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História Asas Negras - O Pesadelo


Escrita por: Choi-Cherry

Capítulo 3 - O Pesadelo


A casa praticamente já caía em pedaços, o mesmo tapete de pele de urso no meio da sala já estava aos restos, o aparelho televisor havia explodido e derramado um resíduo estranho no chão que secou ali e endureceu ali. O balcão da pia estava quase inteiro com uma grande mancha seca de sangue, muito antiga por sinal. Ninguém havia tocado em nada dês de aquele dia assustador há exatos cinco anos atrás. Tudo se encontrava um desastre e o odor que o local todo exalava era irrespirável. Mas o menino assassino que agora se tornou um homem não se importava, e o híbrido também não.

“Boa noite, papai...”. Ele desejou para o monte de ossos no meio da sala, algumas partes haviam se perdido, pois serviram de brinquedo para os cachorros de rua que apareceram ali por causa do mau cheiro, porém a figura ainda era visível.

Na cozinha, empurrando alguns pratos sujos e velhos da pia, que acumulavam fungos e bactérias, o jovem sentou-se com um copo de água. Pelo menos isso ainda tinha. Havia acabado de voltar de um jantar na cidade, como sempre fazia, mascarando a vida que levava através da fortuna que o pai deixou para trás. Com o dinheiro que tinha daria para comprar uma casa nova, ou até mesmo mudar de país e recomeçar a vida. Mas não conseguia fazer isso, estava condenado àquela realidade e passou tanto tempo ali, na mesma rotina de viver com a sujeira e a morte que pouco se importava.

Os habitantes souberam que o pai morreu de ataque cardíaco em uma noite e apesar de ser um dos homens mais ricos da cidade, a família preferiu fazer um funeral fechado, o seu corpo não estava no cemitério, pois o enterraram dentro de suas terras como ele havia pedido. Bom, pelo menos isso foi o que o filho havia dito quando vieram saber dele em um de seus passeios.

“Minho! ”. Ouviu alguém o chamar. Era o único ainda ali, o outro homem dos cabelos totalmente negros e olhar felino estava escorado na porta, com os braços cruzados e um sorriso de canto no rosto. De longe o jovem que estava sentado sentiu o cheiro da morte, ele havia acabado de caçar, pelo que via. Mas já estava tão habituado a isso que não se importou, o híbrido se alimentava de pequenos animais roedores que ele mesmo caçava na fazenda, os matava e deixava a carne apodrecer para depois ingerir, afinal, comer carne fresca não o satisfazia.

Agora, após cinco anos a parte pássaro de Kibum desaparecera por fora. Se parecia exatamente como um ser humano. Um jovem de pele alva e delicada, com traços extremamente bonitos e chamativos, mesmo que de uma forma mais delicada e nada robusta, altura mediana e uma voz agradável de se ouvir apesar do vocabulário escasso, sem sinal de penas negras, sem escamas ou garras e até mesmo as asas se recolheram de um jeito mágico e ainda incompreensível. Minho não ficou para trás, havia crescido também e agora com dezoito anos era um belo rapaz, os olhos negros e ainda grandes eram encantadores, o rosto com traços perfeitos e tudo em seu devido lugar, os cabelos também negros, porém eram um pouco mais claros do que os do híbrido, a voz havia se tornado forte e imponente, esse tom só costumava a desaparecer quando dava lugar ao seu lado gentil.

“Kibum, venha aqui...”. O chamou gentilmente, gesticulando que era para o mesmo se aproximar com a única mão que tinha. O braço mutilado pendia ao seu lado, quase não o movimentava, não era seu costume. Assim que o outro se aproximou, o puxou levemente e o fez sentar-se em seu colo. “Kibum...”. Chamou-o pelo nome que ele mesmo havia escolhido, amava esse nome, assim como ao híbrido que o possuía.

O acariciou com cuidado e ele retribuiu o carinho com um abraço, como aprendera a fazer recentemente, passou uma das pernas para o outro lado e ficou sentado de frente para o mais alto, os seus olhos suplicantes queriam dizer alguma coisa naquele momento. Pela primeira vez Minho estava confuso, não sabia bem o que o híbrido estava pedindo e isso o perturbou. “Por favor... Por favor”. O ouviu pedir, enquanto começava a ficar inquieto em seu colo.

“O que houve? Está sentindo dor em algum lugar? ”. Perguntou e fez alguns sinais para que o mesmo entendesse. Mas a resposta o deixou mais perdido do que já estava. Kibum apenas implorou mais uma vez e chamou pelo seu nome, o puxando pela gola da camisa. Depois ele pareceu ficar emburrado e desistiu, tornando a abraça-lo com mais força dessa vez. Um comportamento totalmente novo de sua parte.

O híbrido não sabia dizer o que sentia, não sabia formular em palavras o que queria do outro e aquilo parecia uma missão impossível. Mas o corpo quente do mais alto o confortava e sensações agradáveis passavam por todo o seu ser quando o tocava, era bom sentir, porém isso o colocava em uma agonia sem fim. Queria mais, muito mais, sem saber explicar era difícil, só queria.... Tudo em si se agitava e uma parte em particular abaixo do abdômen parecia queimar, já havia tocado ali várias e várias vezes. Uma sensação gostosa o atingia sempre que repetia os movimentos, porém nos dias atuais isso chegava a perturbá-lo, não era o suficiente, nada fazia tudo aquilo que o agonizava parar e ficava pior e ao mesmo tempo muito melhor quando se encontrava próximo do outro.

“Que tal irmos deitar agora? Já está tarde...”. O comunicou, fazendo com que ele saísse de seu colo gentilmente. Apagou as luzes da cozinha quando saíram e os dois passaram direto pelo esqueleto jogado na sala ao fazerem o caminho para o quarto. Já no recinto, ambos se deitaram na mesma cama, dormiam assim desde a primeira noite, já era um hábito comum. Minho sentiu que Kibum continuava inquieto, não poderia adivinhar o que era, mas contribuiu com mais um abraço quando este foi solicitado.

Algumas horas se passaram e o híbrido finalmente adormeceu, mas o assassino continuava sem pregar os olhos. Sofria de insônia muitas vezes e o seu medo dos pesadelos retornarem não contribuíam para que relaxasse. Porém já se faziam dias que não dormia e isso estava o afetando muito. O corpo estava cansado, tão cansado que cedeu totalmente ao sono. Trazendo aquilo que mais temia com ele.

O olhar da primeira o atingiu de início, viu-se como o garoto de sete anos, vendo a sua irmã mais velha fita-lo, extremamente abalada. Era visível, ela tremia e chorava em silêncio, tampava a boca com a própria mão enquanto seguia de jeito forçado os movimentos que eram feitos atrás de si. O garotinho viu os quadris do homem moverem-se para frente e para trás, para frente e para trás... Indo cada vez mais rápido e empurrando a adolescente subjugada, um dos seus braços eram puxados para trás e a mão do homem mexia em alguma coisa logo abaixo do seu ventre, o que claramente ela não queria.

A segunda também o viu... ah, ele tinha certeza. Ela se debatia desesperadamente, os joelhos separados e a roupa rasgada. Era jogada na cama constantemente e levava muitos e muitos tapas no rosto. Mais uma vez, viu os quadris fazerem os mesmos movimentos, até pode ouvir o barulho estranho que aquilo causava. Dessa vez era a sua babá, a mulher de pouca idade e de rosto gentil que o fez sentir como se tivesse a mãe que nunca teve agora chorava, soluçando de agonia e os gemidos baixos que deixava escapar pareciam exalar nojo, todos eles.

A terceira e última foi a sua primeira namorada. Se conheceram quando bem pequenos e aos treze ela o pediu em namoro. Gostava da garota, os dois andavam de mãos dadas pela escola inteira e eram alvos de muitos olhares. Ela já havia ido em sua casa algumas vezes e a mãe da mesma o adorava, era gentil e boa com ele. Podia se lembrar de cada detalhe: a noite chuvosa e o pedido de suplica dela para que ele não a deixasse sozinha com quem claramente não queria estar. Mas ele foi fraco e não pode fazer nada, foi mandado para o quarto sem direito de resposta. Em sua concepção era só levá-la com o guarda-chuva até a cerca, dali o pai da menina a levaria para casa. Porém já era a quarta vez que ela quase fazia um escândalo para que ele a acompanhasse dessa vez, chegou até a chorar! Era um menino esperto e aquilo o deixou perturbado e curioso, achou que ela poderia estar com medo da estrada, pois era escura e até ele tinha medo. Pensando nisso, seguiu os dois. Até se afastarem um pouco da casa tudo estava relativamente tranquilo, ela seguia olhando para o lado oposto e abraçava-se como se estivesse muito apavorada. Houve uma hora em que aquele que segurava o guarda-chuva parou, ela também. Ele pareceu falar alguma coisa e a menina virou-se de costas imediatamente, logo começou a chorar com as mãos na boca, a mesma expressão que havia visto duas vezes, a expressão de derrota, horror e desespero. A saia escolar que usava foi abaixada, e não demorou muito até que visse novamente tais movimentos que iam para frente e para trás... os pedidos para ele parar com aquilo foram muitos, as súplicas acompanhadas de soluços foram muitas.... As lágrimas foram muitas, tudo aquilo foi demais para ela. E para ele também.

 

O estado em que acordou foi o de sempre, suava frio ao mesmo tempo em que não parava de tremer, se sentia horrível de todos os modos. O pesadelo com as três mulheres que foram violentadas por seu pai o atormentavam todas as noites, eram cenas inesquecíveis e mesmo depois de ‘vê-las’ tantas vezes o terror ainda o dominava a cada pesadelo. Enquanto retomava o fôlego e dava um jeito de limpar as lágrimas que escaparam de seus olhos sem permissão ele tornou a pensar nelas, mesmo sem querer. A sua irmã mais velha tinha o rosto bonito, sempre sorridente para si, mas não era difícil encontra-la chorando no quarto durante a noite, os soluços desesperados e o fato de ela arranhar o próprio corpo enquanto chorava o deixavam claramente assustado quando era um garoto que a espiava pela fresta da porta, ela um dia simplesmente desapareceu sem vestígios. A sua babá não chegava a ser tão bonita, porém o seu jeito doce e gentil era aconchegante, nunca agiu de forma suspeita e tudo indicava que havia sido a primeira vez. Já a sua namorada, era certamente a pior parte, pois com treze anos, ele já tinha consciência de que movimentos eram aqueles, ele sabia o que eram e sabia que ela não queria aquilo para si. Tudo foi simplesmente horrível!

Com mais um suspiro trêmulo, ele puxou o adormecido Kibum mais para si, lembrava perfeitamente da madrugada em que deteve o homem que pretendia estupra-lo também e agradecia por ter sido corajoso, aquilo lhe deu coragem e motivação para viver, porém o transformou em um assassino. Aquilo lhe fez vingar-se pelas três, mas o fez perder a mão. As suas perdas não importavam no momento, eram consequências que tinha que aguentar. Sabia que não tornaria a dormir.

No meio da madrugada, o híbrido acordou, a temperatura de seu corpo aumentou consideravelmente e o mesmo voltou a inquietar-se, movimentava o próprio corpo sobre o colchão com certo vigor e algo parecia o atormentar muito. Aquilo era totalmente novo, de todas as situações que passou para entende-lo melhor, aquela sem dúvida era a mais complicada. Minho pensou que o mesmo estivesse com febre, realmente essa seria a explicação mais viável. Teria que tratar disso. A sua intenção era levantar-se e ir na cozinha procurar por algo que pudesse ajuda-lo, porém Kibum o impediu. Fez algo surpreendente.

Quando levantou o tronco para sair da cama, foi jogado de volta com brutalidade e força sobre humana, as garras de abutre apareceram ali e fizeram o peito do mais alto sangrar a partir de cortes superficiais. “O que foi isso?!”. Gritou assustado, começaria com uma retenção a esse comportamento, mas parou imediatamente ao ouvir gemidos baixos vindos do híbrido, ele agora estava sobre o seu corpo e o segurava pela gola da blusa, os olhos fechados e o rosto vermelho, ardia. A boca se abria fazendo um “O” e ele levantou a cabeça.

Na hora pode constatar, não poderia ser diferente. A maturidade sexual de Kibum finalmente havia chegado e com ela, o forte instinto reprodutivo do seu lado pássaro não o deixava em paz. O híbrido queria alguém que o satisfizesse.



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