum servia para que ele tivesse algumas mordomias para com a atração. Ele era perverso, carregava no olhar a malícia, uma criança obviamente psicopata que gostava de maltratar até ver o sofrimento e toda vez que via o híbrido sangrando ou extremamente machucado... Ele sorria. Os pais não pareciam perceber o que o filho era capaz, então apenas enviavam o menino com os bolsos cheios de dinheiro para a sua ‘brincadeira’ sombria.

O prisioneiro era submetido à algumas torturas, apesar de horríveis nada que pudesse mata-lo e acabar com aquilo, afinal os donos do circo sempre estavam fiscalizando e paravam com o espetáculo quando viam que o seu ‘trunfo’ poderia ser perdido. Porém aquele dia foi o último em que o garoto o atentou, porque naquele fim de tarde úmido o seu instinto falou mais alto do que o medo de ser castigado. A corda que o prendia foi arrebentada e assim ele arremessou o corpo contra o do menino. Todos ficaram estáticos com a cena que se seguiu.

Diante dos gritos perturbadores foi que aquele mini psicopata de cinco anos de idade foi morto na frente dos pais. O híbrido o mutilou com as garras, as enfiou tão fortemente no corpo do garoto que o sangue jorrava alto para todos verem, arrancou-lhe os braços depois de torcê-los e toda a parte do tronco foi dilacerada, por fim o pescoço, aquele pescoço gordinho se resumiu a fiapos de músculos ensanguentados quando finalmente a vontade de atacá-lo passou. A mãe começou a gritar, tomada pela histeria no mesmo momento e o pai avançou para cima do mesmo, aplicou-lhe o golpe mais forte que recebera em sua vida e em seguida outro e mais outro. Parou quando os donos do circo em que “vivia” o detiveram. O corpo do garoto foi retirado dali, mas nenhum caso seria denunciado, senão todos os responsáveis seriam acusados, afinal a pirataria de “variações animais” como era denominado pela lei era crime.

Como castigo ele não pode comer nada pelo resto da tarde e por toda a noite, ficou sem alimento algum e exposto a chuva, mas isso não era nenhuma novidade, ele já passava por isso quando era propositalmente esquecido ao lado de fora. Com a madrugada chegando ele começava a se agitar e ao avançar das horas, os gritos iam surgindo e ficando cada vez mais altos.

No momento ele ainda gritava, aquela coisa esquisita e insuportável ainda gritava e muito, diante dos olhares assustados de todos os outros híbridos enjaulados. Porém ele foi finalmente detido. Um balde de agua suja e fria foi jogado, servindo apenas para assustá-lo, já que a chuva havia molhado todo o seu corpo.

“Aberração tola! ”. O homem que atirou o balde esbravejou, largou o recipiente em que os outros homens do circo haviam tomado banho e levantou o bastão de madeira que segurava na mão, impondo que tinha autoridade ali. “Vai parar com esses gritos ou eu vou ter que te apagar? ”

Apesar da clara ameaça, o mestiço não quis nem saber e assim gritou mais uma vez, chacoalhando a gaiola, ele não era capaz de entender as palavras humanas, não foi ensinado como os outros haviam sido.

“Eu queria mesmo não ter que fazer isso, mas você está pedindo hoje. ”. Com um sorriso estampado no rosto e o cinismo presente na voz, o homem grande e forte puxou parte das grades e um único movimento, e ela estava tão velha que cedeu. Sendo assim não demorou muito para que ele adentrasse o local podre, andando a passos lentos até o garoto que se encolheu em um canto. Abraçou as próprias pernas escamosas e sujas em uma tentativa de se proteger do que viria. Aquela não era nem de longe a primeira vez que levava uma surra.

Os barulhos da madeira batendo contra o seu corpo eram abafados, pois começou a chover forte naquele momento e a ventania apagava os seus gemidos de dor. Foram muitos golpes, já não podia suportar, porém a dor logo acabaria quando ficasse inconsciente e então acordaria no dia seguinte novamente naquele inferno, talvez tivesse paz por alguns dias, pois o boato do assassinato de um dos garotos mais ricos do vilarejo correriam rápido, mas nada garantido. O homem enfim parou de agredir o seu corpo e largou o bastão no chão, respirando pesado.

O híbrido o fitou entre as mãos que usava para proteger o rosto e notou que o homem o encarava agora. “Seu lado demoníaco está sumindo, parece até gente agora...”. Observou ao notar o quanto o garoto havia mudado de forma. Estava com ele há alguns anos e em certa idade ele começou a parecer mais humano. Pelas contas que um amigo o ajudou a fazer, julgou que ele tinha treze anos, com treze anos começou a mudar a sua forma e isso acabou por fazê-lo parar e observar. Os traços delicados do rosto e os olhos que aparentavam ser mais de um felino eram interessantes, ele deixou de ser um monstro e agora algo frágil aparecia.

“Dessa vez vou lhe ensinar uma lição que nunca esquecerá, e enquanto não aprender que eu mando em você, terei prazer em aplicar-lhe o castigo quantas vezes for preciso! ”. Após dizer isso, mesmo sabendo que o garoto não entenderia nenhuma de suas palavras ele pôs-se a desafivelar o cinto, já estava necessitado de um bom par de peitos ultimamente, mas não conseguia uma mulher, não via uma que poderia lhe dar tanto prazer quanto necessitava, mas o garoto... ah, essa face inocente agora lhe parecia boa, tão boa que estava ficando louco só de vê-lo acuado em um canto, tão vulnerável. As calças foram imediatamente ao chão e ele não pensou duas vezes antes de retirar a roupa de baixo, aquilo só atrapalhava as coisas.

Com mais um movimento pegou o híbrido pelo braço sem medo nenhum e o atirou contra o outro canto da jaula, de costas, o seu corpo já estava tão machucado que ele não conseguiu reagir, não tinha mais energia alguma, havia ficado sem comer e acabara de ser espancado. O homem chegou mais perto e arrancou de uma vez os trapos sujos e encharcados que vestia, mesmo assim sem nenhuma reação. Aquilo seria fácil.

Estava definitivamente louco para fazer daquele hibrido o que bem entendesse, abusar de todas as partes do seu corpo, tocar-lhe de todas as formas até vê-lo implorar de qualquer jeito por uma trégua, ele sabia que corria o risco de ser atacado, mas ele não era o garoto de mais cedo, vencia em força bruta, tamanho e agilidade, levaria no máximo alguns arranhões. Faria o que quisesse e por quanto tempo quisesse, se gostasse, voltaria na noite seguinte e assim todas as noites. Suas mãos grandes desceram pelas pernas escamosas, e subiram novamente, sentia que estava “ansioso” apenas queria o garoto naquele momento. Quanto mais rápido melhor, pensava assim, mas ao mesmo tempo queria que aquilo fosse humilhante para ele apesar de o pequeno ser mais animal do que humano.

 

Tinha escorregado mais uma vez em sua corrida, os gritos haviam cessado havia algum tempo, mas ele não pensou em desistir. Porém o corpo cansado não o deixaria prosseguir mais. Ainda não tinha morrido. As lágrimas teimosas ainda queriam vir, sentia-se abalado, fraco, pequeno, inútil. Virou a cabeça para o lado, ali estava o circo que gostava de ir as vezes. Gostava... levantou-se, as pernas tremiam, os tendões aparentavam romper-se a cada passo, porém nada disso o abalava fortemente. Os passos errôneos eram abafados pelo barulho da chuva, custou até que o garoto desse a volta em uma das tendas, o local que costumava ser iluminado ficava assustador naquele cenário. Mas o que tinha demais, ele queria achar a morte mesmo, aquela que parecia a solução mais fácil, a solução tentadora e teoricamente indolor.

Porém os seus olhinhos, já tão cansados da mesma cena viram outra vez aquilo acontecer, não havia o ato em si, mas as intenções do agressor já eram claras, iria acontecer novamente. O ciclo se repetia em uma agonia sem fim, a mesma cena. O intimidador e aquele que estava sendo intimidado. Um homem e um garoto. Estava escuro e chovendo, e ele, fraco, apoiado em uma das tendas com a vontade crescente de fazer aquilo parar, não queria para si aquele pesadelo novamente, não queria ver mais nada de mal! Estava cansado, cansado de tudo isso. Os pés quase o guiaram por conta própria até a gaiola onde o ato grotesco e covarde estava prestes a acontecer, os olhos focaram em apenas uma coisa, ao seu redor... nada, em sua mente: vingança.

Um movimento forte, um golpe. E em seguida outro, outro e mais outro. Sentia as gotas geladas da chuva, sentia o vento frio, sentia o sangue quente espirrar em seu rosto. Sentia a ansiedade e euforia crescente em seu peito, o sorriso descontrolado e quase insano aparecia naquele rosto delicado e juvenil.

Naquela madrugada chuvosa, o garoto de apenas treze anos cometeu o seu primeiro assassinato.


Notas Finais


Já aviso que eu NUNCA escrevi algo desse tipo, então espero que para uma primeira vez tenha funcionado.
A fic tem apenas 4 capítulos!
Espero que tenham gostado :#
Kissus!


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