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História Assassin's Creed: Aftermath - Haytham e o Credo


Escrita por: B4dWolf

Capítulo 40 - Haytham e o Credo


Um silêncio estranho permanecia na sala. Todos os nossos olhos estavam voltados para a porta da biblioteca. Nenhum som era possível de ser escutado dali, devido a robustez da porta e das paredes. O fato de nenhum grito ter sido escutado, entretanto, já era algo que beirava ao otimismo para mim.

Minowhaa brincava com sua lâmina oculta, enquanto isso. Ejetava e recolhia preguiçosamente sua arma, como se estivesse exercitando, diria que se preparando para enfiá-la na carne de certa pessoa que eu conhecia bem. Mal sabia ele que seria necessário passar por cima de mim para conseguir este objetivo. Impedi que a Morte alcançasse meu pai muitas vezes para chegar a este momento. Não seria Minowhaa quem me superaria.

Os demais Assassinos também estavam inquietos. Provavelmente, temiam um confronto. Não porque poderiam ser completamente derrotados por meu pai, afinal estavam em vantagem numérica, mas por respeito à mim, temiam que suas hostilidades me magoassem.

–É quase inacreditável... – disse Dobby. – Este homem... Nós nos formamos Assassinos ouvindo coisas terríveis sobre os Templários, e agora, temos um Grão-Mestre querendo estar ao nosso lado.

–Isso é mesmo estarrecedor. – disse Clipper. – Mal sei o que pensar.

–Eu sei.

O burburinho entre eles foi silenciado pela voz de Duncan Little. Desde que meu pai apareceu por ali, eu o senti mais retraído. Por mais que eu soubesse que ele tivera um tio assassinado por meu pai, jamais poderia pensar que aquela lembrança de criança ainda o afetasse, a ponto de faze-lo retraído.

–Eu presenciei com meus próprios olhos o que aquele homem é capaz de fazer. Estava em um teatro em Londres, quando tinha oito anos de idade e...

Oh, céus. Ele está contando sua história de vida a todos...

–... Fui procurar o meu tio, que assistia ao espetáculo daquela noite em um camarote. Tinha acabado de voltar do banheiro quando eu o encontrei. Meu tio estava ainda sentado, mas pude notar seu corpo pesado. Havia sangue pingando por meio de um furo em sua cadeira. E atrás dele, estava ninguém menos que Haytham Kenway.

Pude ouvir urros de horror, que logo foram disfarçados quando notaram que eu prestava atenção ao seu relato também.

–Eu vi uma faca voltar para dentro de seus punhos, ainda suja de sangue. Pensei que era o meu fim, também. E quando seus olhos voltaram para mim... Eu... Foi estranho. Era como se... Como se ele pudesse ver o que se passava dentro de mim. E para alimentar o meu medo, ele levou o dedo aos lábios, claramente pedindo que eu não alertasse ou contasse à ninguém o que se passara ali. Depois, simplesmente deu meia-volta. Fiquei estático. Eu sei que ele é seu pai, Connor. Aliás, eu soube disso desde o momento em que te vi pela primeira vez, pois vocês são parecidos, mas devo dizer que a imagem dele me assombrou em pesadelos por anos. Demorei muito a superar, e no entanto... Agora, sou obrigado a estar em sua presença.

–Duncan... Eu sinto muito... – tentei começar, mas ele me impediu.

–Você não deve pedir desculpas, pois nada tem haver com o que aconteceu. Só agora, sei que meu tio Miko foi mais uma vítima da Guerra entre Assassinos e Templários. Uma vítima inocente, assim como o seu irmão, Jim, e muitos outros espalhados pelo mundo. Mas quanto ao seu pai... Eu só espero que vocês respeitem a minha decisão de jamais me unir a ele em qualquer coisa. Permanecerei fiel aos Assassinos, mas não devo qualquer lealdade ao Assassino de meu tio.

–Como queira. – disse Minowhaa, aparecendo na conversa repentinamente. – Você tem motivos importantes para não desejar estar ao lado de Haytham Kenway. Eu também tenho, como bem sabe. No entanto, meu dever de Assassino é maior que a minha desavença. Irei respeitar sua decisão, mas saiba, Duncan, que estou muito decepcionado com sua atitude. Isso mostrará àquele Templário que nossa Ordem é forjada sob covardes.

Negativei com a cabeça. A fala de Minowhaa havia sido péssima. Duncan não merecia ser chamado de covarde diante de seus colegas.

–Chama-me de covarde por não ter estômago de estar ao lado do assassino de meu tio?

–Você ouviu bem o que eu disse. Quer que eu repita?

Vi claramente no olhar de ambos que uma briga estava prestes a acontecer. Por sorte, toda a atenção se voltou à porta da sala de estudo de Achilles, que se abriu em momento oportuno, cessando imediatamente a briga. Quando a porta se abriu, notei Achilles e meu pai saindo lado a lado, educadamente.

–Mentor... – tentou Minowhaa, se aproximando, mas Achilles o deteve.

–Caros companheiros... – disse meu eterno Mentor, solenemente. – Após conversarmos, decidi que o apoio de Haytham Kenway à Nossa Ordem será... Considerado.

Uma sensação de alívio passou por mim. Meu pai trazia um sorriso triunfante, enquanto Minowhaa ainda franzia a testa, mas com pouco perigo. Por maior que fosse o ódio por meu pai, ele sempre respeitou o Credo e as decisões de Achilles.

Minhas bochechas se coraram, entretanto, quando notei uma mão levemente apertar a minha, aproveitando-se de que todos estavam distraídos com aquele discurso.

–Está vendo? Deu tudo certo. – disse a reconhecível voz de Amália, baixa o bastante para que só eu pudesse ouvir.




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Quando eu e meu pai embarcamos na charrete de volta para casa, sequer olhei para o relógio. Algumas estrelas já apareciam no céu, o que dizia que era madrugada alta. Passei parte do trajeto de volta para casa em silêncio, contemplando-as, lembrando das histórias que eu ouvia a respeito delas, na maioria das vezes ao redor de uma fogueira. Deuses derrotados, guerreiros destemidos... Cada estrela parecia ter sua própria história por trás de sua existência.

–Pensando na moça?

Foi a voz de meu pai, um tanto maliciosa, que cortou-me de meu devaneio.

–Não. – disse, pouco podendo fazer para evitar minhas bochechas se tornarem coradas. Ele riu levemente.

–Pensa que sou cego, Connor? – ele disse, caçoando-me. – Eu vi a forma como ela pegou em sua mão.

Céus, e eu pensando que ele estaria com os pensamentos ocupados demais, cercado por tantos Assassinos e por tanta gente que o odiava. Mas apesar disso, ele ainda pôde reparar em mim.

–Aquilo foi só um gesto entre amigos, pai.

–Se foi, é uma pena. Temo, meu filho, que você seja um tanto incompetente nessa área. Sinceramente, não sei se foi culpa minha.

–O quê?

–Se tivéssemos te criado na cidade, você teria maior contato com pessoas. Sei que tem colonos na fazenda, mas não falo deste tipo de relação. Todos te veem como patrão, embora você seja sempre educado e amigável. Faltou maior contato com mulheres em sua educação.

–Pai...

–Sei que será mais fácil com Tessa. Afinal, serei eu a arranjar-lhe um marido, na hora certa. – notei que ele disse o fato com certo desgosto. – Mas você, meu filho... Precisa tomar a iniciativa. Não pode esperar que eu procure a moça te representando, pode?

Aquela conversa estava me deixando constrangido. Após um suspiro de consternação, notei que ele parou a carruagem, ainda no meio da estrada.

–Agora, eu estou a reparar em vocês já faz algum tempo. A forma como ela olha para você, como você olha para ela quando pensa que ninguém está reparando. Eu sei que é recíproco. – ele disse, em um tom que era estranho para mim, beirando a cumplicidade. Jamais o vi conversar assim. – O que mais falta?

Será que aquele era momento de desabafar?

–Eu não sei. – admiti.

–Então, você gosta dela. – ele disse, no que não era uma pergunta, mas uma constatação. Depois de alguns momentos em silêncio, entreguei-me.

–Sim.

Ele sorriu, satisfeito. Deu-me um tapa em meu ombro.

–Por que não diz a ela?

Aquilo deixou-me em pânico.

–Como?! “Amália, eu gosto de você.”?!

Meu pai fez uma careta.

–Pavoroso, Connor! Pavoroso! Jamais diga algo assim! Em primeiro lugar, não a chame de Amália. É formal demais. Experimente chama-la de... Não sei, Amy. Quantas pessoas você conhece que a chama por um apelido mais íntimo?

Negativei. – Ninguém que eu conheça.

–Ótimo. Comece por este ponto. Faça a moça sentir que você é especial, diferente. Depois, leve-a para algo diferente. Um passeio nos jardins, um piquenique.

Franzi o cenho. A sugestão do apelido era péssima. E eu sabia que Amália não era dada a este tipo de passeio. Ela acharia tudo isto tão entediante quanto eu. Percebendo minha reação, meu pai contornou.

–Ou a uma caçada Assassina. – disse, com asco. – Enfim, leve-a para algo que ela goste.

–E depois?

Ele riu, maliciosamente.

–Comece pelas mãos. Seja delicado. No primeiro encontro, tente pegar em uma das mãos, ainda que brevemente...

Rolei meus olhos. O Grão-Mestre Templário, Haytham Kenway, estava realmente tentando me ensinar as Grandes Artes da Conquista? Tal pensamento me divertia. A julgar por suas dicas, notei que suas estratégias jamais poderiam combinar com uma moça ousada como Amália, que estava muito longe de possuir tamanha recatez.

–Algumas moçoilas são mais ousadas. Permitem um beijo, mas seja breve. Apenas encoste nos lábios...

–Pai... – Aquilo estava ficando cada vez pior. Ainda bem que enquanto vivo, ele jamais tentou ter uma conversa dessa natureza. Eram tais coisas que faziam eu me sentir arrependido por ter usado a Maçã.

–Não tente deter minhas explicações, Connor. Estou tentando preservar o bom nome da família Kenway. Seu avô fazia verdadeiro sucesso quando tinha sua idade, e embora minha lista de conquistas não tenha sido tão diversificada quanto a dele, eu posso dizer que tive as minhas. E você?

–Eu prezo a qualidade, não a quantidade.

Aquilo o deixou aturdido, e notei, embaraçado.

–Toucheé. – admitiu, após fazer a charrete voltar ao curso, de volta para casa.


Notas Finais


Connor 1 X 0 Haytham

Putz, Haytham conselheiro amoroso?? Que péssimo!!!!!
KKKKKKKKKKK
Não duvido, não... A julgar pelas aproximações dele com a Ziio...

Como nunca encontrei nenhuma evidência disso no game, eu sempre fiquei me perguntando se o Duncan Little sabia se seu tio Miko era um Assassino. Aqui, estou supondo que não, que ele pensa que seu tio foi uma mera vítima de um templário, mas posso estar enganada. Qualquer coisa, podem me dizer.

É, parece que a chegada do Haytham tá trazendo discórdia para dentro da tão-amada Irmandade construida pelo Connor. Será que foi uma boa idéia dele convocar o próprio pai? Vejamos se ele irá se arrepender disso. E se o Haytham será mesmo de alguma utilidade.

E calma, saberemos logo logo, já no próximo cap.

Um grande obrigada a todos, por acompanharem essa fanfic louca, e até o próximo cap!!!


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