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História Até Algum Dia... - Dois Espíritos...


Escrita por: Ka-S

Notas do Autor


Demorei mais do que o previsto, e peço desculpa por não ter atualizado na semana prometida. Mas o importante é que eu voltei.

Capítulo 28 - Dois Espíritos...


Eu sentia que a qualquer momento meu corpo se fundiria com o de Lauren com a força que eu a apartava contra mim. Meus gritos e meu choro foram silenciados pelo cansaço do meu corpo, da minha boca só saia lufadas de ar e soluços sem som, eu sentia meus olhos inchados, meu rosto estava completamente molhado, assim como o pescoço de Lauren aonde meu rosto estava enterrado lavando sua pele com as minhas lágrimas. Meu coração doía, e sangrava com a mistura de sentimentos, mas o sentimento que predominava era o medo, medo de estar presa em alguma das minhas ilusões, medo de nada ser real. 

Mesmo relutante me afastei do seu aperto, mas me afastei apenas o suficiente para que eu pudesse ver seu rosto, sua pele estava com uma um coloração amarelada, olhei fundo nos seus olhos vermelhos pelas lágrimas, com uma mão continuei apertando forte a sua cintura, e com a outra contornei o desenho do seu rosto com a ponto dos dedos. Era muito visível a perca de peso, contornei seus lábios ressecados, toquei seu nariz e suas bochechas que estavam vermelhas, olheiras fortes marcavam seus olhos que estavam fundos, ela fechou os olhos quando toquei neles e passei pelas suas sobrancelhas, passei os dedos pelos seus cabelos que perderam grande parte da tinta preta, deixando visível a cor natural, estavam sem vida, sem brilho e secos.

Toquei seus braços cobertos até a metade por um tecido colorido, ela segurou cada lado do meu rosto, coloquei as mãos por cima das suas.

— Você está aqui? — Perguntei e ela me presenteou com o sorriso que eu daria a vida pra ver novamente.

Passei as mãos pelas grossas lágrimas que molhavam seu rosto.

— Você voltou! — Minhas palavras saíram junto com o nó que estava preso em minha garganta. Novamente me joguei em seus braços.

— Estou aqui meu amor. — Sua voz rouca e embargada, causou arrepios pelo meu corpo.

— O que fizeram com você? — Perguntei ao passar o dedo em uma pequena parte exposta da cicatriz em seu tórax.

— Não... Não pense nisso agora.

— Eu te amo tanto meu amor. — Colei nossas testas para que eu pudesse olhar bem no fundo dos seus olhos.

— Eu te amo muito. — Sem mais suportar agarrei sua nuca e colei nossos lábios, a nostalgia e as lembranças nos envolveram de uma forma tão profunda que eu não sou capaz descrever, cada lágrima que se misturava com nosso beijo trazia a promessa de dias felizes.

Eu não vou deixar eles nos separar.

Lauren eu tenho medo.

Você quer casar comigo?

Não quero ouvir!

Quero viver ao seu lado até o último dia da minha vida.

Você acha que vai ser um menino ou uma menina?

Que se dane!

Sim! Sim! Sim! Eu quero me casar com você.

Eu só quero viver em paz!

Eu sempre vou voltar por você

— Eu tenho tantas coisas pra te falar. — Ela falou com os lábios ainda colocados nos meus. — Eu tenho tantas coisas pra te explicar.

— Teve um tempo em que eu te culpei por tudo que estava acontecendo, eu fiquei com raiva, tantas vezes eu gritei e chorei no seu túmulo como se você pudesse me escutar, tantas vezes eu perguntei o porquê de você ter me abandonado, quantas vezes eu me desesperei ao acordar e ver que você não estava ao meu lado, muitas noites eu acordei e fui a sua procura, mas o seu lado da cama permanecia frio e vazio, sempre que eu entrava no banheiro eu implorava para que tivesse um tubo de pasta de dente aberto em cima da pia apenas pra poder brigar com você, ou que ao sair do banheiro eu me irritasse ao ver sua toalha molhada em cima da cama, eu tinha esperança de que eu pudesse descer as escadas resmungando por ter que recolher as roupas que você deixou jogadas ao chegar em casa. Como eu desejei entrar na cozinha e ter que te ensinar pela milésima vez como usar a cafeteira. Como eu quis continuar compartilhando minha vida com você... Mas você já não estava mais lá, eu tinha que me conformar que você já não pertencia mais aquela casa, que você não poderia mais compartilhar sua vida comigo, que eu não poderia mais te desejar bom dia, mas eu não consegui, eu não pude! Eu não tive forças pra tentar aceitar a sua partida, eu queria que você tivesse me esperado, mas não se pode viver apenas com o desejo de querer, você não voltaria, mas eu não podia aceitar isso, eu não queria aceitar isso, porque você prometeu que sempre voltaria por mim.

— Me perdoa? Eu nunca quis fazer você sofrer dessa forma... Eu também desejei tanto poder ter você novamente nos meus braços nem que fosse apenas por mais uma única vez. Pensar em nós me deu forças pra continuar vivendo, desejei muito acordar ao seu lado novamente, desejei ouvir suas broncas, sua voz mandona, mesmo não aguentando nem ficar em pé, pensar em você me fazia desejar a liberdade que me foi roubada, em muitos momentos eu fui fraca, mas me mantive respirando apenas pra poder olhar nos seus olhos mais uma vez e dizer que eu estou aqui e que eu voltei apenas pra cumprir a promessa de que eu sempre voltaria por você.

— E eu cumpri a minha de sempre esperar por você.


FLASHBACK ON


— Jauregui precisamos ir agora. — A voz irritante do Coronel soou atrás de mim.

— Amor, por favor, não vai.— Fazia uma hora que eu e Lauren estávamos abraçadas em frente a Academia de Polícia, esse Estava sendo o pior dia da minha vida.

— Camz eu também não quero ficar longe de você, mas eu tenho que ir. — Sem nenhuma vergonha chorávamos como duas crianças na frente dos nossos familiares e amigos.

— Quando você vai voltar? — Perguntei soluçando.

— Eu não sei ainda.

— Pra onde você vai? — Perguntei pela quinta vez.

— Eu não sei muito bem, nos falaram que vamos para algum lugar da floresta na América do Sul.

— Eu não quero que você me deixe.

— Jauregui anda logo ou vamos sem você! — O Coronel falou irritado, e eu abracei Lauren com mais força.

— Vai passar rápido amor, e quando eu voltar vamos nos casar e você vai me ter ao seu lado pro resto da vida. — Funguei contra o seu pescoço. — Promete que vai me esperar?

— E você promete que vai voltar?

— Camz eu sempre vou voltar por você.

— Lolo eu sempre vou esperar por você.


FLASHBACK OFF


Lauren olhou em volta como se estivesse procurando alguém. — E a nossa filha? Verônica disse que é uma menina. — Ela sorrindo e eu senti meu sangue gelar com a pergunta e me agarrei nela chorando. 

— Desculpa, por favor, me desculpa. — Ela me afastou com uma expressão preocupada no rosto.

— O que aconteceu com ela? — 

Perguntou preocupada.

— Nós estamos ficando na casa da Dinah e da Normani. Quando a Verônica foi me buscar eu queria trazer a nossa filha junto, mas Verônica disse que era melhor ela ficar. Eu sei que eu não deveria ter deixado ela lá, mas eu não eu sabia o que eu estava fazendo, eu tinha tomado remédio pra dormir, eu estava muito sobrecarregada, eu me sentia sufocada com tudo e com todos, eu nunca abandoria a nossa filha. — Falei tudo em um folego só, Lauren me puxou de encontro ao seu peito e acariciou meus cabelos.

— Shhh calma meu amor... — Ela deu um beijo no topo da minha cabeça. — Eu não estou te acusando de nada.

— Eu tento ser uma boa mãe pra Angel, nossa Angélica... Eu juro que eu tento, eu nunca abandonaria a nossa filha, nunca! — Eu sentia uma enorme obrigação de me justificar, eu não poderia deixar Lauren pensar nem por um segundo que eu não me esforçava o suficiente pra ser uma boa mãe. — Quando você se foi, por muitas vezes tive vontade de jogar tudo pro alto e dormir pra nunca mais acordar, mas nunca fiz isso por causa de Angel, eu sou forte por ela. Nunca deixei ela pra ser criada por ninguém que não fosse por mim, é claro que eu tenho ajuda de todos, e quando vou trabalhar ela fica com Clara, mas isso não significa que eu a abandonei. Você tem que acreditar em mim!

— Amor... Olha pra mim. — Lauren envolveu meu rosto com suas mãos. — Eu acredito em você... Em nenhum momento passou pela minha cabeça que você seria capaz de abandonar a nossa filha. Nem imagino o quanto deve ter sido difícil pra você aguentar tudo isso.

— Ela se parece com você, é uma linda menina.


FLASHBACK ON


— Ai... Ai... Se acalme meu amor. — Apertei os olhos e travei a mandíbula, segurei firme minha barriga, tentei respirar fundo enquanto meu rosto se contorsia de dor, após mais uma contração passar, procurei pelo meu celular mas não encontrei, deve estar perdido entre o emaranhado de lençol e coberta que ficou na cama depois de tanto me contorcer de dor, desisti de ligar pra alguém, a próxima contração não ia demorar a voltar então me apressei como pude pra pegar a bolsa da maternidade que já estava arrumada pois eu estava no último mês de gestação e à qualquer momento Angel poderia decidir que já era hora de nascer.

Com certeza meu cabelo estava uma bagunça, mas eu não posso perder tempo, saí de pantufa e pijama, o suor escorria pelo meu rosto.

— Aahh! — Parei no meio da escada pra respirar e esperar a contração passar, conforme a dor ia passando eu descia um degrau, peguei a chave do carro que eu tinha deixado em cima do sofá, assim que abri a porta de casa senti um como se agulhar estivessem entrando na minha pele quando o vento se chocou contra o meu corpo, desejei voltar e pedir pra alguém vir me buscar, mas ficar no meio da noite esperando sentada enquanto sinto dor e correndo o risco de entrar em trabalho de parto não era uma opção.

Respirei fundo tentando manter a respiração regulada, antes de dar a partida, acariciei minha barriga.

— Promete que vai esperar a mama chegar ao hospital? — Dei partida e dirigi o mais rápido que eu pude. — Estamos quase chegando meu amor. — Ahh! — Apertei o volante e fechei os olhos, senti meu coração na boca quando um carro começou a buzinar sem parar, com o desespero ao invés de virar o volante acabei pisando no freio e o carro parou de forma brusca por causa da velocidade que eu estava, espalmei as mãos na barriga pra ter certeza que estava tudo bem, com a pressa de chegar ao hospital nem o cinto de segurança eu coloquei, nunca me perdoaria se alguma coisa tivesse acontecido com a minha filha por minha causa. — Está tudo bem meu amor, foi só um susto. — O motorista do outro carro passou por minha xingando mas eu não ouvi pois nem estava prestando atenção nele, apenas decidi ignorar o homem, quando outro carro buzinou pra mim, foi quando o u percebi que estava na contramão, olhei em volta pra saber se estava no caminho certo, fiquei aliviada quando vi à poucos metros a fachada do hospital, meu alívio durou pouco, o desespero voltou com tudo quando eu senti um líquido escorrer, pisei no acelerador, parei na área proibida na frente do hospital, o segurança se aproximou, ele arregalou os olhos quando eu tentei sair do carro quase sem cor e com a calça do pijama toda molhada.

— Espera, deixa que eu te ajudo, ele pegou no colo e me tirou do carro.

— Aahh!

— Por favor, alguém me ajude! — Ele pediu um pouco desesperado.

— Minha filha está nascendo! — Falei entre gemidos de dor.

— Aguenta só mais um pouco. — Ouvi a conhecida voz da enfermeira Annelise, durante minhas vindas ao hospital acabei conhecendo essa adorável senhora de óculos pequenos, ela teve oito filhos, e o que ela tinha de sobra era experiência, sempre me dava conselhos e dicas sobre a maternidade.

Fui colocada em uma cadeira de rodas, entramos no elevador e Annelise apertou o botão do terceiro andar.

— Avisa a minha família.

— Não se preocupe.

As contrações me deixaram bastante cansada, mal percebi quando fui levada pra sala de parto, no momento meus pensamentos estavam voltados a dor e a ansiedade.

— Empurra com força Camila. — A minha médica a Dra. Stone me incentivava, quando Annelise me contava sobre sua gravidez eu não imaginava que seria tão doloroso, minhas cordas vocais e meus pulmões queivam por causa dos meus gritos, minhas mãos já estavam dormentes de tanto apertar a barra de ferro das laterias. — Só mais um pouco Camila. — Puxei o ar e fiz o máximo de força que consegui. Quando parecia que eu ia desmaiar de exaustão, um choro cobriu o ambiente, joguei a cabeça para trás e chorei de emoção, feliz, nesse momento eu estava feliz. — É uma linda menina.— Minha filha foi colocada em cima do meu peito, ela estava coberta de sangue, e o cordão umbilical ainda nos unia, nesse momento um amor sem limites se intensificou dentro de mim, a abracei com delicadeza, nesse momento em meus braços está a pessoa por quem eu mato e morro se for possível.

— Uma linda menina. — Olhei pra cima encontrando apenas o teto branco, mas desejei profundidade ver os olhos de Lauren. — É a nossa linda menina.


FLASHBACK OFF


— O que vamos fazer agora Lolo? Não quero voltar pra casa sem você, eu não suportaria mais ficar sem você. — Me agarrei a ela novamente. 

— Eu quero ter a minha familia de volta mais do que tudo nessa vida. Mas eu sei o quanto é arriscado te envolver nisso. — Neguei com a cabeça e me afastei novamente para olhar em seus olhos.

— A partir do momento que o meu pai esconde que minha esposa está viva, eu já estou automaticamente envolvida nessa sujeira toda.

— Eu não vou colocar vocês em perigo. 

— E eu não vou conseguir continuar vivendo como se você não estivesse viva.

— Não estou pedindo isso, apenas quero vocês em segurança, quando tudo isso acabar eu prometo que ninguém nunca mais vai nos separar Camz.

— Eu não aceito isso!

— Cami...— Lauren tentou falar mais eu interrompi.

— Não! Eu não vou a lugar nenhum sem você, e a nossa filha vai junto, por favor, não nos separe. — Ela pareceu pensar então continuei. — Se fosse você no meu lugar, você se afastaria de mim?

— Nunca!

— Então também não me negue o direito de estar ao seu lado depois de todo esse tempo chorando a sua morte, vamos dar um jeito nisso. Mas vamos fazer isso juntas. — Ela respirou derrotada. 

— Tudo bem. — Sorri vitoriosa. — Mas se eu disser que está ficando mais perigoso do que já é, você vai fazer o que eu mandar sem descutir, estamos entendidas? — Fiz bico e cruzei os braços. — Estamos entendidas Camila? — Perguntou firme e eu assenti. — Ótimo. 

— Pra onde vamos?

— Eu ainda não sei meu amor.

— O que acha da Itália?


 FLASHBACK ON


— Oi princesa. — Lauren sussurou no meu ouvido quando me agarrou por trás.

— Lauren! — Tentei me livrar dos seus braços de forma desesperada, ela apenas me soltou para que eu pudesse me virar pra ela e me agarrou novamente. — Lolo alguém pode nos ver. — Assim que terminei de falar Lauren colou os lábios nos meus em um beijo profundo e apaixonado, permaneci de olhos abertos tentando olhar para os lados pra ter certeza que não tinha ninguém nos observando já que estávamos no jardim da minha casa e nossos pais estavam conversando na sala e se decidissem olhar pela janela nos pegariam no flagra, fechei os olhos quando Lauren me apertou mais em seus braços, retribuí seu beijo da mesma forma intensa, aos poucos fomos cortando o beijo com selinhos demorados. — Te amo. — Falei com a testa colada na dela. 

— Eu também te amo. — Dei um último selinho antes de me soltar de seus braços possessivos que não queriam me largar. — Agora mantenha distância.

— Mas eu estou com saudade. — Fez uma carinha triste e tentou me abraçar novamente, mas eu me esquivei.

— Eu também estou com saudade, mas aqui não é um bom lugar.

— Que droga! Só posso te ver aos finais de semana e ainda tenho que ficar longe. — Suspirei frustrada.

— Amor não fica brava, se eu pudesse não me desgrudaria de você, eu também sinto sua falta, mas você sabe que meu pai não me deixa sair, só posso sair pra ir pra escola e ele vai me levar e me buscar, nem ir trabalhar com a minha mãe ele deixa, e meu celular nem sei se ele vai me devolver um dia.

— É um absurdo ele te manter igual a uma prisioneira, já faz um mês esse castigo, parece que não vai acabar nunca. Vou falar com ele. — Lauren se virou pra sair mas eu segurei em seu braço a impedindo de andar.

— Amor... Por favor, não fala nada, eu sei que você só quer ajudar, mas vai acabar piorando a situação. — Lauren pareceu se acalmar.

— Tudo por culpa daquele babaca, é melhor ele rezar pra não cruzar o meu caminho. — Falou entre os dentes e dessa vez apenas abaixei a cabeça e fiquei quieta, claro que eu não queria que Lauren brigasse com ninguém, mas eu estava magoada com toda essa situação.

Há um mês atrás Shawn foi desafiado por alguns meninos idiotas do time de futebol a pichar a sala diretor, como ele queria se enturmar acabou fazendo, o problema é que estavamos em horário de aula, quando o diretor entrou em sua sala e viu o tamanho da bagunça, pediu para os monitores revistar armário por armário e todas as mochilas, ele não nos deixaria sair da escola enquanto o culpado não aparecesse.

Antes da revista começar, Shawn implorou pra que eu guardasse uma sacola cheia de spray dentro do meu armário, ele disse que tinha feito uma coisa muito ruim e que se fosse pego seria expulso do time de futebol que tanto quis entrar e poderia ser suspenso ou expulso da escola, Shawn morre de medo do pai e temia sobre o que poderia acontecer se ele descobrisse. Como era pra ajudar um amigo eu nem pensei duas vezes antes de ajudar, o problema é que Shawn não me disse o que tinha feito e nem que o diretor faria revista, no final as latas de spray foram encontradas no meu armário, fui suspensa por duas semanas o tempo que levei pra limpar as paredes da sala do diretor, tive que comprar novas tintas com o meu dinheiro, eu só não fui obrigada a pintar as paredes porque minha mãe ameaçou o diretor que convenceu meu pai de que a escola contrataria alguém pra fazer esse trabalho, e agora estou de castigo em casa por uma coisa que eu não fiz, por meu pai ser xerife ele jamais iria aceitar que eu ou minha irmã nos comportassemos como arruaceiras, quando o diretor chamou meus pais eu vi a decepção estampada no rosto do meu pai, e o pior é que eu tive que assumir a culpa, eu não queria prejudicar Shawn que supostamente era meu amigo. Dinah quase me bateu por essa idiotice e tentou contar a verdade pro diretor, mas eu não deixei, e ninguém acreditaria na minha inocência já que as provas do crime foram encontradas comigo e eu nunca neguei a culpa.

— Amor esquece isso... — Minha fala foi interrompida pela voz da minha mãe.

— Venham meninas o almoço está pronto. — Rimos da animação da minha mãe. — Primeiro vão lavar as mãos.

Depois de lavar as mãos, fomos pra sala de jantar onde todos estavam conversando de forma animada, minha mãe preparou esse almoço especial em comemoração por ter vencido um caso importante, como Mike era o juíz que deu a causa ganha, minha mãe chamou ele e a família pra almoçar.

— Meninas só estávamos esperando por vocês. — Até então meu pai estava rindo com alguma coisa que Mike estava contando, quando me viu seu sorriso morreu para dar lugar a uma cara de poucos amigos. — Vão se sentar. — Lauren se acomodou entre Taylor e Chris, quando fui me sentar meu pai fez um gesto com a mão para que eu continuasse em pé.

— Camila você pode subir, vai comer no seu quarto. — Meu pai falou bravo sem nem se importar se estava sendo mal educado na frente das visitas. Desviei o olhar pra Lauren que cerrou o punho, balancei a cabeça de forma negativa indicando que não queria que ela fizesse nada.

— Você só pode estar de brincadeira Alejandro! — Minha mãe exclamou. — Hoje é um dia importante pra mim e eu quero comemorar com a minha família e com os meus amigos.

— Camila sobe! — Encolhi os ombros derrotada. — E não espere eu falar duas vezes. — Me assustei quando Lauren se levantou e deu um soco na mesa, todos os olhares confusos estavam sobre ela.

— Lauren! — Falei mais pra mim do que pra ela, eu sabia que aquele dia não terminaria bem.

— Não fale com ela dessa forma! — Lauren gritou apontando o dedo pra cara do meu pai que levantou jogando o guardanapo na mesa e parou com o rosto a centímetros do de Lauren que trincou o maxilar mas não recuou.

— E quem você pensa que é pra falar comigo desse jeito na minha própria casa? — Meu pai perguntou visivelmente irritado, Clara e Mike que se colocaram ao lado de Lauren, assim como minha mãe tentava puxar meu pai pelo braço, mas nenhum dos dois se afastava.

— Lauren, vamos pra casa. — Mike falou tentando soar calmo, ao contrário da minha mãe e de Clara que estavam apreensivas enquanto Lauren e meu pai se fuzilavam pelo olhar.

— Você está sendo injusto com a Camila! E mesmo que ela estivesse errada você não tem o porquê falar com ela desse jeito. — Meu pai soltou uma risada sarcástica.

— Não me diga como devo falar com a minha filha!

— Alejandro já chega! — Minha mãe pediu descontrolada puxando meu pai pra trás, com um movimento meu pai soltou o braço das mãos da minha mãe e se aproximou mais de Lauren quase colocando as testas uma na outra, saí do meu estado de choque ao perceber que nenhum dos dois estava disposto a parar, corri até Lauren e me coloquei no meio deles, de forma automática entrelacei nossos dedos.

— Parem! Por favor.— A essa altura eu já estava chorando.

— Eu já mandei você subir! — Meu gritou.

— E eu já mandei você não falar assim com ela! — Lauren usou o mesmo tom de voz.

Por um momento meu pai fez uma cara confusa e se afastou, ele olhou de mim para Lauren e depois para nossas mãos unidas, e contorceu o rosto.

— O quê? — Ele perguntou mais pra ele do que pra nós.— O que está acontecendo aqui?— Lauren apertou minha mão com força e continuou encarando o meu pai por mais um momento, e se virou pra mim, meu pai estava desconfiando de alguma coisa e eu não sabia o que dizer, não era pra acontecer assim, não era pra ser desse jeito. — Camila fala que o que está passando pela minha cabeça é apenas uma ideia estúpida?

— O que é uma ideia estúpida? — Clara perguntou apreensiva.

— Alejandro chega! — Minha mãe interviu.

— Vamos embora. — Foi a vez de Mike.

— Eu não queria que fosse desse jeito. — Minha voz vacilou por causa do choro.

— O QUE VOCÊ NÃO QUERIA? — Meu pai se aproximou de mim, mas minha mãe entrou na frente.

— Estamos namorando. — Lauren falou de uma vez, deixando todos perplexo, até às crianças pararam de falar.

— Michael... Eu não estou me sentindo bem. — Clara falou com a voz trêmula.

— Eu quero você fora da minha casa! E longe da minha filha! — Agarrei o corpo de Lauren para que ela não saísse de perto de mim. — Essa conversa acabou por aqui.

— Eu não vou me afastar dela, a não ser que ela mesma me peça isso.

— Claro! Só podia ser influência sua, desde a sua chegada minha filha nunca mais foi a mesma, eu abri as portas da minha casa pra você, te ensinei a ser gente, e vocês me apunhalando pelas costas! Mas isso não vai ficar assim, pode esquecer a Academia de Polícia, e principalmente a minha filha, sai da minha casa! Fora!

— Estamos todos nervosos, é melhor nos acalmarmos primeiro e depois voltamos a falar sobre isso. — Mike falou estranhamente calmo.

— Conversar? Não temos nada pra conversar, isso é um absurdo. — Clara falava de forma estérica, e gesticulava de forma repetitiva. — Não quero saber mais nada dessa história, Lauren Michelle vamos embora agora! — Ela me olhou de cima a baixo com desprezo.

— Não vou pra lugar nenhum sem a Camila.

— Mas você é uma abusada mesma. — Meu pai tentou se aproximar mas novamente minha mãe impediu. — Sinu sai da minha frente!

— Deixe as meninas em paz! — Meu pai arregalou os olhos pela forma que minha mãe falou com ele.

— Lauren! — Clara também tentou se aproximar mas Mike impediu. — Você sabia disso? — Perguntou pro marido.

— Não! Mas eu já desconfiava. — Respondeu simples, arregalei os olhos e abracei mais o corpo de Lauren, que sussurrava no meu ouvido que tudo ficaria bem, e que nunca se afastaria de mim.

— E mesmo assim ficou calado? — Meu pai acusou.

— Elas tinham que falar, não eu.

— Isso é demais pra minha cabeça. — Clara colocou a mão no coração pra completar o drama. — Isso só pode ser um pesadelo.

— Clara, por favor, não exagere. — O comentário da minha mãe provocou a raiva de Clara que agarrou Lauren pelo braço.

— Vocês dois são os culpados de tudo isso. — Apontou pro Mike e pra minha mãe. — Mas eu! — Bateu no peito. — Vou acabar com essa história aqui! — Ela me encarou com raiva. — Fique longe da minha filha! — Começou a puxar Lauren pelo braço, mas ela me abraçava de forma desesperada.

— Me solta!

— Lauren. — Mike chamou mas Lauren negou com a cabeça, sequei as lágrimas que escorriam do seu rosto. — Filha, por favor. — Ela negou novamente. — Precisamos conversar, e a Camila precisa conversar com os pais dela, não piore a situação.

— Mas eu não quero ir.

— Eu prometo que vamos resolver tudo. — Lauren me abraçou com força e eu retribuí com a mesma intensidade.

— Preciso ir. — Ela falou é meu choro se intensificou.

— Por favor, não vai.

— Não vou me afastar.

— Depois que você for embora eles vão nos afastar.

— Isso nunca!

— Jura?

— Lauren vamos embora! — A voz irritando de Clara soou atrás de mim.

— Deixe a janela do seu quarto aberta e me espere, à meia-noite esteja pronta pra fugir. — Olhei pra ela assustada mas concordei com a cabeça.

Clara praticamente arrastou Lauren pra fora da minha casa, nem percebi quando Mike, Taylor e Chris saíram, estava um completo silêncio, minha mãe me abraçava enquanto meu pai estava sentado na mesa com o olhar perdido.

— Vai pro seu quarto. — A voz dele saiu fraca, simplesmente abaixei a cabeça e obedeci, minha mãe me acompanhou em silêncio, quando chegamos no meu quarto deitei minha mãe no colo dela e lá chorei até dormir, a última coisa que ouvi ela dizer antes de fechar os olhos é que tudo ficaria bem.

Horas mais tarde coloquei o necessário dentro de uma mochila e esperei por Lauren.

É triste ter que fugir pra ser feliz ao lado da pessoa que eu amo, mas se isso é a única garantia de que iremos viver esse amor, então é isso que vamos fazer.

— Ai! — Gritei ao tropeçar em alguma coisa no chão.

— Tudo bem? — Lauren perguntou me abraçando pela cintura. 

— Está muito escuro aqui. — Me apertei mais contra ela. — Amor estou com medo.

— Não tem porque ter medo, eu estou aqui. — Ela deu um beijo estalado na minha bochecha. — Eu não vou deixar nada de ruim te acontecer.

— Eu sei que não. 

— Deve ter alguma lanterna por aqui. — Me assustei quando ela derrubou algumas coisas no chão. — Achei! — A lanterna falhou algumas vez, mas acabou ficando ligada. 

— Lolo tem certeza que é seguro ficar aqui? — Perguntei olhando em volta, o lugar era um galpão abandonado com varias divisórias de madeira, quando a luz da lanterna passava pelo lugar, era possível ver teias de aranha enormes, infiltrações, goteiras, muitas espumas de estofado, jornais e papeis velhos espalhados pelo chão, posso jurar que também vi algumas peças de roupas.

— É o lugar mais seguro da cidade. — Ela falou divertida.— O pessoal do clube dos rejeitados se reúnem aqui, mesmo que eu não faça mais parte do clube ainda sou amiga deles e não se importarem em me deixar ficar aqui. 

— Deve ter ratos, baratos e todos os tipos de bichos nojentos e pegajasos. — Senti meu corpo se arrepiar ao pensar nesses bichos passando por cima de mim.

— A única pegajosa aqui é você. — Lauren riu da própria piada, se referindo da forma que eu estava praticamente subindo no colo dela de tanto que eu estava agarrada nela.

— Cala a boca! — Dei um beliscão nela que gargalhou ainda mais. — Idiota! — Bufei irritada.

— Chata. — Ela me roubou um selinho. — Aqui. — Entramos em uma das divisórias que tinha duas pilhas de caixas e uma mesa, o cheiro de mofo não estava forte, mas incomodava. — Segura pra mim. — Lauren me entregou a lanterna. — Ilumina na minha direção. — Ela colocou a mochila em cima da mesa, e pegou duas caixas da pilha e desmontou. — Vou arrumar nossa cama. — Ela forrou os dois pedaços de papelão embaixo da mesa. Fiz questão de iluminar bem o lugar pra ver se não tinha nenhum bicho. — Sua cama está pronta princesa. — Ela apontou com as mãos pra nossa cama improvisada, mesmo receosa fui pra debaixo da mesa, Lauren veio logo atrás me atropelando com a mochila. — Está com fome? — Ela abriu bem a mochila na minha direção, iluminei o interior com a lanterna, e sorri ao ver a quantidade de besteira que ela trouxe pra gente comer.

— Não obrigada, talvez mais tarde. — Ela assentiu, fechou a mochila, e a ajeitou a minha e a dela para que pudêssemos usá-las como travesseiro. Lauren se acomodou e me puxou para que eu pudesse deitar, entrelacei nossas pernas e apoiei a cabeça em seu peito, não demorou muito para que ela embrenhasse os dedos no meu cabelo e começasse a fazer carinho. 

— Vai dormir com isso na mão? — Perguntou divertida. 

— Você tá tão engraçadinha hoje. — Coloquei a lanterna no chão ao lado de Lauren. — Deixa ligada.— Ela assentiu. — Tenho medo do meu pai nos encontrarmos aqui. — Ela suspirou pesado.

— Não me importo, não vou deixar ele te levar pra lugar nenhum.

— Tenho medo que ele possa te prejudicar na Academia de Polícia.

— Que se dane a Academia, você é muito mais importante.

— Mas você ainda nem se formou, não quero que se prejudique por minha causa.

— Eu não sou uma vendida, jamais aceitaria ficar longe de você apenas para que seu pai não atrapalhe meu futuro na polícia. Posso muito bem fazer outra coisa da vida.

— Mas é o seu sonho. — Falei triste.

— Não vou morrer se eu não conseguir ser policial. — A abracei mais forte.

— Você acha que ele já percebeu que eu fugi?

— Até o momento ninguém mandou a gente sair com as mãos pro alto. — Acompanhei sua risada. — Agora tenta dormir um pouco, amanhã o dia vai ser longo.

— Pra onde vamos?

— Ainda não sei... O que acha da Itália? — Franzi o cenho.

— Amor somos menores de idade, não vão nos deixar sair do país. — Ri do bico que se formou em seus lábios.

— Podemos ir na nossa lua de mel?

— Vou adorar conhecer a Itália com a minha esposa.


FLASHBACK OFF


Lauren! — Me desesperei quando duas índias começaram a me arrastar para um lado e Lauren pra outro, não conheço bem essas pessoas, só sei que ajudaram Lauren e Verônica, sou grata à eles, mas ainda não os conheço para ter plena confiança.

— Não se preocupe meu amor.

— O que estão fazendo?

— Não sei...

Me levaram para um dos abrigos, e começaram a tirar minhas roupas.

— O que querem? O que estão fazendo? — Perguntei confusa e apreensiva, enquanto elas pareciam muito felizes e animadas.

— Hoje é dia da fusão de espíritos livres. — Ela falou com o sotaque bastante carregado, me vestiram com uma espécie de sutiã feito de palhas, do mesmo forma da saia. Por cima colocaram um poncho longo e aberto vermelho com bordados geométricos marrom e verde. Em volta do meu pescoço tinha seis ou sete colares de miçangas vermelhas e marrom, assim como também foram colocadas em algumas mechas do meu cabelo, meus braços também ganharam algumas pulseiras de miçangas e outras de palha, meus olhos foram pintados, assim como meu queixo, minhas bochechas e as minhas mãos. Eu estava curiosa pra saber o motivo de tudo isso, mas decidi não falar mais nada, eu só queria estar perto de Lauren. A mais velha molhou a ponta dos dedos em um líquido e espirrou pelo meu corpo.

Me empurram pra fora da cabana, percebi que elas não eram muito delicadas, e sempre apertavam ou nos empurravam, não era por mal ou por falta de paciência, era apenas o jeito delas.

Do lado de fora vi que Lauren também estava sendo empurrada pelas outras mulheres bem animadas, nossos olhares se cruzaram e sorrimos cúmplices uma pra outra, ela estava vestida da mesmo forma que eu, não vi a pintura em meu rosto, mas vendo que a pintura em nossas mãos eram iguais, deduzi que a do rosto também eram idênticas, Lauren estava linda e falo sem medo de errar que ela é a mulher mais linda desse mundo, o tecido e a pintura combinaram com a sua pele e seus cabelos longos.

Nos colocaram uma de frente pra outra e uniram nossas mãos.

— Você está bem? — Lauren perguntou.

— Com você do meu lado, eu não poderia estar melhor.

Assim que começamos a andar um barulho de chocalho começou, só então percebi que a tribo toda estava reunida, estavam com roupas bem coloridas e pinturas destacadas no rosto.

Nossas mãos permaneciam unidas quando nos colocaram no centro da roda, a pequena fogueira estava no nosso meio mantendo nossos corpos afastados, a quentura que vinha do fogo estava fazendo nossas mãos suarem, a anciã arrumou nossa posição e indicou que deveríamos ficar com o corpo e com os braços retos, assim como as palmas das mãos deveriam ficar retas sem se tocarem, mas os nossos dedos deveriam continuar entrelaçados, e em nenhum momento poderíamos falar ou desviar o olhar uma da outra, mais de um chocalho começou a emitir som e as mulheres e os homens intercalavam ao cantar uma cantiga em seu idioma nativo do qual eu não entendia uma palavra, pela visão periférica vi quando deram as mãos e começaram dar passos pra frente e pra, o barrulho das pulseiras em seus tornozelos se juntavam aos sons do chocalho.

O Lobo da Lua Nova se aproximou e segurou em nossas mãos unidas do lado direito, ele pronunciou as palavras em seu idioma e depois repetiu no nosso para que pudéssemos entender.

A fusão dos espíritos livres é firme como as raízes das árvores no solo, mesmo depois de mortas elas permanecem cravadas na terra, o que nasceu destinado permanece unido até quando se tornaram pó, a luz da lua ilumina a atravessia dos espíritos livres.

O que estava sendo celebrado era o casamento dos espíritos livres, ou seja, o nosso casamento. Por um tempo fiquei apreensiva por não saber como eles encaram ou se entendiam o tipo de relação que eu e Lauren temos.

Na tradição indígena não existem o termo gay ou homossexual, pessoas que se relacionam com pessoas do mesmo sexo são chamadas de "two-spirit, ou seja, aquele ou aquela que tem dois espíritos um de homem e outro de mulher, são pessoas que estão em transição entre os dois mundos: masculino e feminino, espiritual e terreno, indígena e não-indígena, o que lhes garante um papel de destaque em seus povos.

Antes da chegada dos europeus no continente americano, os nativos reconheciam um terceiro sexo. A homossexualidade ou a transexualidade, ou mesmo a travestilidade, não eram considerados desviantes e rapidamente um indivíduo identificado assim tinha seu espaço respeitado dentro dos grupos, e assumiam um papel como ser diferente e especial. 

nestas tribos, o homossexual ou transexual é visto como detentor de poderes especiais e normalmente são eleitos para o cargo de curandeiro ou mestre, e existem relatos de mulheres guerreiras transexuais.

Com a invasão dos europeus e os processos de colonização, os indígenas foram obrigados a se portar de acordo com as regras da sociedade, muitos desses seres de dois espíritos eram mortos ou cometeram suicídio por não aceitarem a se separarem de seus parceiros e se tornarem "pessoas normais".

Com o passar dos anos as comunidades indígenas passaram a discriminar os homossexuais, tanto na América do Sul quanto na América do Norte, havendo registros de assassinatos e expulsão de nativos homossexuais da tribo pela própria família.

Na década de 80 surgiram diversas organizações two-spirit no Canadá e nos Estados Unidos, com o tempo muitas tribos indígenas voltaram a reconhecer as uniões homoafetivas baseadas nas tradições antigas dos dois espíritos. Outras chegaram a criar leis contra o casamento gay, apesar da tradição reconhecer os indivíduos com dois espíritos. 

Hoje existem diversos ativistas indígenas gays que lutam pelos direitos dos indivíduos com dois espíritos e estão empenhados a nunca deixar a tradição morrer em suas tribos.

Encostei nossas testas e olhei no fundos dos seus lindos olhos verdes que tanto me fizeram falta.

— Que nem a morte nos separe...


Notas Finais


...A homofobia é mais uma doença trazida pelo homem branco...


Frase usada por um ativista indígena em um dos seus discursos pelos direitos e proteção das pessoas com dois espíritos nos Estados Unidos.


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