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História Até Algum Dia... - Estou Chegando...


Escrita por: Ka-S

Capítulo 21 - Estou Chegando...


Olhei para os dois lados e para trás e a rua estava deserta, éramos apenas nós dois e o garoto que se mantinha na mesma posição.

— Vou falar com a minha advogada.— Falei tentando parecer indiferente.

— Você pode ligar pra ela do departamento.— Ele falou sarcástico, engoli seco ao ver sua expressão, eu estava com mau pressentimento, só sabia que tinha que me afastar dele.

— Acho que meu pai pode resolver isso.— Falei firme para que ele se lembrasse que meu pai era o xerife.— A menos que você tenha uma ordem judicial, não temos mais nada pra conversar.— Peguei a bola do chão de forma cautelosa, e passei confiante por ele, senti sua mão firme segurar meu braço com força, me fazendo parar no lugar e soltar a bola.

— Eu disse que você vai ter que me acompanhar.— Sua voz saiu como um rosnado.

Apertei a mandíbula pra reprimir um gemido de dor pelo aperto doloroso da sua mão em meu braço.

— Me solta!— Ordenei, ele riu com escárnio e segurou meu outro braço me puxando pra perto quase colando meu corpo ao dele.

O medo e o horror tomou conta de mim, arregalei os olhos de forma assustada, enquanto ele analisava meu corpo.

De forma automática e sem tempo pra pensar em nada, dei uma joelhada nele de qualquer jeito, devido ao pouco espaço entre nossos corpos, acabei acertando a virilha dele, ele se curvou sobre mim por causa da dor, mas suas mãos se apertaram mais em meus braços.

— Maldita!— Ele falou em um gemido entre os dentes.

Me arrisquei mais uma vez e dei outra joelhada nela, dessa vez foi certeira no meio da suas pernas, ele finalmente me soltou, se encurvando ainda mais, com as mãos segurando o membro atingido, os olhos fechados e o rosto retorcido pela dor, aproveitei o momento e o empurrei pelos ombros para que pudesse se afastar de mim, ele era mais alto e muito mais forte que eu, mas no momento em que o empurrei, ele pareceu leve como uma pena, e caiu no chão se contorcendo.

Corri sem pensar em nada, apenas o barulho dos meus tênis no asfalto, minha respiração acelerada e os gemidos do policial invadiam meus ouvidos, no desespero de fugir acabei indo na direção contrária da casa de Clara, com medo não quis voltar, passei por um carro porsche preto que eu não tinha reparado que estava parado ali antes, me arrisquei a olhar pra trás e vi o policial tentando se levantar, e logo em seguida ouvi o alarme do porsche ser desligado, fiquei apavorada com a ideia dele conseguir me alcançar, ganhei velocidade e antes de dobrar a esquina ouvi ele rosnar.

— Pare agora!— Meu sangue gelou com a possibilidade dele estar apontando uma arma pra mim, ele poderia disparar a qualquer momento, virei a esquina derrapando a sola do tênis no chão e acabei trombando com uma senhora, pude ver suas compras se espatifarem no chão.

— Sinto muito!— Falei sem olhar pra trás e continuei correndo pelas ruas largas e cumpridas que abrigava casas dignas de capas de revista, as ruas por aqui são sempre calmas, e sem muito movimento de carros ou de pessoas. Minhas pernas queimavam pelo exercício exagerado e nada rotineiro, meus pulmões ardiam e imploravam por ar que cada vez estava mais difícil de puxar, eu respirava com a boca cada vez mais aberta na tentativa de ter mais fôlego, já podia sentir as batidas do meu coração na garganta.

Pisei no cadarço do meu tênis que deve ter desamarrado enquanto eu corria, minhas pernas começaram a embaralhar, e de forma desengonçada conseguir manter o equilíbrio.

Virei à esquerda, e mais alguns passos virei à direita, enquanto me aproximava do centro as ruas foram ficando cada vez mais movimentadas.

Entrei em alguns becos, e agradeci por nenhum ser sem saída, tentei acelerar mas minhas pernas tremiam e já não queriam obedecer meus comandos.

Parei impedida de continuar ao sentir uma dor aguda nas costelas devido ao esforça físico. Apoiei as mãos nos joelhos tentando normalizar a respiração descompassada.

Ouvi uma buzina e alguns xingamentos e me assustei quando vi que estava parada no meio​ da rua.

Mesmo com as pernas travadas, corri para atravessar a rua, passei as mãos no rosto que estava quente e úmido.

Olhei em volta para me familiarizar, e um sorriso trêmulo formou em meus lábios, ao ver que estava em frente ao Haulover Park, famílias reunidas, amigos jogando conversa fora, animais Nase divertindo com seus donos, a nostalgia me levou para um tempo feliz e distante.

Ouvi um barulho alto de pneu cantando no asfalto, mas não consegui me mover.


FLASHBACK ON


Passei a semana toda mal-humorada e suspirando pelos cantos, meus olhos estavam inchados por ter chorado ontem à noite.

Fazia apenas uma semana que Lauren tinha entrado na academia e eu já estava sentindo o efeito de não termos nos vistos a semana toda, ela me liga todos os dias durante à noite, mas não falamos mais do que poucos minutos, a cada segundo ela boceja e fala o quanto está cansada, comigo não tem sido diferente, depois da escola estou indo para o escritório pra trabalhar com a minha mãe, não imaginei que trabalhar e estudar seria tão cansativo, mas não posso me dar ao luxo de reclamar, minha mãe deixou bem claro que estava fazendo um teste comigo, e qualquer reclamação ou problemas no estudo por causa do trabalho, minha mãe me demite.

Finalmente o sinal da última aula tocou, não aguentava mais a aula de geometria, eu estava praticamente dormindo sentada, meu braço está até doendo por causa das cutucadas nada doces de Dinah na tentativa de me manter acordada.

Fomos até o bicicletário pegar nossas bicicletas, eu mal posso esperar pra ter uma carro, eu gostava de andar de bicicleta, mas com o sono que eu estou não é seguro.

— Mila, essa sua cara está estragando esse belo dia ensolarado. — Dinah implicou chutando a roda traseira da minha bicicleta amarela.

Arrumei os livros na cesta e apenas ignorei.— Fala sério Mila até quando quando vai ficar com essa cara de enterrado?

— Vê se me erra! — Falei irritada.

— Só faz uma semana que você não vê a cara branco hospitalar da Lauren e já está com esse drama de "Oh que mundo cruel".

— Dinah, você é minha melhor amiga, deveria me dar forças e não tentar fazer eu me sentir pior.

— Amiga, desculpa, mas você está agindo como se nunca mais fosse ver ela.

— Eu sinto falta dela. — Falei chorosa.

— Daqui dois dias vocês vão se ver.— Dinah de repente e abriu um sorriso enorme.— Acho melhor retocar a maquiagem se não quiser que sua amada de veja com essa cara de morta viva. — Apontou pra entrada da escola.

Olhei e um sorriso rasgou meu rosto. Soltei a bicicleta e ouvi Dinah soltar alguns palavrões tentando pegar minha bicicleta antes que caísse nela.

Corri e Lauren permaneceu parada e abriu os braços, o sol iluminou o sorriso que congelou no seu rosto ao me ver.

Me joguei nos braços dela e quase caímos no chão, mas ela foi mais rápida e se manteve firme meu corpo se chocou ao seu e eu pulei em seu colo, ignorei os vários olhares a nossa volta. Comecei a distribui beijos pelo seu rosto enquanto ela gargalhava, não consegui evitar e comecei a chorar.

— Amor, o que aconteceu?— Ela me colocou no chão e perguntou preocupada enquanto acariciava meu rosto.

Afundei meu rosto em seu pescoço e comecei a chorar descontrolada.— Camz fala comigo.— Me agarrei em sua cintura e afundei mais o meu rosto em seu pescoço.

— Sinto sua falta.— Ela me apertou em seus braços e suspirou.

— Eu também meu amor.

— Você deve achar que eu sou uma boba.

— Nunca.— Ela tentou me afastar mas eu continuei agarrada nela.— Vamos dar uma volta.— Assenti.— segurei em sua mãe e deitei em seu ombro enquanto andamos a passos lentos, nossa posição não ajudava muito, mas não me importei, eu queria ficar agarrada dela o máximo de tempo possível.

— Ei! Pra onde vocês estão indo?— Ouvi a voz de Dinah. Fiz menção​ de parar, mas Lauren continuou andando.

— Vá cuidar da sua vida Dinah.— Lauren falou divertida, e pegou minha bicicleta com Dinah.

— Branquela abusada.— Dinah respondeu fingindo irritação.— Depois me conta tudo Mila.— Assenti ainda grudada em Lauren que caminhava com dificuldade empurrando minha bicicleta, Dinah subiu em sua bicicleta e foi se afastando.

— Fofoqueira!— Lauren gritou.

Pelo caminho Lauren foi me contando toda empolga sua rotina no departamento, só então percebi que ela estava com o uniforme, ela falava com tanta felicidade, que eu não queria estragar o momento com a minha melancolia, falei um pouco sobre o que eu fazia no escritório, que se resumia a organizar papéis e pastas empoeiradas do arquivo.

Chegamos ao Haulover Park aonde costumávamos passar muitas tardes quando ela vinha me buscar na escola.

Sentamos embaixo de uma árvore enorme, me acomodei entre as pernas de Lauren e ela passou os braços em volta da minha cintura de forma possessiva, eu fazia carinho em seus braços, desejando nunca mais sair dali. Ficamos em silêncio apenas aproveitando a companhia uma da outra.

— Eu te amo muito.— Eu fui a primeira a quebrar o silêncio.

— Eu te amo Camz.


FLASHBACK OFF


Eu sabia que ele estava perto, mas eu não conseguia me mover, meus ossos doíam, mas eu não estava mais com medo. De repente uma esperança surge em meu coração, e só de pensar nessa possibilidade meus olhos marejaram.

Ele sabe onde ela está... Ele vai me levar até ela.

O policial me levará até Lauren, não tem porque ter medo, ele vai me levar até ela. Fiquei parada olhei em nenhum ponto específico do parque.

Ouvi o barulho do pneu derrapando no chão bem atrás de mim.

Fechei os olhos deixando algumas lágrimas cair e esperei pelo que viria.

Estou chegando meu amor...



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