História Assassinato Na Rua 13 - Cap. 14 - Arrears

P.O.V Normani

Eu ainda encarava aquela folha de papel pardo, atônita, quando Ashlee tocou meu braço para se certificar que eu estava bem, e não, eu não estava nada bem e nem poderia, eu acabara de descobrir que todo meu martírio era causado por minha própria mãe, ela me traiu, todos eles nos traíram, nós éramos apenas adolescentes e eles nos deram para pagar uma dívida, eu estava arrasada, melhor dizendo, eu estava destruída e ainda teria que contar a má notícia aos outros. Tudo estava acabado. Meu objetivo era poder sair daqui e rever a minha mãe, porque a saudade que sinto dela, literalmente dói, e agora eu não teria mais pra onde ir, eu havia sido traído e isso dói, mas não mais que a decepção, isso era o pior.

- Normani? - a voz de Ashlee me tirou de meus desvaneios - o que você acha?
- É óbvio, nós somos o pagamento de uma dívida, a conclusão de um acordo até então, inacabado.
- Acha mesmo que tia And faria isso?
- Eu não sei, eu quero acreditar que não, mas meu coração me diz que sim. Eu sinto, e vejo que tudo parece se encaixar, como o fato de nossos pais nunca terem nos procurado faz sentido, aqui não é o lugar mais secreto do mundo, qualquer policial nos encontraria, mas a quentão é essa, a polícia nunca foi acionada para nós, porque nossos pais nunca os procuraram.
- Qual é Normani!? eu sou policial e estou aqui.
-Você não está aqui por nós, está aqui porque Drake é um criminoso cruel e precisa ser detido.
- Tenho que concordar, o foco da investigação inicial, era Drake, mas aí chegamos aos nomes dos seus capangas, e seu nome estava lá, foi aí que eu decidi que queria me infiltrar, eu queria te ajudar.
- Me diz, se eu não tenho motivos pra acreditar que nossos pais não nos entregaram? Porque eles, sim eles, deviam ao Drake.
- Tenta ficar calma Normani - ela disse quando comecei a tremer e a chorar - vamos averiguar isso tudo, vamos procurar por mais papéis ou qualquer coisa que possa fazer sentido, aí sim, nós pensaremos em que atitude a gente vai tomar, inclusive denunciar os pais de vocês.
- Denunciar? Você acha que minha mãe pode ser presa? - me peguei tomada por uma enorme preocupação, coisa que eu não devia fazer, não devia me preocupar com a mulher que supostamente me entregou na mão de um bandido quando eu tinha apenas 17 anos, mas eu não conseguia ignorar o fato dela ser minha mãe, e ela sempre foi tão boa, cuidadosa e amorosa, eu nem devia desconfiar dela, mas depois desses anos todos eu aprendi que havia muita maldade no mundo, tanta que eu nunca poderia compreender.
- É claro que sim Normani, vocês eram todos menores de idade, com excessão de Ally, e foram entregues na mão de um louco.

Fiquei pensando sobre o que Juno me disse, e ela tinha razão, se nossos pais realmente fizeram isso, eles teriam que pagar.

- Ash? Será que a gente pode falar sobre isso com a Lauren e a Camila?
- Não sei Mani, isso pode comprometer a missão, e eu não sei se posso confiar nelas.
- Mas eu sei, elas são incríveis e totalmente de minha confiança - fiz uma pequena pausa - isso tudo vai me sufocar se eu não puder conversar com elas, acho que vai ser um choque pra elas, como foi pra mim, mas não posso esconder algo tão importante.
- Tudo bem Normani, eu entendo. Combine com elas de nos encontrarmos aqui, amanhã à noite, Drake viajará e vai ficar longe por dois dias, será nossa chance de descobrir algo novo.
•••

O resto da noite de ontem e parte do dia de hoje, haviam corrido normalmente. Tentei agir naturalmente quando vi Drake e mantive tudo sob controle, o casalzinho ainda estava sem falar comigo direito, já Ally havia me procurado pra conversar.

- Normani? Será que você tem um minuto? - perguntou parecendo uma criança tímida. O que era totalmente diferente do que Ally costumava ser.
- É claro, sempre tenho tempo para um velha amiga - respondi cínica.
- É complicado sabe? - ela começou e eu a encarei confusa- Eu não queria ter  traído vocês, você sabe o quanto eu te amo e amo as meninas, a gente sempre foi uma equipe, ou melhor, uma família, mas Zendaya me cegou com suas promessas, ela me prometeu que eu teria a chance de  reencontrar o Nick, e talvez você não entenda mas o amor de uma mãe e maior que quase qualquer coisa que possa haver nesse mundo... Se você puder me perdoar, se nós pudermos voltar a ser amigas, eu ficaria muito feliz, isso tiraria um peso enorme das minhas costas.

Ao fim de suas palavras ela já tinha lágrimas correndo por seu delicado rosto e eu usei meus polegares para secá-las.

- Não chora, quem sou eu pra te julgar, ou pra não te perdoar? - questionei já envolvendo a pequena em meus braços - eu te amo Allycat.
- Eu também te amo Mani - respondeu se aconchegando em meus braços.
•••

Eram pouco mais de 10 horas da noite e eu estava indo ao nosso local de encontro, agora Ally também estava inclusa em nosso grupo, ou melhor, novamente inclusa, com relutância consegui convencer Camila e Lauren a se encontrarem comigo e com Ashlee, elas pareciam não confiar mais em mim pois sabiam que eu escondia algo, mas hoje eu revelaria tudo o que tem acontecido e tudo o que descobri.
Tive que esperar mais dez minutos até que Ashlee chegasse acompanhada de Lauren e Camila que mal me cumprimentaram e pareciam terrivelmente impacientes, principalmente Lauren, que tinha o gênio mais difícil.

- Porque não diz logo o que quer Normani? - Lauren quebrou o silêncio.
- Ainda falta a Ally - respondi como se fosse óbvio.
- Espera aí!? Você chamou aquela traidora também? Você esqueceu que ela preferiu ficar do lado da Zendaya, e vale a pena frisar, que elas queriam matar a Dinah!?
- Minha intenção nunca foi fazer mal à Dinah, e muito menos trair vocês, mas eu fui enganada - Ally havia surgido sem que eu me desse conta - ela disse que se eu ficasse do lado dela, eu teria a chance de rever o meu filho uma última vez, hoje eu percebo o quando isso soa tolo, porque eu fui burra, fui cega em acreditar em Zendaya, e de coração eu peço que me perdoem, eu sou uma de vocês, eu sempre fui.
- Aaah Ally! - Camila exclamou - eu sabia que teria alguma razão pra essa sua suposta traição, e é claro que nós te perdoamos, né Laur? - disse se voltando para a namorada que fazia cara de poucos amigos.
- Pode ser - respondeu seca.
- Bom, vamos direto ao assunto, não podemos ficar por muito tempo aqui, Drake viajou, mas nós sabemos que ele tem seus "olhos" em todos os lugares - Ash se pronunciou - acho melhor você falar Normani.
- Meninas, eu nem sei como começar a contar tudo pra vocês, a história é tão longa e tão desgastante... Mas é melhor que vocês saibam toda a verdade...
- Fala logo Mani, você está me assustando - Lauren se pronunciou depois de um longo tempo calada.
- Vou ajudar a Normani... primeiramente me apresentando - agora Ashlee tinha tomado a frente dado o fato de eu ter ficado muda - meu nome vocês já sabem, mas ao contrário do que imaginam eu não estou do lado de Drake, estou do lado de vocês, eu sou da polícia e eu estou aqui em missão, me infiltrei para poder achar provas concretas dos crimes de Drake, pelo menos de parte deles - falou tudo enquanto revezava o olhar entre Lauren, Ally e Camila - em uma das minhas buscas por provas, eu achei um papel que tem  seus nomes e os nomes de seus pais.
- Ele está aqui comigo - falei tirando o papel do bolso da calça jeans que eu usava - quero que olhem e tirem suas próprias conclusões.

Entreguei o papel para Camila, que estava entre Lauren e Ally, e ambas se aproximaram pra poder ler o papel. Elas levantaram o olhar na mesma hora, mas cada uma tinha um expressão diferente. Lauren demonstrava raiva, Ally tristeza e Camila descrença.
- Não pode ser, isso não faz sentido.
- Camila, eles nunca nos procuraram, eles nunca sequer comunicaram a polícia, Ashlee saberia... Eu sei que é difícil de acreditar, de assimilar tudo isso, mas... Eles nos deram como pagamento à Drake, eu não sei do que se trata, qual era essa dívida, e isso é o que eu mais quero descobrir, se minha mãe me deixou crescer ao lado de um bandido, me fazendo uma assassina, eu quero saber o porquê.
- Eu preciso de provas - Camila disse séria, as outras duas pareciam chocadas demais para dizer qualquer coisa ou contestar.
- Então vamos atrás de provas - falei e logo me direcionei a Ash - acha que podemos entrar lá agora?
- Creio que agora é o melhor momento, dado a hora e o fato de Drake estar longe... Vamos invadir.

Andamos em direção ao conjunto de casas que haviam ao redor do grande galpão, a maior delas era onde Drake ficava, e era o nosso destino.

- Claro que estaria trancada - falei frustrada ao mexer no trinco da porta.
- Você não contava com o fato de eu ter uma cópia da chave - disse Ashlee já destrancando mesma, eu estava impressionada - até Drake se distrai as vezes - disse respondendo à nossas caras espantadas.
- Ok, vamos começar a procurar, vamos cada uma pra um lado, para podermos sair rápido daqui - falei.

Ficamos cerca de 10 minutos em meio à livros, papéis e poeira, não parecia haver nada demais, já estávamos desistindo quando Camila pegou um livro grande na estante, e ao abrir viu que não era um livro, era uma caixa que passaria despercebida por qualquer um.

- Acho que encontrei a prova de que precisava - falou e eu me aproximei para ver do que ela falava.

O conteúdo da caixa era constituído por documentos pessoais e fotos, inúmeras fotos. Além de todos os nossos documentos, haviam fotos de diferentes fases de nossas vidas, desde que éramos bebês até a adolescência, o que mais me chamava a atenção era que eu nunca havia visto aquelas fotos e quando questionei isso ao resto do grupo, todas afirmaram nunca terem conhecimento de tais fotos. Isso pelo simples fato de elas não serem fotos comuns, todas haviam sido tiradas sem que ninguém percebesse, e isso só queria dizer, que nós éramos espionadas por Drake, desde sempre.