História A(s)cender - Prólogo

“O universo sempre foi dividido entre a Luz e as Trevas.

Uma sempre precisou da outra para que o universo se mantivesse em equilíbrio.

Em uma era futura, as sombras quebraram esse equilíbrio e tentaram cobrir tudo, ameaçando toda a forma de vida.

Quando isso acontecer, 12 guerreiros, marcados pela luz surgirão e lutarão no grande e último confronto entre as duas forças.

Mas quem será que vencerá?”

                A visão de Chanyeol estava completamente embaçada. Nada fazia sentido naquilo. Estava num estado intermediário entre acordado e desacordado. Aquilo não poderia ser um sonho, era real demais. Sua consciência estava ali. Ele sentia frio também. Entretanto também não poderia ser completamente verdade. Ele estava num lugar que lembrava um hospital, porém continha um amontoado de pequenas coisas em mesas que ele não conseguia dizer o que eram e nem ao menos descrevê-las. Isso sem falar das tantas mulheres com essas máscaras/óculos vermelhos esquisitos e de roupas brancas, que faziam anotações em alguma espécie de tablet, enquanto outras seguravam seringas nas mãos.

                E é observando que ele percebe que não é o único lá, além dessas mulheres. Há outros homens também, deitados em camas com os quatro membros presos. Aos poucos Chanyeol sente que está voltando a lucidez e tenta se levantar, percebendo assim estar tão preso quanto os outros.

                O ruivo vira seu rosto para o lado, que é a única coisa em seu corpo que consegue mexer, e vê que um garoto deitado na maca ao seu lado está chorando. Um choro bem silencioso, no qual suas lágrimas apenas caem como se fosse um menino mecânico. Ele examina o pequeno corpo e percebe que ele também está usando uma roupa branca, e que na palma de sua mão há uma marca de nascença grande que quase lembra a um alce. Prestando atenção nele, Chanyeol percebe que o menino é bonito e se sente mal por vê-lo com tanto medo.

- Eles estão recobrando a lucidez. – Chanyeol ouve uma das mulheres estranhas dizer.

- Apague-os. – Outra dela diz.

                E não demorou nem um minuto para que o ruivo sentisse uma agulha perfurando seu pescoço, caindo no sono quase que imediatamente.

* * *

                O tempo estava acabando, ele sabia, e por isso que após ter encontrado todos os doze marcados pela luz, o Guardião mandou que as Doutoras começassem as experiências o mais rápido possível. Pela profecia já se sabia que a guerra era inevitável, mas não se sabia quem iria vencer. As Trevas eram temidas por todos. Ninguém em todo o universo queria que ela vencesse, pois sabiam que isso significaria o fim. Mas mesmo assim, mesmo sem ajuda alguma, ela foi capaz de crescer mais do que a Luz até então.

                Até agora nada se sabe sobre as duas entidades. Nem ao menos se sabe se elas são existências conscientes. Só sabemos que uma quer se apossar da outra. E se fosse para que alguém vencesse, que fosse a Luz.

                A missão desta noite, apesar de muito importante, era simples: as Doutoras tinham que realizar as cirurgias nos jovens marcados pela Luz, para que assim eles pudessem liberar todo o poder dos quais lhes foram confiados pela Luz. A tecnologia e inteligência das Doutoras era incomparável. Ao que se sabia não havia nada mais avançado em nenhuma  outra galáxia, logo a missão seria completada com êxito, certo?

                Errado.

                O alarme começou a tocar por todo o corredor.

- Ela chegou! – Uma das Doutoras diz.

- Mas como? Como nos achou tão rápido?  – Outra delas diz.

- Isso não importa. Rápido, temos que executar o plano B!

- Mas a operação já foi concluída?

- Sim. Rápido, vamos!

                E então as Doutoras foram até as camas de cada um dos doze e começaram a arrastá-las pela sala e por entre os corredores. Elas corriam, conduzindo as macas ao som dos alarmes. Estavam indo em direção as naves quando então puderam sentir a presença. O clima ficou ainda mais frio e as coisas foram perdendo as cores. Bem atrás delas estavam as Trevas.

                Ela se apresentava como uma nuvem negra que vai ocupando o espaço de qualquer ambiente em que está, como se fosse um gás venenoso. A verdade é que as Trevas não tinham uma forma fixa, assim como a luz, mas essa era sua forma preferida de se manifestar. Ela gostava da ideia de poder envolver e sufocar um ambiente com sua presença.

- Rápido, ela está quase nos alcançando!

                E as sombras realmente estavam apenas a poucos metros atrás. Mas finalmente elas conseguiram chegar na nave e sair da base das Doutoras. Duas delas estavam na nave com os outros doze jovens.

- Iniciar processo de amnésia. – Uma delas diz.

                De longe é possível ver a base delas ser completamente coberta pelas sombras. Suas ações são imprevisíveis. É difícil saber se ela é um ser racional ou se age por impulso, então as Trevas sempre conseguem surpreender a todos.

- Teremos um longo trabalho quando voltarmos. – Diz uma das Doutoras.