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História Até Algum Dia... - A Lista...


Escrita por: Ka-S

Capítulo 29 - A Lista...


— Eu te amo...— Sussurrei com dificuldade no ouvido de Lauren, encravei minhas unhas em sua bunda, enquanto o atrito entre nossos sexos me fazia apertar os olhos com força e gemidos contidos escaparem da minha boca, seus beijos e mordidas no meu pescoço enviavam arrepios por todo meu corpo, sua mão apertando com força meu seio direito, a mistura do calor que emanava misturado com o vento gelado que batia em meu corpo suado causavam sensações maravilhosas.

Lauren afundou o rosto na curva do meu pescoço quando o orgasmo veio forte causando tremores em nossos corpos, a envolvi em um abraço firme, e não pude evitar as lágrimas silenciosas que escaparam, o medo de estar sonhando era palpável, Lauren se deitou do meu lado e me puxou para que eu pudesse me deitar em seu peito, corri o dedo por toda a extensão da cicatriz em seu tórax. — Eu senti tanto a sua falta. — Deixei um beijo demorado em cima da cicatriz.

— E você nem imagina o quanto eu senti a sua. — Levantei a cabeça procurando pelos seus olhos, quando viu minhas lágrimas ela secou uma por uma de forma carinhosa. — Você é tão linda. — Sorri mordendo o lábio inferior.

— Não tão linda quanto você. — Contornei a linha do seu rosto.

— Para uma colcha de retalhos até que não estou tão mal. — Ela falou em tom de brincadeira se referindo as cicatrizes e marcas espalhadas pelo seu corpo, fechei a cara.

— Não fale dessa forma. — Novamente passei o dedo pela cicatriz em seu tórax. — Essa marca me lembrará todos os dias que te devolveu a vida.

— Desculpa meu amor, você tem razão. — Ela depositou um beijo no topo da minha cabeça. — Eu só estava brincando. — Me encolhi em seus braços.


FLASHBACK ON


— AHHHHHHHHH! — Mais um vaso foi arremessado contra a parede, puxei meus cabelos com força e caí de joelhos no chão da sala da minha casa. — AHHHHHHHHH! LAUREN! — O choro desesperador me fazia engasgar, a cada ataque de tosse eu sentia vontade de vomitar. — LAUREN! — Me deitei no chão gelado, e me encolhi, as luzes estavam todas apagadas e o silêncio era desesperador, só não conseguia ser mais desesperador que a minha dor. — Lauren... Por quê? POR QUÊ! — Comecei a esmurrar o chão ignorando as batidas na porta e o toque da campainha. — AHHHHHHHHH!

— Camila! — Apertei os olhos quando a luz da sala foi acesa, me encolhi ainda mais e tapei os ouvidos com as mãos.

— VAI EMBORA! ME DEIXA PAZ!

— Hija, por favor, levanta desse chão. — Meu pai tentou me levar, mas eu me afastei de suas mãos. — Meu amor... — Me afastei quando ele tentou se aproximar novamente, me sentei e escondi o resto entre os joelhos e tapei os ouvidos. — Por favor, me escuta.

— Me deixa em paz. — Falei em um fio de voz.

— Por que você está aqui sozinha? Onde está sua mãe ou suas amigas? — Meu pai perguntou preocupado.

— Eu quero ficar sozinha, não quero ninguém aqui!

— Recebemos um chamado no Departamento, um dos seus vizinhos ligou pra polícia por causa dos gritos e barulhos de coisas quebrando, ele ficou preocupado achando que alguém poderia ter entrado na sua casa.

— Eu faço o que eu quiser na minha casa... VÃO CUIDAR DA VIDA DE VOCÊS... VÃO À MERDA! — Gritei para que os vizinhos pudessem escutar.

— Filha eu não quero te ver assim. — Ele encostou a testa no topo da minha cabeça e alisou meus cabelos. — Quebra o meu coração te ver nesse estado... Eu faria qualquer coisa pra não de ver assim.

— Ninguém pode fazer mais nada.


FLASHBACK OFF


— Espera. — Me sentei ao lado dela que começou a acariar minhas costas, tirei a corrente do pescoço e tirei a aliança que estava junto com o pingente de sol e coloquei a corrente de volta no pescoço. Me deitei novamente em seu peito. — Minha aliança. — Lauren falou sorrindo ao constatar o que eu estava segurando. — Pensei que tivesse perdido.

— Ela esteve comigo o tempo todo... Me dê sua mão. — Lauren estendeu a mão esquerda, de forma ansiosa coloquei o anel no seu dedo sentindo meus olhos marejarem, deixei um beijo em cima da aliança, e um selinho demorado em seu lábios. — Eu te amo.

— Eu também te amo.


[...]


Um sorriso tímido se formou eu meus lábios ao ver o tamanho da felicidade de Lauren ao lado de Camila brincando com as crianças, desde que Camila chegou eu me mantive afastada observando tudo, acho que agora eu entendo quando minha avó diz que o verdadeiro amor não espera nada em troca, eu não esperava nada de Lauren e nem fantasiava cenas do que nunca iria conhecer entre nós, eu estava feliz apenas por ela estar feliz, isso é louco e insano, mas é assim que as coisas devem ser, talvez um dia eu conte a ela tudo que sinto e como esse sentimento me transformou em uma pessoa menos desprezível, não existe nada nesse mundo que eu não por ela, para a felicidade dela.

— Eles estão próximos. — Lobo da Lua Nova falou ao se aproximar. — Aqui não é seguro pra vocês.

— Partiremos amanhã ao pôr do sol, estão nos encurralando. — Olhei pra ele que tinha sempre a mesma mania de falar olhando pro céu como se estivesse buscando respostas para as suas perguntas.

— A lua não está brilhando hoje. — Ficamos em silêncio por um momento até que o Lobo da Lua Nova começou a falar novamente. — Evite machucar o coração das pessoas. O veneno da dor causada a outros retornará pra você. — Ele abriu a mão na minha frente revelando um pequeno pedaço de madeira polida na parte de cima tinha um desenho que lembrava a presa de um felino, peguei de suas mãos e olhei o objeto de forma mais detalhada. — Use essa pequena luz em seu coração para iluminar seu caminho, a escuridão que está nos olhos do caçador se aproxima. — Ele virou as costas e começou a se afastar.

— Vocês também estão em perigo.

— Acredite, ainda estaremos aqui quando você voltar. — Franzi o cenho em confusão, em nenhum momento passou pela minha cabeça voltar. Mas preferi não falar nada.


[...]


A despedida foi alegre e triste ao mesmo tempo, os nativos não são de demonstrar tristeza, eu não sou de agradecer e nem de falar muito, então apenas me despedi das pessoas de e forma discreta, eu com certeza sentirei falta do Lobo da Lua Nova, é um homem sábio que não me questionava, mas sabia dar conselhos que muitas vezes me pareciam metáforas, mas mesmo assim que davam respostas. Lauren e Camila se emocionaram bastante, Camila não parou de agradecer até o último segundo, ela prometeu que de agora em diante apoiaria os líderes indígenas que lutam por seus direitos, e que ela pretende voltar para visitá-los, e que jamais esqueceria tudo o que fizeram por nós. Por serem dois espíritos a tribo as tratavam com certeza reverência e respeito.

Durante toda a despedida o Lobo da Lua Nova calado encarando Lauren, em nenhum momento ele desviou os olhos dela, eu sentia que os seus olhos estavam nela mesmo depois que nos afastamos, isso me deixou bastante intrigada, nem Lauren e nem Camila pareceram perceber o olhar do Xamã.

Como da última vez o nativo nos levou até a metade do caminho, ele não fala e nem entende o nosso idioma, então não adiantava nada fazer perguntas. Fizemos todo o trajeto em silêncio, o nativo ia na frente, Camila e Lauren e no meio e eu logo mais atrás.

Ele parou de andar e se aproximou.

— Ele só vem até aqui.— Falei pra elas. Antes que eu pudesse falar mais alguma coisa ele deu as costas e saiu correndo. — Vamos continuar andando. — Voltamos a andar em silêncio, não era um silêncio incômodo, dessa vez andei mais na frente,

— Verônica. — Camila me chamou e eu parei no lugar e me virei para olhar pra ela. Eu sei que ela estava grata por eu ter voltado e por ter ajudado Lauren, mas eu sei que ela não confia em mim, eu sei bem o que ela quer me perguntar, por isso adiantei em responder.


FLASHBACK ON


Acordei no susto com alguém me chamando, olhei para os lados e não vi ninguém, passei as mãos no rosto pra secar o suor e tirar alguns fios de cabelo que estavam grudado na minha testa.

Olhei pro relógio em meu pulso e me assustei ao ver que apenas tinha dormido alguns minutos, eu pensei que tivesse sido horas.

Me espreguissei sentindo dores em alguns músculos, decidi dar uma volta, já estava me sufocando ficar tanto tempo trancada e sendo vigiada dentro daquela casa e principalmente de ficar naquele porão.

Peguei minha blusa cinza na cabeceira da cama de solteiro que eu dormia, calcei os tênis all star preto e nem me preocupei em amarrar o cadarço apenas garanti que os tênis ficassem firmes nos meus pés.

Assim que saí do porão ouvi a voz de Clara.

— Merda! — Murmurei.

Sem fazer barulho saí pela porta dos fundos.

O sol já estava se pondo, deixando uma iluminação alaranjada, enfiei as mãos no bolso da calça e caminhei de forma despreocupada, eu seguia sem destino, meu único intuito era apenas dar uma volta até minhas pernas cansarem.

— Shhh... — Ouvi um sussuro parei e olhei em volta, mas não tinha ninguém. — Morte... — Engoli em seco ao ouvir novamente vozes sussurrado, voltei a andar e comecei a bater na minha testa de forma frenética.

Dei mais alguns passos e uma estranha sensação percorreu meu corpo, parei com meu pequeno surto e tirei o celular do bolso, posicionei o aparelho acima dos meus olhos inclinado um pouco para direita, de forma que me desse visão da pessoa que caminhava atrás de mim. Ao ver um homem com sobretudo tentando parecer casual, dei um sorriso de lado, guardei o celular no bolso e continuei caminhando tranquilamente, quando virei a esquina me encostei na parede de tijolos e acendi um cigarro de forma despreocupada, traguei a fuça com força, senti a nicotina se espalhar pelos meus pulmões e fechei os olhos pela sensação de prazer.

— Você já foi melhor nisso. — Falei em tom de brincadeira olhando pra baixo, o homem estacou no lugar ao ouvir minha voz.

— E você deveria parar de fumar. — Replicou debochado. — Isso pode matar. — Ele colocou a mão no cabo da arma que estava em sua cintura.

Dei mais uma longa tragada, me aproximei dele e apaguei o cigarro em seu peito protegido pelo grosso tecido ao mesmo tempo em que soprava a fumaça na sua cara, ele retribuiu o gesto com um sorriso dissimulado.

— Espero que tenham colocado um valor alto pela minha cabeça.

— Manter a corporação a salvo já é um ótimo preço pra te matar.

— Cadê seu espírito de irmandade? Irmãos não matam irmãos. — Falei cínica o lembrando do lema da organização.

— Ele morreu quando uma irmã decidiu trair os irmãos.

— Não me diga.

— O Coronel colocou sua cabeça a prêmio Iglesias. Então é verdade que você nos traiu? Porquê?

— Eu não lhe devo explicações! Deveria ter me matando enquanto eu estava de costas.

— Todo mundo está atrás de você, se o Coronel colocar as mãos em você ele vai tornar sua vida mais miserável do que a vida daqueles ratos imigrantes.

— Estou morrendo de medo! — Meu tom debochado fez transparecer a raiva em seu rosto.

— Você é uma desgraçada! O que está pretendendo? Se nós cairmos você também cai. — Cuspiu as palavras.

— E por que você não me matou Gavin? Vamos lá, sei que não é de hoje que vem me seguindo. Eu te conheço muito bem pra saber que você pode se tornar tão traidor quanto eu. — Ele deu uma risada sarcástica e soltou o cabo da arma a cobrindo ao fechar o sobretudo.

— E eu te conheço muito bem pra saber que você não trairia a corporação sendo cúmplice, porquê cairia junto com todos nós, e eu sei que você jamais iria se entregar de boa vontade, e como uma boa samaritana pagar pelos seus pecados, qual é Iglesias? Eu sei que se a organização for destruída você vai dar um jeito de se safar dessa, e eu? — Abriu os braços. — Eu quero estar do lado que vence. Não sou burro, sei muito bem que quando a merda cair no ventilador, o respingo vai cair do lado mais fraco, o alto escalão vai nos deixar pra trás pra morrer, eu te ajudo com qualquer coisa, e você me protege. — Franzi o cenho e o analisei.

— E que motivos eu tenho pra confiar em você?

— Bom... Eu sei onde você se esconde, ninguém da base sabe, se eu quisesse te entregar ou te matar eu já teria feito!

— E como tem certeza que ninguém mais sabe.

— Eu dei um jeito de despistar aqueles idiotas.

— E se eu te matar?

— Então você estaria sem ninguém que tenha contato direto com a base e que sabe que Lauren será despachada e que estão planejando invadir a casa da Camila.

— Como é que é? — Agarrei o tecido do sobretudo e puxei seu corpo pra perto. — Do que você está falando?

— Estou falando com uma amiga ou com uma inimiga? — Perguntou desafiante.

— A sua significancia pode responder essa pergunta. — Ele pareceu pensar, não sou mulher de meias palavras ou explicações idiotas, eu não esperava ver Gavin e muito menos que ele oferecesse um acordo que no momento me parede muito válido, ele sempre foi um idiota, sempre viveu atrás de mim como um cachorrinho adestrado apenas esperando o próximo comando, talvez ele seja útil em alguma coisa.

— Aquele médico maluco e o Coronel estão tramando alguma coisa e eu sei que tem a ver com a Lauren.

— Tipo o que?

— Ainda não sei, apenas o alto escalão está se reunindo, nós apenas cumprimos as ordens.

— E quanto a casa de Camila?

— A Madson falou por alto sobre as ordens de invadir a casa da Camila, eles estão suspeitando que talvez você esteja ajudando Camila, desde aquele incidente em que você matou Rajeff eles estão desconfiados de que ela saiba a verdade.

— Mas a casa da Camila já foi revistada quando supostamente Lauren morreu e não tinha nada lá.

— Mas as ordens é para que seja feita uma nova revista, o Coronel quer as provas que Lauren tem, a lista com todos aqueles nomes é o que mais interessa pra ele

— Claro, ele sabe que se essa lista não aparecer, os poderosos envolvidos com a organização vai fazer ele de mulherzinha no bordel do Reino Unido.

— Você sabe onde está essa lista não sabe, ela está com você?

— Já falei que não lhe devo explicações.

— Quais são as ordens senhora? — Ele falou com a mesma submissão que aguardava minhas ordens na base do exército.

— Quero que descobra o que vão fazer com Lauren, e se prepare pra me ajudar a tirar ela de lá. Eu queria muito esperar até essa merda acabar pra tirar ela de lá, mas pelo jeito eu tenho outra escolha. — Agarrei Gavin pela nuca e colei nossas testas. — Se eu descobri que você está me enganando, mesmo que eu caia nas mãos da organização, você pode ter certeza que antes eu acabo com essa sua vida miserável. — Empurrei ele para que se afastasse de mim.

— Disso eu tenho certeza absoluta.

— E é bom que não se esqueça do que eu sou capaz. Quando souber de mais alguma coisa me procura no galpão B da zona 3.

Voltei pra casa de Normani e vi que o carro de Clara ainda estava parado na frente da casa, sorrateiramente voltei pro porão, peguei minha mochila em cima da velha mesa e guardei algumas anotações que estavam espalhadas por ali, levantei o colchão e peguei a arma e o dinheiro que estava guardado, decidi não levar nenhuma peça de roupa.

Me certifiquei de que não estava deixando nada de importante pra trás. Na sala a conversa corria animada e todas pareciam bem distraídas, Dinah estava na cozinha, assim que ela voltou pra sala saí pela porta dos fundos, peguei a escada que estava guardada na lateral da casa e posicionei embaixo da janela que eu sabia que era do quarto delas, por sorte a janela estava aberta, tentei ser o mais silenciosa possível, se eu pisar em falso o piso de madeira pode ranger e isso atrairia a atenção de Normani que está sempre atenta a tudo ao que eu faço. Na ponta do pé fui até o closet na terceira divisória joguei todas as roupas no chão, tateei o fundo e encontrei o relevo, usei as unhas para puxar a placa fina ferro branca, tirei as três pastas do buraco e mais alguns papéis que estavam por cima e coloquei tudo dentro da mochila, peguei a cadeira que estava na penteadeira e usei para pegar o notebook que estava em cima de uma das divisórias, não me preocupei em colocar nada no lugar e saí da mesma forma que entrei.

Normani sempre desconfiada achando que estava me vigiando, e no fim era eu que estava vigiando ela.

Caminhei por mais de duas horas e meia até chegar ao galpão da zona 3, um dos meus esconderijos mais antigos e seguros. Por mais que eu achasse o lugar seguro eu não poderia deixar aquelas provas ali, se Gavin me traísse eu tinha que ter certeza de que elas seriam entregues nas mãos da pessoa correta, no momento a única pessoa pra quem eu posso entregar essas provas e pra Lúcia Vives, ela vai conseguir entregar isso para os meus sem levantar suspeitas, eu não podia simplesmente aparecer na casa deles, eles já devem estar correndo perigo comigo desaparecida, imagina se eu aparecer por lá, quando eles souberem as coisas que eu fiz tenho certeza que terei morrido para aquela família.

Coloquei as provas e o notebook dentro de uma pasta de ferro lacrada com senha, deixei uma carta dando o mínimo de detalhes possível sobre o conteúdo, meu pai é um antigo soldado aposentado do exército e sei que vai entender a importância do que eu estou pedindo, finalizei a carta informando que se tudo ocorrer bem voltarei para buscar a pasta.


FLASHBACK OFF


— E onde elas estão?

— Estão em um lugar seguro. — Camila ainda tinha um olhar desconfiado, mas preferi ignorar.

Caminhamos por mais um longo caminho, quando chegamos na beira da estrada ouvi Camila perguntar pra Lauren se estava tudo bem, vi que ela estava com o olhar perdido pro deserto, me aproximei dela e toquei em seu ombro. — Não se preocupe, eu prometo que vamos conseguir tirar ela de lá. — Ela não pareceu se acalmar com isso, mas no momento não há o que fazer.

— Preciso saber como ela está Verônica. — Falou aflita.

— De quem estão falando? — Camila perguntou.

— Depois eu te explicar melhor meu amor.

— Por enquanto não posso entrar em contato com o Gavin. — O rosto de Lauren se contorceu de raiva, Gavin não foi uma das melhores pessoas pra ela, depois que eu saí não sei o que ele fez com ela.

— Esse canalha vai machucar ela.

— Ele está do meu lado e foi ele que me deu informações sobre a sua saída da base. — Ela pensou por alguns instantes, mas sua expressão fechada não mudou.

— Por que ele faria isso por mim?

— Não sei. — Menti. — Mas o que importa é que agora temos um contato importante na base militar.

— Não confio nessa história. — Abri a boca pra responder mais fui interrompida por uma buzina irritante.

— Olha só o que temos aqui. — Respirei fundo ao ouvir a voz daquele velho nojento que me deu carona na primeira vez. — Quer uma carona? — Perguntou debochado, nem me dei ao trabalho de responder.

— Quem é ele? — Lauren perguntou.

— Apenas um velho inútil, tão sujo quanto esses porcos. — Apontei pra carroceria onde ele levava os porcos.

— Espero que seu humor continue depois das horas que você vai ter que andar até chegar na cidade. — Ele soltou uma gargalhada. — Até outro dia boneca. — Ele acelerou, colocou o braço pra fora e foi mostrando o dedo do meio. Coloquei a mão na cintura pra pegar minha arma mas Lauren impediu.

— Parece que você tem ótimos amigos. — Lauren comentou e Camila acompanhou na risada.

— Muito engraçado, me ajudei a pedir carona. — Ficamos pedindo corona por mais de uma hora, o dia tinha acabado de amanhacer até que uma hippie e seu marido nos deram carona, eles ficaram encantados pelas roupas indígenas que estavamos usando e ficaram nos enchendo de perguntas o caminho todo, durante esse tempo pude perceber a interação de Lauren e Camila que não se desgrudavam, elas se olhavam com um certo encantamento.

O casal nos deixou em Miami e depois seguiram para Boca Raton, como agradecimento Lauren dei seu poncho para Evanka que ficou mais do que agradecida.

— Qual é a sensação de estar de volta? — Perguntei pra Lauren que olhava tudo com um sorriso no rosto.

— É uma sensação que não da nem pra descrever.

— Não podemos ficar paradas aqui no meio da rua. Preciso de um carro sem registro, vamos até a loja de carros usados, tenho certeza que lá eu vou encontrar o que preciso. — Fomos até a loja de carros usados Miami Cars, encontrei um Opala verde escuro desgastado por 3.000 dólares, e desembolsei 15.000 dólares para conversar o dono a me deixar levar o carro sem mostrar um documento de identificação, sem assinar um contrato e sem o seguro obrigatório. Parei em um posto para abastecer.

— Bom, agora que estamos aqui, Camila você tem que voltar pra casa da Normani e fingir que nada aconteceu. — Ela me olhou incrédula e agarrou o braço de Lauren.

— Eu não vou pra lugar nenhum sem a Lauren! — Olhei pra Lauren pedindo ajuda, nós já tínhamos conversado sobre isso e Camila teria que entender que no momento elas não poderiam ficar juntas.


[...]


— Amor... — Lauren começou a falar mas eu interrompi.

— Não! Lauren, já conversamos sobre isso e você prometeu que ficaríamos as três juntas.

— Eu sei meu amor, mas é apenas por enquanto, nem sabemos onde vamos ficar, e temporário, apenas pra ninguém desconfiar, por favor, eu não quero me separar de você, mas não podemos arriscar tudo agora.

— Eu já falei que eu fujo com você.

— Eu sei meu amor, eu sei, mas não podemos fugir e deixar que eles saiam impunes, não teremos paz enquanto esses bandidos não forem presos, mas não vamos ficar sem nos comunicar.

— Claro! Assim que nos estabelecermos vou dar um jeito de você ir até lá, não se preocupe com isso Camila, a Lauren não vai sumir. — Verônica falou. — Vou arrumar alguns celulares pra gente manter contato, é importante e vamos precisar disso.

— Eu não concordo com isso! — Protestei.

— Camz, eu preciso que você fique perto das nossas famílias pra saber o que está acontecendo, principalmente da sua mãe e de Sofi que vivem com o seu pai.

— Aquele homem não é o meu pai!

— Nesse primeiro momento você vai voltar pra casa da Normani até nós encontrarmos um lugar seguro, depois disso eu prometo que eu entro em contato.

— Vou ficar preocupada com você.

— Não se preocupe, eu estarei sempre por perto mesmo que você não consiga me ver, não vou deixar ninguém te fazer mal. — Suspirei derrotada.

— Tudo bem, mas só vou aceitar isso por enquanto. — Ela me abraçou apertado.

— Prometo que é temporário.

— Assim espero.

— Verônica podemos pelo menos deixar ela na casa da Normani.

— Podemos, só temos que tomar cuidado, pode ter alguém vigiando a casa. — Fui abraçada com Lauren durante todo o trajeto, era tão bom tê-la de volta, pra minha felicidade estar completa só faltava a nossa filha aqui com a gente.

O trajeto até a casa de Normani foi mais rápido do que eu pensei, respirei fundo ao ver o carro dela estacionado, não sei nem por onde vou começar a explicar, mas quando ela souber que eu estava com Lauren ela vai entender.

— Chegamos. — Anunciei com a voz embargada.

— Dê um beijo na Angel por mim, e diz que eu a amo muito.

— Pode deixar...— Suspirei. — É temporário?

— Eu juro.

— Eu só não quero te perder de novo. — Senti meus olhos lagrimejar.

— Eu não quero ser chata, mas temos que ir, não podemos ficar paradas aqui por muito tempo. — Verônica falou.

— Temos que ir amor.

— Tudo bem. — Colei nossos lábios em um beijo longo, seria uma tortura ficar longe dela de novo, logo agora que a tenho novamente, mas se ela falou que é temporário eu acredito, não vejo a hora de poder dividir essa alegria com Angel com as nossas amigas, infelizmente a família dela não poderá saber de nada ainda. — Eu te amo.

— Eu também de amo.

— Muito. Selinho. — Muito. — Selinho. — Muito. — Selinho. — Muito. — Dei um último selinho e Verônica interrompeu novamente.

— Agora temos que ir. — Segurei o rosto de Lauren entre as mãos.

— Te amo.

— Eu te amo muito mais. — Dei um último beijo, sequei uma lágrima que escorreu e saí do carro tentando parecer o mais natural possível, caminhei apressada e abri a porta que estava só encostada, assim que entrei na sala Dinah estava descendo as escadas quando me viu veio correndo me envolver em um abraço tão apertado que me deixou com falta de ar.

— Mila! O que aconteceu? Estávamos tão preocupadas com você, pensamos que a Verônica tivesse te feito algum mal.

— Sinto muito por ter preocupado vocês, eu prometo que vou explicar tudo, e onde está a minha filha? — Separamos do nosso abraço quando Normani desceu as escadas batendo palmas.

— Que cena linda. — Falou debochada. — Olha só quem apareceu.

— Normani, por favor, não comece. — Dinah pediu tentando manter a voz controlada.

— Começar? Eu? — Apontou pra mim. — Quem você pensa que é pra aparecer aqui depois de ter sumido sem dar nenhuma satisfação? Você tem noção do quanto eu fiquei preocupada! Eu estava a ponto de pedir ajuda pro Alejandro, eu não sabia o que fazer, pensei em milhares de coisas, e todas as desculpas que tivemos que inventar pro seus pais e pro seus sogros? Como explicar que eles não poderiam ver você?

— Se você me escutar eu... — Comecei a falar mais ela me interrompeu.

— Eu não vou escutar nada, você abandonou a sua filha.

— Eu nunca faria isso! —

— Ah! Então me desculpe pelo mal entendido... Dinah que tal termos um filho? Você pode simplesmente tirar um monte de leite falar que é pra doar pro banco de amamentação e nós deixamos ele com qualquer um e caímos fora.

— Cala a boca! Não é nada disso, eu posso explicar.

— Eu não quero suas explicações Camila!

— Ótimo! Então eu vou pegar a minha filha e vamos pra outro lugar!

— Camila, por favor, fica calma vamos conversar... Normani vamos escutar o que a Mila tem a dizer.

— Pare de passar a mão da cabeça dela Dinah! Ela é adulta, e tem que parar de agir como idiota, Verônica nos enganou. Dane-se! Aceita que dói menos, até quando Camila? Até quando vai viver nessa ilusão?

— Se você me ouvisse quem sabe poderia entender. — Eu estava magoada com o comportamento da Normani, eu sei que ela tem razão, mas se me escutasse ela poderia entender.

Angel começou a chorar no andar de cima, fui em direção a escada mais Normani me segurou com força pelo braço. — Normani você está me machucando! — Tentei me soltar do seu aperto, mas ela apertou meu braço com mais força.

— Onde você pensa que vai?

— Vou pegar a minha filha, e vamos embora daqui!

— Ela não vai pra lugar com você! Se quiser você pode ir embora, mas ela fica! — Olhei pra ela incrédula.

— Você enlouqueceu Normani? É claro que eu vou pegar a minha filha! Ela é a minha filha! — Gritei descontrolada.

— Você está desequilíbrada, eu é que não vou deixar a minha sobrinha sozinha com você, da próxima vez é capaz de você abandonar ela em qualquer esquina! — Comecei a chorar ao ouvir as palavras de Normani, me debati tentando me soltar, mas ela segurou meu outro braço, ela era muito mais forte do que eu.

— Normani solta ela! — Dinah pediu.

— Você não vai me impedir de levar a minha filha! ME SOLTA!


[...]


Acompanhei Camila com os olhos até ela entrar na casa, assim que ela entrou pulei pro banco da frente ao lado de Verônica.

— E agora? — Perguntei.

— Agora temos uma guerra pra terminar, temos muito trabalho a fazer, mas confie em mim, tudo isso vai acabar logo. — Assenti. — Está com fome?

— Muita!

— O que quer comer?

— Tacos! Faz tanto tempo que não como tacos. — Ela riu da minha euforia, e negou com a cabeça. Verônica ligou o carro, quando puxei o cinto de segurança olhei pra casa de Normani e pela janela da sala que estava aberta vi ela segurando Camila que se debatia tentando escapar.

— O que está acontecendo? — Perguntei pra mim mesma, enquanto eu olhava a cena o carro começou a nadar. — Verônica para esse caro! — Ela deu uma freada brusca.

— O que houve? — Não me dei ao trabalho de responder, saí do carro e bati porta com força. — O que está fazendo? — Ela perguntou e logo em seguida ouvi a porta batendo e ela falar "Droga!".

Fechei as mãos em punho e entrei na casa, ouvi um choro de bebê e Camila e Dinah pedindo pra Normani solta-la.

Quando entrei na sala Dinah arregalou os olhos e instantâneamente lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto, ela cobriu a boca com as duas mãos, vi o momento em que a cor sumiu do seu rosto.

— Normani! — Chamei e tanto ela quanto Camila olharam pra mim, só o choro do bebê se ouvia no ambiente, ela abriu e fechou a boca várias vezes até que conseguiu pronunciar uma única palavra.

— Lauren?


[...]


— Não! Não! — Apenas observava enquanto o Coronel gritava no telefone e quando quando jogou o objeto na parede. — Esses inúteis não conseguiram encontra-la! — Falou entre os dentes, seu rosto estava vermelho e soado, os cabelos sempre penteados pra trás melecados de gel estavam bagunçados. — Precisamos encontra-la Alejandro! Se ela abrir a boca será o nosso fim! As provas? Por que a lista não aparece? Onde Lauren as escondeu?

— Já reviramos aquela casa de cima a baixo e não encontramos nada, não sei onde possam estar, mas juro que vamos encontrar.

— Não quero só essas provas, eu quero ela aqui! Você tem que trazer ela de volta Alejandro.

— Eu vou trazer, ela não vai poder se esconder por muito tempo, ela está debilitada demais pra isso.

— Eu preciso que essa lista seja destruída, aqueles nomes jamais podem ser revelados a ninguém Alejandro! Quando eu encontrar a Verônica aquela maldita ingrata vai se arrepender de ter nos traído, tenho certeza que foi ela quem roubou Lauren de mim, ela vai nos entregar, desgraçada! — Ele passou as mãos na mesa e jogou tudo que estava em cima no chão. — Depois de tudo que eu fiz pra ela, maldita! Me traiu duas vezes, mas quando eu colocar as minhas mãos nela, ela vai se arrepender de ter nascido, eu confiava tanto nela, eu a amava como se fosse minha filha. — Balançou os braços como se estivesse ninando um bebê. — Eu a amava Alejandro, eu a amava, e ela me traiu, ela poderia ter ficado no meu lugar, ela era brilhante, me excitava a frieza que eu via nos olhos dela, sua falta de compaixão. — Duas lágrimas grossas escorreu pelo seu rosto. — Ela era perfeita, mas me traiu, e roubou a minha Lauren de mim, isso eu nunca vou perdoar, ninguém rouba o que é meu, se prepare pra guerra Alejandro, esteja pronto pra defender a organização com a sua vida. — Fechou a mão em punho e deu um soco na mesa. — Camila?

— O que tem a minha filha?

— Ela pode saber onde Lauren está? E se ela estiver ajudando Verônica a nos destruir?

— Tenho certeza absoluta de que Camila não sabe de nada, desde que Lauren morreu ela vive em piloto automático, ela está desestabilizada emocionalmente, no momento ela está passando um período na casa da melhor amiga. Não se preocupe com Camila, te asseguro que ela não sabe de nada.

— E se ela descobrir? Se Lauren fugiu é óbvio que ela irá procurar Camila.

— Lauren não faria isso, ela jamais colocaria Camila e a filha em perigo, e ela sabe o quanto tudo isso é perigoso.

— Oh, sim! A pequena Angélica, tão linda, tão parecida com a minha Lauren.

— Sabe Alejandro, vivemos em tempos difíceis, e se Camila descobrir alguma coisa, você terá que escolher de qual lado vai ficar.

— Mantenho minha lealdade com a organização. — Respondi sem pensar duas vezes.

— Ótimo! Mas se ela descobrir você terá que provar sua lealdade novamente.

— O que quer dizer?

— Se eu sonhar que ela sabe de alguma coisa, não se preocupe que eu jamais pediria pra você fazer alguma coisa contra a sua própria filha, mas eu tenho certeza que existem muitas famílias dispostas a pagar milhares de dólares pra ter uma filha tão linda quanto Angel, na verdade minha esposa adoraria ter uma filha como ela.



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