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História Assim como você - Quero alguém para amar


Escrita por: sebaekdreams

Notas do Autor


xiuniverse: OK, CÁ ESTOU EU DE NOVO C:
gente, pensa numa fanfic que a gente suou pra fazer, foi definitivamente essa. Motivos? Eram 10000 ideias e pouco tempo pra desenvolver, MAAAAAS POR SORTE TUDO DEU CERTO, certo?
ok
acho que foi
Eu chorei de nervoso quando a Lynn disse que a gente ia poder fazer parceria, HONRA TÁ ALTA E VERGONHA TAMBÉM A A A AA A A A

Enfim, eu espero que vocês gostem da fanfic tanto quanto eu gostei <3
Nos vemos nas notas finais!

arrobaek: OLHA QUEM VOLTOU! Mais uma vez com uma fanfic de vampiros, não? Só que com bônus, um nefilim incluído! Agradeço a @prolyxa por ter doado o plot e espero que você goste do resultado <3 agradecimento especial pra Lyta que fez a capa <3

E QUE PARCERIA CHEIROSA ESSA, HEINNNN

Enfim, não sei o que dizer aqui skskskss boa leitura <3333

Capítulo 1 - Quero alguém para amar


 

Baekhyun e Sehun eram a verdadeira combinação de caos. Era propício dar-lhes essa denominação caótica, pois ao estarem perto um do outro, aquela aproximação era capaz de provocar um verdadeiro desastre natural. Como o efeito borboleta, em que um simples bater de asas, denominado insignificante, poderia ser capaz de provocar um tornado de grande escala, um singelo toque dos lábios do nefilim contra os do vampiro eram capazes de fazer os dois mundos se abalarem, eram capazes de exterminar qualquer resquício de sanidade que ainda restava em suas mentes corrompidas, que insistiam em negar o desejo quase palpável que exalava de cada corpo.  

Era quase uma rotina ver os dois trocando uns beijos calorosos pelos corredores da faculdade que frequentavam, tentando esconder dos outros aquela ânsia de sempre quererem estar perto um do outro, de se tocarem de uma forma mais despudoradamente. Todavia, os corações que batiam ansiosos um pelo outro, não condiziam com os pensamentos de Baekhyun. Porque em sua mente, havia uma constante batalha sobre aquilo ser mais do que apenas desejo carnal.

Porque Byun Baekhyun não queria admitir. Não queria admitir que sentia falta do calor do corpo do Oh junto ao seu durante as aulas chatas da faculdade, alegando várias vezes que o chamava por mensagens no Kakao por puro desejo sexual. Afinal, era um vampiro, e os sanguessugas de sua espécie sentiam uma ininterrupta vontade de fazer sexo. Para ele, todas as recaídas eram apenas por causa da imensa atração que sentia pelo outro. Para Baekhyun, tudo não passava de uma mera cobiça por toques com um teor mais sexual.

E era exatamente isso que estava sentindo naquela aula tediosa de cálculo. Qual é,

Baekhyun era um vampiro. Já viveu o suficiente para saber de cabo a rabo qualquer coisa relacionada à número, então, sacou seu celular do bolso disfarçadamente, procurando aquele contato que conhecia muito bem: Oh Sehun.

Aparentemente, o nefilim não estava online no presente momento; talvez estivesse ocupado em uma daquelas aulas malucas de anatomia, na qual seu curso de medicina exigia no currículo, fazendo diversas anotações nas quais Baekhyun já teve a deixa e dar uma olhada. Sehun era realmente muito organizado nesse quesito. Seus cadernos eram impecáveis, e suas notas também. Não que as notas de Baekhyun também não fossem de dar inveja aos demais alunos, a diferença era que ele não se importava e não se esforçava em um pouco para aprender. Afinal, ele precisa disso?

Digitou uma breve mensagem, a enviando logo em seguida. Estava um pouco ansioso, verdade, para que ela fosse logo visualizada e respondida.

[18/09 10:15] Baekhyun: Tá ocupado?

Enviou o pequeno recado, chegando a ficar impaciente, querendo que o Oh visualizasse-a logo e o respondesse. A mensagem, contudo, demorou para ser respondida. Foram exatos vinte minutos batendo o pé contra o chão, ansioso. Baekhyun estava muito inquieto. Motivo? A droga da mensagem ainda não respondida; a bosta de um vácuo.

Contudo, quando sentiu o celular virar em suas mãos, não soube dizer o quê sentiu: alívio por perceber que não havia, de fato, sido ignorado pelo nefilim, ou se ficava com raiva por tê-lo respondido anos luz depois.

[18/09 10:35] Sehun: Agora não estou. Acabei de sair de um teste surpresa sobre o Sistema Digestivo.

Hm, ok. Talvez desse uma colher de chá ao mais novo. Afinal, estava fazendo um teste e seria impossível olhar o celular enquanto o fazia.

Constatar que não havia levado realmente um vácuo o acalmou um pouco. Porém, ainda sentia-se irritado. E se não saísse daquela sala agora, com certeza jogaria o caderno em cima de dois moleques babacas à sua frente que estavam a ver fotos de mulheres nuas na internet, soltando risadinhas baixas.

Patético. Tinha certeza que nunca haviam pegado uma mulher na vida. Provavelmente eram virgens. Virgens que se passam por badboys; Os tops. Detestava esse tipo.

Revirou os olhos, focando-os em seu celular, antes que cometesse uma loucura.

[18/09 10:37] Baekhyun: Quero te ver, preciso falar com você. Me espera na frente da biblioteca.

Digitou rapidamente, logo recebendo uma resposta do mais novo:

[18/09 10:37] Sehun: Agora? Mas Baekhyun, você está em aula! Não pode sair assim.

Suspirou pesado, revirando os olhos mais uma vez. Sehun as vezes era certinho demais — talvez fossem resquícios das suas memórias de quando ainda era uma criança pura, que estudava os mandamentos de Deus na igreja que frequentava com seus pais — seu progenitor sendo o anjo caído na família, que lhe dera aquele título, mesmo sem querer, de nefilim —, coisa que Baekhyun não era e nem gostava de ser. Seguir regras pra quê? Já havia vivido o suficiente para ter certeza de que algumas delas não servem de nada, e precisam ser quebradas.

[18/09 10:38] Baekhyun: A aula tá um tédio, e você sabe o quanto eu detesto ficar dentro da sala de aula fazendo nada.

E completou:

[18/09 10:38] Baekhyun: Além do mais, tem dois babacas aqui na minha frente que não param de rir enquanto olham fotos de mulheres peladas. Patético. Estou por um fio de cometer um crime de ódio.

E, bem, Sehun tinha noção de como Baekhyun podia ser instável as vezes, principalmente quando estava irritado. Mesmo com centenas de anos pesando sobre suas costas, Baekhyun estava longe ainda de ser sábio.

E talvez Baekhyun estivesse exagerando as coisas, para que Sehun deixasse que saísse da sala sem que ficasse falando em seu ouvido a todo instante.

Só queria sair daquele maldito inferno que chamava de aula de cálculo.

Viu quando sua mensagem fora visualizada, percebendo que Sehun estava demorando para respondê-la. Porém, nem teve tempo de irritar-se com a demora, visto que a resposta veio do jeitinho que queria.

[18/09 10:41] Sehun: Tudo bem, Baekhyun. Estou te esperando aqui de frente para a porta da biblioteca.

Sorriu vitorioso, digitando rapidamente uma resposta, para logo poder dar um fora daquele lugar.

[18/09 10:41] Baekhyun: Ok, já estou indo.

Depois de enviar a mensagem, bloqueou a tela do celular, jogando-o dentro de sua bolsa, em seguida o caderno e os livros.

Mal se importou com os olhos que pousaram curioso sobre si, quando, em um movimento gracioso, pôs-se de pé, enfiando as mãos no bolso da calça, caminhando despreocupado até a porta que era sua carta de alforria.

— Onde pensa que vai, Senhor Byun?

A voz do professor soou atrás de si. O vampiro, contudo, limitou-se a olhá-lo com desdém. Rolou os olhos, sabendo que aquele velhote não o deixaria sair se não lhe desse uma resposta decente. Então, falou a primeira coisa que lhe veio à cabeça:

— Dor de barriga — disse, dando uns tapinhas em seu próprio abdômen, enquanto que, com a outra mão, abriu a porta — Até mais. — finalizou, saindo porta afora, fechando-a com um estrondo.

Os corredores da faculdade agora encontravam-se pouco cheios. Todos os alunos encontravam-se em suas respectivas aulas, e eram os poucos que perambulavam por aí.

Baekhyun redirecionou seus pés para o local que conhecia bem. Costumava encontrar Sehun ali quando davam suas escapadas. Biblioteca, sala de música, e até mesmo o terraço. Estes eram os locais em que mais combinavam de se encontrar. O motivo? Talvez por serem um dos seus lugares favoritos dentro da universidade.

Um sorriso ladino tomou conta de seus lábios ao avistar o nefilim na posição que já imaginava encontrá-lo; afinal, era a mesma de sempre.

Estava com as costas apoiadas na parede ao lado da porta da biblioteca. O olhar baixo, fitando algo no chão — ou talvez, nada —, enquanto em seus braços, segurava alguns livros, abraçando-os contra o peito magro; a bolsa pendendo em um de seus ombros largos.

Aproximou-se do mais novo — que ironicamente de irritante, era centímetros mais alto que si —, deixando claro sua presença marcante.

Sehun, que olhava para o chão, focou seus olhos no rosto de Baekhyun, que automaticamente lhe abriu um sorriso sapeca.

— Você sabe que é feio matar aula, Baekhyun.

E da mesma forma que o sorriso apareceu, ele se fora. Baekhyun suspirou pesado, e estalou a língua dentro da boca, olhando para o nefilim em sua frente com cansaço.

— Sério isso, Sehun? Eu não te chamei aqui pra discutirmos isso. Na verdade, não te chamei pra discutir sobre minha vida universitária — suspirou mais uma vez — Você sabe muito bem que não preciso disso, já vivi o bastante pra saber calcular como ninguém.

— Eu sei, Baekhyun — a voz de Sehun permanecia serena, e o vampiro não sabia se se irritava ou agradecia por isso — Só que ainda existe reprovação por faltas. E você pode ser suspenso, também, por cabular tanta aula.

Baekhyun, porém, sentiu-se irritadiço. Não gostava de receber lição de moral de ninguém, ainda mais daquele anjinho caído, que queria pagar de certinho e preocupado. Por Satanás, Baekhyun simplesmente detestava nefilins.

Mas estava chateado também. Qual é, foram só algumas aulinhas. E todas elas ele havia ignorado somente para passar mais tempo com o garoto à sua frente.

Aproximou-se um pouco mais do Oh, esticando suas mãos entre o corpo de Sehun, até que estas tocassem a superfície fria da parede; o encurralando.

Percebeu quando o corpo do mais alto reteu-se, sorrindo com o fato de que, por ser um vampiro, tinha umas qualidades ao seu favor. Uma delas era a intimidação. Não que precisasse disso, é claro. Sabia que Sehun viria para si por si só.

— Eu mato aula pra ficar com você, e é assim que sou agradecido, Oh Sehun?

Pressionou um pouco mais seu corpo contra o de Sehun, vendo-o suspirar, sentindo sua respiração batendo contra seu rosto. Era divertido e extremamente delicioso ver o quão sensível Sehun era perto de si.

— Baekhyun… Estamos em um corredor. Qualquer um pode passar por aqui e nos ver. — Sehun alertou, receoso. Não podiam expor-se dessa maneira, ou poderiam ser castigados por estarem se pegando. Pior, se pegando em horário de aula!

E, respeitando o pedido do outro, Baekhyun se afastou.

— Tudo bem.

Porém, não deixaria ser vencido por um simples argumento. A verdade é que Baekhyun não para, nunca para. Quando ele quer uma coisa, ele vai ter. Nem que faça as coisas mais imprudentes em sua mera vida imortal.

Envolveu a mão no pulso do mais novo, prendendo-o entre seus dedos. O quê arrancou um olhar confuso de Sehun, que estava prestes a lhe perguntar o quê diabos estava acontecendo, contudo, de súbito, teve seu corpo puxado pelo mais velho.

Baekhyun abriu a porta que dava para a biblioteca, adentrando-a, enquanto trazia um Sehun confuso consigo.

— O que é que você está fazendo? — ouviu-o questionar, com a voz um pouco alterada, ao passo que fechava a porta atrás de si. — Eu quase deixei meus livros caírem.

O vampiro, então, riu baixo, lhe lançando um olhar divertido.

— Desculpe. Mas não foi você quem disse que estávamos em um lugar público demais?

— Claro, e você achou que seria muito prudente vir para uma biblioteca — o nefilim rolou os olhos, ajeitando o cabelo em seguida — Você é impossível, Baekhyun.

Dito isso, o vampiro observou quando Sehun ajeitou os livros sobre o peito, caminhando até uma das mesas localizadas na biblioteca. Como estavam em horário de aula, o cômodo estava vazio; somente a senhora da recepção, que lhes recebeu com um sorriso dizendo-lhes para que ficassem à vontade.

Com cuidado, Sehun depositou seus livros sobre a mesa, juntamente de sua bolsa. Baekhyun somente observou-o, enquanto caminhava, distraído, entre as prateleiras. O vampiro embrenhou-se para dentro daquelas inúmeras prateleiras recheadas de livros com todos os assuntos. De fábulas à história da Coreia do Sul. Livros fictícios à relatos reais de sobreviventes do Holocausto. Puff, como se Baekhyun precisasse disso. Ele havia presenciado tudo com seus próprios olhos.

Sehun, contudo, direcionou-se até a ala de ciências biológicas. É claro que ele iria para lá, era sua rota de fuga.

— O quê está fazendo? — questionou, vendo-o passear os dedos pelos volumes naquela fileira em especial.

— Procurando um livro para concluir minha pesquisa sobre neuroanatomia. — explicou, abrindo um pequeno sorriso, tirando um livro da prateleira, folheando-o. Como vira que não era o qual lhe interessava, o recolocou em seu lugar de origem.

— Sério isso, Sehun? — perguntou com um quê de incredulidade, cruzando os braços frente ao peito.

Viu o mais novo soltar uma risada baixa.

— Você me trouxe para a biblioteca, oras. Pra quê mais serve uma biblioteca, Baekhyun?

Ah, não. Sehun não devia ter dito isso.

— Pra quê mais serve uma biblioteca, Sehun? — repetiu a pergunta, molhando o canto dos lábios, sem desviar os olhos do nefilim que parecia muito mais preocupado em encontrar o tal livro.

Todavia, Sehun ignorou a pergunta de Baekhyun, visto que tinha um objetivo mais importante a ser atingido, este que era achar os benditos livros antes que algo acontecesse. Tamborilou os dedos sobre vários dos livros, à procura do que o interessava, fingindo não sentir o olhar fulminante do mais baixo sobre si.

Se havia algo que o Byun odiava, esse algo era ser ignorado, ainda mais por Sehun. Os braços cruzados e a sobrancelha erguida deixaram à mostra que ele não estava com paciência, não naquele momento, quando tinha tanta necessidade do Oh. O mais novo estava provocando, e Baekhyun sabia muito bem disso. Sabia, e o faria se arrepender tanto de tentar um papel de difícil.

— Já achou logo isso? — indagou, um tanto impaciente já pela demora.

Sehun afirmou com a cabeça, ainda em silêncio, puxando dois livros da prateleira com cuidado para não derrubar os outros e causar uma confusão. Eles se encararam por alguns segundos, o bastante para faíscas invisíveis serem óbvias no olhar do vampiro.

— Você não vai ler isso agora, né?

— Algum problema? — rebateu o Oh, indiferente, com um sorriso de canto brincando nos lábios finos.

— Sehun… — Baekhyun olhou para os lados para checar quantas pessoas haviam ali, e se alguma delas estava indo ou voltando para aquela direção. Logo, na certeza de que ninguém o faria, puxou os livros sem cuidado algum, os lançando ao chão — Acho que você ainda não aprendeu o que se deve realmente fazer numa biblioteca quando está com Byun Baekhyun.

Em passos curtos, num gingado típico do vampiro, ele se aproximava do corpo mais alto, o qual insistia em dar passos para trás. Cedo ou tarde, ele estaria contra a parede e completamente encurralado.

— Baekhyun… aqui n-

— Silêncio, Sehun. Você faz silêncio na biblioteca. — disse num sussurro, o interrompendo-o ao umedecer os lábios. — E me deixa te foder bem gostoso, tá bom?

O pomo de adão do nefilim subiu e desceu, engolindo em seco com aquela fala que trouxe um certo tremor em suas pernas. Baekhyun nunca foi discreto em suas palavras, e muito menos em ações. Era sempre aquele que o levava para lugares inusitados, dentro e fora da faculdade, o convidando para se divertir, foder e foder mais um pouco.

Nisso se resumia aquela relação estranha do vampiro e do nefilim.

E ele não tinha limites. Sehun duvidava que existia água no mundo capaz de apagar o fogo dentro dele assim que se acendia. O melhor de tudo? O mais novo não era a água, mas conseguia, muitas das vezes, desarmá-lo. Bastavam as palavras certas, e os toques corretos que Baekhyun se comportava mesmo duro. Mas quando era pego de surpresa pelas atitudes do Byun, como no momento atual, ele simplesmente perdia totalmente a cabeça, mesmo sabendo que não deveria.

— Eu vou ser bonzinho com você, mas só dessa vez. — Baekhyun, em mais alguns passos, já o tinha contra a parede, encarando os olhos castanhos sem intenção de desviar o olhar.

A respiração do nefilim ia de encontro com a pele branca e bem cuidada do mais velho, quente, acelerada. Os dedos de Baekhyun passearam pelos braços inquietos do Oh, brincando com a pele, subindo em uma trilha lenta, até chegar nos ombros. Apertou-os sem muita força, procurando puxar Sehun um pouco mais para baixo.

Os lábios roçavam um no outro, e Sehun, já no meio de toda aquela provocação, tentava puxá-lo mais para perto, tentava iniciar o beijo. Todavia, Baekhyun afastava a boca dele, e então voltava. Ele não deixava, de modo algum, que o nefilim o pegasse como queria.

— Baekhyun… — resmungou o mais novo, envolvendo a cintura com os braços longos num aperto — Não me provoque tanto…

Um sorriso vitorioso surgiu nos lábios avermelhados, e os olhos deixaram um tom inocente no ar, como se nada tivesse feito.

— O que você vai fazer, Sehun? — rebateu no mesmo tom quase silencioso, arrastando.

— Você acha que é o único que sabe brincar, hm? — de repente, um sorriso malicioso brincou em seus lábios, fazendo o vampiro estreitar os olhos.

Baekhyun sabia. Sabia que Sehun tinha um poder sob si que nem o próprio sabia distinguir. Sabia também, que, quando quer, o nefilim sabia atiçá-lo como ninguém.

E foi isso que Sehun fez.

As mãos do outro tocaram em seu ombro, pressionando levemente seus dígitos no local, e aquilo fora o suficiente para Baekhyun soltar um longo suspiro. Mesmo não admitindo em voz alta, as mãos do outro eram boas, e faziam uma massagem melhor que ninguém.

Contudo, aquele não era o lugar que elas realmente queriam ficar. Sentiu-as descer sobre seu peitoral, num toque pouco íntimo — por conta da camisa que vestia —, enquanto trocavam olhares intensos.

Baekhyun sabia muito bem onde Sehun estava querendo chegar, e encontrava-se ansioso para tal. As provocações, elas eram a melhor parte. Era um conjunto de jogos de seduções, beijos e toques quentes; provocantes. E Baekhyun, como um bom vampiro que era; experiente, adorava tudo aquilo que o nefilim poderia lhe proporcionar.

Apertou sua cintura fina — nem lembrava-se quando pousou suas mãos ali —, quando uma das mãos de Sehun chegaram exatamente onde Baekhyun esperava: seu pênis, até então, adormecido.

— Você gosta quando eu brinco aqui, não gosta? — sussurrou contra seus lábios, finalmente conseguindo capturar seu inferior por um deslize de Baekhyun. É claro, era difícil se concentrar em algo que não seja a mão de Sehun acariciando seu membro por cima da calça.

Era um toque cólero, mas o suficiente para Baekhyun sentir todo o seu ser vibrar, correspondendo positivamente à Sehun, que apalpava seu membro e brincava com a barra de sua calça, fingindo que colocaria a mão dentro da peça. Mas ele nunca o fazia.

— Sehun… — dessa vez, era o vampiro que reclamava por falta de contato, e aquilo o deixava extremamente puto. Puto por estar assim, tão necessitado de seu toque. Puto porque, minutos atrás, era ele quem estava no controle.

Porém, não mais.

— O que você vai fazer, Baekhyun? — repetiu a mesma pergunta, antes feita pelo vampiro, banhada de sarcasmo. Ele ainda continuava brincando, agora, com o elástico de sua box, puxando-o para depois soltá-lo, causando um estalo contra sua pele.

E Sehun sabia exatamente que conseguiria o que queria de Baekhyun. Podia ver seu olhar arder; queimar. Estava revoltado, sentindo-se contrariado por estar tão entregue. E agora, ele não agiria mais com a razão.

Seus cabelos foram pegos com certa brutalidade vinda do vampiro em sua frente. Os dedos longos deste embrenharam-se em seus fios, os apertando bem. Sehun fechou os olhos por breves segundos, gemendo baixo por conta da leve dor que sentiu em seu couro cabeludo. Não era nada demais, já haviam passado por isso diversas vezes. Na verdade, aquilo excitava Sehun.

Ao abrir os olhos, encontrou os de Baekhyun. Tão possessos, tão perigosamente excitantes. Sentiu todo seu corpo tremer em ansiedade, esperando pelo outro. E assim quando desejara ter os lábios do vampiro contra o seu, o próprio dissolveu qualquer distância entre suas bocas, as colando em um movimento rápido e preciso.

E o que era para ser um beijo com um alto teor sexual, com direito a estalos molhados e respirações ofegantes, se tornou algo extremamente ralo. Porque no momento em que Baekhyun se pusera a aprofundar o ósculo, pronto para torná-lo algo muito mais intenso, Sehun afastou o próprio rosto, ofegante.

— Baek… — sussurrou em um tom quase inaudível. — Não vamos transar hoje, isso acontece todo o dia. Qual o problema de ficar só nos beijos?

— … — Baekhyun o encarou, esperando que o Oh risse para logo rir junto. O que não aconteceu. — Você estava pegando no meu pau há alguns minutos atrás e agora diz que não quer transar, Sehun?

Sehun suspirou, bagunçando os próprios cabelos com a destra em sinal de nervosismo.

— É que… é que é você, Baekhyun. É difícil me controlar, porque, olha só você. Qualquer parte do seu corpo emana sexo toda hora! E eu não queria só isso…

— Entendi, você está doente. — o vampiro riu e cruzou os braços, incomodado pelo volume em sua calça. — Para de brincadeira, Sehun. Eu tô duro e preciso voltar pra sala daqui a pouco, então vamos-

— Me escuta, Baekhyun! — quase gritou, segurando-se para que ninguém descobrisse. — Não dá só pra ficar nisso mais, que merda!

— Tá xingando por quê, hein? — Baekhyun mantinha o sorriso sarcástico no rosto. — Para de pagar de menininho fofo e me deixa te foder, vai.

— Oi? — Sehun piscou lentamente, assimilando a frase dita em sua mente. — Então a nossa relação se resume a foder, foder em lugares inapropriados, foder quando seus pais não estão, e foder quando você quer?

— Sehun… o que temos não dá pra chamar muito de relação, não é? E não está bom assim? — prendeu o olhar do nefilim no seu. — Sexo. Existe algo melhor que sexo, Oh Sehun? — brincou o Byun, abraçando a cintura do mais alto, dedilhando as costas com os dedos, provocando-o.

Desceu com eles até a barra da calça, de um modo sugestivo, aproveitando o momento em que o nefilim finalmente ficou quieto. Estava prestes a enfiar as mãos dentro da box do Oh, mas não conseguiu prendê-lo em seus dedos.

O vampiro ali era Baekhyun, contudo, a forma na qual Sehun sumira de seus braços fora tão sobrenatural, que nem o vampiro conseguiu dar-se conta. Quando percebeu, o nefilim já estava no fim do corredor, caminhando à passos pesados, até a mesa na qual havia deixado seus pertences.

Estava tão inerte. Não estava puto ou algo do tipo, só estava se recuperando da falta de calor, da falta de contato do outro.

Num rompante, recobrou sua consciência. Sacudiu a cabeça algumas vezes, bagunçando os fios castanhos, tentando voltar ao seu estado normal. Visualizou quando Sehun atravessou o salão da biblioteca com sua bolsa e seus livros em mão; um tanto apressado e desengonçado. Bufou, pondo-se a seguí-lo.

A senhorinha da recepção o encarou confusa, como se o perguntasse o que tinha feito para que o pequeno nefilim tivesse saído tão transtornado daquela forma. Baekhyun, contudo, limitou-se em ignorar a velha. Ela não lhe importava agora.

Saiu porta a fora. Olhou para os dois lados do imenso corredor, — que ainda encontrava-se vazio, pois os alunos ainda estavam em aula —, vendo Sehun caminhar apressadamente rumo à saída. Correu atrás do Oh, gritando o nome dele, pedindo para que parasse com toda a frescura. Em vão. Viu-o apertar o passo assim que ouviu o chamado do vampiro. Suspirou irritado. Por que Sehun tinha que ser tão infantil às vezes?

— Sehun! — disse um pouco exaltado, assim que conseguira capturar um dos braços do mais novo com uma das mãos.

— Me solte! — Sehun chacoalhou o braço, tentando se soltar do aperto. Baekhyun, contudo, fizera mais pressão contra o membro, deixando-o incapacitado de fugir.

Sabendo que era inútil lutar contra a força de um vampiro como Baekhyun, o nefilim deixou seu corpo murchar. Estava cansado, de verdade, em ser tratado como uma mera diversão para o outro. Sehun não queria só sexo. Estava cansado de sujeitar-se a esse papel de um simples amante, que está ali para satisfazer as vontades sexuais de um vampiro cheio de tesão, sem nunca poder deixar à mostra o que realmente quer. O que ia muito além de apenas toques embaixo de lençóis ou em salas vazias.

Permaneceu com seu olhar baixo. Não queria olhar para Baekhyun, pois o medo de chorar, ou simplesmente ceder ao outro, quando encontrasse suas orbes, era maior.

Baekhyun sentia-se irritado. A falta de contato, toda aquela frieza de Sehun para consigo. Tudo o agoniava. Ele sequer olhava em seus olhos! Não gostava disso. Gostava de olho no olho; interação. Ter o outro ali tão perto de si, mas tão longe ao mesmo tempo, fazia algo dentro de seu ser formigar.

Estava sentindo aquilo de novo. Conhecia muito bem essa sensação, e a queria longe de si. Não, simplesmente não podia deixar que isso acontecesse novamente. Com certeza estava equivocado. É isso! Só precisava dos toques, apenas isso, e nada mais.

Tentou ignorar aquela sensação que martelava em seu peito, voltando sua atenção total e completamente para o nefilim à sua frente. Sehun estava amuado, Baekhyun percebeu. Seu olhar baixo e triste deixaram-no com um misto de tristeza e irritação.

— Sehun. — o chamou mais uma vez. Sem sucesso, novamente.

Suspirou pesado, levando sua mão livre até o queixo do mais novo, prendendo-o entre seus dedos em um aperto leve, erguendo o rosto de Sehun, fazendo-o que o olhasse.

Baekhyun desejou que nunca o fizesse. Assim que seus olhos se encontraram, pôde ver a íris do outro transbordar decepção e tristeza. Engoliu em seco, molhando os lábios com a  ponta da língua em nervosismo. Sehun estava prendendo o choro, percebeu. Ele estava confuso e chateado consigo. Podia ver a confusão dentro de si. E o vampiro estranhou ao dar-se conta que conhecia o filho de anjo mais do que gostaria.

Limpou a garganta, tentando colocar em sua cabeça que aquele tipo de sentimento era patético. Não podia amolecer, vampiros não são frouxos. Tinha de ser duro.

— Vai ficar fugindo como uma criancinha patética? Você já é adulto, Sehun. Esqueceu seus modos no jardim de infância? — seu tom era gélido, completamente diferente de tudo que Sehun já havia ouvido sair daquela boca tão bonita.

Aquela fala acertou um soco certeiro em seu estômago, e por um momento, Sehun não soube como era respirar. Seus olhos dobraram de tamanho, recebendo todo aquele impacto das palavras sem vida do mais velho. Sentiu quando seus olhos arderam, em uma visível vontade gritante de chorar. Teve que respirar fundo, piscando algumas vezes para tentar cessar aquela vontade.

Baekhyun era um grande filho da puta. Não podia ser um pouco carinhoso? Nunca? Era notável o caos em que Sehun se encontrava agora, e ele não podia ser um pouco mais compreensível? Byun Baekhyun era um idiota, e não estava merecendo seus sentimentos e nem sua preocupação.

O vampiro soltou uma risada sarcástica. E com a falta de resposta do outro, completou:

— Interessante como seres como você, da sua raça podre, descritos como diabólicos, são tão fracos. — um sorriso surgiu no canto de seus lábios. — Não esperava menos vindo de um erro cometido entre anjos e mundanos, resultando nesses nefilins de merda. — a forma na qual pronunciara sua raça fora com tamanho nojo e repulsa.

Por mais que todo aquele descaso do vampiro com a sua raça tivesse o deixado chateado, o ódio, contudo, borbulhou em suas veias. Afinal, Sehun tinha alguma culpa de ser fruto de um pecado entre um anjo caído e uma humana? E que mal há em ser assim? Baekhyun não era melhor que ninguém e não podia julgá-lo sobre nada.

Não mediu forças quando levou sua outra mão de encontro com o rosto do mais velho, pegando-o desprevenido com o tapa que depositara em sua face. O tabefe que dera neste colidiu pesado em seu rosto, deixando uma marca avermelhada em sua bochecha, fazendo a mão de Sehun arder tamanha a pressão que impôs naquele ato.

Baekhyun olhou-o incrédulo. Sehun nunca havia o batido. Levou a mão que segurava no rosto do outro até seu próprio, acariciando o local atingido, enquanto mantinha aquele olhar surpreso sobre o outro.

— Qual é o seu problema? — disse irritado, ainda segurando seu braço.

— Você é um idiota. — Sehun resmungou, batendo em seu braço para que o soltasse, conseguindo sem nenhum esforço. Deu-lhe um safanão, o olhando num misto de raiva e decepção. — Eu que te pergunto, qual é o seu problema? Por que faz isso? Por que me odeia tanto?

Os olhos do vampiro, então, tornaram-se confusos. Odiar? Não, Baekhyun estava longe de odiar Sehun.

— Da onde tirou isso? Eu não te odeio. — sua voz saiu decibéis mais baixa. O tapa havia o acalmado de certa forma.

Sehun suspirou cansado.

— A forma na qual você se refere aos nefilins, Baekhyun. — massageou as têmporas, dando um olhar cansado para o outro. — É extremamente hostil, banhado de ódio. — negou com a cabeça, sorrindo melancólico. — Eu sou um nefilim, Baekhyun. Ou seja, você odeia o que eu sou.

O vampiro nada disse. As palavras de Sehun caindo sobre si como um grande balde de água fria. Ele tinha razão. Estava tão focado em insultá-lo que nem percebeu que isso realmente o machucava.

Perdeu-se em seus pensamentos, pensando no quão egoísta estava sendo. Contudo, o que saíra de sua boca não foram palavras doces e gentis, como Sehun ansiava em receber. Elas estavam carregadas de veneno.

— Olha quem fala, — riu baixo, irônico. — o nefilim que adora desmerecer o vampiro aqui. — apontou para si próprio, negando com a cabeça. — Logo eu. Eu sou a única coisa que presta nesse mundo cheio de humanos, anjos caídos, e a mistura imunda desses dois.

Baekhyun não tinha travas na língua. Mesmo sabendo que ficaria mal em ver Sehun triste, não perdeu a oportunidade de alfinetá-lo mais e mais.

As primeiras lágrimas desceram pelas bochechas do mais novo, fazendo Baekhyun estancar, preso ao chão. Ele estava realmente chorando? Por sua culpa?

— Seu babaca. Você acha que eu ia ficar parado, enquanto você me insulta?! Eu não sou idiota, Baekhyun. Você que é um estúpido. Um vampiro egoísta e estúpido. — Despejou toda sua raiva, sua voz saindo alta demais. — Babaca! Babaca, babaca, babaca.

E Baekhyun não soube como reagir quando as mãos de Sehun, fechadas em punho, passaram a acertar seu peito diversas vezes em forma de socos, enquanto xingamentos eram direcionados para si. Baekhyun pôde ver as veias do pescoço de Sehun saltando para fora, podia sentir o sangue do outro pulsar e borbulhar em seus vasos sanguíneos, agora tão chamativos para si. Há quanto tempo não provava um sangue direto daquele local, com o risco enorme de drenar um corpo humano? Podia jurar que as veias gritavam para serem mordidas.

Estava hipnotizado por aquelas linhas que pareciam chamar por seu nome. Aquele cheiro adocicado tão comum para sua raça. Mal sentiu quando seus caninos fizeram-se presentes em sua arcada dentária. Sentia uma leve dor quando eles cresciam, mas estava tão acostumado e tão aturdido, que não percebeu quando suas mãos seguraram firmes no pulso do outro. Ouviu Sehun reclamar de dor, porém, já não era mais Baekhyun. Não o Baekhyun são. Era seu lado animal tomando conta de todo seu corpo.

Baekhyun não conseguia parar.

Veias ao redor de seus olhos apareceram, chamando a atenção de Sehun para aquele ponto em especial. Todo seu corpo entrou em estado de alerta. Tentou chamá-lo pelo nome, mas ele não o ouvia. Baekhyun tinha ido embora, dando espaço para a criatura sanguinária tomar conta de si.

Mal teve tempo de respirar quando Baekhyun investiu contra si, as presas saindo para fora, indo de encontro ao seu pescoço. Sehun só tivera tempo de desviar, contudo, ainda sentiu os dentes do outro raspando em sua pele, mas não fora o suficiente para rasgá-la.

— Baekhyun! — chamou-o novamente, desta vez, com a voz mais forte, carregada de confusão e medo. O peito subia e descia numa respiração afobada, o medo e a surpresa estampados em seus olhos arregalados. Afinal, ele iria realmente mordê-lo?

E, como se aquele chamado fosse capaz de quebrar aquela hipnose, Baekhyun voltou a si. Piscou algumas vezes; as veias sumindo de seus olhos. Olhou confuso para o outro em sua frente, vendo a expressão apavorada que tomou conta de seu rosto. Estava confuso, não sabia o que tinha acontecido. Foi quando sentiu suas presas tocando seu lábio inferior, que a realidade caiu sobre sua cabeça. Não quis acreditar no que tinha quase feito ao pequeno Sehun. Ele… havia tentado o morder?

— S-Sehun… — sua voz saiu baixa, banhada de arrependimento e medo. Medo de Sehun odiá-lo. Medo de perdê-lo.

Só que o próprio não lhe dera uma chance de defender-se, nem mesmo de pedir desculpas. Sehun soltou-se de suas mãos, e sentiu quando este empurrou seu corpo, fazendo-o cambalear para trás.

E então, ouviu da boca que costumava beijar, as palavras que mais detestava. As palavras que o fizeram murchar:

Eu te odeio. — fora tudo o que Sehun dissera, antes de ajeitar sua mochila no ombro e sair correndo dali.

Agora, com a culpa tomando conta de toda a sua existência, percebendo o quão idiota havia sendo por todos esses anos, Baekhyun arrependeu-se por tê-lo feito. Nunca devia ter sido tão intolerante, tão ignorante, tão mal com Sehun. Ele não merecia. Mas já estava em seu currículo machucar alguém que gosta.

Baekhyun manteve-se parado, vendo o outro sumir por entre os portões da universidade. No mesmo momento, o sinal avisando o intervalo soou, e segundos depois, o corredor estava cheio. Cheio de pessoas, de vozes, de risadas, de calor. Mas nada era tão vazio quanto o coração do vampiro.

 

[...]

 

Tudo de novo. Exatamente como um deja-vú. Baekhyun perdendo o controle, deixando-se ser desligado de qualquer resquício de humanidade que ainda lhe restava por uma necessidade que sentia como vampiro: sangue. Sangue fresco, diretamente de uma veia pulsando em tensão e raiva, exalando um cheiro doce e chamativo para si.

Baekhyun avançando em alguém inocente, desejando nada além daquele líquido viscoso e avermelhado.

O que aconteceria, se tivesse matado Sehun?

Se perguntou várias vezes, por horas, sem conseguir fechar os olhos. Sempre que tentava, a imagem de Sehun assustado vinha em sua mente. A imagem de alguém que está frente a frente com um monstro, desesperado pela vida, implorando por socorro. E o mais novo deixava isso claro apenas com o olhar arregalado e a boca entreaberta; os lábios tremendo em tensão e o choro contido quase o fazendo engasgar.

— Merda… — praguejou, virando o corpo na cama pela vigésima vez em apenas uma hora.

Estava calor demais para ficar coberto, mas na falta do corpo do Oh, Baekhyun se abraçava com o longo cobertor, mas aquilo não era o bastante.

Sem Oh Sehun, nada era o bastante.

— Me desculpa, Sehun… — pediu para o ar, para as paredes que não o escutariam, para os livros na estante que já tinham histórias demais a contar e não precisavam da sua, para o travesseiro que abrigou tantas vezes a cabeça do mais novo, para a cama, que tantas vezes os aguentou ali, espalhados pelo colchão.

Não era o bastante, pedir desculpas não era o bastante.

— Não era pra ser assim. — bufou irritado, sentando-se na cama.

Baekhyun não tinha vida, era um morto andando em busca de sangue e diversão. Sempre foi assim até a chegada de Oh Sehun em sua vida, mostrando-o um prazer tão intenso debaixo dos lençóis e dono de um humor esquisito que combinava com sua carranca de centenas de anos. Aprendeu a ter a dependência daquele corpo todos os segundos, todas as horas.

Sehun era o que fazia Baekhyun, um vampiro, um morto, se sentir vivo.

Mas também foi assim com alguém antes, o primeiro amor do Byun: Lee Jieun. Uma garota dona de uma imensa bondade e um sorriso cativante. Podia estar bravo, estar totalmente fora de si, que ao vê-la sorrir, era impossível não fazer o mesmo. Viveram bons anos juntos, e por algum tempo, Baekhyun deixou de se alimentar do sangue humano, porque Jieun não aprovava aquele comportamento.

Talvez tenha sido o amor mais marcante do vampiro, que acabou da maneira mais brutal possível.

Ele ainda tinha pesadelos com Lee Jieun. Com ela, mesmo falecida em seus braços, sorrindo daquele jeito único e gentil. E mesmo que Jieun tivesse o perdoado por aquilo, ele sempre se sentira culpado por ter perdido totalmente o controle. Roubando, sem consentimento, a vitalidade presente no sangue tão adocicado quanto o coração que sua amada tinha.

— O que você me diria, hein, Jieun? — riu, bagunçando os fios escuros com os dedos. — “Baekhyun é um idiota”, huh? — tentou forçar uma oitava acima, tossindo logo após isso.

Sua vida depois disso foi tão difícil. Nunca conseguiu viver de verdade depois do incidente. E após a triste tragédia, Baekhyun prometeu a si mesmo que nunca mais machucaria alguém. Nunca mais aproximar-ia-se de outro ser vivo. Que nunca mais iria se apaixonar. Ninguém merecia o amor de um monstro como o próprio se intitulava.

Contudo, não estava em seus planos encontrar aquele nefilim com o nome de Oh Sehun. Nunca passou pela sua cabeça que voltaria a se encantar com outro sorriso, muito menos que se preocuparia com outra pessoa sem ser a si próprio. Nunca pensou que se tornaria necessitado dos beijos, dos toques, da companhia, da voz, de tudo de Sehun.

Tentou colocar em sua cabeça que não passava de sexo casual, porém, todas as evidências estavam ali para esfregar-lhe na cara o que era óbvio. Deus, o quanto havia lutado para isso não acontecer?

Mas agora não tinha mais como negar. Havia entrado em um beco em que todas as placas apontavam uma única saída. Saída esta que Baekhyun ansiava em alcançá-la. Uma saída em que ele podia finalmente ser feliz. E ela era Sehun. Não podia mais relutar, precisava de Sehun tanto quanto precisava de sangue para se alimentar. Sehun tornou-se seu vício, sua necessidade, sua loucura e sua calmaria. Sehun tornou-se o pilar que mantinha-o erguido.

E Baekhyun estava apaixonado por ele.

Gemeu frustrado consigo mesmo. Depois de anos, tantos anos, ainda não era capaz de controlar-se devidamente? Com certeza, era um babaca, idiota, que era incapaz até mesmo de manter seu próprio controle. Sehun não merecia alguém assim. Não merecia uma aberração ao seu lado. Assim como Jieun não mereceu, e acabou tendo uma morte horrível, quando merecia algo melhor.

— Está vendo o que você fez comigo, Sehun? — perguntou, olhando para o celular no criado-mudo. A vontade latente de mandar uma mensagem para o outro pedindo desculpas. — Eu deveria te punir tanto por me deixar assim…

Fungou, respirando fundo. Queria ouvir uma resposta, mas nada vinha. O silêncio ensurdecedor no quarto era o que preenchia seus ouvidos, e no máximo o som da própria respiração.

— Mas eu não tenho o direito de te tocar, não depois disso. — bufou, irritado. — Droga, Sehun. Por que as coisas tem que ser tão complicadas?

Depois de mais de um século de existência vendo a raça humana perecer diante daquele sentimento que jurou nunca mais sentir, eis aqui, agora, um Byun Baekhyun sofrendo de amor. Ele não havia aprendido a lição?

Talvez amor não fosse uma lição a ser aprendida, mas sim um sentimento a ser guardado e valorizado.

A relação de Sehun e Baekhyun era mais do que apenas dependência. Era curiosidade pelo desconhecido, e acabou se tornando medo de não ter no dia seguinte. Eram apenas lençóis jogados no chão pela manhã, que se tornaram lençóis colocados cuidadosamente sobre os corpos, procurando protegê-los do frio, aquecer os corações.

Era muito menos que sexo, e muito mais que amor.

O vampiro era cego por Sehun, cego demais para perceber que o que havia em seu coração escapava logo pelos dedos por um descuido.

Baekhyun não matou Sehun como matou Jieun, mas estava matando a si, desistindo da única razão de estar ali.

Era um vampiro sem razão na terra, que com os toques do nefilim, se sentia completamente vivo.

E agora, como um covarde, estava desistindo dele.

— Tisk… Está sofrendo por aquele nefilim novamente? — a voz de Jongdae soou atrás de si, assustando o vampiro, que até então, estava submerso em seus pensamentos.

Voltou o olhar para o amigo — também vampiro —, que estava parado à sua porta, com os braços cruzados a frente do peito, caminhando até si com um olhar sério.

— Jongdae? O que você tá fazendo aqui? — tentou parecer o mais natural possível, tomando uma postura mais calma.

Viu o outro rir baixo, ao passo que sentava-se ao seu lado na cama, respondendo com certa ironia:

— Eu também moro aqui, esqueceu?

— Mas é que esse aqui é o meu… — desistiu no meio da frase, vendo que seria inútil tentar afastá-lo.

Baekhyun bufou, revirando os olhos. É claro que Jongdae estaria ali, já que eles dividem o apartamento, a casa também era dele. Havia esquecido desse fato, já que estava ocupado demais sofrendo por Sehun.

E pensar no mais novo fizera-o suspirar pesadamente.

— Deus, Baekhyun. Está tão na cara. — disse um tanto risonho, fazendo o amigo fechar a cara, voltando a sua postura séria.

— Do que está falando, Jongdae? — questionou-o. No fundo, Baekhyun sabia muito bem do que ele estava se referindo. Contudo, aquele medo de ter sido descoberto o assolava-lhe.

Jongdae, então, o olhou com um misto de diversão e incredulidade.

— Sério, Baekhyun? Sério que vai mentir para mim?

Talvez fosse inútil refutar. Se já havia assumido para si mesmo a condição de apaixonado, por que mentir para seu melhor amigo? Ele, acima de qualquer pessoa, o conhecia a tempo o suficiente para saber de toda sua história e sobre tudo o que lhe acontecera. Eram amigos há mais de meio século. Era inútil mentir.

— Tudo bem. — disse em meio a um suspiro derrotado. — Eu estou gostando dele, Jongdae. E não é um gostar comum. É tipo, muito mesmo. Um gostar muito forte.

— Diga logo que está apaixonado, Baekhyun! — protestou. Sabia muito bem que era aquilo que o amigo estava tentando dizer nas entrelinhas. — É difícil dizer?

— Você não entende. — voltou um olhar triste para o amigo a sua frente. — Olha só o que eu sou, Jongdae. Eu sou um monstro, e o Sehun merece mais do que isso. — sua voz saiu num fio, o peito doendo só de pensar que não era alguém bom o suficiente para seu pequeno nefilim.

Ficaram em silêncio por uns segundos. Jongdae ponderando sobre como levantar o astral do amigo, e Baekhyun deixando afundar-se naquela tempestade de sentimentos melancólicos. O olhar se perdeu por entre seus dedos. Dedos que já acariciaram diversas vezes a pele leitosa do filho de anjo. Dedos que já embrenharam-se por aqueles fios macios. Dedos que desvendaram cada canto do corpo de Sehun. E Baekhyun sentia falta de tudo aquilo.

Sentiu quando a palma do amigo pousou sobre seu ombro, fazendo uma leve pressão. Tinha noção de que Jongdae queria mostrar para si que estava ali, lhe dando apoio. Agradecia por isso.

— Você não acha que Sehun tem direito de escolher isso? — sua voz soou calma, serena.

— Não é bem assim, Jongd-

— É por causa da Jieun? — o amigo o interrompeu, apertando a mão no ombro do vampiro. — Você quer se prender de qualquer tipo de relação por que uma deu errado?

— Não só “deu errado”, Jongdae. — Baekhyun o encarou. — Ela morreu, e olha só quem matou. Ela morreu porque ficou comigo, e não adianta negar isso.

Jongdae ficou em silêncio, esperando que o Byun voltasse a falar. Estava claro que o rapaz precisava mais do que de um simples abraço ou palavras de conforto; ele precisava deixar claro em palavras todo o tipo de sentimento que guardava em centenas de anos vivendo sozinho, migrando de pessoa em pessoa, procurando se distrair de toda a culpa que sentia quando a matou.

— Vai se castigar por toda a eternidade? Ou melhor… vai privar Sehun de uma vida feliz com você por causa disso?

— Eu quase mordi ele… — confessou em voz baixa, desviando o olhar para as próprias mãos. — Nós brigamos tão feio, e eu quase… quase cometi o mesmo erro.

Nesse momento, Jongdae sorriu.

— E o que te impediu de fazer uma besteira?

Baekhyun hesitou por um momento, e entendeu aonde ele queria chegar.

— … Sehun. — admitiu, perdendo toda a batalha que havia dentro de si, acabando com todas as guerras dentro de sua mente.

— Pois é, Byun Baekhyun. Ele não é a Jieun, não é um mero humano que chamou a sua atenção, mas tem a mesma vida curta. E imagina se agora mesmo, ele está te escondendo que só tem mais um minuto de vida… — suspirou, levantando-se da cama. — Eu só te dou uma dica do que você deveria fazer: vampiros conseguem correr bem rápido.

 

[...]

 

Sehun estava desolado.

Mal soube como conseguira chegar em casa, pois seus olhos estavam deveras nebulosos, culpa das lágrimas que insistiam em cair, sem sequer pedir permissão. Não soube, também, como tivera a coragem de deixar Baekhyun para trás. Sentia-se culpado, mas ao mesmo tempo, sabia que continuar ali não adiantaria em nada.

Fechou a porta atrás de si assim que entrara em sua morada. Subiu aos tropeços as escadas que dariam ao segundo andar, onde seu quarto ficava. Adentrou no cômodo, e, largando sua mochila e seus livros em um canto qualquer, Sehun não hesitou em deixar que seu corpo caísse sobre o colchão e permitiu que as lágrimas saíssem como cascata de seus olhos.

Abraçou o travesseiro fofo, enterrando seu rosto ali. Praguejou abafado, quando sentiu o cheiro do outro exalar do tecido. Baekhyun estava em todo o lugar, e aquilo o irritava, já que estava querendo esquecê-lo por alguns segundos. O deixava irritado, principalmente, por continuar amando aquele odor, por continuar amando o dono daquele perfume, que havia o tratado tão mal agora cedo.

E, contrariando todo aquele ódio que, supostamente, sentia pelo mais velho, Sehun se agarrou aquele objeto. Deixou que os soluços rasgassem sua garganta, sendo abafados pelo travesseiro agora ensopado pelas lágrimas que pareciam intermináveis; correndo por suas bochechas, agora coradas pelo choro sem fim.

Sehun choraria uma eternidade se pudesse, contanto que toda a dor que sufocava seu peito fosse embora. Choraria o que tivesse que chorar, se isso fizesse seu coração se acalmar.

Por que Baekhyun tinha que ser tão mau consigo? Praticamente dissera-lhe com todas as palavras que gostava dele, que estava apaixonado por si. E Baekhyun? Bem, banalizara seus sentimentos, acusando sua existência como algo sujo; errado.

Afinal, não tinha o direito de ser feliz? Tinha. E Sehun queria ter somente uma pessoa ao seu lado, e esta era o Byun. Mas agora estavam brigados. Nunca haviam discutido dessa forma, e Sehun temia que esta não tivesse uma solução.

A verdade é que o que mais queria era ter corrido de volta para os braços do vampiro assim que a realidade caiu sobre si, pois pensar em passar o resto de sua vida sem falar, sem tocar, sem beijar os lábios alheios, lhe causava arrepios, e um medo de grande proporções apoderou-se de todo seu ser.

Os soluços foram cessando aos poucos, e o choro morreu em sua garganta. Seus olhos doíam, e sua garganta queimava. Sentia um enjoo sem tamanho, e a vontade de vomitar subiu pela sua laringe. Correu para o banheiro, debruçando-se sobre o vaso sanitário, colocando para fora toda sua decepção em pequenos jatos de vômito.

— Que nojo, Sehun. — reclamou consigo, observando aquele líquido alaranjado que ia para o ralo quando apertou a descarga. — Olha essa sujeira…

Reclamando várias vezes sobre tudo o que parecia ser digno de reclamação, ele entrou no chuveiro, esquecendo-se até mesmo de tirar as próprias roupas. E não se deu conta disso até que o tecido começou a grudar no corpo, o impedindo de certos movimentos ao tentar lavar-se. Retirou as roupas e por fim, terminou o banho por completo. A água não levou seu cansaço embora, e muito menos a tristeza. Queria que as coisas fossem fáceis de serem resolvidas, mas sabia que na vida, tudo é complicado.

— Nenhum livro disse que amar era algo difícil… — bufou, e então se calou para conseguir escovar os dentes e tirar o amargo gosto dos restos de vômito de sua boca. — Olha só pra mim, falando frases de filmes clichês.

Os olhos se reviraram enquanto Sehun caminhava de volta para a cama, já vestido com roupas quentes, porém confortáveis, decidido a dormir por toda a eternidade. Ou até a própria morte.

O colchão afundou assim que ele se deitou ali, suspirando pesadamente de encontro ao travesseiro. Olhou para o outro lado da cama completamente vazio. Nos finais de semana, ele se deliciava vendo as costas de Baekhyun nuas, iluminadas apenas pela luz do sol da manhã, ou até o rosto, quando estava virado para si. Podia ser um vampiro, criaturas as quais a família do Oh costumava evitar ou matar, mas ele tinha o rosto de um anjo quando dormia. Baekhyun se mostrava dono do pecado apenas quando se beijavam com urgência e tocavam um ao outro, desejando-se num diferente sentimento, forte e cativante, porém cheio de malícias nas entrelinhas e nos brilhos dos olhares.

Novamente, pegou-se pensando em Baekhyun. Era horrível e gratificante ao mesmo tempo pensar em tudo o que aconteceu com os dois.

— Me deixa dormir, saco. — pediu para o nada, mas em poucos segundos após reclamar a si mesmo, ele conseguiu adormecer.

 

[...]

 

Baekhyun não soube dizer da onde havia tirado tanta convicção em estar fazendo aquilo. Talvez o discurso de Jongdae tivesse o ajudado em tomar aquela decisão. Talvez fosse seu coração berrando por vê-lo, tocá-lo; em ter Sehun.

Após ter sido deixado no quarto com um conselho do amigo que segundos antes tinha saído, Baekhyun não demorou muito em levantar-se da cama, decidindo, finalmente, em tomar as rédeas daquele relacionamento. Agora, com a mente mais clara, decidiu em dar-se uma chance para si. Uma chance para amar novamente. E faria isso ao lado de Sehun.

Em passos rápidos, seguiu para a casa do nefilim. Se conhecia bem Sehun, ele estaria em casa agora. Sempre foi uma pessoa caseira, preferindo passar o dia em casa vendo filmes ao seu lado, trocando beijos estalados, a sair para uma boate qualquer e encher a cara.

O nervosismo tomou conta de si assim que avistou a casa simples em que o nefilim morava sozinho. Estranhamente, ela exalava um ar tristonho hoje. Provavelmente pelo seu dono encontrar-se da mesma forma.

Encheu seus pulmões de ar — mesmo que não precisasse, afinal, estava morto, mas sempre levaria esse costume mundano consigo. Encarou a casa mais uma vez, obrigando seus pés para que retomassem a caminhada, indo de encontro a porta de cor clara.

As mãos tremeram, hesitantes em bater para chamar a atenção de Sehun. Tinha coragem para massacrar um país inteiro, mas não para bater numa simples porta. Ele respirou fundo, contando os segundos em voz baixa na espera de que sua força de vontade chegasse para que conseguisse chamar pelo nefilim.

Um…

Dois…

Três…

Bateu. Mas não obteve resposta por alguns minutos.

Baekhyun repetiu os movimentos, e se perguntou depois de horas plantado na frente da casa, se Sehun estava realmente ali. Estava nervoso, com vontade de gritar pelo nome do Oh, ou colocar uma caixinha de som para tocar algo alto e chamar sua atenção.

Se seu coração pudesse bater, estaria a mil dentro do corpo. E por meros segundos, pôde sentir claramente a falta de conseguir senti-lo afobado contra o peito.

Irritado já com toda a demora e nenhum sinal de Sehun, o vampiro bufou e achou uma saída melhor para conseguir entrar na casa: a janela.

Seguiu para a lateral da casa, onde havia uma janela com a tranca ruim, sabendo que poderia entrar por lá sem problemas. Ninguém sabia daquele fato, só ele e Sehun. Ao chegar no local, abriu-a sem demora, deixando seu corpo esgueirar-se para dentro da morada.

— Sehun…? — chamou-o baixo, já dentro da casa.

Não houve resposta, então ele rapidamente entrou no quarto, deparando-se com o corpo tão procurado descansando numa estranha paz contra o travesseiro, enrolado nas cobertas.

Baekhyun andou com cuidado até ele, e viu que havia claramente chorado. As bochechas estavam avermelhadas, e a fronha que cobria seu travesseiro se encontrava molhada. A respiração pesada indicava cansaço, e a maneira com que os dedos apertavam os cobertores pareciam mostrar que ele estava tendo um pesadelo.

Sentiu-se culpado, vendo que mesmo triste e acabado, Sehun era lindo.

O vampiro tentou se acomodar no outro lado da cama sem que fizesse barulho ou o acordasse, numa pose desajeitada e totalmente desconfortável, mas não reclamou, porque estava perto dele. E nunca se sentiu tão inquieto quanto naquele momento, mesmo estando tantas vezes próximo do rapaz.

— Me perdoa, Sehun… — murmurou tão baixo que nem ele foi capaz de ouvir com clareza.

Aproximou a destra do rosto exausto, deixando com o polegar um carinho nas bochechas rosadas e levemente úmidas. O rosto de Sehun não se parecia com o de um nefilim, mas sim com o do de um humano tão comum, tão longe de todas as criaturas sobrenaturais.

— Me perdoa por ter dito tudo aquilo… — pediu num sussurrou, observando as runas marcadas no pescoço alheio, se perguntando se tudo aquilo doeu para ser feito, e se Sehun havia chorado como pareceu ter chorado ali. — Eu nunca quis te machucar, nunca quis te afastar de mim… Não sei onde eu tava com a cabeça, eu juro por… por tudo.

Aproximou os rostos, deixando um beijo casto em sua testa.

— Eu nunca quis te fazer chorar. — disse prestes a chorar novamente. — Merda, eu te am…

Os olhos do nefilim se abriram antes que Baekhyun pudesse terminar a frase, assustados com a presença do vampiro. Houve um silêncio assim que eles se encararam, deitados e completamente fora de órbita. Nenhum se propôs a começar a falar durante vários minutos, observando as feições alheias.

Sehun tinha a parte branca de seus olhos bastante avermelhadas, e o Byun guardava lágrimas nos seus.

— Sehun… — tentou começar, mas foi interrompido.

— O que você… — a voz saiu fraca, então ele pigarreou, afastando a mão de seu rosto e se sentando no colchão. — O que você tá fazendo aqui?

O vampiro se viu sem respostas. Não sabia o que fazer, e observá-lo tão fofo, atordoado por ter sido interrompido de seu sono, buscando respostas e ao mesmo tempo ficar acordado, só o deu mais vontade de beijá-lo.

E foi exatamente o que ele fez. Grudou as duas mãos nas maçãs do rosto do Oh, puxando-o para um beijo longo e intenso, desesperado e completamente fora de sua zona de conforto. Queria demonstrar pela primeira vez, mais carinho do que vontade de tê-lo apenas sobre seu corpo. Queria demonstrar tudo o que manteve apenas em seus pensamentos, apenas naquele toque dos lábios.

— Não… — Sehun o afastou antes que pudessem aprofundar o contato, as mãos contra o peito do Byun, obrigando-o a ficar longe de si. — Você não pode ter a cara de pau de falar tudo o que falou pra mim e ainda querer vir aqui… achando que eu vou transa-

— Não é isso! Pelo amor de Deus, Sehun! Não é isso… — interveio imediatamente, segurando em suas mãos. — Eu não quero transar. Digo, eu quero, mas…

— Vai embora, Baekhyun. — pediu, impaciente.

— Sehun…

— É sério, me deixa… só vai embora.

— Sehun, olha pra mim. — pediu com a voz doce, ansiando por poder olhar para aquelas íris encantadoras. Sabia que Sehun não queria olhá-lo diretamente por conta do recente choro, que consequentemente deixou seus olhos vermelhos. Ele não queria mostrar para Baekhyun que havia chorado.

— Eu estou olhando, idiota. — retrucou. Mas Baekhyun não desistiu.

— Nos meus olhos, Sehun. Olha nos meus olhos.

Bufando, o garoto obedeceu ao pedido. E naquele instante, olhando para aqueles olhos avermelhados e cheios de dor, Baekhyun decidiu que a partir daquele momento, ele seria a felicidade de Sehun. Nunca o faria chorar novamente. E, por mais que estivesse conviccto daquilo, ainda sentia-se desconfortável pelo o que estava prestes a dizer. Afinal, fazia muito tempo que não se declarava para alguém, e não lembrava-se de ter ficado tão nervoso da última vez que o fizera.

— Eu tenho duas coisas a te dizer. Uma não é tão importante e você pode ignorar, a segunda… a segunda é… — respirou fundo. — É essencial para que eu consiga ficar… vivo.

— Você é um vampiro, não está vivo faz tempo.

— Pois é, com a segunda informação você vai entender o que eu disse. — não pôde evitar um sorriso, gritando internamente para que Sehun o deixasse falar.

O nefilim pareceu pensar por vários segundos, e só então, ao coçar a nuca, teve certeza de que era um sinal positivo.

— Primeiro: sua camisa está ao contrário, você colocou a parte de dentro pra fora. — observou, apontando para as marcas da costura expostas, quando não deveriam ser mostradas.

Sehun revirou os olhos, e não demonstrou sinal de que iria desvirá-la. Então, Baekhyun se ajeitou, sentando-se ao lado dele, com as costas contra a cabeceira da cama, olhando para as próprias mãos.

— Há algum tempo atrás, eu conheci uma menina. Não, uma mulher. — corrigiu-se. — Desculpa, é que ela tinha uma cara…

— Eu não ligo, Baekhyun. Fala logo. — o nefilim cruzou os braços, deixando claro o desconforto.

— Tá… pra resumir, ela foi o meu primeiro amor. Aquela coisa que a gente pensa que vai ser passageira e tudo mais. O nome dela era Lee Jieun, e ela me amava de volta. — explicou, olhando de relance para o rapaz do seu lado. — Nós fomos felizes por vários anos, mas ela me proibiu de beber sangue humano. Nunca achou certo, mas eu… tinha minhas recaídas, até que consegui controlar bem a vontade. Fiquei tanto tempo sem beber direto de uma veia que nem lembrava mais o gosto, juro. Ela parecia feliz com aquilo, e me aceitava cada dia mais.

O vampiro respirou fundo, fechando os olhos antes de continuar. Os punhos estavam cerrados em nervosismo, sabia que Sehun não queria vê-lo ou ouvir tudo aquilo, mas ele precisava tentar. Mesmo que em algum lugar estivesse doendo, precisava tentar.

— Mas aí, um dia a gente discutiu feio. Feio mesmo, foi horrível e ela ficou tão irritada… e eu acabei mordendo ela. — ouviu o nefilim engolir em seco assim que foi citado o acontecimento. — Sim, exatamente como aconteceu com você. Mas… eu acabei indo longe demais, e quando percebi, ela tinha tão pouco sangue, e estava tão fria…

Quando se deu conta, Baekhyun estava chorando. As lágrimas caíam tanto que ele mal conseguia segurar os soluços.

— Baek-

— Eu jurei nunca mais gostar de ninguém ou beber sangue humano de novo… e estava indo tudo tão bem. — suspirou, apertando os olhos, tentando inutilmente conter o choro. — Até você chegar… porque aí você chegou só pra provar que eu ia sim, gostar de alguém de novo. Eu tentei tanto evitar isso, tentei não deixar você gostar de mim…

Sehun estava sem palavras. Paralisado, sem saber o que dizer ou o que fazer. Queria abraçar Baekhyun e o fazer parar de chorar, queria retirar dele toda a dor que estava sentindo, porque aquilo o machucava também. Vê-lo triste era o pior castigo que Deus poderia dar a si.

Eu não queria que você se apaixonasse por mim mesmo sabendo que eu já tinha me apaixonado por você… — Baekhyun confessou entre o choro. — Eu queria tanto te manter afastado do estrago que um monstro como eu fez, e ainda poderia fazer… e eu quase…

— Não era você. — disse o mais novo dos dois, sem se mover. — Não era você, eu sei que não. Não pergunte como, mas… eu sei que não era.

— Me perdoa, Sehun… — pediu, virando o rosto para poder olhá-lo em seus olhos. — Me perdoa, por favor. Eu não queria te machucar, eu… eu me odeio por ter feito você chorar e… me perdoa, eu não vou conseguir mais seguir em frente sem saber que a única pessoa que me faz… me faz eu me sentir vivo me odeia.

O Oh riu soprado ao ouvir a última frase, e entrelaçou seus dedos nos dele, observando-os e pensando em como pareciam se encaixar tão bem. Não conseguia dizer nada, porque nada vinha em sua mente. Ele gostou do silêncio que se instalou entre os dois, porque Baekhyun emanava desespero e parecia implorar, mesmo daquele jeito, por uma resposta.

— Você namoraria comigo? — Sehun perguntou, o encarando.

— O quê? — o vampiro, surpreso, arregalou os olhos.

— Eu perguntei se você namoraria comigo, Baekhyun.

— E-eu… eu acho que sim…

Acha?

— Eu não sei, tá?! Eu não sei aonde você quer chegar com isso, então não posso te dar uma resposta!

— Que merda… — bufou. — Eu tô tentando te pedir em namoro e é isso que você diz?

— Você não deu certeza também! Só perguntou se eu namoraria, e não se eu… se eu… — Baekhyun grunhiu de raiva. — Sim, Oh Sehun, eu namoraria você!

Satisfeito com a resposta, o nefilim sorriu.

— Então eu te perdoo…

O Byun piscou, sem entender a situação.

— Sabe, eu não poderia perdoar alguém que não tem a certeza de que vai namorar uma raça que ele disse ser… quais foram as palavras mesmo?

— Eu não quis dizer isso…

— Você disse que é um monstro. Eu estou bem com isso. Posso namorar um monstro. E você? Pode namorar alguém podre? Um erro? — apertou a mão que estava entrelaçada a sua, obrigando-o a responder.

— Sehun… — Baekhyun engoliu todo o orgulho que havia em si. — Você é o erro que eu mais amo.

E então, deixou-se ser levado para um beijo afoito, mas cheio de afeto, de carinho, mas principalmente de amor. Baekyun não se lembrava da última vez que ficou tão feliz em estar beijando alguém que ama. Feliz de verdade.

O beijo, por mais delicado que fosse, era necessitado, como se estivessem sentindo uma saudade enorme um do outro, tendo que saciá-la com beijos. Beijos e toques que vieram a seguir. A língua de Sehun acariciava a sua com certa possessão, enquanto sentia as mãos do outro seguir até seu cabelo, ora puxando levemente seus fios, ora arranhando sua nuca. Baekhyun também não manteve-se parado, envolvendo a cintura do mais novo em um abraço, trazendo seu corpo mais para si. Espalmou as mãos em suas costas largas, acariciando aquele local ainda coberto pela camisa, fazendo o nefilim suspirar contra sua boca.

Partiram o beijo, colando suas testas, para então olharem-se, um nos olhos do outro. Trocaram um sorriso doce, emanando a felicidade que tomava conta de  ambos. Sentiu as mãos de Sehun tocarem-lhe as bochechas, acariciando-as com o polegar.

— Você é tão bonito, Sehun… — disse no seu melhor tom romântico, deixando que seus dedos percorressem uma linha imaginária até o pescoço do Oh, acariciando-o. Viu quando os pelos do outro arrepiaram-se naquele local, o fazendo sorrir satisfeito, percebendo o efeito que causava no mais novo.

O nefilim, contudo, gemeu manhoso e contrariado. Não estava acostumado com aquele lado mais doce de Baekhyun, era a primeira vez que recebia um elogio daquele, tão profundo, tão puro, sem segundas intenções. Não estava preparado, e estaria mentindo se não dissesse que sentiu suas bochechas esquentarem com tal declaração.

— Baek… — fora tudo o que dissera antes de, dessa vez, ter seus lábios tomados pelo os do outro, em um beijo tão intenso e tão cheio de sentimentos quanto o último que haviam finalizado.

De repente, com aquele beijo, o quarto pareceu esquentar de uma forma avassaladora. Os toques cóleros de Baekhyun sobre sua blusa já não faziam mais efeito, e Sehun queria mais.

Não soube quantos beijos já haviam trocado naquele curto período de tempo, talvez estivessem no décimo quinto quando o nefilim afastou-se minimamente de si, somente para tirar aquela maldita camisa que estava pelo avesso. Baekhyun sorriu satisfeito, tomando sua cintura em mãos, para em seguida, deixar o corpo magro de Sehun sobre a cama, deixando-se ficar por cima. Ficou em silêncio por alguns segundos, permitindo-se apreciar a beleza daquele descendente de anjos. Era tão lindo, pensou. Desde o dedo mindinho do pé, até as poucas sardinhas de suas bochechas. Sehun era lindo por completo, e tinha sorte de tê-lo só para si.

— Ah, Sehun, como eu amo você. — sussurrou alto o suficiente para que o mais novo ouvisse e abrisse um dos sorrisos mais lindos que já tivera a oportunidade de presenciar.

Não deu a chance de Sehun lhe dar uma resposta. Não precisava disso. Estava muito mais preocupado em mostrar todo o amor que sentia por ele com gestos, com carinhos, e tudo o que pudesse lhe dar. Queria mostrar para Sehun que valia a pena. Desta vez, Baekhyun iria fazer diferente.

Baekhyun iria amar Sehun.

E em meio a tantos beijos, tantas carícias, e tantas declarações de amor que antes estavam guardadas no peito de cada um finalmente ditas, Baekhyun e Sehun se amaram. Era a primeira vez dos dois com aquele sentimento aflorando dentro de si. Daquela vez, não fora só sexo, fora amor. Da forma mais genuína e pura possível.

Ali, naquela cama em que costumava passar o fim de semana realizando atos depravados, Baekhyun deixou-se amar e ser amado por Sehun. Ali, sem nenhuma roupa cobrindo ambos os corpos e a penumbra da noite adentrando pela janela, tanto o nefilim quanto o vampiro selaram sua paixão e o seu destino com um ato de tamanho carinho.

Em meio a gemidos de prazer, sussurrando um para o outro, em forma de declaração, vários “Eu te amo”, mergulharam noite a dentro, deleitando-se, aproveitando daquele novo ato que formaram ali. A partir de agora, eles não fariam só sexo, eles fariam amor.

 

[...]

 

— Sehun, está tudo bem mesmo em namorar um monstro como eu? — Baekhyun perguntou, o olhando nos olhos, ajeitando o lençol sobre os corpos exaustos e moles, tentando mascarar seu nervosismo naquela ação.

Era uma pergunta ridícula, o vampiro sabia. Afinal, não havia resposta melhor do que aquela que Sehun lhe dera com o ato de amor que fizeram naquela cama. Porém, foi quase impossível não sentir aquela ponta de medo de ser largado pelo mais novo.

— É realmente isso que você quer? — seus olhos não desgrudaram um segundo sequer das orbes castanhas do outro. Os poucos segundos que Sehun demorara para lhe responder pareciam mais horas, fazendo Baekhyun mordiscar os lábios, em um visível ato de nervosismo, tentando conter a onda de aflição que apoderou-se de si.

— Baek… — antes de respondê-lo, trouxe o corpo magro para perto de si, o abraçando pela cintura. Deixou que seus olhos visualizassem muito bem aquele rosto bonito e pouco pálido do vampiro no qual amava. Queria capturar com seu olhar a reação deste com o que estava prestes a falar: — Eu não quero um príncipe dos contos de fadas, um herói, ou algo do tipo. Só quero alguém que eu possa tocar, gritar junto e fazer piadas. Beijar, trocar mensagens nas aulas e… amar. Alguém assim, sabe? Assim como você.

E foi orgulhoso daquela resposta, que eles se perderam novamente um no outro.

 


Notas Finais


xiuniverse: Eu tô bem triste por ter acabado… queria ter feito mais 40 capítulos sobre esses dois, porque AAAAAAAAAAAAAAAAA que gentinha difícil de lidar consigo mesmo, viu?
Vocês gostaram? Baekhyun SEU MERDA NÃO DEVIA TER FEITO ISSO, TERIA MAIS TEMPO PRA TRANSAR COM O SEHUN SE NÃO FOSSE TÃO CABECINHA OCA

Obrigada, Jongdae, por ser sensato e acabar mostrando que o Baek ia fazer merda <3
Gente, esse Sehun é um bebê, eu quero um filho desses na minha vida qqqqq
Pra quem não sabe, a Jieun é a princesinha da Coréia IU, tá? Eu amo ela e o Baek juntos <33333

Eeeeeenfim, obrigada, Lynn, por aceitar escrever comigo, sério, essa fanfic nunca teria saído se você não tivesse escrito 99% da fanfic NGKNDGJKSN <3 Aliás, se futuramente der tudo certo, eu quero de novo tá q
Obrigada, Prolyxa, pelo plot <3
Espero mesmo que vocês tenham gostado, não esqueçam de se inscrever no canal e deixar o seu like qqqqqqq


Até uma próxima vez, e fui! <3

arrobaek: Enfimmmm, galerinha do mal. Eu espero, de coração, que tenham gostado. Foi uma luta escrever essa fanfic, e como a Kath disse ali em cima, se pudéssemos, escreveríamos 40 capítulos ou mais desse xuxuzinho. Infelizmente, tudo que é bom, acaba, não é? Mas não se preocupem, nos veremos mais vezes!

Comentem ai o que vcs acharam hehe <3
Beijinhos <3


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