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História ASTRO - Vida Escolar - Luz e Escuridão


Escrita por: supernovae

Capítulo 8 - Luz e Escuridão


Fanfic / Fanfiction ASTRO - Vida Escolar - Luz e Escuridão

Kim Iseul encarou sua figura abatida no espelho e deixou uma lágrima rolar pelo seu rosto ferido. Ele mal conseguiu olhar-se novamente no espelho antes de tirar o seu pijama de quatro anos e colocar desajeitadamente o uniforme da escola.

Ele saiu do banheiro e encarou Kim Doyoung, seu irmão, atirado no sofá, com Shinoda. Um fino lençol os envolvia e o estômago do jovem revirou com o ralo café da manhã que havia comido. Ele colocou os pés pra fora de casa, encarando o dia ensolarado, mas que parecia totalmente preto e branco, assim como todos os outros dias de sua vida.

Ele começou a caminhar lentamente e encarou as crianças brincando na rua. Ele tivera uma infância tão feliz, mas... será que seu sobrinho também teria? 

Iseul não pôde deixar de chorar ao relembrar da sua expulsão de casa. Ele sentia falta de sua família, de sua melhor amiga, que também era sua namorada. Ele sentia falta de ir aos sábados na igreja e ajudar as crianças no parque aos domingos.

Kim Iseul andou, de modo cabisbaixo e olhar perdido até a escola. Sem perceber, esbarrou em um garoto mais baixo, pedindo desculpas. O garoto de cabelos esbranquiçados soltou um sorriso rápido e voltou a caminhar na direção da escola.

Chegando a sua classe, a classe do Primeiro Ano da Sakura-bi High School, ele sentou-se na carteira do fundo e colocou seu material de desenho na mesa, traçando leves rabiscos pela folha limpa.

— Oi! Você desenha bem. - Uma garota baixinha e de olhos curiosos soltou um sorriso na direção dele. - Desculpe não ter me apresentado. Meu nome é Moon Ritsu, e o seu?

—  Oi. Eu sou o Kim Iseul. Eu sou novo aqui.

— Você parece triste. Aconteceu alguma coisa? - Ela entortou a cabeça, assumindo uma expressão preocupada.

— Não. Eu estou bem. Pode me deixar sozinho, por favor?

Ritsu saiu de fininho e voltou a se sentar em seu lugar, encarando vez o outra o garoto desenhar e prestar atenção na aula. 

Nos pensamentos de Kim Iseul, tudo era extremamente sem cor e sem vida. Tudo tão... velho e empoeirado. Ele estava com, aproximadamente, 28 pessoas na sala de aula, mas se sentia mais sozinho que tudo. Como se ninguém no mundo pudesse ajudá-lo.
Então, quando aquele garoto entrou pela porta da sala, Iseul recostou-se, para ver melhor aquela figura que despertava seu interesse quando tudo naquele mundo vazio o empurrava para dentro de um poço de solidão.
 

Os cabelos brancos e espigados do garoto talvez indicassem que ele estava atrasado para a aula. O uniforme não estava passado e ele tinha um sorriso animado no rosto, que fez um pouco, nem que fosse o mínimo, do mundo de Kim Iseul se acender. Mas aquilo já era algo grande. Kim Iseul não sorria há anos. Então, por que estava abrindo um sorriso tão grande ao ver um simples garoto?
O garoto tentou deixar esses pensamentos pra lá e voltou a concentrar-se na aula. Tudo era tão monótono e cálculo era tão fácil que ele poderia fazer todas aquelas equações de olhos fechados.

Quando o sinal tocou, o garoto saiu arrastando os pés da sala de aula. Para Kim Iseul nada mais no mundo importava para ele. Como se estivesse... morto por dentro. Não tinha mais alegrias, sonhos ou objetivos. Apenas viver. Dia após dia. Hora após hora. Sinal após sinal.

Dia após dia.

Hora após hora.

Sinal após...

  — Ei, quer ir comer alguma coisa? - Um garoto se aproximou dele, soltando um sorriso e indicando alguns trocados com a palma da mão.
— Você está brincando comigo? - Kim Iseul encarou-o, sem muitas perspectivas.
— Não, cara. Estou chamando você pra comer alguma coisa na cantina. - O garoto de cabelos esbranquiçados disse, soltando um sorriso. - Sem porradas, roubo, bullying, obrigar você a carregar meus livros... Você só parece triste e eu quero te ajudar.

Kim Iseul encarou-o. Ninguém no mundo nunca quis ajudá-lo, e, portanto, aquilo era uma grande novidade, e, como Iseul sempre reagia a novidades, ele queria se armar com todas as palavras possíveis, sendo o "não" a mais poderosa delas.
— Me ajudar? - Ele encarou o garoto novamente, com um olhar crítico. - Quem está te pagando pra você ficar comigo?
  — Caramba, você é muito chato! - Ele disse, mas, deu alguns passos para trás. - Vamos começar de novo. Oi, o meu nome é Syaoran e eu quero tomar um lanche com você. Sem porradas, roubo, bullying, obrigar você a carregar meus livros, e não, ninguém está me pagando. Vamos só passar o recreio juntos!?
— Vamos nessa, Syaoran.

...

Syaoran abocanhava o arroz na caçarola enquanto encarava o garoto á sua frente, que mal mexia na comida.
— Você não me parece com muita fome. - Ele disse, soltando um sorriso.

— Eu nunca sinto fome. - O garoto retrucou.

— Vamos lá, cara. O que você tem? - Syaoran disse, enquanto bebericava o suco. - Sua aura é tão... pesada. Você parece ser... a escuridão.

  — E você parece ser a Luz. O que a vida tem de tão engraçado pra você estar sempre sorrindo? - Kim Iseul disse, retrucando. Syaoran sentiu que o rapaz nunca se desarmaria das palavras de defesa e frieza.

Syaoran soltou outro sorriso, e pediu para que o garoto olhasse além da árvore que ali estavam sentados abaixo.
— Você vê tudo isso? Os pássaros, o vento, o sol... Todas essas coisas me fazem pensar que eu sou especial e estou aqui para um propósito. Eu estou aqui, a pensar... Entre milhões, ou até bilhões, eu fui escolhido! - O garoto chinês disse, soltando um enorme sorriso. - Eu estou aqui porque sou um campeão. Todos nós somos, Iseul.

— Meu irmão me traiu com a minha namorada. 

— Porque os dois não são suficientes pra uma pessoa boa como você. - Syaoran rapidamente retrucou, deixando pela primeira vez o Kim sem palavras. - Eles não merecem você. Pessoas boas demais querem se envolver com pessoas não tão boas para melhorá-las. Você é humilde.

— Eu não consigo ver cor nas coisas, Syaoran. É como se tudo fosse preto e branco, sem vida.

— Você só precisa descobrir a beleza que existe em você para depois descobrir a do mundo, Iseul. - Soltando um sorriso, o garoto mais baixo se levantou e estendeu a mão ao garoto mais alto. O garoto levantou-se, soltando um sorriso. - Vamos dar um passeio.

Syaoran estendeu os fones de ouvido ao garoto, e assim que ele colocou-os no ouvido, deu um play na música.

O que não te mata te faz mais forte /  Não significa que eu esteja só quando estou sozinho / O que não te mata te torna um lutador / Apenas eu, eu mesmo

  — Você está vendo aqueles garotos jogarem bola? - Syaoran apontou para um grupo que jogava bola animadamente. - Temos alguns minutos ainda. Vamos?

Kim Iseul não teve tempo de responder, pois foi puxado pelo garoto, entrando no jogo com os garotos. Em um passe bem feito por um dos meninos, o Kim fez um gol em Syaoran, que correu para abraçá-lo.

— Você joga bem! - Ele disse, enquanto abraçava o garoto, e o maior ria nervosamente. O sinal tocou, então os dois se dirigiram de volta á escola. - E então, se sente melhor?

— Obrigada, Syaoran. Nunca me senti tão bem na minha vida.  



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