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História Loucura Lúcida - Animalesco


Escrita por: Aeurora

Notas do Autor


[*Este capítulo foi reescrito*]
Sim, eu abandonei a história. Por estes meses postei os vários motivos que me fizeram deixar esse meu moranguinho orgânico de canto. O contexto mudou e as personagens também. Então para os antigos, se preparem para ver um Bolinho full pistola mordedor de braços. (Me lembrou o filme It).
Espero realmente que gostem, eu preparei com carinho mas estou super insegura. Espero vocês nos comentários. Beijo no popô.
[*Este capítulo foi reescrito*]

Capítulo 1 - Animalesco


Fanfic / Fanfiction Loucura Lúcida - Animalesco

Sua gravata foi reajustada pela milésima vez naquela manhã com sol ardente, o ar abafado fez par com sua gravata justa lhe apertando o pescoço, um conjunto maldito que aumentava gradativamente sua ansiedade, o sufocava. Seus dedos finos brincavam com o tecido fino do adereço de marca, inquieto. 

Seu paciente era selvagem, um cão selvagem indomável, em todos estes anos no manicômio, é sua primeira experiência ouvindo tantas palavras sujas dos funcionários, direcionadas a um interno. Uns até mesmo criavam boatos de que o paciente era mudo, nunca nem mesmo ouviram sua voz. 

Jazia consigo seu equipamento de trabalho, particularmente exótico. A abordagem teria de ser diferente, para causar espantamento e curiosidade, seu comportamento agressivo era reforçado com o afastamento dos funcionários por medo ou até mesmo o padrão de diálogo de Jaemin. Era um bom velhinho, entretanto não era estruturado o suficiente para lidar com o rapaz arisco. 

Nem mesmo gastou seu tempo com anotações do idoso, construiria sua relação e o desvendaria aos poucos, Jeongguk nunca foi um homem de rascunhos. Gostava era da prática, do sentir e estar, aprender e guardar. 

Cada pequena informação ficaria armazenada em sua caixinha mental, separada unicamente para o paciente mais complexo daquele lugar medíocre, Park Jimin. 

Sua linha de pensamentos seguia, juntamente aos seus passos firmes. Uma enfermeira caminhava consigo pelos extensos corredores do hospital psiquiátrico, os estalos daquele salto fino contra o piso campestre, agredia com violência seus tímpanos sensíveis. Sempre foi um bom ouvinte, até mesmo no sentido literal, sua audição apurada lhe ocasionava diversas dores de cabeça incômodas. 

A mulher tagarelava, seus cabelos eram curtos, batiam em seus ombros magricelas. Era escandalosa, todo o corredor a ouvia passar, matraqueando sobre como é inadmissível seu marido depilar os pelos pubianos com o seu sabonete esfoliante facial. 

—E mesmo estando com meia-idade continua um porco imundo. — Pausou, recuperando sua respiração desregulada, expressando tamanha desilusão com seu marido— Eu estou casada com um ogro, não admito ser a Fiona. 

—Um relacionamento desgastado aumenta a proporção do problema. —Jeon dispara, ferindo o ego da moça— Discussões sem motivo aparente comprovam a falta de harmonia entre o casal. 

A mulher sorri amarelo, evidentemente afetada pelas palavras frias do doutor.

Quarto 103, Ala B. 

Observou a escritura desenhada na madeira, suspensa na grande porta a sua frente, o gélido do metal da maçaneta contrastou com o quente de sua pele. 

—Aqui está meu pequeno Édipo*. Abandonado e deixado à míngua por seu parentesco perverso. 

E como num verdadeiro espetáculo, a grande atração finalmente dá às suas caras, expondo toda sua selvageria. Um abrir de porta sem brusquidão o colocou em estado de alerta. Que perigo tentador, seu paciente possuía uma áurea animalesca intrigante.

—Não entre comigo, meu anjo. —O Psiquiatra alertou— Aguarde-me exatamente no mesmo local que está. Muitas pessoas num só ambiente pode agita-lo ainda mais. 

A voz mansa, mas autoritária fez a mulher suspirar de amores, aquele sim era seu modelo ideal de homem, quieto e intelectual. Seu cônjuge era um abutre preguiçoso. 

A postura do recém-formado sempre foi imutável, enclausurava suas emoções supérfluas numa bolha, abraçava a neutralidade. Sua feição não negava, ele aparentava ser extremamente bom de cama. Às funcionárias formavam rodas para colocar esse assunto em pauta e discutir sobre a vida pessoal do rapaz. Era natural despertar interesse e curiosidade, nunca foi visto num relacionamento. 

Enquanto a mulher vagueava sobre a cor de sua peça íntima, ele permanecia dentro da sala, tenso. Mantinha-se aproximando minuciosamente. Park Jimin estava numa posição de primata, como se esperasse para dar um bote certeiro, em cima do seu leito. Sem troca de palavras, apenas movimentações moderadas. Seus punhos permaneciam no colchão endurecido e os olhos felinos fixados no desconhecido. 

Um passo por parte de Jeon o fez rosnar. Dando a entender que ali era seu limite. 

—Olá, estou aqui para cuidar de você. Esta é minha função. 

Permaneceu imóvel, sem esboçar expressão alguma. Estava procurando qualquer investida do invasor para tentar uma possível fuga. A porta estava entreaberta. 

—Jaemin aposentou-se, serei seu novo amigo. —Notou uma micro expressão de desprezo se formar e se corrigiu— Serei seu novo companheiro, ficar aqui sozinho é angustiante, não? 

O paciente entreabriu os lábios, balbuciando. Quando notou, cravou suas unhas no lençol, estreitando os olhos. Não iria ser manipulado por um merdinha qualquer. 

Jungkook precisava atrair uma atenção positiva do interno, sem causar nenhuma espécie de tensão. A integridade mental do seu paciente era essencial. O comportamento involuntário quando mencionou de solidão lhe fez deduzir que sente-se isolado ou possivelmente gosta de ficar sozinho. Eram perspectivas distintas, no entanto foi uma grande descoberta para menos de um minuto de diálogo —ou monólogo—. 

Num movimento surpresa, um pano branco estendeu-se no chão de madeira, alinhado com perfeccionismo por Gguk. O ato brusco fez Park exibir os dentes, sua habilidade com comunicação tende a ser medíocre em qualquer aproximação, era desconfiado. Não era por pouco, seu ciclo de laços era composto por menos de cinco pessoas. 

—Trouxe pincéis e tintas de colorir. Venha quando se sentir à vontade. 

Jeon notou os orbes do rapaz prenderem em si e como forma de provocar atenção, circulava a ponta macia dos pincéis calmante em sua derme. Fechava seus olhos apreciando a textura, deslizando por sua pele. Sorria para o menino, reforçando a ideia que aquilo era bom e lhe fazia bem. 

Os olhos do garoto caíram naquela fartura de material, foi inevitável não sentir-se tentado a tocar.

 —Você já sentiu a textura duma tinta em contato com a pele? É gelada como água nos dias frios. 

Atiçou novamente a curiosidade do garoto, que dirigiu-se lentamente até a tinta guache. Gotejou o azul índigo nas palmas de suas mãos. Era realmente gelado, de textura gelatinosa. Seus dedos gorduchos se esfregavam um no outro, espalhando a tinta por toda a extensão. 

O cheiro da tinta ardia suas narinas sensíveis, no entanto lhe despertava interesse. Mesmo não se tratando de uma pessoa visual, era apaixonado pelo poder das cores e suas representatividades, como afetam diretamente nossas emoções. O ser humano costuma ligar-se muito aos seus sentidos, afinal foram eles que nos guiaram para a sobrevivência. Por conta disso que via a beleza nas coisas, a beleza no ver e sentir, no toque. Como um ser racional, com o dom do pensar, permitiu que o medo lhe atingisse sem piedade, como socos consecutivos, alertava o perigo. O outro viera com tamanha quietude e cautela, mas sem o olhar de forma discriminativa, acabava que contra sua vontade atribuía uma sensação de proteção. Ele parecia ser bom e isso o fazia ser ruim, pessoa assim lhe causava a forma mais genuína do medo. 

As paredes do seu quarto eram brancas e puras, tão esbranquiçadas quanto as nuvens deste dia ensolarado, sentia-se dentro dum livro que faltavam páginas, uma tábua rasa, vaga e vazia. Faltava cor, alegria, era um lugar sem graça, a ansiedade que o ambiente lhe causava rasgava a carne interna do seu peito, carbonizava sua alma. Temeroso, seguiu com o corpo trêmulo, posicionando-se frente a uma das paredes. Tocou-a com a ponta dos dedos, suave como se manuseasse pétalas de rosas, levando o palmo de encontro a solidez do gesso, formando a imagem duma pequena mão na vastidão daquele mar sem cor. 

—Realmente é uma ótima ideia tingir as paredes deste quarto branco. 

Jungkook sorri, depositando suas mãos cobertas de tinta verde musgo, ao lado da tintura de mão azul escura do paciente. O braço do doutor acabou por ser empurrado com hostilidade, os lumes cortantes faiscavam, estava possesso pela invasão do seu espaço, do seu mundo. 

—Prefere fazer isto sozinho? —Mostrou sua palma coberta de cor— Não acha de duas cores fazem um contraste belo? 

Contraste uma ova, nem mesmo sentiu a aproximação do novo psiquiatra pé no saco, era insistente. O que precisava fazer para deixa-lo em paz com os materiais e suas abstrações, sua linha de pensamento sendo interrompida causava confusão. Park Jimin estava confuso, queria fugir, mas queria ficar. O que o outro queria tirar de si? 

Enfureceu, atacando fisicamente o corpo estranho que permanecia no seu aposento. A mandíbula do paciente agarrou-se na carne do antebraço do Doutor, perfurando. Ardente e rápido como a mordida duma fera. Os orbes miravam a mais profunda alma do Psiquiatra, enquanto os dentes adentravam a derme. Por mais que a situação era conflituosa, Jeon se manteve sereno. Aguardou com que o garoto soltasse sua pele e quando fez, recolheu seus materiais sem proferir uma única palavra e retirando-se, notando o garoto esconder-se entre os cobertores da clínica.

     A carne perdeu cor pois havia um impedimento para a circulação, aos poucos arroxeava, fora mordido, estava pasmo. Letárgico pelo choque, em contrapartida enérgico pela surpresa. Park Jimin era um desafio em sua profissão e Jungkook sempre foi competitivo. Esse caso agora era seu e ninguém o tiraria de suas mãos.


Notas Finais


Park Jimin cachorrão mil grau, mordendo o psiquiatra dele é a melhor coisa que vão ver hoje.
Mereceu, azul escuro com verde musgo é um horror, né nom?
Gostaria de saber a opinião de vocês, preferem as personalidades antigas ou as atuais?


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