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História A(s)cender - Detenção


Escrita por: KimPH

Notas do Autor


Olha quem veio fazer comeback bem no estilo k idol, depois de quase 3 meses!
Eu sei gente, me desculpe. Pra quem me acompanhou em 73 viu que eu não costumava abandonar as histórias assim. Eu não sei se vocês gostam muito de ler livros mesmo, mas nós leitores temos uma expressão chamada "ressaca literária", que é quando não estamos muito no ânimo ara ler; então acho que tive algo parecido com a escrita. Depois que terminei 73, eu já quis começar logo uma nova história e postar. Queria continuar o contato lindo que eu tive com vocês e conquistar ainda mais novos leitores, então eu pulei de 73 para cá. Ainda calhou de ser em época e provas. Claro que elas já acabaram a tanto tempo, que as minhas últimas provas já vão voltar, mas mesmo assim... Em resumo, eu precisei de um hiatus de descanso depois do que foi 73. Aquela sempre será uma história muito especial para mim, por ter sido a minha primeira, como eu espero que seja para vocês de alguma maneira.
Mas eu estou voltando aos poucos. Como disse, minhas últimas provas do ano estão chegando, e têm algumas matérias que eu vou literalmente ter que aprender de novo, então eu só prometo o capítulo 3 lá pro meio de dezembro. Afinal, essa história também é mais complicada que 73, precisarei de mais atenção. não quero deixar fuos aqui como eu deixei lá. Mas fica a lição deu agora só começar a postar fics quando elas já tiverem quase prontas, como e fiz com 73, pra não perder mais prazos com vocês.
Enfim, espero que vocês gostem desse capítulo, e que não tenham desistido de mim. Espero lágrimas no final também hehehe.

Capítulo 3 - Detenção


Já havia um tempo que as costas do Yifan o incomodavam, mas hoje ele não deixaria que isso o perturbasse, hoje era um dia especial. Era a primeira vez vendo Tao desde que ele havia voltado das férias na China. Ele não fazia ideia da falta que sentiria do rapaz, já que gostava do mesmo mais do que como apenas um amigo. Toda essa distância e saudades acumuladas fez com que Yifan tomasse uma decisão. ele iria se declarar para Tao. É um risco que precisava correr, não podia mais viver escondendo seus verdadeiros sentimentos desse jeito.

                Até agora não havia tido nenhuma aula com seu amigo chinês. A nacionalidade foi algo que os uniu de início, afinal eram ambos estrangeiros neste país. Yifan mandou uma mensagem de texto para seu amado pedindo para que ele o esperasse na entrada da escola na hora da saída. Ele não queria se confessar na escola, em meio a tantos coreanos metidos e irritantes. Do lado de fora poderia ser ainda mais romântico também. Porém antes disso havia outra pessoa com quem Yifan precisava conversar urgentemente.

                O colégio era realmente gigantesco, mas foi muito fácil para Yifan encontrá-lo. Ele sempre ficava o intervalo todo escondido numa área muito pequena e apertada do pátio. Em um canto bem longe do restante das pessoas, exatamente entre a grade que dava para a rua atrás da instituição e o muro de um dos milhões de prédios da escola, lá estava ele. O jovem não se surpreendeu nada de encontrá-lo ali, Kyungsoo era muito previsível de uma maneira bem ruim, para ser sincero.

- Kyungsoo...

- Kris hyung! – Kris era o apelido de Yifan.

Ele se senta ao lado do moreno baixinho.

- Como você está? Eu estava morrendo de saudades do meu dongsaeng!

- Eu estou bem... E você?

                Era uma mentira, Yifan sabia disso. Kyungsoo era o único amigo coreano que Kris havia feito no colégio, e ele tinha certeza que era o mais próximo de amigo que o outro tinha. Algo nesse menino chamou a atenção dele de uma maneira tão forte quanto chamou em Tao, mas de maneiras diferentes. Enquanto que com Tao ele só queria se agarrar ferozmente para sempre, com Do ele sentia mais um sentimento de proteção. Era como se este fosse seu filhote ou algo do tipo. E ele aparentar sempre estar tão triste, sozinho e para baixo apenas intensificava esse sentimento.

- Eu estou ótimo. Lembra do menino do qual eu falei com você boa parte do ano passado?

- Lembro sim hyung.

- Então, vou me confessar para ele hoje.

- Sério? Que bom hyung! Depois me conte como foi, tá bom? – Toca o sinal do fim do intervalo.

- Bem, hoje é só o primeiro dia de aula, não perderemos muita coisa, provavelmente... por que não ficamos mais um pouco por aqui?

- Tudo bem... – Kyungsoo concorda.

                Do não tinha muito humor para nada. Para sair do seu esconderijo ele precisaria utilizar todas as suas energias, então pedir para que matasse aula até que não era uma má ideia. Não havia nenhuma matéria no colégio que ele realmente gostasse. Na verdade, a única coisa que podia transformar seus dias tão acizentados e apáticos era Kris. Ele tinha uma capacidade surpreendente de acalmá-lo. Quando Kyungsoo estava perto dele tudo parecia um pouco menos desconfortável e melancólico.

                Yifan tenta encostar suas costas na grade, mas sente um forte incômodo quase que instantâneo e volta a se sustentar sozinho. Já fazia uns dias que as costas dele estavam o matando. Parecia que algo o estava espetando ou coisa parecida. Ele tinha que pedir logo aos seus pais para ir ao médico e ver o que estava acontecendo.

- E como foram as suas férias enquanto eu estava fora?

- Normais. Eu dormi bastante. Acho que não fiz mais nada além disso.

- Você não saiu de casa nenhum dia? Com ninguém?

- Não.

- Kyungie, você já teve aquela conversa com os seus pais que eu disse que você precisava ter?

- Não, hyung.

- Kyungsoo, nós já falamos sobre isso. As coisas não podem continuar assim. Se você não for conversar com os seus pais sobre isso, então eu mesmo irei.

- Eu sei hyung, prometo que irei...

                Eis então que do nada, Kris sente uma presença ao seu lado e quando se vira, ele bate de frente com Junmyeon. Além do rapaz ser um sênior do segundo ano, este também exercia a função de inspetor de corredor como atividade complementar.

- Creio que os senhores ouviram muito bem o sinal para a próxima aula que tocou a uns cinco minutos atrás, certo? – Junmyeon disse.

- Sim, nós ouvimos. – Respondeu Yifan sinceramente.

- Ótimo, então como gostam tanto de ficar por esta instituição, acho que não vão se importar de ficar mais um pouco por aqui depois da aula, certo?

                Junmyeon anota algo em seu bloco de notas e entrega uma folha para Kris e outra para Do.

- Detenção, mas logo hoje? Hoje eu não posso... – Yifan começou.

- Devia ter pensado nisso antes de ficar matando aula. Agora vão para as suas respectivas aulas.

                Não tendo muita escapatória, ambos obedeceram e foram acompanhados pelo fiscal de corredor que os seguia logo atrás. Droga, Wu teria que avisar a Tao que ele ficaria na detenção e que não poderia encontrar como ele no final da aula. Detenção no primeiro dia é o novo recorde.

 

* * *

 

                Luhan mal podia crer que estava nevando no início do outono. Ele sabia que isso não era normal na China e nem na Coréia, e por isso não estava preparado para enfrentar tal clima. Seus braços estavam de fora enfrentando o frio pois o casaco estava em sua classe. Teria de usá-lo quando voltasse, mas agora sua mente estava focada em achar seu Baozi.

                Não demorou muito para encontrá-lo espremido em um banco do pátio do colégio. Luhan não sabia dizer ao certo o que chamou primeiro a sua atenção em Minseok, ele tinha muitas qualidades. Era o menino mais fofo que ele já havia conhecido, era super inteligente, uma gracinha, um doce de pessoal, então ele não conseguia compreender como alguém era capaz de fazer mal a ele. Minseok sempre foi muito bom em esconder seus sentimentos para si, por isso Luhan não notou logo de ínicio a tristeza que, apesar de contida, transbordava através do olhar do rapaz. Conforme o tempo passava, os garotos puderam se conhecer melhor fazendo com que Luhan chegasse a conclusão de que toda aquele sentimento não poderia ser provindo de seu meio familiar –já que Minseok tinha uma ótima relação com eles–, e sim de outro lugar. Suas maiores suspeitas eram o ambiente escolar de ambos.

                Desde que percebeu isso o chinês não desgrudou de seu namorado. Sim eles começaram a namorar durante as férias. Luhan estava sempre atento para quem ameaçasse seu Baozi, mas o problema é que ele não podia estar perto do outro o tempo todo, certo? Se ao menos Minseok permitisse se abrir... e ele podia ver que seu amado chorava. Suas lágrimas caíam quase que simultâneamente aos flocos de neve, e isso partia seu coração. Luhan estava decidido a se vingar de quem quer que fosse o responsável pelo sofrimento de seu amado. Porém infelizmente, não haviam poucas pessoas das quais ele pudessem acusar de tal ato, ao menos não sozinho.

                Assim que ele começou a se aproximar, Minseok percebeu e engoliu seu choro em segundos. Por que ele cria tantos muros assim? O outro simplesmente não podia mais aguentar calado.

- Baozi? – Ele pergunta.

- Lu, e aí, como foram suas aulas até agora? – Minseok pergunta naturalmente. Ele inventou o poker face também.

- Foi ok, mas... você tá bem?

- Sim, por que não estaria?

- Porque você estava chorando até agora. Eu vi.

- O quê? Ah, que nada! Só caiu um cisco no meu olho mesmo...

                Luhan senta ao lado do outro e põe seu braço ao redor dos ombros dele. Minseok vira-se para ele e ambos trocam um olhar sério por um segundo, um olhar cheio de preocupação, amor e todo tipo de afeto.

- Você sabe que além de ser a pessoa mais fofa do mundo, você também é uma das mais fortes que eu conheço né? – Diz Luhan.

- Eu sou?

- É sim. Mas sabe, às vezes é preciso ainda mais força para pedir ajuda para enfrentar seus problemas.

- É mesmo é? Vou pensar nisso.

                Os dois já estavam sorrindo um para o outro e Minseok já estava se sentindo melhor agora. Tudo com Luhan sempre era melhor. Ele é tudo o que o mais velho precisava no momento. Jongin não passava de uma lembrança quase esquecida ao lado do seu amado, e juntos eles mal se lembravam que estavam no colégio. Por isso nem ao menos se deram conta quando começaram a se beijar, ou melhor, se agarrar de forma intensa, com beijos longos e apaixonados e carinhos trocados.

- Onde os senhores pensam que estão?!

                Os pombinhos se separaram rapidamente enquanto eram encarados de perto pelo inspetor de corredor, Junmyeon. O rosto dele estava vermelho e eles já podiam visualizar as fumaças saindo de suas narinas.

- Isto daqui é uma instituição escolar e não um motel! – O sênior pega um bloco de anotações e uma caneta. O casal já sabia no que isso daria. – Bem, acho que teremos mais dois para a detenção de hoje… E É APENAS O PRIMEIRO DIA DE AULA! – Ele entrega os castigos por escrito para os dois. – E tratem de voltar para sala de aula pois o sinal já tocou!

- Sim, hyung! – Eles dizem ao mesmo tempo e depois correm em rumo às suas respectivas salas.

 

* * *

 

                Chanyeol não tinha dúvidas, aquele era o menino que aparecia em seus sonhos por diversas vezes, mas ele precisava de uma confirmação. Ele precisava chegar perto e tocar nele para ter certeza de que ele realmente era real. Precisava saber de tudo, seu nome completo, sua idade, como ele era e principalmente se já haviam se conhecido antes. Precisava saber se o outro também sonhava com ele. Precisava entender o porquê daquilo tudo.

                Após a aula de ginástica ter terminado, Chanyeol tomou o banho mais rápido da sua vida para seguir os passos de Do. Apesar do professor tê-lo chamado, Chanyeol ainda conseguia de perder pelo colégio. Por que diabos aquele lugar tinha que ser tão grande?  O sinal já havia tocado e ele iria perder a oportunidade de se apresentar ao Do.

                Pensando bem, ele nem havia parado para pensar em como faria isso. Não podia simplesmente se aproximar e dizer: “Olá, eu sou o Chanyeol. Sonho com você quase todas as noites durante os últimos dois anos. Vamos ser amigos?” O garoto iria achar que ele é louco. Bem, talvez fosse mesmo. Essa situação toda era muito estranha.

                De repente, Chanyeol ouve um barulho estranho que o pega de surpresa. Nada muito estrondeante, mas o corredor estreito e pouco iluminado, que também estava extremamente vazio e silencioso até então colaborou para o susto que levara.. Ele se vira para trás para conferir o que poderia ser, quando aleatoriamente uma pessoa caiu em cima dele. Chanyeol acabou se desequilibrando também e ambos caíram no chão.

- O-o que você tá fazendo?! – Chanyeol, resmunga.

- Me desculpe, me desculpe!

                Quando ele olha para a pessoa que se desculpava, reconheceu ser Baekhyun, o menino que ficou o encarando durante toda a primeira aula e que Tao havia dito que era louco. Pensando bem, Chanyeol conseguia se lembrar do menino sempre passando por trás dele em vários momentos durante o intervalo. Havia achado que era coincidência, mas agora já não tinha tanta certeza assim.

- Cê tá me seguindo cara?!

- Eu... hã...

- Será possível que as crianças dessa escola resolveram enlouquecer todas juntas? – Ouviram uma terceira voz.

                Chanyeol ficou um pouco confuso pois não sabia quem era o outro menino, mas pela sua postura e a forma que anotava as coisas em seu bloquinho, ele imaginou que este, além de mais velho, era provavelmente um figura de poder no colégio.

- Matando aula também é? Até você aluno novo? Não é um bom começo.

- Existem coisas mais importantes do que aulas. – Disse Baekhyun.

- Claro que existe. Vá pensando assim na detenção. De repente seus amigos ET’s venham te resgatar do castigo. – Junmyeon entrega os papéis com os castigos escritos para ambos. – Acho que hoje devemos quebrar o recorde de sala de detenção mais cheia no primeiro dia de aula. Agora vão para as suas aulas!

                Ótimo! O menino ET acabou o atrapalhando, não achou Do e ainda está de detenção. Melhor primeiro dia de aula numa escola nova. Bem, a essa hora provavelmente Do já deve estar em sala. Chanyeol devia ter voltado bem antes, não há mais nada que se possa fazer. Ele agora só espera que Baekhyun não esteja na mesma classe que ele.

 

* * *

 

“Não posso voltar para casa com você hoje. Peguei detenção. Depois conversamos”

Kris

                Ah mas isso não está acontecendo! As coisas estavam melhorando cada vez mais com Yifan. Ele já sabia que amava o outro, não aguentava mais passar um dia sem beijá-lo e tinha certeza que o outro se sentia da mesma maneira. Kris disse que precisava conversar com ele e Tao tinha certeza que essa “conversa” era uma confissão. De jeito nenhum que ele iria permitir que isso fosse adiado por um dia a mais se quer. E o que esse idiota tinha feito para ficar retido logo no primeiro dia de aula?

- Lay, venha, vamos para a detenção. – Tao o avisou logo puxando seu amigo pela mão.

- O quê? Por quê? Eu não fiz nada de errado para ir para detenção! – Yixing protesta.

- Yifan está lá! Vamos esperar ele para irmos embora juntos.

- Mas eu vou ficar apenas segurando vela para vocês dois!

- Quando formos embora aí você segue o seu caminho e nos deixa sozinhos.

- Se eu não for embora com vocês então por que eu tenho que ir também?

- Porque as idiotices que você faz e fala são hilárias, e nós precisamos de distração para aguentar sei lá quanto tempo dentro daquela sala, sem nada para fazer.

- Mas eu não quero ficar!

- E eu lá estou perguntando o que você quer ou não? Apenas cale essa boca e venha comigo.

                Ao chegar na sala da detenção, Tao apenas vê o delinquente juvenil do Kim Jongin – que por sinal, habitava aquele lugar quase como sua segunda moradia –, o lunático do Byun Baekhyun, uns três alunos que ele não conhece e o novato Park Chanyeol, para sua surpresa.

- Ora, ora, menino Park, você não me disse que era um menino problemático. – Tao começou assim que entrou em sala.

- E eu não sou!

- Então como já está de detenção no primeiro dia de aula?

- Eu podia te fazer a mesma pergunta.

- O que acontece é que eu não peguei detenção. Estou aqui por vontade própria, para esperar uma pessoa.

- Entendi... E eu fiquei apenas perdido nesse castelo que chamam de escola..

- Ah sim. Bem, você se acostuma. A propósito, esse é meu amigo Yixing. Ele também é chinês. Yixing, esse é Chanyeol, novo na escola.

- Prazer em conhecê-lo. – Chanyeol o cumprimenta.

- O prazer é todo meu. E pode me chamar de Lay se quiser!

                Enquanto eles apertavam a mão um do outro, Kyungsoo e Yifan entraram na sala de aula.

- E a pessoa que eu estava esperando chegou. Até mais Chanyeol...

- Tao, espera! Quem é esse menino de cabelos pretos que acabou de entrar na sala? É ele quem você estava esperando?

- Não, eu estava esperando o loiro. O outro se chama Do Kyungsoo. Ele é meio que amigo do Kris.

- Você é amigo dele também?

- Não. Acho que a única pessoa mais próxima de amigo que ele tem é o Kris mesmo. Ele é muito quieto, muito tímido, pouco participativo. Dizem por aí que ele tem depressão, ansiedade, bipolaridade, e todas as doenças psicológicas que você possa imaginar.

- Hum.... – Murmura Chanyeol pensativo.

- Enfim, eu vou lá sentar com o Kris. Te vejo por aí Chanyeol.

- Tudo bem.

                Tao vai até o fundo da sala e finalmente é notado por Yifan. Mais uma vez a porta se abre, e dessa vez quem entra é a mesma pessoa que o pôs ali.

- Boa tarde, meu nome é Kim Junmyeon. Sou formando e inspetor de corredor. Nenhum professor pôde ficar com vocês hoje, então me pediram para que eu mesmo passasse as tarefas que vocês terão que fazer para poderem ser liberados...

- Com licença. – Alguém diz ao entrar na sala. – Desculpem-me pelo atraso.

- Oh Sehun? Seu nome não está na lista de detentos de hoje. – Diz Junmyeon.

- Ah, eu não estou de detenção. Me pediram para que eu te ajudasse a supervisionar os alunos detentos.

- Ah sim. Então por que você não pega a lista de tarefas e as distribui igualmente entre os alunos que estão aqui enquanto eu escrevo os recados no quadro?

- Claro!

                Sehun pega uma folha de papel e corta as tarefas separadamente. Elas eram todas sobre a limpeza e organização do colégio. Ele se sentia grato por não precisar ajudar com elas, mas estava com pena dos outros. Seus olhos avistaram logo um de seus amigos e Sehun foi até ele. Seria o primeiro a descobrir qual seria o seu castigo.

- Jongdae, o que você está fazendo aqui?

- A professora de matemática insistiu que minhas contas estavam erradas e elas não estavam. Eu tive que refazê-las todas na frente da turma para provar que estava certo. Digamos que eu me exaltei um pouco, a professora não gostou muito, e cá estou eu.

- Você não tem jeito mesmo né menino? Aproveite a detenção então. – Sehun entregou-lhe uma tarefa aleatória e seguiu para o próximo aluno.

                Estavam todos aqui, todos os doze. Baekhyun reconheceu cada um deles. Ele tinha certeza que eram eles, na mesma sala. E ele sabia que tudo aquilo não era apenas um sonho. Foi real demais. E como ele saberia como eram os rostos dos outros? Finalmente todos se reencontraram e para Byun, isso queria dizer alguma coisa. Algo iria começar.

 

* * *

 

- Você é louco. Não acredito que foi para detenção e me ajudou na minha tarefa mesmo sem ter precisado. – Yifan não conseguia esconder o sorriso em seu rosto.

- Eu sou mesmo. Passei boa parte da tarde esfregando os banheiros do segundo andar com você. Minhas costas estão me matando e eu preciso urgentemente de um banho.

- Ah, Lay nos ajudou bastante também.

- Ele só estava lá porque o obriguei. Já eu estava por pura caridade, portanto, mereço o dobro da gratidão que ele merece.

- Você é hilário ZTao. – Yifan riu e pegou na mão do outro menino.

                Quem sacrifica boa parte da sua tarde só para limpar os banheiros da escola com um amigo qualquer? Kris estava muito seguro de que seus sentimentos por Tao eram recíprocos. Na verdade, ele não conseguiu parar de sorrir como um retardado desde que viu que o outro ficaria na detenção com ele.

                E é em parte por isso que Yifan se apaixonou por ele. Tao se escondia por trás de ironia e piadas constantes mas ele era uma boa pessoa no fundo. Ele tinha facilidades em fazer amigos, era sempre interessado, e se preocupava de verdade com as outras pessoas. Não queria que elas percebessem isso, mas ele percebia. Kris era ótimo em perceber as pessoas.

                E não haveria nunca um melhor momento para que confessasse os seus sentimentos. Eles estavam ali, com uma forte conexão, caminhando por entre uma praça que era caminho entre a escola e o ponto de ônibus dos dois e logo em um dia onde Tao passado a tarde demonstrado seu afeto por ele. Sim, era bem romântico mesmo.

- Sabe Tao... Eu acho que te amo. – Yifan soltou a bomba.

                Ele poderia ser meloso; explicar como seus sentimentos nasceram em detalhes; como não importava o fato de ambos serem homens; como Tao era único para ele; mas isso não era certo. Não combinava com seu relacionamento com o outro. Às vezes as palavras mais simples são as mais significantes. Muitas palavras acabam tirando o peso de algumas, e Kris sabia que o outro as entenderia.

- Você acha? Eu tenho certeza! – Tao responde, puxando-o pelo uniforme e beijando-o em plena praça pública. Estrangeiros e homossexuais, não poderiam ser mais queridos pela sociedade coreana.

 

* * *

 

                Kris simplesmente não podia acreditar no que tinha acabado de acontecer. Agora ele está namorando ZTao. Olha no que ele se meteu... mas não poderia estar mais feliz. Ambos devem ter deixados uns três ônibus passarem para poder saciar o desejo de beijar o outro que estavam sentindo a literalmente mais de um ano.

                E então finalmente resolveram que já estava ficando tarde demais e logo os pais de ambos iam pôr a polícia inteira da cidade atrás deles, por isso resolveram se separar e ir para suas devidas casas. Foi torturante, mas o que os segurava era a certeza de que eles iriam se ver novamente amanhã e poderiam voltar a se agarrar feito dois gatos no cio. Coisas além de beijo já estavam passando pela mente de ambos.

                O céu já estava ficando escuro. Além de Yifan morar em um bairro residencial tranquilo, o horário de pouco movimento daquela segunda-feira justificava o completo vazio nas ruas em que passara, ou ao menos assim acreditava. Mas Kris não prestava mesmo muita atenção nisso, ele literalmente cantarolava, e o jeito que andava era facilmente confundido com uma dança. Estava estampado em seu rosto que estava feliz e apaixonado.

                Mas infelizmente já era tarde demais quando percebeu que uma criatura negra surgira a poucos centímetros de si naquela rua que havia se tornado tão sombria durante sua distração. Era um ser em formato humanóide, mas não era um homem exatamente. Parecia uma sombra sem rosto, completamente preto. E no lugar de sua mão havia algo em formato de lâmina da mesma cor escura, como se fosse parte de seu corpo.

                Kris nem teve a chance de se defender ou correr quando sentiu seu abdômem ser perfurado pela sombra daquela criatura estranha. Sentiu seu estômago ser rasgado e partido repentinamente. O sangue escorria de forma tão acelerada que podia sentir o calor do líquido vermelho escorrendo por suas roupas até chegar em seus pés. Yifan não sabia o que pensar. A alguns segundos atrás era a pessoa mais feliz do mundo, mas em literalmente um piscar de olhos, a vida mostrou que ninguém está à salvo, que nunca ninguém nesse mundo será poupado, independente das circunstâncias.

                Em seu rosto, era possível ver diversas expressões diferentes. A dúvida, a surpresa, a dor e a tristeza. Afinal, o que estava acontecendo? O que era este ser? Da onde ele veio? Por que estava aqui? Por que atacar justo ele, justo hoje? Era este o seu fim? Eram tantas perguntas que este simplesmente não poderia aguentar o turbilhão que passava em sua cabeça. Sentiu sua vida lentamente esvaecendo através da enorme fenda em sua barriga, ainda sendo preenchida por aquela matéria negra que parecia apertar suas entranhas. Dor. Kris agonizava em silêncio enquanto lutava com todas as suas forças para ao menos manter-se lúcido, tentando não implorar por uma morte mais rápida para que pudesse parar de sentir aquilo. Seu rosto já estava molhado em lágrimas. Olhou para o céu escuro e pôde sentir os pequenos flocos de neve caírem em seu rosto. Pensou em sua família que havia deixado na China sem poder se despedir uma última vez. Pensou em seus amigos e também naquele pequeno menino que não merecia sofrer ainda mais.

                Mas pensou principalmente naquele rapaz.

                Aquele que fez com que Kris conhecesse o amor. Aquele que o esperaria na manhã seguinte com os olhos brilhando de alegria. Aquele que o apresentaria como seu novo namorado para toda a escola, o fazendo se sentir feliz, mas também envergonhado. Aquele que achou que finalmente poderiam imaginar um futuro longínquo um ao lado do outro, que criariam lembranças tão valiosas, e que recuperariam o tempo perdido por causa da timidez e insegurança que os impediram de admitir seus sentimentos mais cedo.

                Mas também aquele em que apenas a lembrança de seu sorriso era o suficiente para que Kris achasse forças para dizer, através de seus lábios já pálidos e banhados em sangue, suas últimas palavras:

- Tao…m-me…d-desc...ulp- E antes que pudesse terminar sua frase, foi interrompido pelo impulso de algo sendo puxado de seu abdômen ferozmente, e a última coisa que pôde sentir antes de seu corpo cair no chão foi um suspiro frio batendo em si, enquanto a figura em sua frente lentamente se dissipava entre as sombras, deixando para trás apenas um corpo sem vida de um jovem que por alguns instantes achou que poderia ser realmente feliz.

                Ao longe foi possível ouvir um baixo sussurro pelo ar que parecia ter dito algo semelhante às seguintes palavras: “Menos um”.


Notas Finais


Minha revisora gostaria de enfatizar que ela deu uma boa engordada nos parágrafos finais, então ela quer os créditos para caso vocês derramem lágrimas.
Gente, eu tenho a impressão que Krisoo era bem próximo né? Kris parecia ser um hyung muito atencioso e protetor do D.O.
PS: Sim, além de Chansoo, eu shipo Xiuhan também. Sim, eu sou uma completa negação no fandom haha.
Espero que tenham gostado. Beijos e até a próxima, que eu espero que seja em breve. (Com certeza será mais rápido haha)


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