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História A(s)cender - Primeiro dia de aula


Escrita por: KimPH

Notas do Autor


Olar!
Nunca voltei tão rápido, não é mesmo? hehe
Enfim, como o epílogo, ainda estamos só começando. Me deem um feedback por favor :D

Capítulo 2 - Primeiro dia de aula


Dois anos depois:

 

                Chanyeol acordou deste mesmo sonho estranho que ele estava tendo nos últimos dois anos. Não era sempre o mesmo sonho, mas era sem dúvida o que ele mais tinha, mesmo não podendo se lembrar deste com clareza após despertar. Mas o rosto amedrontado do menino deitado ao seu lado sempre o perseguira.

                O rapaz levantou e foi se aprontar, afinal era o seu primeiro dia de aula em uma escola nova e ele não queria já começar com um atraso. O ex ruivo, agora moreno, se levanta da cama e vai direto para o chuveiro. Não demora muito e já estava pronto sentado a mesa do café para logo em seguida tomar seu rumo.

                Estavam no começo do outono, mas Chanyeol sentia como se fosse o auge do verão. A caminhada de sua casa para a escola era completamente insuportável de quente. Ele já estava quase decidido a ir ao médico, mesmo que o termômetro mostrasse que ele não estava febril. Pessoas caminhavam bem agasalhadas ao seu lado e seus braços estavam de fora. Em seu uniforme, apenas os ombros eram cobertos. A verdade é que ele sentia tanto calor que queria mesmo era poder andar completamente desnudo.

                Ao chegar na escola, o orelhudo não se espanta de novo com o tamanho dela. Já havia estado ali com sua mãe para fazer sua matrícula e comprar seu uniforme. Porém ele se espanta com a quantidade de alunos que vê ao seu redor. Seul é uma cidade assustadora, tudo é tão grande e cheio. Mesmo que Chanyeol fosse extremamente alto, cada dia que ele passava ali se sentia um pouco menor. Um dia ele iria olhar uma formiga como sua igual.

                O novato estava com seu quadro de horário impresso em sua mão. Ele procurava pela sua sala, mas estava um tanto quanto perdido. O prédio era tão grande que achar até as escadas era uma missão bem complicada. As pessoas de lá eram muito rudes também, sempre esbarrando nele como se não pudessem vê-lo, correndo para chegar em algum lugar. Outra coisa que o jovem iria precisar se acostumar era como as pessoas em Seul pareciam estar sempre com pressa.

- Bom dia. Você é novo aqui? – Chanyeol se vira e nota que um menino alto com os cabelos perfeitamente penteados para trás, estava falando com ele.

- Boa tarde. Sim, eu sou novo sim...

- Desculpe, mas você parece muito estar perdido. Precisa de ajuda?

- Ah sim. – Ele respira aliviado. – No meu quadro de horários diz que eu teria aula de álgebra agora, na sala 303, com o professor In. Eu estou procurando o lugar mas não consigo achar nem a escada para trocar de andar.

- Tudo bem. – O outro aluno ri antes de falar. – Acho que foi assim com todos nós no primeiro dia. Minha aula agora é no mesmo corredor que o seu. Me siga, eu posso te levar até a sua sala.

- Ah, muito obrigado mesmo! – O outro começou a andar, e Chanyeol correu atrás dele. – A propósito, meu nome é Park Chanyeol.

- Eu sou Oh Sehun. Muito prazer! – Eles apertaram as mãos.

                A conversa não evoluiu muito à partir daí. Por mais que essa instituição fosse imensa, Park descobriu que se você a conhece intimamente e desvenda todos os seus atalhos, não levará muito tempo para chegar ao seu destino, por mais que ele seja do lado oposto do qual você se encontra agora. Ele não podia desejar outra coisa se não esbarrar com “Oh Sehuns” todos os dias para poderem lhe acompanhar até suas salas de aula. Talvez ele devesse fazer um mapinha.

- Bem, a sua sala é a terceira à direita. – Sehun anuncia apontando para a direção que o outro deveria tomar.

- Tudo bem, eu me acho daqui. Muito obrigado pela sua ajuda. – Os dois se cumprimentam outra vez e seguem seus devidos caminhos.

                Ainda bem que Chanyeol chegou cedo hoje, caso contrário teria se atrasado para a primeira aula. Quando entra em sua sala, vários acentos estão vazios, o que é bom. Ele escolhe a carteira que fica bem no meio da sala. Por ser muito alto ele não gostava de ficar muito na frente, chamando atenção de todos e atrapalhando até a alguns. Mas também não sentaria muito no fundo, pois queria estar atento a aula e de longe era mais difícil manter a concentração.

                Assim que Chanyeol se senta, percebe um olhar forte vindo em sua direção. Ele vê um menino magro, não muito alto, de cabelo castanho e extremamente bonito o encarando muito intensamente. Chanyeol poderia jurar que a boca do menino estava escancarada. Será que ele o havia achado interessante? O outro era bonito, ele não podia negar. Mas o orelhudo não poderia crer que teria esse tipo de sorte logo na primeira aula.

                Mesmo após ele encarar o outro de volta, ele não parava de secar Chanyeol. E ficaram nisso a aula toda. O que no início era engraçado começou a ficar desconfortável e até assustador. O plano de prestar atenção na aula foi atrapalhado.

- Tome cuidado com aquele ali.

- O que? – Diz Chanyeol ao perceber que o cara ao lado estava falando com ele.

- Ele tem fama de ser meio maluco, e parece que cismou com você.

- Então eu não estou imaginando coisas? ele realmente ficou me encarando a aula toda?

- Ficou sim. Se eu fosse você eu evitaria ficar a sós com ele.

- E por que ele tem fama de maluco?

- Eu não tenho certeza, eu não estudava aqui na época, mas parece que a uns dois anos atrás ele alegou ter sido abduzido por alienígenas, ou algo do tipo. Foi um escândalo. Ele deu entrevistas para jornais, apareceu na TV. Parece que depois disso ele teve que passar por vários psicólogos e psiquiatras. Dizem que ele tem esquizofrenia.

- Entendi... Qual é o nome dele?

- Byun Baekhyun. E à propósito, eu sou Zitao, mas pode me chamar de Tao.

- Zitao? Que nome diferente.

- É que eu não sou coreano, sou chinês. Minha família se mudou para cá ano passado.

- Ah sim. Seu sotaque é muito bom. Enfim, eu sou Park Chanyeol. Muito prazer Tao.

- Igualmente.

                Ambos apertaram as mãos e saíram para suas respectivas aulas. O mais alto pode perceber que não importa para que direção fosse, os olhos de Baekhyun continuavam a segui-lo. É, talvez fosse melhor evitá-lo mesmo.

                A aula seguinte foi bem mais fácil de encontrar. Ele tinha agora educação física. O ginásio ficava no primeiro andar e Chanyeol já tinha passado por ele todas as vezes que havia estado naquela escola, inclusive hoje mais cedo, então já tinha uma noção de onde ficava. Ao chegar lá com alguns minutos de antecedência, foi direto para o vestiário trocar seu uniforme diário pelo seu uniforme esportivo.

                Ao sair do vestiário já havia mais alunos pela quadra. Foi então que teve o maior susto da sua vida. Ele viu um menino sentado, encostando suas costas na parede, encarando o chão. Ele poderia reconhecer esse rosto sob qualquer ângulo. Era o menino dos sonhos dele. Só faltavam lágrimas escorrerem. Chanyeol teve quase que uma epifania. Será possível que esse menino era mesmo real? Será que eles já se conheciam em algum lugar, por isso ele sonhava com o rosto do outro? O que fazer agora?

                O novato mal pode notar mas estava em estado de transe. Seus pés começaram a andar em direção ao outro menino, bem lentamente. Ele sentiu uma urgência de saber como era o som da voz dele, qual era o nome dele... mas essa transe foi completamente interrompida pelo apito do professor.

- Bom crianças, como é o primeiro dia de aula, que tal nós começarmos só com uma brincadeira, bem de leve? – Os alunos começaram a se animar. – Ok, se dividam em dois times de futebol. Quando apitar, nós trocamos os times. Do! – Ele disse olhando para o menino dos sonhos de Chanyeol, literalmente. – Você vai querer jogar? – O menino simplesmente respondeu com um balanço de cabeça negativo. – Presta atenção hein garoto, você quase repetiu semestre passado!

“Do é o nome dele?” Pensou Park. “Deve ser o sobrenome”.

                Chanyeol fazia parte do primeiro time juntamente com outros meninos que eram muitos para já ter conseguido gravar os nomes. Mas ele já pôde reparar que no time adversário, tinha um menino que era o queridinho da escola. Quem não o adorava parecia sentir medo dele. Ele ouviu o chamarem de “Jongin”. E quando o jogo começou, bem… digamos que ele era muito bom?

                Ele era super rápido, não parecia um profissional e sim um super herói. O orelhudo tentava acompanhá-lo com os olhos, mas sempre o perdia de vista até que ele aparecesse quase que magicamente em cima da bola. – Parece que esse cara tá teleportando! – Pensou Chanyeol. Como já era de se esperar, o time de Jongin ganhou de lavada.

                Enquanto isso, Do continuava sentado no mesmo canto. Educação física sempre foi o seu momento menos preferido daquele lugar. Ele não sentia muita vontade de ir para a escola, o que não parecia destoar muito da maioria dos alunos. Mas quando se tratava de educação física, todos sempre ficavam muito ansiosos e o baixinho continuava desanimado. Porém já fazia um tempo em que ele ficava desanimado com tudo. Do não conseguia dizer exatamente quando tudo começou a ficar desinteressante, mas apenas ficou. Se não fosse sua família quase o puxando, ele provavelmente nem levantaria da cama.

                O pequeno garoto não tinha ânimo se quer para se sentir excluído ou diferente. A vida andava muito esquisita. Tudo era meio cinza, frio, sem graça. Ele só conseguia pensar em qual seria o sentido da vida. Não de uma maneira filosófica como “O que eu estou fazendo aqui?”, mas de uma maneira que mais questionava coisas como: “Qual é a graça de viver assim?”; ou “Qual é o sentido de continuar vivendo se nada aqui vale a pena?”

                Ele sinceramente não tinha as respostas para essas perguntas e nem ao menos pensava em perguntá-las para alguém. Palavras são só palavras, e muitas vezes não honestas. As pessoas só diriam as mesmas coisas clichês de sempre e que nada afetariam na sua maneira de encarar a vida. Vida, que coisa mais estúpida. Nada que acontecia nela chamava a atenção de Do, Ele também acreditava que ninguém ao seu redor acrescentaria nada de interessante em sua vida. Então para que continuar? Não tem um bom motivo, certo? Talvez ele não devesse continuar…

 

* * *

 

                Assim que a aula de educação física terminou, Jongin tomou seu banho, trocou a roupa e terminou de zoar os competidores dos outros times. Ele e seus companheiros partiram pelos corredores, sem muito rumo. Todos na escola o admiravam. Ele chamava atenção sendo amado, desejado, idolatrado, amedrontado, invejado ou odiado. Quando criança era divertido pois era inocente e quase imperceptível, mas ao ficar cada vez mais velho ele foi apenas se perdendo. Nada mais fazia muito sentido mas ele não sabia muito como mudar. Se parasse de ser quem sempre foi, o que seria agora?

                Suas dúvidas começaram principalmente quando coisas estranhas começaram a acontecer com seu corpo. Não era a chegada da puberdade, as aulas de biologia já haviam explicado tudo muito bem. Mas de certa forma Jongin havia percebido que estava começando a “se mover muito rápido”. Primeiro achou que fosse sonâmbulo, pois sempre ia dormir em sua cama mas acordava ou no chão de seu quarto ou até em outro cômodo da casa. Depois, quando praticava esportes, notou que sempre aparecia em locais de maneira muito mais rápida e repentina que os outros alunos. Isso o fez ser disputado por todos os times de todos os esportes do colégio.

                Por fim, ele reparou que algo encontrava-se extremamente errado numa tarde quando estava atrasado para a escola no período passado e estava correndo para pegar o ônibus. Ele definitivamente iria perdê-lo, mas de repente estava do lado de dentro do veículo, quase como mágica. E apesar de ninguém ter dito nada, ele pode ver nos olhos de todos que algo estranho tinha acontecido ali. Será que ele estava ficando louco?

                Jongin pensou em ir ao médico tentar descobrir o que estava acontecendo, mas como ele explicaria todos esses casos ao doutor? Ele seria capaz de demonstrar para ele? Ou será que se tratava de algum problema de perda de memória imediata? E se não acreditassem nele e acabassem o mandando para um hospício? Jongin tentou pesquisar na internet também mas só achou histórias de nerds sobre super-heróis com super velocidade e teletransporte. Pois é, parece que a internet não sabe de tudo afinal de contas.

- Olha só quem está ali. – Um de seus amigos disse apontando para Minseok, despertando-o de seus devaneios.

                Jongin queria mudar, queria achar algo que fizesse mais sentido, que o preenchesse, porém ele vivia esbarrando com essas tentações. Os amigos o pressionavam a continuar a ser o mesmo de sempre, e alguns garotos como Minseok despertavam o que havia de pior nele. Ele não sabia porque Minseok o incomodava tanto, mas sempre que o via sentia uma vontade muito forte de simplesmente acabar com ele na frente de toda a escola. 

                O bochechudo estava agasalhado dos pés a cabeça enquanto lia um livro. Para todos os outros realmente o clima estava mais frio, porém Minseok estava vestido como se tivesse passando inverno na Antártida. E era realmente assim que se sentia ultimamente. Ele passou boa parte das férias de verão debaixo de cobertas. Seus pais estavam realmente preocupados, mas em todos os exames que passou parecia que estava tudo bem com ele, inclusive sua temperatura também estava na média.

- Olá hamster. Sentimos sua falta nas férias. – Minseok ouviu aquela voz que ele tanto temia.

- Jong... Jongin.

- Isso mesmo querido. Sentiu nossa falta também?

                O menor ficou estático em silêncio. Já era o primeiro dia de aula e ele já estava sendo encurralado. Aparentemente esse ano só seria a repetição de todos os outros. O tempo começou a escurecer, estava aos poucos ficando ainda mais nublado e cinza.

- O que foi, o gato comeu a sua língua? – Minseok respondeu que não, apenas balançando a cabeça. – Então mostra ela pra gente por favor.

                O bochechudo continuou parado como uma estátua. Não sabia o que fazer. Eles estavam no meio do pátio onde qualquer inspetor poderia vê-los, eles não fariam nada demais ali, mas sabia que se os irritasse muito em breve sofreria as consequências. Ele sentiu então as mão de Jongin esmagarem as suas bochechas com força e teve que segurar as lágrimas para não caírem.

- Eu disse para você me mostrar a língua, ou além de mudo agora você é surdo também? – E então Minseok obedeceu, mostrando a língua. – Bom cachorro. Agora, eu estou com fome e não trouxe nenhum dinheiro para o lanche. Me dá o dinheiro que você tem.

                Para sua sorte, ele tinha um pouco de dinheiro e esvaziou sua carteira na mão de Jongin. Agora não era apenas Minseok que sentia frio, a temperatura realmente tinha caído.

- Ah, muito bem. Vamos nos divertir muito esse ano, certo? – Jongin dizia fazendo carinho na cabeça de Minseok.

                Enfim os garotos foram embora e o bochechudo pode deixar algumas lágrimas escorrerem pelos seus olhos. Não foi tão ruim dessa vez, mas ele sempre se lembrava de quão ruim já havia sido e quão ruim provavelmente ainda seria. Isso nunca irá mudar. Ao mesmo tempo que uma lágrima caia pelas grandes bochechas de Minseok, um floco de neve caía do céu.

                Os alunos corriam o mais rápido possível para as partes cobertas do pátio para evitar se molharem com a neve. Era o início do outono, como pode ser que esteja nevando? Nem a previsão do tempo pôde prever isso. Os alunos passariam frio hoje, com a exceção de Chanyeol, que parecia incapaz de sentir tal sensação e Minseok, que era o único preparado para essa situação, aparentemente. 


Notas Finais


Uuuulll, parece que alguns poderes já estão se manifestando né?
Enfim, até a próxima babys <3
(Pois é, não tenho muito o que dizer agora haha, ainda estou muito no começo)


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